sexta-feira, abril 30, 2010

 

"Primeiro de Maio: dia de luto e de luta

Publica-se, hoje, no Semanário Grande Porto, o texto que escrevi:

Primeiro de Maio: dia de luta e de luto

Vivemos, hoje, o 1º de Maio num contexto que faz lembrar o que deu origem ao que o Papa Leão XIII, em 1891, denominou “Questão Social”.

O conceito denunciava uma injustiça social responsável por uma “miséria imerecida”, como lhe chamou o Papa.

Por essa altura, a Revolução Industrial havia gerado um conflito entre o capital e o trabalho e a greve geral do primeiro de Maio de 1886 tinha levado para as ruas de Chicago milhares e milhares de trabalhadores para protestarem contra o desemprego e as condições desumanas a que estavam submetidos no trabalho. Houve prisões, feridos e alguns líderes foram enforcados, acusados, como é da praxe, de arruaceiros, preguiçosos e não quererem trabalhar.

Hoje, vivemos um conflito de forma semelhante. Também, hoje, de forma imoral, se desenvolveu um sistema que tornou o lucro mais importante que o trabalho e o Estado de “bem-estar”, que nos garantia o PS de Sócrates, parece só providenciar pelos seus apaniguados mais chegados.

Não se estranha, por isso, que a CIP tenha o desplante de pressionar o Governo a abandonar o princípio de um limite mínimo de subsídio aos desempregados, cerca de 420 euros, para os forçar a aceitar um emprego por qualquer salário e em quaisquer condições.

A profunda “miséria imerecida” que se vai configurando numa taxa de 11% de desemprego, no congelamento de salários e numa crise sem paralelo não tem a sua origem apenas numa crise do capital financeiro global.

É certo que a Banca, orientado pela suprema ganância do lucro, procurou rentabilidades, em roda livre, com a conivência dos políticos que desprezaram os sistemas de controlo da sustentabilidade do seu capital. A crise reflectiu-se depois nas empresas, sobretudo nas pequenas e médias e, consequentemente, no Estado. Mas logo que os governos ajudaram a Banca a ultrapassar a sua crise e, nalguns casos, a evitar a sua falência, imediatamente, tal como na “canção dos vampiros” passaram a chupar o sangue dos Estados com economias mais frágeis, com o aconselhamento das agências de rating.

Os Estados, sobretudo os que fazem parte da Europa, poderiam contrariar esta situação, colocando a política acima da economia. Não o fizeram e, também, não podemos atribuir apenas à crise internacional a pré-falência em que nos encontramos. O Estado português tem sido entregue (em função da lógica partidária que temos) a “chicos-espertos” e a corrupção campeia.

Para fugir ao controlo do Tribunal de Contas criaram-se empresas municipais, onde os “boys”, que por lá proliferam com ordenados escandalosos, gastam o que não podem, as autarquias de rotunda em rotunda, foram fazendo dívidas de milhões, as empresas intervencionadas preocuparam-se mais com os interesses dos administradores do que com preocupações sociais. Traçam objectivos de lucro com fabulosos vencimentos, prémios, benefícios fiscais associados a seguros, etc. e a receita é fácil: despede-se e precariza-se o emprego. Entretanto, a subida dos impostos vai asfixiando a vida da classe média.

As multinacionais que por aqui ainda resistem, estão a ver diminuídas as razões para continuar em Portugal, já que a incorporação do que entre nós é produzido está cada vez mais diminuída. De 60% de produtos nacionais, a Autoeuropa, por exemplo, já só incorpora 30%.

Temos um Governo que se deslumbra com o TGV, as auto-estradas e a energia eólica, mas parece despreocupado com a vida agrícola, as pequenas e as médias empresas.

Um darwinismo social vai tornando os pobres cada vez mais pobres e em maior número e os ricos cada vez mais ricos e em menor número.

Neste contexto, o Primeiro de Maio, que agora comemoramos, é mais de luta e de luto que de festa.

Temos de saber ser solidários na luta por um Portugal socialmente mais justo e, consequentemente, exigir as reformas, sobretudo dos partidos, que promovam a possibilidade de escolhermos políticos de mérito e com sentido de Estado.

terça-feira, abril 27, 2010

 

Pouca vergonha!...

Aa declarações de Carlos Barbosa, hoje, na Comissão de Inquérito da A.R. já noticiado na internet são um atestado à honorabilidade dos deputados do PS, ao sentido de Estado de Sócrates e do Governo:


Diz o ex-administrador da Portugal Telecom: «Quem manda na PT são o Estado e o BES (…) Para mim, como cidadão e com experiencia de anos na comunicação social, é impensável que este negócio [compra de parte da dona da TVI pela PT] fosse feito sem conhecimento dos dois accionistas principais, BES e Estado».


E a propósito do boy Rui Pedro Soares esclareceu: "não tinha competência técnica, experiência profissional e background para negociar sozinho e sem cábulas a compra de parte do capital da Media Capital à Prisa".

segunda-feira, abril 26, 2010

 

Porto-Benfica

Para todos os fundamentalistas da bola, para aqueles que o adversário é um inimigo a abater, para aqueles que são tão chauvinistas que nunca se percebe por que têm adversários e, ainda, para aqueles que só gostariam de ver Lisboa a arder ou o Porto a apodrecer, deixo-lhes uma ode, a Ode ao Futebol

ODE AO FUTEBOL

“Rectângulo verde, meio de sombra meio de sol
Vinte e dois em cuecas jogando futebol
Correndo, saltando, ziguezagueando ao som dum apito
Um homem magrito, também em cuecas
E mais dois carecas com uma bandeira
De cá para lá, de lá para cá
Bola ao centro, bola fora.
Fora o árbitro!
E a multidão, lá do peão
Gritava, berrava, gesticulava
E a bola coitada, rolava no verde
Rolava no pé, de cabeça em cabeça
A bola não perde, um minuto sequer
Zumbindo no ar como um besoiro,
Toda redonda, toda bonita
Vestida de coiro.
O árbitro corre, o árbitro apita
O público grita
Gooooolllllooooo!
Bola nas redes
Laranjadas, pirolitos,
Asneiras, palavrões
Damas frenéticas, gordas esqueléticas
esganiçadas aos gritos.
Todos à uma, todos ao um
Ao árbitro roubam o apito
Entra a guarda, entra a polícia
Os cavalos a correr, os senhores a esconder
Uma cabeça aqui, um pé acolá
Ancas, coxas, pernas, pé,
Cabeças no chão, cabeças de cavalo,
Cavalos sem cabeça, com os pés no ar
Fez-se em montão multidão.
E uma dama excitada, que era casada
Com um marinheiro distraído,
No meio da bancada que estava à cunha,
Tirou-lhe um olho, com a própria unha!
À unha, à unha!
Ânimos ao alto!
E no fim, perdeu-se o campeonato!”

Tossan

domingo, abril 25, 2010

 

Fernando Nobre, o nosso candidato a Presidente da República

Fernando Nobre é o médico, criador da AMI, que se candidata a presidente da República. Sabe o que é a solidariedade, arriscando a própria vida para auxiliar os que sofrem os terrores da guerra, das catástrofes naturais e padecem da fome, da doença e da miséria; sabe o que é a generosidade prestando auxílio às crianças, homens e mulheres vitimas do desamparo. 

Entre nós, 36 anos depois de Abril, Fernando Nobre criou locais da AMI no Porto e em Lisboa para ajudar os sem abrigo e dar de comer a quem precisa de viver.

Fernando Nobre é um homem simples, fraterno, generoso e bom. Temos a oportunidade de o ter como o nosso Presidente da República.

Precisamos de um País mais justo e mais humano. Só um homem que tenha vivido na sua vida o sofrimento, sentido a solidariedade, praticando a generosidade pode fazer que "mudemos de vida"

Precisamos de acreditar em qem nos governe!

Vamos eleger Fernando Nobre: é um imperativo cívico de todos nós.

Informa-te nos sites:
http://fernandonobre.blogs.sapo.pt/
http://ami.blogs.sapo.pt/
http://fernandonobreamp.blogspot.com/
http://ndsim.esec.pt/pagina/ei3/cvfernando.pdf
http://www.facebook.com/group.php?gid=110819075609188&ref=mf&v=info#!/pages/Fernando-Nobre/316534327242?ref=mf
http://fernandonobreamp.blogspot.com/

sábado, abril 24, 2010

 

Tão perto e já está tão distante!...

Uma profunda desilusão nos vai ficando do 25 de Abril.  Regressou o mesmo tipo de senhores, de forma arrogante acumulam-se escandalosas fortunas, uma impunidade tenebrosa alastra, as leis já não são iguais para todos e a imagem que temos da democracia começa a envergonhar os que sempre foram democratas.

Muitos lutaram por um País melhor, mas estamos muito pior, muito perto da banca rota. E tudo isto se agravou com um partido dito socialista que nos prometeu um Estado Providência, mas só providencializa pelos seus boys.

Fica-nos presa a voz, mas esforçamo-nos e, em nome dos  que generosamente lutaram pelo 25 de Abril da nossa esperança, soltamos: VIVA o 25 de ABRL.

http://www.youtube.com/watch?v=RhDXm9fu1P0

quinta-feira, abril 22, 2010

 

Que névoa!...

Domingos Névoa foi esta quinta-feira absolvido pelo Tribunal da Relação de Lisboa do crime de tentativa de corrupção do vereador da Câmara Municipal de Lisboa, José Sá Fernandes. Avelino Ferreira Torres também já foi absolvido e o mesmo aconteceu com Valentim Loureiro, Isaltino também será e Sócrates é um anjo.



Denunciar estas pessoas é perigoso, digam só bem delas.


Para todos, desejo a medalha de torre espada. Pode ser no 25 de Abril ou no 10 de Junho. Tanto faz!


Entretanto, o porteiro da escola de Mirandela está com um processo. O mexilhão serviu sempre para mostrar que o sistema funciona.

 

Dia mundial da Mãe Terra


No dia mundial da Mãe Terra convem lembrar duas tendências teóricas da ecoética:



a)- Visão antropológica: coloca o Homem no centro do cosmos. Considera-se que a geoesfera, a bioesfera e a atmosfera só ganham sentido em função do homem. O valor ético só pertence aos humanos e não ao mundo das coisas.


b)- Visão biocêntrica: surge com a consciência da importância das questões ambientais, e defende que o homem não é o centro da vida deste planeta, mas todas as formas de vida, desempenhando cada uma delas uma função de interdependência no mundo natural.


O biocentrismo é, por exemplo, defendido pelos membros da GREENPEACE.


Segundo esta perspectiva, há três leis ecológicas:


1ª-Lei da interdependência: estabelece que todas as formas de vida são interdependentes. A presa depende tanto do predador para controlar a sua população, como o predador da presa para sobreviver.


2ª- Lei da estabilidade: a estabilidade (unidade, segurança e harmonia) dos ecossistemas depende da sua diversidade. Por exemplo, um ecossistema que contenha 100 espécies distintas será mais estável que aquele que contém apenas três.


3ª- Lei da limitação: todas as matérias-primas são limitadas (alimento, água, ar, minerais, energias) e existem limites no crescimento de todos os sistemas vivos. Estes limites são determinados pelo tamanho da Terra e pela limitada quantidade de energia que nos chega do Sol.


Desprezando estas leis ecológicas, somos culpados dos crimes contra a Terra. A sua destruição conduzirá inevitavelmente à nossa própria destruição.

 

A vantagem de ser Rui Pedro Soares


Rui Pedro Soares recusou responder a qualquer pergunta da comissão de inquérito. Estranho! O ditado diz “quem cala consente”



Lembremos os balúrdios que este jovem recebe. Depois da Segunda Guerra Mundial, a bandeira de milhões de pessoas pela qual morreram muitos e muitos outros sofreram torturas nas prisões foi a bandeira de um Estado providência que trouxesse bem-estar a todos. Com Sócrates essa bandeira tem providenciado por alguns boys do socialismo socrático que ganham balúrdios e por muitos outros que de ministros passaram para administradores de empresas intervencionadas, bancos, etc.

quarta-feira, abril 21, 2010

 
Neste mundo global, nem tudo são espinhos. E para que não tenham dúvidas cliquem no link que vos disponibilizo à custa do meu amigo Mesquita.


http://www.youtube.com/watch?v=LnoD3NUux3M

 
Qualquer indivíduo com formação na teoria da argumentação dará volta ao texto das perguntas dos deputados da oposição. Para além de não conseguirem desmontar contradições, revelam-se muito primários.


O inquérito não vai dar em nada. Com a qualidade da maioria destes deputados, quem quiser que em Portugal o crime seja punido tem de procurar outro País.

A única vantagem que traz estes inquèritos é o de vermos como boys chegam a cargos tão bem pagos, sem preparação para os mesmos.

É absolutamente necessária uma reforma do sistema político.

sexta-feira, abril 16, 2010

 

Prara Sócrates os erros do passado justificam os erros do Futuro.


Se há coisa mais penosa é ouvir Sócrates nos debates da Assembleia da República: parece que responde com as mãos nas ancas e sempre com acusações apoiadas no retrovisor.

Para ele, não interessa argumentar com razões, mas olhar pelo retrovisor e afirmar que um erro no passado justifica todos os seus erros no presente e no futuro.

 

Em nome da papoila: manifesto de apoio ao Dr. Fernando Nobre

Vale a pena ler:
"A clareza e a frontalidade na assunção de princípios, de valores e de conceitos ideológicos bem definidos levam-me a apoiar a candidatura do Dr. Fernando Nobre a Presidente da República.

Assumo, desde já, uma declaração de interesses: sou militante e dirigente Socialista, autarca em regime de voluntariado na Câmara de Gaia, dirigente associativo voluntário numa IPSS. Fui Presidente da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro, sempre sem ordenado.

Sou Sociólogo e Professor na Faculdade de Letras do Porto de profissão. Trabalho desde sempre nas áreas da pobreza, da exclusão social, das políticas sociais, do desenvolvimento (local), do Estado e da Sociologia Política.

Sabe-se que as eleições Presidenciais têm uma especificidade grande: são supra-partidárias, são candidaturas de cidadãos, a que os partidos podem aderir, mas sem a lógica de vinculação partidária tradicional. É por isso que, no passado, houve candidaturas diferentes oriundas do PS, sem leituras abusivas.

Claro que me surpreende ver alguma gente muito preocupada com a ausência de definição do apoio do PS nas Presidenciais. Estranho é que sejam muitos dos mesmos que, há 5 anos, criticavam o PS (que apoiou Mário Soares, e bem) por dar apoio institucional e, dessa forma, “intrometer-se” num acto eleitoral específico, por serem eleições apartidárias e da cidadania.

Assumo uma convicção séria em alguns princípios fundamentais: a verdade, a fraternidade, a igualdade, o serviço público, a democracia e a participação cidadã.

Assumo uma necessidade clara de reforçar a democracia com formas renovadas de participação e de cidadania. O reforço da democracia é a única forma de impedir os totalitarismos e os radicalismos sectários e intolerantes.

Assumo a necessidade de reforçar a acção política e de introduzir novos actores, com provas dadas e vinculados ao Humanismo e à Solidariedade (global).

Desprezo o economicismo puro e o capitalismo selvagem e predatório, que tem atirado vastas camadas da população para os limiares da sobrevivência. Desprezo esse modelo vocacionado para reproduzir as desigualdades, seja num contexto local, seja num contexto supra-nacional.

Questiono uma divisão internacional do trabalho que compatibiliza crescimento económico com aumento da pobreza e das desigualdades.

Acredito em processos de mudança. Mas em processos de mudança sem aventureirismos e com conceitos claros e noções explícitas.

Acredito na tolerância e na responsabilidade, na afirmação do Humanismo, de um novo Humanismo capaz de travar os ímpetos fordistas de uma economia avassaladora dos direitos humanos, dos direitos sociais e da cidadania.

Acredito que a acção humana – mesmo em pequena escala – pode mudar pequenas partes do mundo; acredito mesmo que mudando pequenas partes do mundo já estamos a mudar o mundo.

O Dr. Fernando Nobre é uma das minhas grandes referências de Humanismo, de Solidariedade global e de Cidadania. Não o é de agora. Começou por sê-lo há muitos anos, quando me inspirou a experimentar caminhos e preocupações sociológicas concretas, mas também quando me inspirou a uma acção de base local, acreditando poder melhorar o mundo de cada vez que se muda a vida das pessoas.

E foi-o também quando me levou a viajar com a AMI, rumo a Réfane, no Senegal, onde experimentei das mais fortes emoções da minha vida e onde senti que, a propósito da construção de um Centro de Saúde, estava a ajudar a mudar a vida de muita gente. Onde senti o que vale o ser humano.

É possível que ele não seja um homem dos grandes discursos redondos. Mas é claramente um homem dos grandes exemplos. E o mundo, o país e a vida precisam cada vez mais de gente de exemplos. Conte comigo, Dr. Fernando Nobre. Concordo consigo quando refere, no seu livro Humanidade, que “a Democracia, que em todas as minhas conferências comparo a uma papoila, não é perene. Ela terá de resistir, de se adaptar às mudanças ou de morrer, transitoriamente, até que o sopro da liberdade lhe volte a dar vida.

A democracia é uma papoila frágil: logo que colhida, morre, mas é uma flor que renasce sempre, mesmo no terreno mais inóspito, entre as pedras dos escombros e do lixo”.

Eduardo Vítor Rodrigues

quinta-feira, abril 15, 2010

 

O PEC e a moralidade dos empresários

Será amanhã publicado no semanário Grande Porto o texto que a seguir transcrevo:

"Esperava-se que a sociedade civil, particularmente o seu sector mais dinâmico, os empresários, que têm beneficiado de ajudas, vindas não só da Europa, mas também dos contribuintes portugueses, tivessem, nas horas difíceis de implementação do PEC, um sentido de solidariedade nacional e de justiça na repartição de sacrifícios.

E havia muitas boas razões para isso: o sucesso de uma empresa depende, em primeiro lugar, dos trabalhadores e, depois, dos gestores, dos investidores, dos fornecedores, dos clientes e da forma como é olhada pelo meio social onde está inserida. O seu desempenho económico não está separado das relações que gera com a sociedade e o meio físico que a envolve.

É a partir da empresa que os trabalhadores constroem a sua identidade profissional, criam expectativas, estabelecem relações de amizade e desenvolvem formas de viver e conviver. Logo a seguir à família e à escola, é o trabalho que ganha uma carga simbólica de realização pessoal, integração social e, ainda, de desafios emocionais e sociais na realização de um projecto de vida. Perder o trabalho tem um efeito semelhante à perda de sentido da existência.

Por tudo isto, torna-se claro que a única finalidade da empresa não é o lucro nem os seus interesses dizem respeito apenas aos seus proprietários ou accionistas. E é neste contexto que se espera que a empresa se comporte como uma “boa-cidadã”.

Esta teoria não é nova: vem na melhor tradição das filosofias económicas e empresariais. Já no século XVIII, S. Tomás de Aquino enunciava dois princípios morais que deveriam orientar a relação entre o capital e o trabalho:

1º Princípio da Justiça comutativa - o trabalhador tem direito ao preço justo, ao salário justo e à participação nos lucros.

2º Princípios da Justiça distributiva - os bens devem ser distribuídos segundo as necessidades das pessoas e não na medida do mercado.

Estes princípios assentam na máxima escolástica: “os bens são de uns, mas são para todos”.

Não se compreende, por isso, que os accionistas da GALP, da EDP e de outras empresas intervencionadas pelo Estado achem que estão bem os balúrdios (só comparáveis às 100 melhores empresas dos E.U.) pagos aos seus gestores (com bónus de 7 e 8 meses) e que os trabalhadores, que fazem a riqueza das suas empresas, tenham os seus vencimentos congelados para que o País não vá à falência.

Nenhuma empresa se pode comportar como “boa-cidadã”, esquecendo a sua função social, o seu dever de solidariedade em períodos de crise e descartando-se dos problemas sociais do seu País.

Se vivêssemos num País governado com espírito de Justiça e sentido ético, esses accionistas teriam os seus lucros mais tributados e aos ordenados dos seus gestores seriam aplicados impostos que dessem sinal de que o PEC não é só para os desgraçados, mas representa um esforço de todos. Dessa forma, corrigir-se-ia a ausência de solidariedade nacional que, egoística e obscenamente, tais accionistas e gestores manifestam.

Se em tempos de crise não há direitos adquiridos, isso deve valer para todos. Não podemos aceitar que sejam só os pobres a pagar a crise ou que a barbárie esteja mais perto de nós do que nós da Idade Média".

segunda-feira, abril 12, 2010

 

A entrevista de Pedro Passos Coelho


Procuro percebê-lo. Gostei da entrevista de Pedro Passos Coelho com Sousa Tavares. Isso não significa que me passei para o PSD. Ouvi-lo é poder avaliar a oposição que terá Sócrates e isso é bom para Portugal; ou seja, para todos nós.


O governo socratoide entrou numa desorientação total, sem ideias para os problemas graves do País. Como referiu Pedro Passos Coelho, governa com a paranóia de tudo governamentalizar, de confundir os interesses do Estado com os do PS e de nada fazer para promover um desenvolvimento económico sustentado do País, sem estar à espera de 2013.

Pedro Passos Coelho promete libertar os negócios e as instituições da sofreguidão do PS, criar reguladores autónomos e separar o PGR do Governo. Naturalmente, todos os seus objectivos trazem perigos: armadilhar um bloco central que, através do Parlamento, venha a dominar o País.

Há ainda outros problemas que ficaram sem resposta: os empreendimentos megalómanos, a ausência de estratégias para a educação, a saúde, a Justiça, etc., e a necessidade de apoiar os empresários. Temos um empresariado que, na maioria dos casos tem uma estrutura muito particular e diferente de todos os outros países da Europa: os patrões, na sua grande maioria, são, geralmente, menos cultos e com menos habilitações que os seus trabalhadores e isso tem reflexos no modo como encaram as suas empresas: nas situações de crise estão mais preocupados em manter os seus luxuosos carros do que converter as suas empresas para as tornar rentáveis, servir o País e superar as crises.

Sucedâneo desta questão aparece o culto do Dr. Um boy sente como condição do seu sucesso na mesa do orçamento adquirir esse estatuto em regime de “aviário”. Acresce, ainda, outra questão: temos os gestores mais bem pagos do mundo (com 7,8,9 meses de prémio por atingirem os “ditos” objectivos de gestão). Esta situação é obscena e injusta. Porque é fácil, em Portugal, atingir tais objectivos: só é preciso apresentar lucros. Para isso, despede-se trabalhadores, precariza-se os que ficam, aumenta-se o horário de trabalho e sobe-se o produto fabricado-- o que dá milhões. O interesse no desenvolvimento social não faz parte duma gestão por objectivos. Agora, os direitos adquiridos aplicam-se aos contratos com os gestores, continuando fora de moda no que diz respeito aos trabalhadores

Estas opções demonstram a crise de sentido de Estado que graça no País. É o vale-tudo, para estes governantes. Dizem-se socialistas, como poderiam dizer-se albertinista ou outra coisa qualquer.

Gostaríamos de ver Pedro Passos Coelho reflectir sobre estas questões, mas não o fez.

Ouvi, ainda, a “modesta e humilde” posição de Santos Silva (como ele gosta de afirmar). Continua a ser a voz do “chefe”cinicamente a responder e sempre à defesa. E não escondeu os receios! Mas não despertou interesse.

sábado, abril 10, 2010

 

Mais uma vez:

Querem saber como deve funcionar um parlamento? Ora cliquem:

http://www.youtube.com/watch?v=ZxruR3Q-c7E


 

sexta-feira, abril 09, 2010

 

Eu quero uma deputada de causas, como a que discursa no site

http://www.youtube.com/watch?v=G-SHAak_stc&feature=email

 

Estou com Fernando Nobre

O pragmatismo do nosso tempo fez com que, hoje, a dicotomia esquerda direita passe mais pela verticalidade e pela honra do que pela ideologia. Onde está a ideologia de esquerda? No tornar os pobres mais pobres e os ricos mais ricos? Que significado tem falar-se nas reuniões com sindicalistas que a ideia de direitos adquiridos é uma farsa, mas não aceitar que se mude o contrato milionário de Mexia e outros que tais? É de esquerda ou de direita prometer-se em épocas de eleições uma coisa e fazer-se, no governo, outra? É de esquerda ou de direita avaliar uma gestão pelos lucros ou pela defesa Nacional, das pessoas que vivem neste “Torrão à beira mar plantado” e que é preciso proteger?


Fernando Nobre quando era mandatário do BE era de esquerda ou de Direita? A ingratidão é de esquerda ou de direita?

Continua a haver esquerda e direita, mas nos procedimentos, (na acção que leva a ver um irmão em quem sofre, em quem está desprotegido na guerra, em quem deixa o conforto da casa para arriscar a vida ou a saúde num campo de batalha entre os desesperados da vida, os que são vitimas das injustiças, das catástrofes ou do terror) e não na retórica.

Precisamos de um Presidente da República que não seja de falinhas mansas, mas que faça cumprir o que se promete, faça funcionar as instituições e não permita elaboração de leis ad homine, como a de só permitir uma escuta a um primeiro-ministro suspeito com um requerimento ao Presidente do Supremo Tribunal.

Todos devem ser iguais face à lei e a lei deve ser universal, tratar todos de igual forma, sem criar privilégios.

Estou farto do argumento esquerda/direita que só tem servido de castração para quem defende mais justiça, mais transparência, mais equidade e um governo que faça diminuir o sofrimento dos que mais sofrem. E que se afirme como legitimo pelos procedimentos que adopta e pelo desempenho que exerce.

Fernando Nobre na minha concepção é um homem bom, generoso, humano e neste sentido é da esquerda que eu defendo.

Não é pertencendo a um determinado grupo de interesses, (como são hoje os partidos), que pode alguém afirmar-se de esquerda ou de direita, mas no testemunho de vida que dá. E Fernando Nobre tem dado um testemunho de vida impar, merecendo de quem seja humano, defenda a justiça, a transparência, a fraternidade e a solidariedade, toda a garantia de ser o Presidente da República que todos desejamos. Por isso estou com ele.


http://tv1.rtp.pt/noticias/?headline=20&visual=9&tm=9&t=Rui-Veloso-vai-ser-o-mandatario-de-Fernando-Nobre-pelo-Porto.rtp&article=334371

sexta-feira, abril 02, 2010

 

Contra-fogos


A pedido da Oposição, decorre na Assembleia da República, um inquérito sobre a eventual venda da TVI e o caso da “Face Oculta”.

Agora, o P.S propõe uma comissão de inquérito na mesma Assembleia ao concurso dos submarinos.

Chama-se a isto aplicar à corrupção e tráfico de influências a teoria dos contra-fogos.

Temos de ter calma! Tudo vai ficar normal.

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