sábado, março 31, 2007

 

Vincent Willem van Gogh

Faria ontem anos Vincent Van Gogh.

Nasceu em Zundert, na Holanda, em 1853, e faleceu em Utrecht, em 1890.

Apesar de ser considerado, com Rembrandt, um dos maiores pintores de todos os tempos, nunca conseguiu, em vida, vender um quadro.

Foi marginalizado por ter rompido com o estilo de pintura do seu tempo, abrindo caminho ao expresionismo.

Ver
:http://pt.wikipedia.org/wiki/Vincent_van_Gogh

sexta-feira, março 30, 2007

 

Sócrates vai caindo e a insegurança aumentando!

Segundo a última sondagem da Marktest, José Sócrates cai 10 pontos e o PS recua meio ponto nas intenções de voto.

O líder do PSD, Marques Mendes, acompanhou Sócrates na queda, enquanto à esquerda Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã posicionaram-se como os líderes partidários preferidos pelos portugueses. Ribeiro e Castro também registou uma ligeira recuperação.

Naturalmente, as sondagens valem o que valem, mas não deixará de ser significativo que José Sócrates e o PS tenham vindo a cair de sondagem em sondagem. E alguma coisa terá a ver com o facto de todos os estudos revelarem que a pobreza aumenta em Portugal e a diminuição do deficit tem sido feita apenas por pressão da subida dos impostos, sem melhoramento no desempenho da economia.

Outra questão que deveria preocupar José Sócrates e o PS é a questão da segurança.


Aumentam os crimes violentos em Portugal, o que naturalmente estará ligado com o desemprego e a pobreza.

No entanto, este Governo agravou de forma esquizofrénica as condições para se adquirir uma arma de defesa. Quem quiser, hoje, uma licença de uso e porte de arma tem mais dificuldades do que em criar uma universidade e para comprar uma arma de defesa ou de caça terá de fazer exames escritos e práticos (e muita gente já vive a dar lições sobre essa matéria!) que parecem mais difíceis do que aqueles que fez Sócrates para atingir o “canudo” de engenheiro. E nem Sócrates precisava desse pseudo-canudo para ser primeiro-ministro, nem os utilizadores de arma de caça, de desporto ou de defesa precisavam desses complicados documentos e pseudo-conhecimentos para serem cidadãos responsáveis. As consequências estão á vista: aumenta o número de vendedores de armas na clandestinidade (este mercado torna-se preocupante!) e o governo vai ficando sem o controlo de quem tem armas e do calibre das mesmas.

Foi sempre assim: quando a interdição é doentia, a pressão sai por onde é mais perversa.

Obviamente, não há dúvidas: este governo não tem o sentido da justa medida e, por isso vai caindo, caindo, até à derrota final. E se fossem mais "simplex" e menos arrogantes, evitariam isso!!!...

quinta-feira, março 29, 2007

 

AMOR COMO EM CASA


Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me perdem,
uma tarde no café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no.
amor como em casa.

Manuel António Pina

quarta-feira, março 28, 2007

 

Uma notícia com ternura!

Não conseguíamos entender que em nome da Lei se perseguisse uns pais de afecto.

A história, todos já a conhecemos: Luís Gomes e Maria Adelina adoptaram, como julgavam estar certo, uma menina desamparada.

Depois de afeiçoados à Esmeraldinha, a senti-la como uma filha de coração, o pai biológico apareceu. Mas foi preciso que a GNR o tivesse encontrado!

É certo que este pai também tem direitos sobre a sua filha e isso pode ser resolvido de forma civilizada, sem frustrar a riqueza dum património afectivo, nem deixar marcas em quem, inocentemente colocada numa encruzilhada da vida, teve a sorte de encontrar um berço de coração.


Esperamos todos que tudo isto acabe em bem: Luís Gomes deixe o presídio para com Maria Adelina continuar a olhar pela sua Esmeralda, sem recusar a ligação da menina aos seus pais biológicos.

Todos precisam de compreender que amar uma filha é querer para ela o que, nas circunstâncias envolventes, seja melhor.


É que o coração tem razões que as leis desconhecem.

terça-feira, março 27, 2007

 

Dia Mundial do Teatro

Em Viena, no ano de 1961, durante o 9º Congresso Mundial do Instituto Internacional do Teatro (uma organização não-governamental ligada à UNESCO), foi criado o Dia Mundial do teatro.

O Teatro terá, possivelmente, nascido no III milénio a. C., no Antigo Egipto, com as celebrações em torno dos momentos marcantes da figura do faraó, principalmente naquilo que o divinizava ou fazia dele senhor das suas terras e súbditos. Sempre foi uma representação do imaginário da vida do homem, da sua relação com o mundo, os deuses e os outros homens; e, por isso, lhe foram dedicados espaços arquitectónicos notáveis na Antiguidade Clássica, no Renascimento e nos nossos dias. Quem não se lembra das grandes salas de teatro?!...

Até à Idade Média, o Teatro serviu para representar as façanhas dos deuses, como Dioniso, ou tragédias e episódios da criação do Homem e do mundo. Recorde-se que, para os Gregos e para os Romanos, a tragédia tinha uma função pedagógica: convidar à meditação sobre a vida para desenvolver uma concepção filosófica do mundo. Sófocles, p. ex., promoveu o ideal do cidadão.

Mas, os gregos, como se sabe, também desenvolveram a critica social através da comédia.

Depois do século IV, surgiu a "nova comédia", trivial e divertida, com Filémon e Menandro.

O Renascimento marcou a idade de ouro do Teatro. Nesta altura, o Teatro perdeu a sua componente sacra e o iluminismo levou á profissionalização dos actores.

Compreende-se, agora, por que José Sócrates tanto gosta das luzes. Não pelo que este movimento filosófico trouxe de análise racional do tempo, mas pelo gosto que lhe despertou de fazer da política uma arte da ilusão. E, como se sabe, iludir é levar a luz para onde ela não é necessária e, assim, conduzir os interlocutores a um falso juizo.


O Teatro Moderno nada tem a ver com a arte do nosso Primeiro. Tratou de trazer para o palco o que pôe o Homem a pensar: colocou à nossa reflexão os problemas da existencia e do compromisso do homem com a justiça, a fraternidade e os direitos a um futuro mais humano. Lembremos o teatro edificante de Garcia Lorca, Alves Redol, Jorge de Sena, Bernardo Santareno e tantos outros.

O Teatro continua, hoje, vivo. Mas, as oficinas de teatro mais criativas e originais, como as que se desenvolviam no Teatro Rivoli, estão a desaparecer. O que vai ganhando sucesso é o teatro encantatório, o que faz o pasmo das grandes plateias.


Todos os dias deveriam ser Dias Mundiais do Teatro, porque nestes 20 séculos, a chama do teatro abre-nos para um mundo mais solidário, mais justo e mais humano.

Precisamos de apoiar o teatro e sobretudo o teatro que nos ponha a pensar.

Viva o teatro!

 

LEMBRANÇA DA RIA DE FARO



Dunas atrás da casa
gafanhotos cor de
madeira cardos cor de areia
ao fim da tarde,
barcos na água rósea
onde a cidade, em frente à casa, cai
De madeira caiada a
casa está
sobre a areia, que escurece quando
a maré devagar desce na praia

Gastão Cruz



Crateras
Lisboa, Assírio & Alvim, 2000

segunda-feira, março 26, 2007

 

Salazar, não me espanta!!!...

Quem se poderá espantar que Salazar seja considerado o melhor português num concurso da RTP?!...

Temos um primeiro-ministro que ajustou as suas convicções socialistas ao seu currículo académico; os seus gestos, tom de voz e expressão de rosto às técnicas do espectáculo; que é uma surpresa agradável para banqueiros e um amargo de consciência para os que nele votaram.

Temos um primeiro-ministro que faz pagar a crise aos mais pobres, aos que vivem do seu trabalho, aos que mais precisam das escolas, das urgências hospitalares e das maternidades que ele fechou, que transformou a função pública num trabalho humilhante, desprestigiado e sem motivações e que vai permitindo que proliferem empresas municipais para boys dos partidos, nomeados sem critério e com o privilégio de receberem chorudos ordenados (8.800€,p.ex), beneficiarem de regalias (como cartões de crédito, de telecomunicações e carro com condutor), sem declararem rendimentos.

Perante tudo isto, o espanto cresce e muitos dirão, como afirmou alguém, que nos honra com a sua visita, num comentário ao post "Estou por tudo":


«Espanta-me um roubo tão descarado aos aposentados, via IRS
Espanta-me o encerramento, sem nexo, das urgências
Espanta-me o encerramento de Consulados e outros serviços úteis para os cidadãos
Espanta-me o empobrecimento da classe média
Espanta-me o forte incremento da clivagem social
Espanta-me o crescimento do número de carros da alta gama
Espanta-me o crescimento do desemprego
Espanta-me o aumento da tuberculose e de outras doenças que se julgavam banidas
Espanta-me a OTA e o TGV
Espanta-me que tudo isto se passe num governo PS
O que ainda mais me espanta é o grande desígnio nacional: O défice público!»

O espanto e o desencanto espelham bem um sentimento nacional de frustração. E, sendo assim, entre um primeiro-ministro plastificado e um Salazar imaginário, naturalmente é o imaginário da frustração que faz do Salazar o melhor português.

Estou certo que a convicção da necessidade de mudar de primeiro-ministro vai crescer, esvaziando o imaginário que faz de Salazar um incorruptível que colocou o servir a Nação acima dos jogos de poder e nunca permitiria que uma partidocracia vampiresca sugasse os impostos cobrados aos que só vivem do seu trabalho.

sexta-feira, março 23, 2007

 


(…)
Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes

Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.

“Dó da miséria!... Compaixão de mim!...”

E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso,
Meu velho professor nas aulas de latim!

(...)E os guardas, que revistam as escadas,
Caminham de lanterna e servem de chaveiros;
Por cima, as imorais, nos seus roupões ligeiros,
Tossem, fumando, sobre as pedras da calçada.

E, enorme, nesta massa irregular

De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os amplos horizontes,
E tem marés, de fel, como um sinistro mar!

Cesário Verde

quinta-feira, março 22, 2007

 

Estou por tudo!...

Nada hoje me espanta!

Não me espanta a diminuição em cerca de 5,7% do meu vencimento de aposentado; não me espanta pagar mais impostos que os Bancos; não me espanta ter como Primeiro-ministro um falso engenheiro; não me espanta que o holiganismo de facções, que existe nos partidos, seja mais escandaloso e violento no CDS; não me espanta que a RTP1 abra o seu canal a Valentim Loureiro para jorrar a verborreia da vitimização com que vai lavando a sua imagem de corrupto; não me espanta a prisão do vice-reitor da Universidade Independente e muito menos me espanta a allgarvenização do ministro Manuel Pinho.

Estou por tudo.

E não espero melhores dias!

Da minha parte, recebam os cumprimentos de RAFAEL BORDALO PINHEIRO.

 

a árvore



Chegaste
com a tua tesoura de jardineiro
e começaste a cortar:
umas folhas aqui e ali
uns ramos
que não doeram...
Eu estava desprevenida
quando arrancaste a raiz.

yvette centeno


a oriente
edit. presença1998

_________
Enviado por Amélia Pais

 

Revisitar um texto que vem a propósito.

Hoje, o “Público” noticia na primeira página: “cientista português prova relação entre a emoção e a moral humana”.

Fui dos que li o livro de António Damásio “ O Erro de Descartes”. Achei que a virtude de Damásio não foi a de ter uma intuição genial, mas a de saber aprofundar os mecanismos neurológicos de validação moral que já estavam presentes na seguinte afirmação de Pascal: “O coração tem razões que a razão desconhece”.

Sempre defendi que mais importante que uma educação para os valores é uma educação para os sentimentos. É nestes que estão as energias de validação do valor ou do desvalor.

Lembrei-me dum texto que escrevi, quando era director de turma. Passo a transcrevê-lo:


Para os Colegas Directores de Turma:

A questão da educação dos sentimentos surgiu na última reunião dos Directores de Turma, a propósito dos alunos que riscam as carteiras, as portas e as paredes das salas de aula.

Naturalmente, muitos de nós defenderam que a educação dos sentimentos é tarefa dos pais. Mas, se os pais, por falta de preparação ou egoísmo, não o fazem, será que os professores, a Escola, não terão uma palavra sobre tão importante matéria? Ou ficará para a polícia o pôr ordem nos sentimentos?

Propus-me, então, elaborar um texto que procurasse clarificar o que pretendia dizer com a necessidade da Escola reflectir a questão da educação dos sentimentos. Adverti que não sou contra a necessidade de regulamentos que imponham disciplina na Escola. Mas, os regulamentos só atacam os efeitos dos “maus” sentimentos e não as suas causas. E a Escola, por sua própria natureza, tem uma função pedagógica, alimenta-se do “princípio do dever” e não do “princípio da ordem”, que é apanágio duma Esquadra da Polícia.

Vamos, então, ao assunto que é propósito deste texto. Agarremos o problema pelo seu aspecto biológico. Tomemos, como ponto de partida, uma questão aparentemente banal e, com base nela, perguntemos a nós próprios: é melhor o sentimento de fome ou o sentimento de apetite?

Se aprofundarmos esta questão daremos conta de que a fome pertence ao mundo da necessidade, é uma emoção forte, instintiva, vem do mundo animal, enquanto o apetite situa-se no mundo do preferível, está ligado às escolhas requintadas, ao bom gosto, pertence às emoções adultas, é um prazer diferido, implica distanciamento e consciência do que se escolhe, coloca o problema da sua gestão, exigindo maturiade e responsabilidade.

Como vemos, um simples exemplo, como o de saber se é mais importante o sentimento de fome ou o de apetite, revela claramente a importância dos sentimentos nos comportamentos e, por via desse facto, salienta a necessidade de estabelecer equilíbrios entre o mundo privado e o público. Penso mesmo que não é só a agressividade manifestada no riscar as carteiras, nos palavrões ou na indisciplina que se prende à perturbação dos sentimentos: é o próprio sucesso ou insucesso escolar que está em causa.

Na verdade, a cultura do mais fácil, dos sentimentos imediatos, do individualismo e do hedonismo, é a cultura da necessidade, do mercado consumista e do vazio da esperança. Há que contrapôr a esta cultura, o sentido estético da vida, a cultura do preferível, do bom gosto, dos sentimentos de qualidade, do valor do trabalho, do saber viver com autenticidade e responsabilidade.

Se nos alunos o mundo dos seus sentimentos estiver desconfigurado e não lhes for possível desocultar as perversidades que escondem, como poderá ser saudável a sua relação com a Escola, os Professores, os seus colegas e o Mundo?

Mas, como educar os sentimentos? O que poderemos fazer nesta matéria?

Primeiro que tudo é preciso que os alunos saibam problematizar os seus sentimentos. Esta é a tarefa própria da Escola e isso não compete só aos professores de filosofia. Também os matemáticos, os biólogos e os físicos o podem fazer. Nos sentimentos há subtracções, créditos e energias que se perdem ou se ganham. As seitas religiosas sabem isso muito bem e, por isso, cobram dízimos.

Problematizemos, então:

Será a paixão uma obsessão? A maior generosidade (paixão) poderá ser envenenada por um impulso egoísta (a obsessão)?

Pode-se mentir nos afectos? O que é mentir numa relação afectiva? Quando tornamos o “outro” num objecto de satisfação dum sentimento, o nosso próprio sentimento será humanizado?

Os sentimentos podem manifestar-se directamente: agressividade, expressões obscenas, etc. Que esconde a agressividade, quando a agressividade é inútil? Será que os palavrões ou gestos obscenos traduzem a superioridade do pensamentos ou a bestialidade? Como se humaniza a expressão dos sentimentos?

Os sentimentos podem manifestar-se indirectamente: em vez de dizer que sinto inveja ou ciúme, digo: és um inútil. Porque não pomos qualidade nos sentimentos que carregam as nossas palavras? Será que discutir é destruir?

São estes, alguns exemplos que podem levar a problematizar a qualidade dos sentimentos. Os colegas descobrirão outros, por certo muito mais expressivos. O que importa é sensibilizarmo-nos para a necessidade de levar os alunos a pôr em questão os seus sentimentos. É pela educação dos sentimentos que se descobre, no meu entender, a amizade, a solidariedade, o sentido da disciplina, o imperativo do dever, o espírito do trabalho e se faz da vida um projecto.

Para que não seja preciso a nenhum jovem “fugir da vida” é necessário ajudá-los a compreender os seus próprios sentimentos, a aprender a saber educá-los por forma a desenvolver o gosto de viver, a vontade de trabalhar, o respeito por si próprios, pelos outros e pela vida; numa palavra, a ganhar o sentido estético de estar no mundo.

Como sugestão: propôr ao Conselho Pedagógico que anuncie um dia para ser “O dia da escolha dos bons sentimentos”. Nesse dia, cada Professor nas suas turmas problematizará uma questão que envolva a qualidade dos sentimentos, como, por exemplo: é melhor o sentimento de fome ou o sentimento de apetite?


Escola Alexandre Herculano, 11/2/ 1996
João Baptista Magalhães

quarta-feira, março 21, 2007

 

Tempo de Poesia


Todo o tempo é de poesia

Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.

Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia

Todo o tempo é de poesia

Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.

Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.

António Gedeão

terça-feira, março 20, 2007

 

É preciso dizer basta!!!...

Fazem, hoje, quatro anos que se iniciou a guerra no Iraque.

Bush deu duas razões para a declaração desta guerra:

1ª o regime Iraquiano possui armas de destruição maciça;
2ª o regime Iraquiano apoia o terrorismo

Nenhuma das razões fazia sentido. O Iraque não possuía capacidades nucleares e as armas químicas foram destruídas na sequência da primeira guerra do Golfo. O regime do Iraque era laico e, por isso, hostilizado pelos terroristas islâmicos que estavam, sobretudo, ligados à Arábia Saudita (paradoxalmente, um dos aliados dos americanos).

Hoje, quatro anos depois do início da guerra, a própria Administração Americana já admite um fracasso comparável ao do Vietname.

Este monstruoso genocídio ainda está longe do fim, mas, segundo a revista médica britânica The Lancet, o balanço das vítimas é já superior a um milhão de mortos entre militares e civis.

Por que se construiu este monstruoso embuste?!...

Porque há predadores que transformam em lucros o sangue das vítimas das guerras e, neste caso, da guerra do Iraque.


E são eles:

1. O consórcio Halliburton , dirigido por Dick Cheney. É uma das empresas que mais tem lucrado com a guerra do Iraque. (Consultar
http://www.halliburtonwatch.org).

2. A Bechtel , dirigida por George Schulz, secretário de estado no tempo de Ronald Reagan. (consultar:
http://disarmamentactivist.org/2006/08/12/from-los-alamos-to-kwajalein-to-iraq-bechtel-and-the-engineering-of-empire/ ).

3. As firmas de mercenários Blackwaters, CACI e TITAN, contratadas pela Casa Branca para trabalhos sujos no Iraque, como, por exemplo, torturar prisioneiros .

4. A KBR, outra firma que tem ganho milhões no Iraque, com o fornecimento de água ao exército americano.

5º Durão Barroso. Por garantir "ter verificado" as provas de Bush contra Saddam Hussein, obteve o apoio de Tony Blair para ganhar a presidência da Comissão Europeia.

É espantoso!...

Recomenda-se, a propósito de tudo isto, o recente filme de Robert Greenwald “Iraq for Sale: The War Profiteers” (
iraqforsale.org) , onde é documentada em detalhe a actividade criminosa dos que se aproveitam da guerra.

À luz da lei criminal internacional, a Administração de Bush deveria ser responsável pela violação da Carta de Nuremberga (1945) e dos Princípios de Nuremberga (1950).

Muitos comparam a política desencadeada por Bush relativamente ao Iraque aos crimes que foram perpetrados pelo regime Nazi, durante a Segunda Guerra Mundial.

É preciso pôr fim a esta Guerra e pedir responsabilidades criminais aos responsáveis pelo embuste que a fez desencadear.

Por isso, hoje, estarei na manifestação conta a guerra do Iraque marcada para a Praça da Liberdade, ás 17h30.

domingo, março 18, 2007

 

Pelo menos, mudem as moscas!...

Segundo uma recente sondagem da CM/Aximage, 42,2 por cento dos portugueses já considera que o Executivo está a governar pior do que se esperava. Nas intenções de voto, os socialistas caem de 39 para 37,4 por cento, o PSD chega aos 31,2 e o CDS-PP ultrapassa a CDU.

Mas não são precisas sondagens para se perceber que começou o fim da era socrática. Basta olhar para o espectáculo de frenesim vampiresco de caça ao poder que se abriu no interior dos partidos.

No PSD, Filipe Meneses, Santana Lopes e outros experts nos jogos de simulação, já se colocam na ribalta para ocuparem o lugar de Marques Mendes. No CDS, Paulo Portas procura demonstrar a sua virgindade para fazer na presidência do partido o que sempre soube fazer. E no próprio PS não tardará que aqueles que sempre quiseram um lugar na mesa do orçamento do contribuinte não apareçam a levantar o dedo acusador contra Sócrates.

Baralha-se as cartas, mas são sempre os mesmos a aparecer, os que nunca souberam fazer outra coisa senão intriga política.

O espectáculo a que vamos assistindo não nos augura boa sorte: a m… é a mesma e as moscas não mudam.

 

LOUVADO SEJA


LOUVADA SEJA a luz e a primeira
prece humana gravada sobre a pedra
a força no animal a conduzir o sol
a planta que ao trinar soltou o dia

A margem que mergulha e ergue a nuca
um cavalo de pedra que o mar cavalga
as mil vozes pequenas e azuis
o grande busto branco de Poseidon
[...]
LOUVADA SEJA a mesa de madeira
o vinho rubro com a mancha do sol
os jogos de água a brincar no tecto
o filodendro que está de sentinela à esquina

Os terraços e as ondas mão na mão
uma pegada que empilhou saber na areia.
uma cigarra a convencer mil companheiras
a consciência cheia de luz como o verão
[...]

Odysseus Elitis


trad.Manuel Resende
in Louvada seja! -assírio e alvim
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Enviado por Amélia Pais

sexta-feira, março 16, 2007

 

RESPOSTAS CÉLEBRES

Quando CHURCHILL completou os 80 anos, um repórter com menos de 30 foi fotografá-lo e disse:

- Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos.
Resposta de Churchill:


- Por que não? Você parece-me bastante saudável.

*************


Telegramas trocados entre Bernard Shaw e Churchill

Convite de Bernard Shaw a Churchill:


"Tenho o prazer e a honra de convidar Sua Excelência Primeiro-Ministropara a apresentação da minha peça "Pigmaleão". Venha e traga um amigo, se tiver." Bernard Shaw

Resposta de Churchill a Bernard Shaw:


"Agradeço ao ilustre escritor o honroso convite.
Infelizmente não poderei comparecer primeira apresentação. Irei à segunda, se houver."
Winston Churchill.


******************
O General Montgomery estava a ser homenageado, depois de vencer Rommel numa batalha em África, na IIª Guerra Mundial.

Discurso do General Montgomery:

"Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói"

Churchill ouviu o discurso e com ciúmes, retorquiu:

"Eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele."

*************************
Debate no Parlamento inglês.

Aconteceu num dos discursos de Churchill, quando foi interrompido por uma deputada da oposição. Ora, todos sabiam que Churchill não gostava de ser interrompido... Mas foi dada a palavra à deputada e ela disse, alto e bom som:

-"Sr. Ministro, se V. Exa. fosse o meu marido, punha-lhe veneno no chá!"

Churchill, com muita calma, tirou os óculos e, depois de uns minutos de silêncio em que todos estavam suspensos da resposta, exclamou:

-"E se eu fosse o seu marido, tomava-o."
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Enviado por email:
Alberto Coelho

 

Notícias da reforma penal

A crónica de hoje é de serviço público, divulgando informações importantes sobre a reforma penal em curso destinadas aos leitores que se dediquem à florescente indústria do crime.

Por isso, se o leitor é uma pessoa honesta, por favor passe a outra página. Já se é um pequeno criminoso, boa notícia para si: vai deixar de ser criminalmente perseguido. Só terá de cuidar que o valor do telemóvel ou porta-moedas que surripiar ou o da garrafa de uísque que roubar no supermercado não exceda os 96 euros. Nesse caso, a sua vítima, para o levar a tribunal, terá que arranjar advogado e desembolsar 192 euros, e preferirá decerto ficar sem o telemóvel.

Boa notícia também para o leitor especializado em grande criminalidade, particularmente a de colarinho branco. O PGR já anunciou na AR que o novo regime do segredo de justiça irá pô-lo ao corrente de alguma má intenção do MP a seu respeito e permitir-lhe chutar rapidamente para canto, isto é, para arquivo, a investigação.

Só, pois, se for um gatuno mediano, o leitor terá que temer a justiça penal. Sendo o seu caso, é aconselhável que pense na reestruturação da actividade (talvez possa pedir um subsídio), optando pelo pequeno furto ou pelo grande crime.

(Nota: Não dispensa a consulta do folheto informativo).

M. A. Pina,
JN

Transcrito de: http://granosalis.blogspot.com/

quinta-feira, março 15, 2007

 

Dia do consumidor

Há 38 anos, no dia 15 de Março de 1962, o presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, enunciou quatro direitos fundamentais do consumidor, numa declaração ao Congresso norte-americano.

A partir dessa declaração ficou reconhecido internacionalmente que todos os cidadãos, independentemente da sua situação económica ou condição social, têm direitos enquanto consumidores.

Em Portugal, os direitos dos consumidores têm hoje a dignidade de direitos fundamentais constitucionalmente consagrados e aguarda-se a elaboração de um Código do Consumidor.

quarta-feira, março 14, 2007

 

Adeus, Mariana!

A notícia chegou-me, hoje, de tarde: Mariana, filha de um bom amigo, capitão de Abril, tinha partido, sem dizer adeus. Era muito linda, linda como os amores.

Ninguém sabe bem como são os amores, mas são sempre mais lindos do que nós os imaginamos e Mariana era assim.

Tinha 20 anos, era frágil e do seu lindo rosto cintilava um sorriso tímido, muito tímido.

Foi uma aluna brilhante no conservatório, frequentava uma escola de dança clássica e estava a acabar o curso de pintura em Belas Artes, com notas excelentes.

Mariana partiu, ontem de madrugado. O seu pai, quando deu conta que todos os sonhos e planos para a sua netinha já estavam desfeitos, Mariana há muito tinha partido. O Pai chamava-lhe a minha netinha. Mariana era a única filha e nascera, quando os pais já estavam na casa dos quarenta. Isso foi entendido como uma graça divina. Era a única filha!

Durante a missa, Mariana ouviu, com os nossos ouvidos, as melodias em piano que só ela sabia tocar. E nessas melodias percebia-se o que era a noite, a noite de trevas, onde só a dor, a dor incomensurável, teimava ficar.

Por que será que as manhãs de tantas marianas e andrés ficam para sempre cobertas com a pesada mortalha dum adeus terrível?!...

 

Saúde, para quem?!...

O Serviço Nacional de Saúde emagrece para engordar o negócio privado de cuidados de saúde. É isso que se pode concluir do facto de três grupos privados e a União de Misericórdias Portuguesas estarem a pôr em marcha um ambicioso programa de abertura de unidades de saúde, para colmatar o vazio deixado pelo Estado.

Mirandela, Espinho e Vila Nova de Cerveira são as localidades onde está já prevista a abertura de novas unidades de saúde privada. Na Mealhada e em Vila do Conde, a Misericórdia local inaugurou recentemente o serviço de urgências.

Se a política de saúde deste governo é de esquerda, estão o triângulo também pode ser uma bola, uma bola muito quadradinha?!...

terça-feira, março 13, 2007

 

AGORA

Agora é tempo
de novamente libertar os pássaros
A grade da noite degelou.
Brilha luz em todas as varetas
flúi
desfaz-se.
Para o outro lado resvalam
claras vozes de crianças.
Algo cintilante e solto
flameja
foge.

Atravessa o vidro
deixa vestígios de luz no azul
já longe como se em retorno
o espaço alvo e claro.

Alois Hergouth
Tradução de Celeste Aida Galeão

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Enviado por Amélia Pais

segunda-feira, março 12, 2007

 

Dois reinantes anos socráticos

José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa (o Sócrates reinante) completa, hoje, dois anos à frente do governo.

O que ficará para a história destes dois anos?!... Ou seja, quais as consequências destes dois anos de gestão socrática para o futuro dos nossos filhos, dos nossos netos?!...

Há dois pontos de vista socráticos diferentes. O do reinante Sócrates será de optimismo exaltante; o do Sócrates que foi sábio e nunca reinou está cheio de dúvidas, de incertezas e até de perplexidades: perplexidade sobre o que é o socialismo; dúvida e incerteza sobre a justeza da noção de bom governo aplicada a uma gestão que aumenta o desemprego, o custo de vida, promove o congelamento da progressão nas carreiras da administração pública e a subida da idade da reforma, retira direitos do estatuto da carreira docente e encerra escolas, maternidades e serviços de urgência, deixa a avaliação dos funcionários públicos ao critério dos chefes e nomeia 2373 boys, humilha e desautoriza professores com as consequências conhecidas no aumento da indisciplina e da violência nas escolas, etc., etc.

Um bom governo é o que diminui o sofrimento dos que mais sofrem, mas todas as medidas do dito governo socialista parecem ajustar-se melhor com um darwinismo social, onde os mais fortes são cada vez mais fortes e em menor número e os mais frágeis ficam cada vez mais frágeis e em maior número.

E a confirmar tudo isto, está o facto de mais de 100 mil pessoas protestaram em Lisboa contra as medidas do Governo, na maior manifestação dos últimos 20 anos.

Para os adeptos do Sócrates reinante nada disto é importante, porque nas sondagens o “dito” até sobe. Mas para o sábio Sócrates ficariam duas interrogações: será que o estado de espírito dos sondados vai configurar o futuro dos nossos filhos, dos nossos netos?!...O vazio de alternativas para o desencanto, revelado nas sondagens, não nos deixará mais indefesos em relação a possíveis demagogos do resgate do desespero?!...

domingo, março 11, 2007

 

Uma certa noção de Justiça!...

Num debate, realizado ontem, na Norte TV, tornou-se muito curiosa a forma como José Lello (PS) e Jorge Neto (PSD) viram as decisões do Tribunal de Gondomar relativamente ao "Apito Dourado".

Para os dois deputados, o importante da questão é o seguinte: Valentim, como outros arguidos, têm excelentes advogados a defendê-los, há um parecer de um constitucionalista notável sobre a inconstitucionalidade de algumas acusações e as escutas podem ainda vir a ser consideradas ilegais. E foi tudo o que souberam dizer!

Naturalmente, fica a questão: de que lado se colocam estes deputados, se nada sabem dizer sobre a necessidade de combater as ligações perigosas entre as autarquias e o futebol, se não reparam no problema que causa à Justiça leis mal feitas e eventuais absolvições por formalidades procedimentais, etc. etc.?!...

Será para se colocarem do lado em que se colocaram que foram eleitos deputados?!... Será para dizerem o que disseram que há uma Assembleia da República?!...


Mas também estas interrogações não lhes foram colocadas. Não é para saber se os deputados cumprem o seu papel que se fazem entrevistas!

sábado, março 10, 2007

 

Para onde caminhamos?!...

Vasco Pulido Valente analise, hoje, no “Público” uma lei que colocará a PSP, a GNR, a PJ e o SEF sob uma autoridade (SIRP) que despachará directamente com o Primeiro Ministro.

Este modelo, inspirado no modelo espanhol (onde há terrorismo), difere, no entanto, do mesmo, aproximando-se do que acontecia no tempo de Oliveira Salazar.

Vasco Pulido Valente estranha, como nós, a distracção dos partidos da oposição e dos intelectuais para os perigos desta concentração de poderes, que configura um Estado-polícia.

E, depois de referir que não estão previstos mecanismos de controlo pela AR, nem garantias de respeito pelo direito à privacidade, sublinha: «Não se trata aqui do indivíduo Sócrates (…). Mas da própria existência desses poderes, que nada impede um sucessor, ou mesmo um ajudante obscuro, de eventualmente desviar (essa concentração de informações) para fins perversos».

Ninguém deveria ser indiferente a esta questão: estão em causa os princípios que dão sentido à democracia!

sexta-feira, março 09, 2007

 

Já nada se estranha!!!....

Segundo o JN, a Junta de Freguesia da Reboleira, presidida por um militante do PS, assinalou o Dia Internacional da Mulher com um jantar com adereços de órgãos sexuais masculinos, seguido de um programa de striptise.

O striper pavoneou-se á volta das festivas mulheres, teve a SIC a fazer reportagem e deixou o seu cartão de visita, em formato de calendário e respectivo contacto.

O PS que lidera a Junta de Freguesia da Reboleira pode achar que a melhor forma de comemorar o “Dia Internacional da Mulher” é a que lhe dá uma interpretação azeiteirada, mas não haverá quem lembre a toda essa gente e á própria SIC o autêntico significado desta data?!...

 

Aniversário de António Cruz

António Amadeu da Conceição Cruz (1907-1983), faz parte do imaginário da “Mui Nobre, Leal e Invicta Cidade do Porto”. Tem desenhos lindíssimos a carvão e as suas aguarelas, cerca de 50, entram na alma do Porto e expressam a sua estrutura maciça, escura e granítica.

Se fosse vivo, faria, hoje, cem anos. Fui um dos que parou a vê-lo, de cavalete montado na Ribeira, a pintar.

Num outro ponto do País, numa outra cidade, António Cruz teria hoje a homenagem que bem merece. Mas, na sua cidade natal, quem dirige os destinos da autarquia parece ter esquecido este grande Homem da Cultura.

A Cidade vai perdendo a sua alma!...

quinta-feira, março 08, 2007

 

Meu Amor:


Considera, meu amor, a que ponto chegou a tua imprevidência. Desgraçado!, foste enga­nado e enganaste-me com falsas esperanças.

Uma paixão de que esperaste tanto prazer não é agora mais que desespero mortal, só compa­rável à crueldade da ausência que o causa.

Há-de então este afastamento, para o qual a minha dor, por mais subtil que seja, não en­controu nome bastante lamentável, privar-me para sempre de me debruçar nuns olhos onde já vai tanto amor, que despertavam em mim emoções que me enchiam de alegria, que bas­tavam para meu contentamento e valiam, en­fim, tudo quanto há? Ai!, os meus estão pri­vados da única luz que os alumiava, só lágri­mas lhes restam, e chorar é o único uso que faço deles, desde que soube que te havias deci­dido a um afastamento tão insuportável que me matará em pouco tempo.

Parece-me, no entanto, que até ao sofri­mento, de que és a única causa, já vou tendo afeição.


Mal te vi a minha vida foi tua, e chego a ter prazer em sacrificar-ta. Mil vezes ao dia os meus suspiros vão ao teu encontro, procuram-te por toda a parte e, em troca de tanto desassossego, só me trazem sinais da minha má fortuna, que cruelmente não me consente qualquer engano e me diz a todo o momento: Cessa, pobre Mariana, cessa de te mortificar em vão, e de procurar um amante que não voltarás a ver, que atravessou mares para te fugir, que está em França rodeado de prazeres, que não pensa um só instante nas tuas mágoas, que dispensa todo este arrebata­mento e nem sequer sabe agradecer-to. Mas não, não me resolvo a pensar tão mal de ti e estou por de mais empenhada em te justificar. Nem quero imaginar que me esqueceste.

Não sou já bem desgraçada sem o tormento de fal­sas suspeitas? E porque hei-de eu procurar esquecer todo o desvelo com que me manifes­tavas o teu amor? Tão deslumbrada fiquei com os teus cuidados que bem ingrata seria se não te quisesse com desvario igual ao que me leva­va a minha paixão quando me davas provas da tua.

Como é possível que a lembrança de mo­mentos tão belos se tenha tornado tão cruel? E que, contra a sua natureza, sirva agora só para me torturar o coração? Ai!, a tua última carta reduziu-o a um estado bem singular: bateu de tal forma que parecia querer fugir-me para te ir procurar. Fiquei tão prostrada de comoção que durante mais de três horas todos os meus sentidos me abandonaram: recusava uma vida que tenho de perder por ti, já que para ti a não posso guardar.


Enfim, voltei, contra vontade, a ver a luz: agradava-me sentir que morria de amor, e, além do mais, era um alívio não voltar a ser posta em frente do meu coração despedaçado pela dor da tua ausência.

Depois deste acidente tenho padecido muito; mas como poderei deixar de sofrer enquanto não te vir? Suporto confudo o meu mal sem me queixar, porque me vem de ti. É então isto que me dás em troca de tanto amor? Mas não importa, estou resolvida a adorar-te toda a vida e a não ver seja quem for, e asseguro-te que seria melhor para ti não amares mais ninguém. Poderias contentar-te com uma paixão menos ardente que a minha?

Talvez encontrasses mais beleza (houve um tempo, no entanto, em que me dizias que eu era muito bonita), mas não encontrarias nunca tanto amor, e tudo o mais não é nada.

Não enchas as tuas cartas de coisas inú­teis, nem me voltes a pedir que me lembre de ti. Eu não te posso esquecer, e não esqueço também a esperança que me deste de vires passar algum tempo comigo.

Ai!, porque não queres passar a vida inteira ao pé de mim? Se me fosse possível sair deste malfadado con­vento, não esperaria em Portugal pelo cumpri­mento da tua promessa: iria eu, sem guardar nenhuma conveniência, procurar-te, e seguir­-te, e amar-te em toda a parte. Não me atrevo a acreditar que isso possa acontecer; tal espe­rança por certo me daria algum consolo, mas não quero alimentá-la, pois só à minha dor me devo entregar.

Porém, quando meu irmão me permitiu que te escrevesse, confesso que surpreendi em mim um alvoroço de alegria, que suspendeu por momentos o desespero em que vivo. Suplico-te que me digas porque tei­maste em me desvairar assim, sabendo, como sabias, que acabavas por me abandonar? Por­que te empenhaste tanto em me desgraçar? Porque não me deixaste em sossego no meu convento? Em que é que te ofendi?

Mas perdoa-me; não te culpo de nada. Não me encontro em estado de pensar em vingança, e acuso somente o rigor do meu destino. Ao separar-nos, julgo que nos fez o mais temí­vel dos males, embora não possa afastar o meu coração do teu; o amor, bem mais forte, uniu-nos para toda a vida. E tu, se tens algum interesse por mim, escreve-me amiúde. Bem mereço o cuidado de me falares do teu coração e da tua vida; e sobretudo vem ver-me.


Adeus. Não posso separar-me deste papel que irá ter às tuas mãos. Quem me dera a mesma sorte!

Ai, que loucura a minha! Sei bem que isso não é possível! Adeus; não posso mais. Adeus. Ama-me sempre, e faz-me sofrer mais ainda.

CARTAS PORTUGUESAS


( carta atribuída a Soror Mariana Alcoforado

–trad. de Eugénio de Andrade)

 

REAIS AUSÊNCIAS

Não há rainhas, não.
Quando se fala em mitos, é sempre Artur
ou D. Sebastião, um cheio de pormenores,
o outro embrenhado demais por infiéis
e ido em brumas

Nâo há rainhas não
Até Henrique VIII com muito mais élan do
que Isabel: mandou cortar cabeças como couves
e expandiu albiónico quintal.
A filha pouco fez, que já tinha o país
quase estrumado, pupila em oceano
e abolidas bulas - a prima: um pormenor
tão en passant como o Tomás
(depois canonizado)

Que Maria da Escócia
não tem graça nenhuma, se comparada
ao nosso D. Diniz: como a das rosas,
não plantou pinhais,
não tinha olho ferrado no futuro
nem domou as areias solitárias
ao som de Ai Deus e u é

(Não fora a inconstante Guinevere,
Artur: homem feliz
E a D. Sebastião serviu-lhe ser solteiro
sem rainha chorosa (ou exultante) com Alcácer-Quibir
- além disso razão de se extinguir
dinastia de Aviz)

Não há rainhas, não.Até Vitória, na forma de mandar,
foi mais que homem:
manias do império,
toucados opressores e verso
espartilhado e de costumes

Mas rainhas a sério:
reinado em feminino e língua nova,
nariz torcido à guerra no saber ancestral
de entranhas próprias,
não me lembro nenhuma

Não há rainhas, não.
Quando se fala em mitos,
é sempre Artur ou D. Sebastião.
O resto: uma Avalon
ameaçando brumas

Ana Luísa Amaral

____________

Enviado por Amélia Pais

quarta-feira, março 07, 2007

 

O "canudo" só prejudica

Transcreve-se o seguinte anúncio:

«Precisa-se:

Técnico Administrativo (M/F)
Zona: Portugal / Porto
Empresa: People's Phone, S.A.
Categoria: Telecomunicações
Tipo: Estágio
Referencia..# 204868
Data:28-2-2007

Anuncio:

Somos uma empresa de Telecomunicações e Sistemas de Informação. No âmbito da N/ estratégia de crescimento pretendemos reforçar a nossa Equipa com um Técnico Administrativo, em regime de Estágio Profissional, para colaborar na Sede da Organização.

Função:

desenvolverá funções no âmbito do Departamento Administrativo, nomeadamente, apoio administrativo, atendimento telefónico, inserção e registo de informação em suporte informático, e respectivo arquivo; recepção/envio de correspondência;

Requisitos:
 12º ano de escolaridade
 Idade compreendida entre os 18 e os 30 anos
 Conhecimento de ferramentas de produtividade individual
 Sem experiência profissional

Nota: Candidaturas com frequência do Ensino Superior ou Licenciatura não serão consideradas. (...)»


Entretanto, o primeiro-ministro garantiu que serão investidos nos próximos anos 5,1 mil milhões de euros no programa «Novas Oportunidades», que tem como uma das metas centrais uma maior qualificação de um milhão de portugueses até 2010.

 

A filosofia está mais pobre.

Em Coimbra faleceu, com 67 anos, Miguel Baptista Pereira, professor catedrático. Foi, com Vergílo Ferreira, um divulgador do pensamento existencialista. Ultimamente, preocupava-se com a filosofia da linguagem, nomeadamente a hermenêutica. Ainda há pouco tempo lhe foi feita uma justa homenagem pela Fundação Eugénio de Almeida, no Porto.

Em Paris faleceu, com77 anos, Jean Baudrilhard, sociólogo e filósofo. Com cerca de cinco dezenas de obras publicadas, reflectiu sobre a linguagem, a cultura, os media, o terrorismo e o consumo. Dele li dois livros, um sobre a linguagem da televisão (já não me lembro do título) e outro que tenho aqui, à minha frente, sobre “A ilusão do Fim” da Terramar. Era um pensador difícil!

 

Gabriel García Márquez

Faz, hoje, 80 anos o romancista colombiano García Márquez.

Situando-se no ambiente mágico de Macondo, escreveu “Cem Anos de Solidão”, um romance onde eleva a realidade a uma categoria onírica e nela sintetiza os mais diversos elementos: a história, a natureza, os problemas sociais e políticos, a vida quotidiana, a morte, o amor, as forças sobrenaturais, o humor e o lirismo.

Em 1982 recebe o Prémio Nobel da Literatura.

Foi Jornalista na sua juventude e viveu durante vários anos em França, México e Espanha. Em Itália estudou cinematografia.

Entre outras obras, escreve: A Trovoada (1955) e Ninguém Escreve ao Coronel (1962), o Outono do Patriarca (1975), Crónica de Uma Morte Anunciada (1981), Notícia de Um Sequestro (1996), etc

O mundo mítico e fantástico da sua escrita ficou designado por «realismo fantástico».

Parabéns García Márques

terça-feira, março 06, 2007

 
























 

Luta contra a corrupção

O Tribunal de Gondomar reconheu a legalidade das escutas telefónicas feitas durante a fase de investigação. O juiz de instrução decidiu que Valentim Loureiro, Pinto de Sousa, Luís Oliveira, etc., etc., etc., serão julgados por corrupção

Apito Dourado vai a julgamento.


Na esteira do ex-deputado socialista João Cravinho, o líder do PSD propôs hoje a criminalização do crime de enriquecimento ilícito para titulares de cargos públicos, cabendo às autoridades fazer prova da disparidade entre os rendimentos do investigado e o seu património e estilo de vida.

O PS continua a não concordar com esta proposta.

segunda-feira, março 05, 2007

 

Pluralismo parlamentar na UnI.

Pedro Santana Lopes, Teresa Caeiro (deputada do CDS/PP), Rodrigo Santiago, Montalvão Machado, Alexandre Simões, Ana Catarina Mendes (deputada socialista) integram o corpo docente da Faculdade de Direito da Universidade Independente (UnI), que hoje recomeçou as aulas, após uma semana conturbada.

Segundo o site na Internet da UnI, o «professor doutor Pedro Santana Lopes» vai leccionar a disciplina de Direito Constitucional e substituir o vice-reitor exonerado.

Um dos novos vice-reitores da UnI é o deputado do PSD, Montalvão Machado, que vai leccionar a disciplina de Processo Civil Declarativo aos alunos do terceiro ano.

Naturalmente, todas estas personalidades sublinham a coragem de vencer da UnI com o brilho intelectual duma plural representação parlamentar.


Há demasiados deputados e é preciso que alguns se ocupem com estas tarefas que tanto prestigiam o ensino superior e o parlamento.

 

A retratação não chega...

A Ministra da Educação finalmente descobriu que "o problema da indisciplina e da falta de civismo compromete a qualidade da relação pedagógica entre professores e alunos e impede o desenvolvimento do trabalho e do estudo".

Chegou, então, ao que sempre os professores defenderam: é preciso "desburocractizar os procedimentos associados à gestão da indisciplina que são excessivamente codificados e desvalorizadores da autoridade do professor, comprometendo a eficiência educativa”.

Foi tarde, muito tarde!

A violência ostensiva dos alunos (e pais) constitui o efeito directo da banalização da imagem do professor e da ausência de autoridade na escola promovido por uma ministra incompetente e demagógica.

A retratação não chega! Precisamos, urgentemente, de encontrar um outro Ministro da Educação que dê sentido ás finalidades da escola pública!

 

Em defesa da Filosofia

Na última revisão curricular do Ensino Secundário, a Filosofia desapareceu no 12º Ano.

Foi a primeira vez que isso aconteceu na história da nossa democracia. Mesmo durante o anterior regime, a filosofia fazia parte das disciplinas do último ano do curso liceal.

É espantoso que isso aconteça, quanto é certo que cada vez mais se proclama o “regresso” á filosofia, enchendo-se os escaparates das livrarias de livros sobre filosofia do conhecimento, da linguagem, da política, do direito, da justiça, da moral (bioética, ética empresarial, ética política, etc.) da estética e proliferam as traduções de obras filosóficas, desde Aristóteles a Wittgenstein.

Toda a interrogação sobre os problemas da vida, da política, da economia, da arte, da ciência ou da moral passam pelo espírito filosófico. E, para perspectivar a realidade sob um ponto de vista fundamentador, ninguém pode dispensar as referências do pensamento filosófico.

O virar costas à filosofia terá, naturalmente, reflexos no desenvolvimento das competências cognitivas duma formação universitária e na própria forma de estar na vida. Não há inovação possível sem o espírito filosófico, nem é possível aprofundar a democracia abandonando-se o problema dos seus fins, que são questões de ordem filosófica. Também não se pode pedir aos jovens que tenham sentido do dever, sejam rigorosos, desenvolvam a solidariedade, a tolerância e uma ética da responsabilidade, sem uma concepção da vida, do homem e do mundo, que se aprende com a iniciação à Filosofia.


Naturalmente, a Filosofia não é uma disciplina fácil, mas a sua dificuldade não legitima a recusa do seu ensino, a menos que queiramos uma sociedade light, sem bússola, modelada segundo o subjectivismo e o jogo das aparências.


domingo, março 04, 2007

 
Um jarro de vinho entre as flores,
bebo sozinho, sem amigos.
Levanto o copo e convido o luar,
com a minha sombra somos três.
Ah, mas a lua não sabe beber,
a sombra só sabe acompanhar meu corpo.
O luar por amigo, a sombra por escrava,
vamos todos fruir a Primavera, festejar.
Eu canto e passeiam no ar
os raios de luar.
Eu danço e volteia no espaço
a sombra de mim.
Lúcidos, nós três desfrutámos prazeres suaves,
bêbados, cada um segue seu caminho.
Que possamos repetir muitas vezes
nosso singular festim
e nos encontremos, por fim,
na Via Láctea.

Li Bai

Tradução: António Graça de Abreu
_______
Enviado por Amélia Pais

sábado, março 03, 2007

 

Engenheiro / Economista

Um homem caminha pela rua num pequeno povoado quando, de repente,percebe bem acima de sua cabeça, um balão de ar quente. No cesto desse balão, há um homem que lhe acena desesperadamente. Com curiosidade, ele aproxima-se o máximo possível e tenta perceber o que ele grita.Por fim, o homem consegue fazer com que o balão baixe mais um pouco, e grita-lhe:

- "Desculpe, cavalheiro, mas poderia ajudar-me? Prometi a um amigo que me encontraria com ele às duas da tarde; porém já são duas e meia e não sei onde me encontro!".

O outro homem, com muita cortesia, respondeu:

- "Mas claro que posso ajudá-lo! Você encontra-se num balão de ar quente, flutuando a uns vinte metros acima do nível do solo. Está a 40ºN de latitude e a 58º O de longitude".

O balonista escuta com atenção e depois pergunta-lhe com um sorriso sarcástico:


- "Amigo, você é engenheiro?"

- "Sim senhor, ao seu dispor! Como conseguiu adivinhar?"

- "Porque tudo o que você me disse está tecnicamente correcto, porém esta informação é-me totalmente inútil, pois continuo perdido".

O engenheiro fica calado por alguns segundos e finalmente pergunta ao balonista:

- "E você, não será por acaso um economista?"

- "Sim, sou economista numa empresa. Como descobriu?" -

"Ah, foi muito fácil! Veja: você não sabe onde está e nem para onde vai. Fez uma promessa em relação à qual não tem a mínima ideia de como a irá cumprir e, ainda por cima, espera que outra pessoa resolva o seu problema. Continua exactamente tão perdido quanto antes de me perguntar. Porém, agora, por um estranho motivo, a culpa passou a ser minha!..."

Obs: enviado por um leitor deste blog

 

Os profs. nunca têm razão...

Se é jovem, não tem experiência;
Se é velho, está ultrapassado.
Se não tem carro, é um coitado;
Se tem carro, chora de barriga cheia.
Se fala em voz alta, grita;
Se fala em tom normal, ninguém o ouve.
Se nunca falta às aulas, é parvo;
Se falta, é um "turista".
Se conversa com outros professores, está a dizer mal do Sistema;
Se não conversa, é um desligado.
Se dá a matéria toda, não tem dó dos alunos;
Se não dá , não prepara os alunos.
Se brinca com a turma, é palhaço;
Se não brinca, é um chato.
Se chama a atenção, é um autoritário;
Se não chama, não se sabe impor.
Se o teste é longo, não dá tempo nenhum;
Se o teste é curto, tira a oportunidade aos alunos bons.
Se escreve muito, não explica;
Se explica muito, o caderno não tem nada.
Se fala correctamente, ninguém entende patavina;
Se usa a linguagem do aluno, não tem vocabulário.
Se o aluno reprova, é perseguição;
Se o aluno passa, o professor facilitou.

É verdade, os profs. nunca têm razão...
Mas se você conseguiu ler tudo até aqui, agradeça-lhes a eles.

Obs: Enviado por um leitor deste blog.

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