domingo, fevereiro 24, 2013

 
O Professor deu hoje uma ajudinha ao Governo. Como por aqui se dizia que o Governa não tinha quem se manifestasse a seu favor e isso era a prova evidente de que já não representava os portugueses, o Professor, do alto da sua sabedoria, recomendou que, pelo menos os jotas, recorressem a uma folha A4, escrevessem qualquer coisinha a favor do Governo e aparecessem onde vão os ministros. “Bastava, na altura, fazerem uns cartazezinhos” – sublinha o dito!

Ficamos curiosos! Pelo menos, Professor, dê o exemplo! Venha para a rua, no próximo dia 2, com uma folhinha A4 a dizer “Gaspar amigo, o professor está contigo!”

Não mande a jst, compareça! É o que esperamos da sua coragem e da sua coerência!


sábado, fevereiro 23, 2013

 

Ninguém conhece uma manifestação de apoio ao governo. Por que será?!...

Diz o Primeiro-ministro, Passos Coelho que “os protestos não representam a sociedade portuguesa”. Mas o Primeiro-ministro vê alguém da sociedade portuguesa a repudiar os protestos? Tem alguém, como em outros tempos, a fazer contramanifestações ou manifestações de apoio ao governo? Ainda não percebeu que nem sequer as maiorias silenciosas estão a favor das suas políticas? Que, inclusivamente, já tem, entre os deputados, quem fuja, como os ratos, quando o navio está a afundar?

A única conclusão que podem tirar é que já não representam ninguém e governam contra a vontade dos portuguese. Não veja na floresta a arvore que lá falta. Sejam coerentes: demitam-se!
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=630227&tm=8&layout=123&visual=61
http://www.youtube.com/watch?v=g_k6TF6tGvI&feature=share


quarta-feira, fevereiro 20, 2013

 

Os deserdados da Troika

Escrevi para o Semanário Grande Porto o seguinte texto:

“O Inferno está na palavra solidão”, escreveu Vítor Hugo.

O contexto em que lhe saiu esta afirmação tem muitas semelhanças com o período que, dois séculos depois de ter escrito “Os Miseráveis”, se vive.

A personagem central da obra, João Valjean, foi preso por roubar um pão para alimentar a família e, quando saiu da prisão, foi condenado a trabalhar nas galés.

É significativo que hoje também seja mais perigoso roubar um pão do que roubar um banco.

Os que ficaram sem pão, sem trabalho, sem habitação, constituem, hoje, os deserdados da Troika. O seu futuro está bloqueado não só, pelo desemprego e pela pobreza, mas, sobretudo, pela impossibilidade de criar expectativas. Foram desinscritos das preocupações do Governo. Este não os ouve, manda-os emigrar ou empobrecer, não respeita as suas organizações de classe, coloca novos contra velhos, desempregados contra quem trabalha, funcionários públicos contra privados, norte contra sul, interior contra litoral, estilhaçando os elos que faziam de nós um corpo solidário e, fazendo tábua rasa da Lei fundamental, deixou-nos sozinhos, entregues ao arbítrio.

Em tudo isto está a solidão e não o ficar só! Vivo a solidão, quando a palavra não me protege de estar só, quando o espaço público da minha representação está vazio, quando na palavra sofrimento o Governo não vê angústia, na palavra desemprego não vê perda de sentido para a vida; na palavra despejo não vê desprezo; e na palavra miséria não vê o choro de uma criança.

A solidão é sentida na condição de quem é desprezado, desenraizado, sem direito a um espaço público onde seja possível confrontar razões e acolher sentimentos.

É esta solidão que transparece na abissal diferença entre as manifestações que ultimamente se deram e as que aconteceram logo após o 25 de Abril.

Nessa altura, a noite negra da fome, da opressão e da mentira estava para trás e os olhos dos manifestantes brilhavam no olhar para a frente, a fazer da rua um poema de esperança num mundo mais justo, mais humano e mais livre.

Hoje, as enormes ondas de manifestantes trazem olhares sem distância, vazios de expectativas e nos rostos está gravada a revolta e o medo, o terrível medo do dia de amanhã. Pouca atenção dão aos discursos: sentem que as palavras perderam significado, não incarnam a vida, não firmam compromissos, não constroem diálogos nem criam horizontes de sentido. Terminado o desfile, vão regressando a casa em silêncio, de olhos no chão, sem cruzarem ideias, fazendo lembrar o Salmo 31-13 da Bíblia: “Estou esquecido no coração deles, como um morto. Sou como vaso quebrado”.

Só nos media há espaço público e só quem a eles tem acesso de forma professoral (e são sempre os mesmos) pode dar às palavras força para serem ouvidas e condicionar o rumo da política. Os outros são os deserdados da troika, os que têm o seu espaço público reduzido ao tempo que as televisões dedicam às manifestações e aos protestos. E, aqui, para os media, o que conta é o espetáculo, só ele tem valor de cidadania.

A democracia surgiu para que a palavra substituísse a solidão. Não sei que nome pode ter um regime, onde só ganha poder e tem valor de cidadania o espetáculo do protesto. E é ainda mais preocupante, quando a espiral de protestos cresce como se não tivéssemos um governo, mas um grupo de malfeitores.

Entre os comentadores de serviço, surgem os ex-governantes em pânico, insurgindo-se contra as formas de que se revestem os protestos e assegurando que isso é intolerável num Estado de direito. Mas que imagem de Estado de direito pode dar e fazer respeitar quem quebra todos os compromissos que estabelece com os eleitores e trata os cidadãos como meros números de uma engrenagem?

Será que sobre isto, o Presidente da República, responsável pelo regular funcionamento das Instituições, também pensará que o melhor é fazer como a avestruz?!...

domingo, fevereiro 17, 2013

 

Sabe de tudo, só lhe falta um fecho eclair!

O Professor Marcelo vendia bem sabonetes. Mas isso não lhe dá guita e vende o governo. Garante o Professor que “o povo já percebeu que não pode ser de outra forma e às manifestações já só foi gente do PC e do BE”.

Se o Professor fosse, como eu fui à manifestação do Porto, encontrava lá muita gente que ainda há pouco tempo andava com a bandeira das setinhas às costas, mas ele não foi nem lhe interessa saber quem foi. O que lhe interessa é dizer que só lá estava gente do PC e do BE.

Para o Professor, o espaço público é o mediatizado e estando perante uma câmara da TVI julga que tem o poder de pensar por todos os portugueses.

O Professor sabe de tudo, só não sabe o que é o desespero que leva ao suicídio, e esta semana foram cinco, que se saiba, aqui na minha zona.

O Professor é como Filipe II no poema de António Gedeão: “Tem colar de oiro; cinge a cinta com cinto de oiro; tem fivela de oiro, olho-de-perdiz, vende Passos, Gaspar a quem aprouver (melhor do que quem vende sabonetes), mas … e isso é o seu calcanhar de Aquiles --- só lhe falta um fecho éclair”.


sábado, fevereiro 16, 2013

 

Estive na manifestação

A Rua de Santa Catarina era um leito imenso de Portugal doente, de tristezas em bandeiras vermelhas.

Uma diferença abissal separa estas últimas manifestações das que se sucederam ao 25 de Abril.

Nessa altura a noite negra da fome, da opressão e da mentira estava para trás e os olhos dos manifestantes brilhavam no olhar para a frente, a fazer da rua um poema de esperança num mundo mais humano e mais livre.

Hoje, essa onda enorme de manifestantes tem à sua frente o medo da fome, da opressão e da mentira. Leva nos olhos aguados o medo, o terrível medo do dia de amanhã.

As promessas já não seduzem: o que se pede é que estes carrascos da vida não semeiem mais o medo de viver, que se vão embora, que deixem abrir portas à esperança dos nossos filhos, dos nossos netos, de todos os que precisam do amanhã para viver.

Este governo não percebe que não se justifica por uma Troika e está só, arrogantemente só, desprezando esquizofrenicamente a realidade.

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

 
Muitos milhares de pessoas terão recebido, como eu recebi, uma carta da Caixa Geral de Pensões, onde se anuncia o enorme roubo que nos fizeram. Sabemos que esse roubo podia muito bem ser evitado.

Bastava obrigar os bancos que beneficiaram com as PPP a renegociar os empréstimos, suspender os subsídios a fundações, proibir a compra de carros, cortar com os pedidos de pareceres aos gabinetes de apaniguados do governo e meter na cadeia os ladrões do BPN, etc.

Porque nada disso é feito, são os que descontaram para uma velhice a serem roubados. Amanhã há uma manifestação, adiei um compromisso para ir á manifestação. A rua é o único sítio onde o protesto tem força, uma vez que a esquerda não tem a maioria no Parlamento.

Se o PS quer ser mais alguma coisa que um grupo musical que leva ao Parlamento uma retórica agradável ao ouvido, tem de ser claro: não só repudiar as políticas que se tornaram num pesadelo, mas também terá de garantir que, logo que seja governo, revogará as leis que infernalizam as nossas vidas.

E, como crédito desse propósito, tem de vir para a rua, convocar manifestações, solidarizar-se com todos aqueles que fazem da rua um espaço de luta.

Sem tudo isto, o PS continuará a ser o partido de que se desconfia que no governo faça, mais ou menos, o mesmo que esta gentalha faz.
http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/02/15/seguro-e-passos-trocam-acusacoes-em-debate-aceso-no-parlamento

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