terça-feira, janeiro 31, 2006

 

Comemorar o 31 de Janeiro

Comemorar o 31 de Janeiro é reflectir com olhos do presente o significado patriótico e cívico desta data.

Somos herdeiros dum património de luta pelos valores da nossa dignidade colectiva que a revolta militar do Porto, em 31 de Janeiro de 1891, significou.

A história não se repete, mas os valores que dignificam uma Nação e fazem a sua identidade são perenes.

O sobressalto cívico que, então, despertou Sargentos, oficiais e intelectuais, não teve a sua origem apenas no humilhante e vexatório "Ultimato de Inglaterra".

O sobressalto cívico dos patriotas do 31 de Janeiro deveu-se, sobretudo, ao divórcio entre o Estado e a Nação.

A Coroa e o Governo, mostrando-se arrogantemente indiferentes às denúncias insistentes da corrupção do aparelho político e burocrático da administração monárquica, enfraqueceram a capacidade do Estado para responder ao Ultimato e abriram as portas à revolta da Nação.

Só a democracia pode ligar o Estado à Nação. A democracia implica exercício de cidadania e não há cidadania numa sociedade que não se guie por uma ética, pelos valores essenciais à nossa vida colectiva.

As sociedades democráticas devem assentar no reconhecimento do direito/dever de cada cidadão se ver reflectido no progresso social e político da sua Pátria.

Comemorar o 31 de Janeiro‚ é querer uma democracia sempre melhorada no plano político, económico e social.

A democracia representou a conquista da regra da maioria contra a minoria privilegiada da aristocracia de outrora. Hoje, a democracia não pode voltar-se contra uma minoria representada pelos pobres, pelos marginalizados ou excluídos socialmente.

Administrar a "res-publica" deve significar gerir o que aos cidadãos pertence: são eles que votam, que pagam os impostos, que têm o direito a uma satisfação das suas aspirações.

Por isso, ao comemorarmos, hoje, o 31 de Janeiro, saudamos todos os que lutam, com paixão, pela causa da dignidade cívica, defendendo a liberdade, a solidariedade e a justiça social.

Viva o 31 de Janeiro.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

 

Tirar conclusões

Duarte Lima propôs que se legislasse no sentido de pôr fim às escutas telefónicas, como meio de investigação criminal. No seu entender, só se deveria aceitar as escutas nos casos de «terrorismo organizado, tráfico de droga e crimes de sangue». Ficava de fora a investigação através de escutas dos crimes de corrupção, tráfico de influências e criminalidade económica.
Já agora, por que não propõe o referido deputado que a lei deixe de considerar crimes a corrupção, o tráfico de influências e a fuga ao fisco?!... Se esta matéria, sem a colocação de escutas, é de difícil prova, acabe-se com a criminalização do que se torna incriminável. Ou seja, democratize-se esses crimes, para que eles não sejam só de funcionários que fazem um jeitinho ao pessoal.

domingo, janeiro 29, 2006

 

Democracia à Felgueiras

José Carlos Pereira é funcionário da Câmara Municipal de Felgueiras e correspondente do JN, o que não tem agradado a Fátima Felgueiras. “

Na passada quinta-feira, José Carlos Pereira recebeu um ofício da autarquia a dar-lhe conhecimento que tinha de "cessar a actividade de colaborador do Jornal de Notícias”. E, como represália por notícias que escreveu enquanto colaborador do JN, o funcionário em causa foi transferido para o edifício do veterinário municipal, sendo forçado a trabalhar num espaço humilhante, sem condições de salubridade.

Ontem, José Carlos recebeu a solidariedade de todos os partidos. "Estamos perante uma situação que atenta contra os direitos humanos", considerou, por exemplo, o deputado do BE, João Teixeira Lopes, que fez um requerimento ao Parlamento a pedir ao Governo que averigúe o que se passa em Felgueiras.

Como se vê, o estilo do antigo regedor do Marco de Canaveses já faz escola.

sábado, janeiro 28, 2006

 

O Grande Empregador

Segundo o DN, de hoje, a Administração Pública, no seu conjunto, contratou 20.607 trabalhadores em 2005, mais 1.077 funcionários do que aqueles que se aposentaram. Só as autarquias contrataram, 3.920 trabalhadores, mais do dobro das aposentações registadas, invertendo, assim, o princípio estabelecido de contratação de um funcionário por cada dois que se aposentem

Estes números excluem os funcionários admitidos através de contratos individuais de trabalho, estimando o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) que este universo possa ascender a 30 mil.

Para que servirá contratar tanta gente?!...

É a interrogação que os cidadãos colocam ao depararem-se com a burocracia da Administração Pública, com as notícias de entrega a empresas privadas de tarefas de serviço público e, ainda, com os estudos que revelam a necessidade de emagrecer a Administração Pública no número dos seus funcionários.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

 

Escapadelas sintomáticas

Escreve, hoje, o DN:

Na cerimónia de tomada de posse do presidente do Supremo Tribunal do EUA, o juiz John Roberts, estiveram presentes todos os juízes daquela instância judicial menos um, Antonin Scalia. Uma circunstância suspeita, que só agora está a ser investigada pelos média americanos.

"Estava fora da cidade num compromisso que não podia quebrar. Não interessa o que era", disse mais tarde Scalia aos jornalistas. Mais do que a "escapadela" de Scalia, o que está em causa é a falta de um código de ética para os juízes do Supremo.

O "não interessa o que era" despertou atenções, e não tardou a descobrir-se do que se tratava no momento em que Roberts prestava juramento, Scalia estava a jogar ténis no luxuoso Hotel Ritz-Carlton em Bachelor Gulch, no Colorado.

Mas o juiz não foi ao Colorado só para jogar ténis. Estava lá a convite da Sociedade Federalista, que promovia um seminário cujo folheto de apresentação especificava que os participantes poderiam ter "a rara oportunidade de passar algum tempo" com o juiz Antonin Scalia.

Entre os acontecimentos sociais contou-se um cocktail organizado pela firma de lóbi de Jack Abramoff, actualmente julgado por corrupção.

Aos contrário dos magistrados de instâncias menores, os juízes do Supremo não têm um código de conduta, podendo receber presentes de milhares de dólares, sem que isso levante problemas legais.

Uma reportagem da ABC mostrava, por exemplo, que entre os milhares de dólares em prendas que o juiz Clarence Thomas recebeu se contavam "um blusão de couro da NASCAR no valor de 800 dólares, um jogo de pneus de 1200 dólares, uma viagem de férias num jacto privado e uma Bíblia rara avaliada em 19 mil dólares".

Doug Kendall, director do Conselho dos Direitos da Comunidade, considera que "o sistema judicial está numa encruzilhada. Existe em Washington uma indústria de venda de influências que movimenta biliões de dólares e tem o sistema judicial na mira".

 

O estilo promove o homem

Pacheco Pereira publicou (significativamente) na editora que Zita Seabra dirige, o livro “Quod erat demonstrandum”.

O livro reproduz os seus comentários políticos e pretende ser uma espécie de “escrita de contacto”, publicando o que pensa em cima dos acontecimentos.

Sempre pensei que Pacheco Pereira diz o que pensa o senso comum mais esclarecido, com o inconveniente de “puxar as brasas para a sua sardinha”, como diz o ditado.

O livro é muito datado e não é com esta sua última produção que, finalmente, conseguirá ficar na história. Se o marketing que o apoia continuar eficiente, o bem visto Pacheco Pereira ainda terá direito a uma nota de rodapé na história do nosso tempo.

O beneficio não será do “historiador”, mas da mania de colocar notas de rodapé.

 

Mozart (1756-91)

Wolfgang Amadeus Mozart nasceu a 27 de Janeiro de 1756 em Salzburgo, há 250 anos. Aos três anos tirava melodias no cravo e chorava quando alguém tocava alto demais ou de forma dissonante.
Aos quatro anos, sabia tocar cravo e violino fluentemente. Aos cinco começou a compor minuetos e outras peças.
Os seus dons preocupavam a família e o pai preferia que tivesse uma outra profissão e soubesse poupar o dinheiro. Mas, Mozart era incapaz de gerir as suas finanças: tudo o que ganhava gastava-o rapidamente. Gostava de viajar e na vida adulta mudava constantemente de residência. Quando tinha doze anos, já havia visitado doze países, proposto casamento à rainha Maria Antonieta da França que respondeu, sorrindo: “peça-me de novo, quando for mais velho”.
Diz-se que viveu a sua vida em carruagens, hospedarias e nos salões das cortes.Escreveu música para dança, peças didáticas, sinfonias, concertos, áreas para óperas, todos os géneros musicais do tempo.
Toda a gente se lembra de “As bodas de Fígaro, Don Giovanni e Flauta mágica”.
Os seus últimos anos, apesar de musicalmente ricos, passaram-se entre dívidas e numa extrema pobreza.Morreu aos 35 anos, na madrugada de 5 de Dezembro de 1791.
O seu corpo foi enterrado no pequeno cemitério de Sankt Marx, nos arredores de Viena, numa vala comum, tal como eram sepultados os indigentes.
Um dos seus biógrafos descreveu-o como "o músico mais consumado que jamais viveu". Quem gosta de música, sabe que isso é verdade.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

 

A faina de Avelino

Jorge Sousa, ex-presidente do F.C. Marco, no Marco de Canaveses, foi chamado a depor, (durante " cerca de três horas”) no âmbito da investigação da Polícia Judiciária (PJ) do Porto sobre suspeitas de gestão danosa e peculato, na Câmara Municipal do Marco de Canaveses, sob a presidência de Avelino Ferreira Torres.

As suspeitas de desvio de dinheiros públicos avolumaram-se, quando foram descobertos depósitos de cheques passados a empreiteiros nas contas bancárias de colaboradores de Ferreira Torres. Confrontados pela PJ, alguns dos construtores alegaram que endossaram ao Presidente os cheques que iriam receber da autarquia, porque tinham de lhe pagar dívidas. Consta que, agora, alguns deles, já confirmaram que não se tratava de dívidas, mas de exigências de Avelino.

No caso do futebol, o processo parece ser o mesmo: a PJ também detectou dinheiro de subsídios da autarquia depositado em contas do autarca ou colaboradores, como a ex-chefe de gabinete, Assunção Aguiar, e do próprio Jorge de Sousa, ex-presidente do F.C. Marco.

Paira a suspeita de Avelino ter montado durante os seus vinte anos à frente da Cãmara do Marco um esquema de subsídios e pagamentos da autarquia para enriquecimento pessoal (do qual são flagrantes as manifestações exteriores de riqueza, para uma criatura que, anteriormente ao seu sucesso político no Marco, só tinha dividas) e ultimamente financiar a sua campnha à autarquia de Amarante.

Entretanto, o advogado Dr. Luís Monteiro terá imitado Faria (os dois foram testas de ferro de Avelino na compra de quintas) logo que recebeu das finanças a intimidação de pagar cerca de 350 mil euros de mais valias.


Felizmente, já gozam ambos de boa saúde e espera-se que colaborem com a justiça para que este País não continue a assemelhar-se aos países do terceiro mundo.

 

«A Força das Ligações na Internet»

Um estudo do instituto Pew Internet, acaba por demonstrar que a Internet e a troca de e-mails fortalecem as relações sociais e desempenham papel importante nas decisões tomadas por milhões de utilizadores, seja para pedir conselhos, aferir procedimentos, procurar informações, ajudar sobre doenças, comprar casa, conseguir casamento e até corrigir decisões políticas.

Segundo o sociólogo Barry Wellman, co-autor do estudo, a Internet está a criar um novo fenómeno social, a “comunicação-em-rede”. Este tipo de comunicação, não substituindo a tradicional, vai, no entanto, ganhando cada vez mais força e levando inclusivamente os poderes políticos a tomarem-na em consideração, nomeadamente o que é dito nos blogs.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

 

Globalização

A partir de hoje e até Domingo, em Davos, na Suíça, 2340 representantes da elite política e económica mundial reúnem-se num Fórum para debater assuntos relacionados com as reservas de petróleo e gás mundiais, e, ainda, sobre a força e a importância da China e da Índia na economia internacional.

Para dar um tom mais colorido à reunião, também foram convidadas personalidades como o vocalista dos U2, Bono, a actriz Angelina Jolie e o ex-jogador de Futebol Péle.

Entretanto, nos arredores de Davos, no próximo sábado, centenas de pessoas vão participar numa manifestação contra o encontro que consideram a promoção de valores neo-liberais. Como de costume, cerca de três mil soldados estarão no local para evitar que esta manifestação perturbe os participantes do Fórum.Paralelamente ao Fórum Económico Mundial começa também, esta quarta-feira, o Fórum Social, em Caracas. Vão discutir formas de organização mundial alternativas, anti-guerra, anti-pobreza, assim como formas de combater os problemas ambientais. No Domingo realiza-se uma marcha onde se estima poder estar cerca de 50 mil pessoas de 170 países.

 

Estranha-se

Faz manchete na edição de hoje do jornal Correio da Manhã a seguinte noticia:
Várias dezenas de ex-goverantes e deputados, além do Presidente da República eleito, recebem reformas chorudas do Banco de Portugal, atribuídas após apenas cinco anos de serviço. Além de uma pensão escandalosa, os contemplados mantêm todas as regalias concedidas aos administradores no activo, ou seja, carro e cartão de crédito.
Entre os beneficiários, conta-se Campos e Cunha, ex-vice-governador do Banco de Portugal e detentor, como tal de uma reforma de oito mil euros, Miguel Beleza, ex-ministro das Finanças no primeiro Governo de Cavaco Silva com 3.062 €, o próprio Cavaco Silva, que chegou a ser técnico consultor de nível 18B, saindo com uma reforma de 2.679 € e Octávio Teixeira, ex-técnico consultor de nível 18ª no Banco de Portugal, que deixou a instituição com uma reforma de 2.385 €.
Estranha-se que Cavaco Silva não tenha já denunciado esta flagrante situação de escandaloso privilégio e recusado a mesma.

terça-feira, janeiro 24, 2006

 

Estória gaseificante

No entender de Jerónimo de Sousa a candidatura de Manuel Alegre, ao se afirmar apartidária, favoreceu a estratégia supra-partidária de Cavaco Silva.

Para o candidato do PC, o que está mal não é o funcionamento de alguns partidos, com as suas lógicas, por vezes, mafiosas, mas o criticar essas lógicas e colocar-se á margem das mesmas.

Este raciocínio fez-me lembrar uma estória do tempo colonial. Uma senhora branca tinha uma escrava negrinha ao seu serviço. Foi uma prendinha do abastado marido numa das vezes que veio à metrópole.

A senhora era gorda e sofria de flatulência, mas gostava de frequentar a vida social, nomeadamente os chás de caridade. Sempre que, ao sorver o chá, algum gás lhe saía atrevidamente pela parte onde as costas perdem o nome, batia na pretinha e gritava «suuua pooorca!»

Não sei se Jerónimo pensou que há preocupações edificantes que fazem lembrar estórias gaseificantes.

 

Para não esquecer

Escreve, hoje, o JN:

«O Conselho da Europa encontrou indícios de que as alegadas prisões secretas da CIA na Europa existiram mesmo, muito provavelmente com conhecimento dos governos europeus.

"Há muitos indícios coerentes e convergentes que apontam para a existência de um sistema de deslocalização ou subcontratação da tortura", disse o chefe da comissão de inquérito, Dick Marty, na apresentação do documento.

"Actos de tortura ou de severa violação da dignidade dos detidos através da administração de tratamentos desumanos ou degradantes são praticados fora do território nacional (norte-americano) e fora do alcance da autoridade dos serviços secretos nacionais", acrescentou.

"É altamente improvável que os governos europeus, ou pelo menos os seus serviços secretos, não tivessem conhecimento", sublinhou Dick Marty.

O Conselho da Europa decidiu abrir um inquérito depois de terem surgido alegações, em Novembro, de que agentes norte-americanos interrogaram destacados suspeitos da al-Qaeda em prisões clandestinas situadas no Leste da Europa e transportaram alguns suspeitos para outros países com escalas na Europa.

A "Human Rights Watch" denunciou que a Roménia e a Polónia eram países onde possivelmente existiriam centros de detenção secretos dirigidos pelos Estados Unidos»

segunda-feira, janeiro 23, 2006

 

dizer-me

dizer-me é inclinar-me
sobre ti
sobre um oceano de palavras

sou o que sou
a voz a mulher
um corpo de sensações
rendido aos passos que damos
és a face a caminhar
entre as mãos das águas
dentro dos olhos
a acariciar meus seios
meu sexo
a respiração a seguir
suavemente as curvas
todas as curvas

és, mesmo antes de seres
minha pele incendiada

silvia chueire

 

O "aparelho" não funcionou

O discurso de Manuel Alegre na noite das eleições foi «interrompido involuntariamente» pela conferência de imprensa de José Sócrates, por desconhecer que o candidato presidencial estaria a falar, explicou o porta-voz do PS, Vitalino Canas.

Já se sabia que o aparelho era incompetente, mas que não funcionava é que não sabiamos. Ainda por cima naquela sala com tantas televisões. Também não se percebe o que estariam a fazer os freneticamente curiosos assessores do nosso Primeiro.

 

Inqualificável

Sócrates a interromper Manuel Alegre, que vergonha! Alegre devia ter repetido a sua declaração. O que Sócrates fez a Manuel Alegre demonstra o que Sócrates é: é um homem de plástico, falta-lhe o que faz com que um homem seja educado. Não é de esquerda nem de direita é um invólucro feito de plástico, virado para um espelho, olhando só para si.É um produto, como Santana, do pós-modernismo. Adivinha-se o seu fim.

domingo, janeiro 22, 2006

 

tirar conclusões

As eleições para presidente da República demonstram á evidência que o PS está divorciado dos seus eleitores. Isto não significa deslegitimação do seu governo, mas que a oligarquia dos que dirigem o maior partido de esquerda está de costas virada para a sua base de apoio. Se o PS quiser tirar conclusões destas eleições (o que desconfiamos!) terá de procurar ouvir a opinião pública e harmonizar as suas futuras escolhas com a sua base de apoio. Terá, ainda, que promover uma profunda reforma no seu interior para curar a sua doença fatal: o aparelhismo que se caracteriza pela ausência de compromissos morais e objectivos claros, incapaz de mobilizar eleitores e só interessando aos boys que o dominam. O PS precisa de um ethos que estimule a coerência, censure o oportunismo e promova lideranças responsáveis e dignas de mérito. Se o PS quiser readquirir o prestigio que perdeu terá de se tornar numa casa da ideologia, criando uma escola de formação política e desenvolvendo uma ética da responsabilidade, que separe o partido do estado e avalie em termos de serviço do bem-comum as consequências de militar num partido. É que um partido só se impõe, quando se justifica por ideais e valores

 

Nota do dia

Em dia de eleições costumo ver amigos, muitos amigos, que têm um modo de ver o mundo e a vida semelhante ao meu. Estava habituado a trocar opiniões nos longos corredores do Liceu Alexandre Herculano, depois de votarmos. E, cumprido o distanciamento regular, esperávamos uns pelos outros em frente a essa Escola para aventarmos hipóteses sobre os resultados eleitorais. Hoje, não encontrei os meus amigos. Cumpri o horário de outras ocasiões. Esperei por eles das 11h às 12h3o m. na ânsia de uma saudável cavaqueira. Praticamente, alguns deles, só os vejo nestas ocasiões. Já não moram nos mesmos sítios, nem frequentam os mesmos cafés. Gostava de trocar opiniões, não só sobre a as eleições, a sua importância, mas também, sobre o artigo de António Barreto (“Norma de execução permanente”) que, hoje, vem no “Público”. Os meus amigos não compareceram e isso representa, para mim, o prognóstico já esperado: ganhou estas eleições quem tinha fixado o seu eleitorado e os indecisos tomaram a decisão de não comparecerem. Valeu ao menos a leitura do artigo de António Barreto.
Já perto de casa encontrei uma velhinha amiga que espelha no rosto a pobreza envergonhada, e, em outros tempos, foi regente escolar. Perguntei-lhe se já tinha votado. Respondeu-me: «não adianta, nós não riscamos nada». Lembrei-me, então, de comprar o livro “A Transformação da Política” de Daniel Innerarity, cuja recensão fui lendo no referido jornal. É necessário perceber por que a falta de comparência vai determinando o nosso Futuro.

sábado, janeiro 21, 2006

 

Ferreira Torres ouvido no Tribunal do Marco

Escreve, hoje, o JN:

«Avelino Ferreira Torres foi ontem interrogado no Tribunal do Marco de Canaveses, no âmbito de um processo relativo a problemas da sua gestão autárquica mas que nada tem a ver com investigação criminal conduzida pela PJ do Porto - inquérito que, apurou o JN, está próximo da conclusão. O ex-autarca do Marco e actual vereador em Amarante esteve nas instalações do tribunal entre as 10 e as 13 horas.Anteontem, Ferreira Torres estivera nas instalações do DIAP do Porto, onde foi ouvido num processo na qualidade de queixoso. No próximo dia 1 de Fevereiro, Avelino irá outra vez a tribunal, mas à Relação do Porto, onde será julgado o seu recurso da condenação a três anos de prisão, suspensos por quatro, por crimes de peculato»

sexta-feira, janeiro 20, 2006

 

O homem da desburocratização

Noticia, hoje, o “Tal &Qual” que o ex-presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Avelino Ferreira Torres está a ser investigado por cheques passados a empresas que nunca entraram na tesouraria das ditas. E refere “um armário” cheio de documentos que a PJ guarda e que são comprometedores para o ex-autarca.
Como se vê, Avelino Ferreira Torres não precisou das novas tecnologias para estar “on line” no efeito de boomerang dos dinheiros públicos. É o homem da desburocratização. Já é senador … não seria justo, darem-lhe uma comenda?!...

 

“Fazer os mínimos” nestas eleições

Em quem hei-de votar com convicção?!... Não se vota no rosto da pessoa: a gente vê caras e não vê corações. Votamos nas ideias que configuram programas de acção. Mas, para isso, é preciso que a ideia tenha um esteio para se segurar.
Mário Soares, como pessoa, revelou-se sempre um mau esteio. Ontem, segurava a ideia de que Cavaco seria um bom presidente da República e, hoje, afirma o contrário. Mário Soares segura mal as ideias e, tal como contradiz hoje o que disse ontem, não garante que o que diz hoje segure amanhã. Mário Soares em plena votação para a presidência da Câmara de Lisboa teve o desplante de apelar ao voto no filho. Com isso, demonstrou estar mais preocupado com o sucesso da família do que com os ideais da República. E isso é próprio de um monarca que vê na genética um direito ao poder. Mário Soares é um monarca da República.
Uma candidatura a presidente da República representa o que, para a república, deve ser tomado como referência. Mário Soares pode honrar os amigos que quiser, mas não pode tornar uma honra da sua candidatura a presidente da República pessoas, como Abílio Curto e outras que não são uma referência dos deveres republicanos. Por outro lado, lembro-me que Mário Soares foi presidente da República no tempo em que Cavaco Silva foi primeiro-ministro. Porque tudo decorreu normalmente, temos de concordar que os dois, com estilos diferentes, são mais do mesmo.Manuel Alegre tem uma vantagem: se ficar em segundo lugar tudo tem de ser repensado no PS. Ficará claro que a lógica aparelhista que presidiu à candidatura de Mário Soares já não faz sucesso e se tornou num logro. Torna, ainda, evidente que é necessário saber harmonizar candidatos com a vontade dos eleitores e não com a oligarquia que domina o PS.
Manuel Alegre não é o candidato das minhas convicções, porque estas estão mais próximas de Louçã. Mas votar em Louçã, neste contexto, só serve para dizer que Louçã tem mais votos que Jerónimo. Ora, isso não serve para provocar uma renovação dos partidos.
Já que o governo do PS tem feito tudo para Cavaco ganhar as eleições, votar em Manuel Alegre é um voto útil à renovação do PS que, naturalmente, se reflectirá em todos os outros partidos. É, por isso, fazer “os mínimos” nestas eleições.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

 

Últimas sondagens

De acordo com a última sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e jornal Público (que amanhã será publicada), as intenções de voto são as seguintes:

Cavaco Silva --> 52%
Manuel Alegre-->19%
Mário Soares-->15%
Jerónimo de Sousa--> 7%
Francisco Louça--> 5%
Garcia Pereira--> 0%

Já a Eurosondagem no seu estudo, realizado para a SIC, Expresso e Rádio Renascença, indica os seguintes resultados:

Cavaco Silva--> 53%
Mário Soares-->16,9%
Manuel Alegre-->16,2%
Jerónimo de Sousa--> 7,2
Francisco Louça-->5,8%
Garcia pereira-->0,9

É, ainda referido, pela Eurosondagem, que os indecisos são 10% , pelo que os resultados eleitorais podem ser outros, nomeadamente na relação entre Manuel Alegre e Mário Soares.

Obs: Convém lembrar que Manuel Alegre considera que esta empresa está a utilizar as sondagens para colocar Mário Soares à sua frente.

 

Sondagem:

Os resultados de Hoje na sondagem diária da Marktest para o DN e TSF são os seguintes:

Cavaco Silva -->52,7% das intenções de voto.
Manuel Alegre-->19,2%.
Mário Soares -->14,1%.
Jerónimo de Sousa--> 7,2%
Francisco Louça--> 6,1%
Garcia Pereira -->0,6%

Segundo esta sondagem, o número de indecisos concentra-se à esquerda, o que pode alterar o significado da sondagem relativamente à votação de Domingo.

Amanhã sairá uma grande sondagem feita pela Universidade Católica

quarta-feira, janeiro 18, 2006

 

Poupar o quê?!...

Segundo dados revelados no barómetro europeu 2005/2006 do Observador Cetelem, os portugueses são os cidadãos com o moral «mais em baixo» de 12 países europeus e são também os que estão mais apreensivos relativamente ao futuro. O estudo revela, ainda, que os cidadãos portugueses consideram que não têm condições para poderem poupar nos próximos 12 meses.

terça-feira, janeiro 17, 2006

 

Sondagem

De acordo com a sondagem diária da Marktest para a TSF e DN divulgada esta terça-feira,Cavaco Silva desce quase dois pontos,

Cavaco Silva -->54,6%,

Manuel Alegre --> 18,4%

Mário Soares -->13,2%

Francisco Louça --> 6,6%

Jerónimo de Sousa--> 6,4%

Garcia Pereira -->0,8%


segunda-feira, janeiro 16, 2006

 
Aliança PS e PSD inicia processo de privatização de serviços publicos no Municipio de Amarante
Intervenção BE na Assembleia Municipal de 23 de Dezembro de 2005

Ex mº Sr. Presidente da Assembleia Municipal
Ex mº Sr.Presidente da Câmara Municipal
Ex mº Membros da Assembleia Municipal :


Temos sérias duvidas que, com a extensa documentação que todos os membros desta Assembleia receberam a escassos dias da sua realização, e sem o conhecimento aprofundado deste dossier, estejamos todos em condições de tomar uma opção que seguramente irá condicionar todos os amarantinos durante os próximos 30 anos, relativamente a um serviço básico para a vida de todos os cidadãos.
Não nos esquecemos que o Sr. Presidente na última campanha eleitoral prometeu investir muito dinheiro na actual ETAR, e no entanto, já desde pelo menos 2003 equacionava e preparava este assunto que ora nos propõe para aprovação, nunca o abordando nas suas intervenções.
Porque o escondeu da opinião pública?
Porque não tomou a iniciativa de abrir a discussão sobre matéria de tal importância, disponibilizando todos os dados de que já dispunha?
Vem agora e estranhamos a pressa, entregar a exploração de sectores e infra-estruturas básicas para a vida comunitária a entidades externas mesmo públicas, sabendo-se que se perspectiva a sua privatização a curto prazo.
Argumentos como a rapidez de conclusão das obras, o acesso aos fundos de coesão e falsos ganhos de eficiência, pois estes dependem dos objectivos previamente traçados, que nas empresas são a maximização dos lucros, que não são coincidentes com os interesses dos cidadãos, não sobrelevam os riscos que se poderão correr.
Experiências idênticas nos sistemas de aguas e saneamento em países europeus, foram acompanhadas desde logo, por brutais reduções de postos de trabalho, diminuição de direitos e vínculos laborais, com consequências imediatas na qualidade dos serviços prestados e incremento nos cortes, por falta de pagamento.
Da mesma forma, os sistemas privados não mostraram ser mais eficientes em termos ambientais, sabendo-se que no Reino Unido, por exemplo, o desperdício de agua tratada por perdas nas redes acabou por subir.
Na Europa que tanto defendemos, esta politica que teve inicio há duas décadas, está em final de ciclo, com alguns municípios a municipalizar estes serviços.
No entanto por cá, o partido socialista ao propor a entrega deste sector á exploração de uma entidade externa, abdica do seu papel regulador e corrector, na medida do possível, de desigualdades sociais, alinhando nas politicas neo- liberais pseudo igualitárias, convergindo assim, com o PSD, como já vem sendo hábito em matérias já aqui discutidas.
Pelo contrario, para nós B.E. deverá ser a autarquia a assumir a gestão destes serviços assegurando um direito publico e a prestação de um serviço de qualidade e acessível aos cidadãos, bem como a incorporação destes sistemas de agua e saneamento como instrumentos de politica de ambiente e de desenvolvimento sustentável.
Pelo que atrás dissemos, não avalizaremos a proposta que a Câmara nos apresenta e consequentemente votaremos contra.


Amarante, 23 de Dezembro de 2005
Antonio Alcino Norte Simões
Membro da Assembleia Municipal pelo Bloco de Esquerda

 

Será desta?!...

Ferreira Torres começa a serjulgado no dia 1 de Fevereiro

Avelino Ferreira Torres vai ser julgado pelo Tribunal da Relação do Porto, no próximo dia 1 de Fevereiro, no âmbito do processo em que foi condenado, em primeira instância, em 2004,por crimes de peculato, (na utilização de trabalhadores da Câmara do Marco de Canaveses, em obras particulares) cometidos em 1994,5,6,7

Entretanto, outros processos decorrem. A PJ está, hoje, no Marco, a investigar mais crimes.

Avelino é o maior!!!!!

Em comparação com aquele rapaz (noticiado recentemente nos jornais) condenado a 4 anos por roubar um telemóvel, imaginemos a condenação que pesa sobre o frenético ex-candidato à Câmara de Amarante!

Isto é, se todos forem iguais perante a lei!...

domingo, janeiro 15, 2006

 

Verónica Michelle Bachelet foi, hoje, eleita presidente do Chile.

O novo presidente do Chile é uma mulher, socialista, agnóstica e mãe de três filhos. Encabeçou uma coligação de socialistas, radicais e democratas cristãos, designada Concertação Democrática.

Sobre o seu curriculo, refere o “Diário Digital”:

«Nascida em 29 de Setembro de 1951 em Santiago, Verónica Michelle percorre todo o Chile durante a sua infância, ao sabor das colocações do seu pai, piloto militar. Em 1970, inicia estudos de medicina e adere à Juventude Socialista.

Em 11 de Setembro de 1973, data do golpe de Estado de Augusto Pinochet, o seu pai, um general da Força Aérea muito próximo do presidente socialista Salvador Allende, é preso, morrendo seis meses depois, torturado pelos seus pares.

Michelle prossegue os estudos, enquanto ajuda secretamente pessoas perseguidas pelo regime. Contudo, em 10 de Janeiro de 1975, a sua mãe e ela são presas pelos serviços secretos e conduzidas à Villa Grimaldi, centro de tortura da ditadura.


«A tortura é terrível, sobretudo do ponto de vista psicológico, porque nos humilha», afirma, acerca deste período.

Libertadas em finais de Janeiro, mãe e filha exilam-se na Austrália e, depois, na antiga RDA, onde Michelle prossegue os estudos.

Em 1979, jovem mãe de Sebastian, nascido um ano antes, regressa ao Chile, onde obtém em 1982 o seu diploma de cirurgia, mas vê fecharem-se-lhe as portas do sistema público de saúde «por razões políticas».

Graças a uma bolsa, especializa-se em pediatria e saúde pública. A sua filha Francesca nasce em 1984. Paralelamente, Michelle trabalha para uma ONG que apoia os filhos de vítimas da ditadura.

Depois da transição democrática (1990), empenha-se a fundo como médica do serviço público, membro da Comissão Nacional da SIDA e consultora da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Considerando que o Partido Socialista, onde milita, conhece mal o papel do exército, estuda estratégia militar em Santiago e, depois, defesa continental em Washington.


Em 2000, o presidente Lagos confia-lhe o Ministério da Saúde e uma grande reforma do sector. Em 2002, é a primeira mulher ministra da Defesa da América Latina e, no 30º aniversário do golpe de Pinochet, defende uma reconciliação histórica entre civis e militares.

É nesta altura que a sua popularidade entra em crescendo.

O advogado Andres Chellew, filho de um oficial de Marinha próximo do regime de Pinochet, é um defensor fervoroso de Michelle desde que a conheceu, em 2001.

Para ele, o êxito de Michelle Bachelet nada tem de misterioso e a sua eleição marca o fim de um domínio de 40 anos da mesma oligarquia política e económica.

«Michelle sintetiza muitas coisas: representa a classe média, o reencontro do Chile com o seu exército, com ela abre-se um novo capítulo da história chilena. O país vai mudar muito em quatro anos, mesmo que alguns não o queiram», garante.»

 

Sondagem

Manuel Alegre continua a subir nas intenções de voto para as presidenciais, mostra a sondagem diária da Marktest para o DN e a TSF.

Cavaco Silva – 56,7%
Manuel Alegre-
18,2%
Mário Soares - 10,5%

Francisco Louça Louçã - 7,3% e
Jerónimo de Sousa - 6,8%
Garcia Pereira –0,4%

sábado, janeiro 14, 2006

 

ils dorment

abrupta escultura
este céu galopado de nuvens,
a tua boca coberta de palavras,
galgando os meus olhos
até que eles mal vejam

abrupta palavra tua
a escarpar minha língua,
braços estendidos para o nada,
a vida a cantar um disfarce
até que ele mal sirva.

dormem as minhas mãos,
a pele, o pensamento,
até que tudo passe,
até que os dias nasçam
lentamente.

silvia chueire

 

O gato, os ratos... e as ratazanas


O Presidente altera-se subitamente no cadeirão de onde segue a telenovela nacional de que também é protagonista: ralha ao gato, chama o PGR, pede inquéritos (mas não cabeças, esclarecem ajudantes...)Acordou finalmente, ou vai ser como das outras vezes, vira-se para o outro lado e volta a fechar os olhos? È que pode ter eminências psiquiátricas em casa a «fazer-lhe» a cabeça, mas não deve ter perdido os reflexos e a sabedoria do excelente e experiente advogado que foi. E bastava ter lido a carta que o Juíz Rui Teixeira entregou na AR e desencadeou o interrogatório e prisão de Paulo Pedroso para perceber a tremenda incompetência e malevolência que emergiam da investigação e da prossecução. Bastava também ter assistido à inacção e desinteresse do MP pelos processos desaparecidos nos anos 80 e pelas «Deneuves» do Parque, em contraste com a perseguição difamatória lançada contra Ferro Rodrigues, para perceber que uma sórdida urdidura estava em marcha, tendo no MP e na PJ servidores tão zelosos como incompetentes (um dia chegaremos às ratazanas mandantes...). Tudo amplificado pela cumplicidade voraz dos media.Uma urdidura que, incidindo sobre Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso (por razões que hão-de perceber-se quando se identificarem as ratazanas) visava muito mais do que o PS e aqueles seus dirigentes: visava desacreditar o Estado de Direito e a Justiça, para invalidar o processo Casa Pia e impedir que levantasse outras pontas. Para continuar a deixar na sombra, impunes, os criminosos que durante décadas abusaram (uns) e descuraram (outros e outras) as crianças à guarda naquela Casa. Eu, que nem sou especialista, só li o Perry Mason em pequena, vi a urdidura, disse-o ...e logo senti a rataria a correr freneticamente para me cilindrar.O Senhor Presidente não a viu? Continuava psiquiatricamente hipnotisado - só isso explica de repente não reconhecer velhos e verdadeiros amigos. Ou nem sequer ter acordado quando a monstruosidade lhe bateu à porta de casa, com a sua fotografia ao lado de outras das mais altas figuras do Estado e até do Cardeal Patriarca (só escapou o inefável PGR) nos albuns de mostrados às «crianças que não mentem» das desveladas Donas Catalina e Dulce. Um leve estremunhar, uma careta de desagrado belenense. E logo rebolou para o outro lado, voltando às asas de Morfeu. Tão profundamente, que teve de substituir Durão Barroso e conseguiu fazê-lo sempre de olhos fechados: para evitar o embaraço de uma vitória em eleições do amigo de repente desconhecido (o PS de Ferro Rodrigues acabara de ganhar as europeias com 45% dos votos), encomendou o país à paródia santanista. Azar: quatro meses depois a paródia virara «vaudeville» rasca. Estremunhado, viu-se mesmo forçado a convocar eleições. Do embaraço o menos - o amigo desconhecido já batera com a porta, esclarecido sobre certas «amizades».Entretanto Paulo Pedroso e outros arguidos são despronunciados por decisão de tribunal superior sustentada em grosseiros erros na investigação e instrução. O PGR dislata como só ele sabe e pode, admitindo insuficiências na investigação e escutas em barda, mas queixando-se de pressões e falta de elementos para sustentar a urdidura. Ferro Rodrigues deita-lhe à bigodice que lhos levou, mas ele desviara a investigação para quem já demonstrara incompetência, preconceito e parcialidade. O mais recente episódio da telenovela nacional, revelando que as escutas são patrioticamente abrangentes e detalham até para quem fala a familia presidencial, parece ter quebrado o entorpecente. Mas será que o Presidente acordou mesmo, nesta ponta final? Esperará ainda que o indigente gato desta telenovela, apesar de tão obviamente constipado, surdo e cego, cace ratos ? Ou que ele apareça guilhotinado na ratoeira? E quem vai afinal dar cabo das ratazanas?

Ana Gomes, 14/01/2006 in: causanossa. blogspot.com

 

Sondagem

Segundo a marktest, Manuel Alegre e Francisco Louçã continuam a subir nas sondagens.

O resultado da sondagem é a seguinte:

Cavaco Silva - 56,6%
Manuel Alegre –16%
Mário Soares - 11,7%
Francisco Loução - 9,3%
Jerónimo de Sousa -6%
Garcia Pereira – 0,4%

sexta-feira, janeiro 13, 2006

 

Uma confusão enorme

Para o comum observador, o já designado caso “Casa Pia/ Escutas” gera uma enorme perplexidade, sem se saber ao certo a quem dar razão.Fazem sentido as declarações do director do “24 horas” (reafirmando a noticia), bem como o comunicado da PGR (negando o pedido de facturação detalhada) e da PT (afirmando que só enviou o que lhe foi pedido). E isso pode significar que nenhuma destas entidades tem a verdade total ou que há quem, entre elas, minta.

A confusão está instalada e é enorme. O País parece rodar em roda livre, sem responsabilização nem responsáveis.

Vamos aguardar os resultados do inquérito da PGR, as explicações que o Procurador-Geral da República vai prestar, terça-feira, na Assembleia da República e as medidas que irão ser tomadas para punir os responsáveis e evitar no futuro situações semelhantes.

É preciso que nada fique como dantes.

Sem uma Justiça credibilizada nada pode funcionar neste País.

 

Que País!!!!....

Segundo o “24 horas” de hoje, a Portugal Telecom forneceu ao Ministério Público, a pedido deste, dezenas de disquetes com registos de chamadas telefónicas e números de telefone sem que (no parecer do Jornal) qualquer justificação legal fosse avançada para justificar o pedido. São milhares de telefonemas feitos pelas mais altas figuras do Estado Português, registando-se, entre estas, os números de telefone privados de Jorge Sampaio, Souto Moura, Mário Soares, António Guterres e Mota Amaral, que aparecem nos autos do processo casa Pia sem que tenha sido encontrado o despacho do juiz a legitimar a presença de tais listas no processo.

Refere o mesmo Jornal que, ao cruzar-se a informação desses telefonemas, não é encontrada nenhuma ligação com os arguidos ou testemunhas do processo Casa Pia. Dessa forma, altas figuras do Estado português, sobre as quais não havia qualquer indicação de poderem estar ligadas ao processo Casa Pia, acabaram por ser envolvidas neste processo.Esta situação levou o Presidente da República a convocar o Procurador-Geral da República para uma reunião. Como já é público, o PGR garantiu, no final da reunião, que sobre esta matéria se iria proceder a um rigoroso inquérito.

Este chocante caso, terá necessariamente de colocar muitas questões que passarão não só pelo funcionamento da justiça, sua independência, formação e avaliação dos seus operadores, mas também sobre as regras do sistema numa sociedade democrática. E este debate impõe-se como um desígnio nacional.

Sem um funcionamento credível da Justiça nada pode funcionar neste País.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

 
De acordo com uma sondagem da Intercampus/TVI realizada nos dias 9 e 10 de Janeiro, através de 1010 entrevistas, 53% das quais a mulheres, e com uma margem de erro de 3,08%, para um intervalo de confiança de 95%., as intenções de voto são as seguintes:

Cavaco Silva 52,4% dos votos (em relação a Dezembro, desce 1,9%)
Manuel Alegre 17,4% (sobe 2,4%)
Mário Soares 17%
(desce 0,7%)
Jerónimo de Sousa 6,9% (sobe 1,2%)
Francisco Louça 5,8% (desce 1,7%)
Garcia Pereira 0,4%.


De acordo com esta sondagem, Manuel Alegre continua a ser o candidato melhor colocado na segunda volta: obteria na segunda volta 42%, enquanto Mário Soares só atingiria 31,5%.

 

Direito à indignação

Noticia o “Público”: Ana Gomes, eurodeputada que integrou a Comissão Política de Ferro Rodrigues, escreveu, ontem, no blog “causa-nossa”:

«Joaquim Pina Moura devia ter a decência de abandonar o Parlamento (…) A Comissão de Ética da Assembleia da República devia considerar o caso e declarar a incompatibilidade, para credibilizar a função parlamentar (…) Governantes e dirigentes socialistas deviam parar de dar cobertura a tal promiscuidade. Militantes socialistas deviam deixar de continuar calados.»

 

Não apagaremos a sua memória

Noticia o “Público”: Morreu Hug Thompson.

Na manhã de 16 de Março de 1968, Thompson na aldeia de My Lai viu do seu helicóptero um grupo de marines americanos a disparar contra civis vietnamitas. Uma mulher que gritava desesperadamente por ajuda era morta á queima-roupa. Thompson não hesitou e aterrou o seu helicóptero for forma a servir de barreira entre os soldados e os civis. E não hesitou em apontar as armas aos seus compatriotas, forçando-os a parar com os disparos.

Thompson não chegou a tempo de evitar a morte de cerca de 500 vietnamitas civis desarmados, mas salvou algumas mulheres e crianças.

Muitos anos depois, ao regressar á aldeia onde se deu o crime de genocídio, reconheceu três mulheres a quem tinha salvo a vida e o engenheiro Ho Chi Minh que na altura tinha nove anos. O encontro foi indescritível e marcou o reconhecimento do supremo valor da vida humana.

Entretanto, Thompson havia participado aos seus superiores o genocídio, contou tudo o que viu: a vala com 170 cadáveres executados a tiro, o desespero da mulher que gritava por ajuda, os disparos contra tudo o que mexesse, homens, mulheres, crianças e velhos. Como obrigam as normas, foi ordenado um inquérito para salvar a decência do
Pentágono. E como é normal na decência da guerra, a conclusão foi uma farsa.

Trinta anos depois, o pentágono atribuiu uma importante condecoração a Thompson e enviou-lha discretamente. Mal a recebeu, Thompson deitou-a num caixote do lixo. Um reconhecimento envergonhado não se harmonizava com as vidas salvas. Thompson. respondeu que só aceitava a condecoração se fosse atribuída em cerimónia pública, realizada em Washington, junto ao memorial do Vietnam.

Os anos foram passando e em Março de 1998, por pressão das organizações dos direitos humanos, Thompson teve a cerimónia que finalmente o reconheceu publicamente como um herói.

Que a sua memória seja eterna!

quarta-feira, janeiro 11, 2006

 

Sodagem

Os dois candidatos presidenciais da área socialista, Manuel Alegre e Mário Soares, trocam de posição na terceira das sondagens diárias da Marktest para o DN e a TSF, que é hoje publicada, ao terem respectivamente 13,9% e 13,5% das intenções de voto dos portugueses.

A mesma inversão de posições ocorre no outro campeonato da esquerda (PCP versus Bloco de Esquerda), com Francisco Louçã a ter mais 1,4% do que Jerónimo de Sousa.

Cavaco Silva recolhe como intenção de voto 60,3% (mais 0,1% do que ontem, embora menos 0,7% do que na antevéspera).

 

memória

carregas a minha boca na tua,
esta memória que arde em ti,
e ainda assim te vais,
teu corpo e tua alma marcados
pelo amor.
meu corpo e minha alma.

hão de falar-te de mim os teus lábios,
a tua pele onde andaram os meus,
as nossas vozes misturadas
de palavras e sussurros.
estarão cada dia a lembrar-te.

silvia chueire

terça-feira, janeiro 10, 2006

 

Na sustentabilidade uns mais iguais do que outros.

Segundo o ministro das Finanças, daqui a dez anos, o Estado não terá dinheiro para pagar reformas. Teixeira dos Santos garante que, se não forem tomadas medidas urgentes, a sustentatibilidade da Segurança Social está comprometida.

Para que na sustentabilidade da Segurança Social uns não sejam mais iguais do que outros, sugerimos que, para obterem reforma, os políticos precisem dos mesmos anos de contribuição que os outros cidadãs.

São escandalosas as reformas de políticos, como serve de exemplo as referidas , aqui, num outro post, mais abaixo.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

 

A virtude da decência

Desde há muito que se conhecem os cárceres privados, os “guantanamos” da Europa e África, onde se pratica a tortura de tipo nazi, com total desprezo pelos direitos humanos. Vergonhosamente não se ouviram protestos dos dirigentes europeus, particularmente dos de partidos ditos de esquerda.

Felizmente, apareceu uma mulher, Ângela Merkel, a levantar a voz, dizendo ser intoleráveis a tortura e o atropelo á dignidade humana dos “guantannamos”.

Grande mulher! É de direita, mas é decente. E isso é a virtude que falta a certos blaires, schroeders,barrosos, sócrates e quejandos.

 

Um aviso á navegação

Esta tarde, numa visita aos estaleiros da Lisnave, um operário, em discurso directo e perante as Câmaras das televisões, virou-se para Mário Soares e disse: «o sr.dr. é responsável pelos anos de fome que passamos, aqui, no Distrito. Desculpe que lhe diga, o seu governo foi igual ao do dr. Cavaco».

Mário Soares, depois de trocar algumas palavras com o operário, virou-se para os jornalistas e afirmou: «Agora estamos em campanha, é outra coisa, eu não vos falo directamente, fala ele», apontando para o seu assessor de imprensa.

A declaração de Mário Soares foi entendida como afirmação de «blackout». Em nome do Candidato, os assessores explicaram, posteriormente, que Mário Soares pretendeu apenas «disciplinar os contactos com os jornalistas».

Não imagino que efeitos na opinião pública surtiam ser por conferências de imprensa o contacto de Mário Soares com os jornalistas, mas gostava de poder avaliar…

Naturalmente, as declarações do operário, transmitidas pelas televisões, não ajudam a promover o candidato e, por isso, compreende-se a irritação de Mário Soares. Mas, como é público e notório, parece que, no nosso sistema partidário, só pode ambicionar ser presidente da República (e como ambicionam!...) quem já foi “chefe” de partido e primeiro-ministro.

Sendo assim, é bom que lhes seja avivada a memória da sua governação para que se convençam que fazer campanha não é só ter lábia para dar espectáculo. O povo é sereno, mas há sempre quem tenha memória.

A memória é a nossa raiz e são as raízes que não nos deixam andar ao sabor do vento ou dos espectáculos.

Ora, aqui está um bom aviso para a governação! É, até, o mais positivo desta campanha.

 

Boa notícia

Novas regras para instalação de farmácias

A Autoridade da Concorrência (AdC) propôs a eliminação dos concursos para a instalação de novas farmácias, a eliminação de todas as restrições existentes ao trespasse, cessão de exploração e relocalização, bem como a eliminação da intransmissibilidade do alvará e a revogação da obrigatoriedade da direcção técnica de farmácia ser exercida pelo seu proprietário.

O fim deste injustificado proteccionismo pode fazer com que os medicamentos baixem cerca de 30%.

É, portanto, uma boa noticia!

 

A ética de Pina Moura

Pina Moura, ex-comunista ortodoxo, ex-ministro das Finanças heterodoxas e eleito deputado pelo albergue do PS recebeu do Millennium BCP Investimentos SA, em 2004, 120mil euros por trabalho de consultoria que se prendia com a Iberdrola e dizia respeito a uma área que, como ministro controlava.

O ex-ministro e actual deputado representante em Portugal da Iberdrola descobriu que a ética republicana é o cumprimento da lei, concepção que não é original, pois há mais de 2mil anos essa concepção já havia servido de lema aos fariseus com as consequências que desde então se conhecem.

Amanhã, pelas 21h30, no Hotel Ipanema Porto, António Vitorino falará sobre as Presidenciais. É publico que tem sido consultor do grupo Mello. Espera-se que na companhia de Pina Moura possa esclarecer sobre o tema dos apoios financeiros às campanhas, se é Cavaco Silva ou Mário Soares que tem mais sorte com os ditos.

domingo, janeiro 08, 2006

 

Começou oficialmente a campanha eleitoral


A campanha eleitoral para as presidenciais de 22 de Janeiro arrancou hoje oficialmente às 00:00 e prolonga-se até 20 de Janeiro. Na véspera das eleições, a 21, cumpre-se o tradicional dia de reflexão.

Cavaco Silva
inicia hoje os 13 dias de campanha no distrito de Lisboa, em Rio de Mouro, Cascais e Torres Vedras, mantendo-se na capital na segunda-feira, onde regressa no dia 20 para o encerramento da campanha. Estará no Porto quinta e sábado, e reserva dias inteiros para acções de campanha nos distritos de Guarda, Castelo Branco, Viana do Castelo, Braga, Aveiro, Coimbra e Viseu.

Mário Soares andará hoje pelo Alentejo e Algarve, realizando dois comícios, um em Beja e outro em Faro. Irá privilegiar o Norte e realiza dois grandes comícios, um no Porto nos dias 14 e outro a 19, em Lisboa. Dedica um dia inteiro aos distritos de Setúbal, Coimbra, Viseu e Braga, mas fará curtas passagens pelos restantes, casos de Beja, Faro, Leiria, Santarém, Guarda, Aveiro, castelo Branco, Portalegre, Vila Real e Bragança.

Manuel Alegre arranca do Forte de Peniche e percorre nos próximos dias todos os distritos - com seis comícios - fechando a sua campanha em Águeda, sua terra natal, onde também anunciou a candidatura presidencial.

Francisco Louçã concentra-se na área metropolitana de Lisboa, onde abre e encerra a campanha com uma arruada e um jantar na capital. Estará nos distritos de Lisboa e Setúbal entre segunda-feira, terça-feira, quinta-feira, domingo, Aposta também em iniciativas de campanha no Porto, Braga, Coimbra, Aveiro e Faro.

Jerónimo de Sousa estará hoje num almoço com apoiantes em Odivelas e à tarde realiza um comício em Loures. Vai privilegiar a região da capital com mais quatro dias, e o Porto - onde encerra a campanha - com outros dois.

Garcia Pereira, inicia o período oficial de campanha em Guimarães, Braga e Mondim de Basto, permanecendo em Lisboa de 09 a 11, desloca-se ao Alentejo e Algarve no dia 14, está na Madeira a 15.

sábado, janeiro 07, 2006

 

Decência democrática

Manuel Alegre,num jantar na cidade de Angra do Heroísmo, nos Açores,afirmou que «não foi decente para democracia» ver Cavaco Silva com Alberto João Jardim em campanha na Madeira, assim como Mário Soares com Valentim Loureiro.E sublinhou:«É preciso garantir saúde e decência à democracia para que os cidadãos tenham confiança na política e nos políticos»

sexta-feira, janeiro 06, 2006

 

Duas noticias

Uma sondagem da Universidade Católica para Antena 1/RTP/Público, divulgada pela rádio às 17:00 horas desta sexta-feira, dá a vitória a Cavaco Silva, que deverá obter 60% dos votos. Em segundo lugar surge o candidato independente Manuel Alegre, com 16% dos votos, ficando o candidato apoiado pelo PS, Mário Soares, na terceira posição, com 13%. O candidato apoiado pelo PCP, Jerónimo de Sousa, tem 7% de intenção dos votos, Francisco Louçã 4% e Garcia Pereira 0%.

Noticia a LUSA «A comitiva de Mário Soares seguia a pé pelas ruas de Gondomar, quando, de forma inesperada, se dirigiu à Biblioteca Municipal de Gondomar, onde Valentim Loureiro esperava à porta.

Mário Soares e Valentim Loureiro deram um prolongado abraço perante dezenas de jornalistas, com o autarca a elogiar o ex-Presidente da República. "Mário Soares é uma pessoa que não esquece os amigos, cultiva uma palavra e um sentimento que é gratidão", declarou o ex-dirigente social-democrata».

 

Ilse Lieblich Losa(1913)

Faleceu, hoje, na sua residência, na Pasteleira, Ilse Losa. Refugiou-se em Portugal em 1934, fugindo às perseguições nazis. Escreveu contos, sobretudo para crianças. Os motivos da sua obra encontram-se nas experiências da nazificação da Alemanha, sua Terra natal, e nas dificuldades de adaptação à sua pátria de exílio, Portugal. A sua obra foi publicada pelas editoras Afrontamento e ASA. Fazem parte da sua obra, O Mundo em Que Vivi (1949, volume de estreia), Histórias Quase Esquecidas (1950), Rio Sem Ponte (1952), Aqui Havia Uma Casa (1955), Sob Céus Estranhos (1962), Encontro no Outono (1965), Estas Searas (1984), Caminhos sem Destino (1991) e À Flor do Tempo (1997, Grande Prémio da Crónica de 1998).

Para crianças, escreveu A Flor Azul (1955), Na Quinta das Cerejeiras (1984, Prémio Calouste Gulbenkian), A Visita do Padrinho (1989) e Faísca Conta a Sua História (1994). Possui ainda uma obra de crónicas de viagem, Ida e Volta — À Procura de Babbitt (1959).

Em 1984, a Fundação Calouste Gulbenkian atribuiu-lhe o Grande Prémio de Livros para Crianças, pelo conjunto da sua obra.

Era de uma ternura imensa para com os amigos. Foi professora na antiga Escola do Magistério Primário do Porto e tive a honra de ser aí seu colega e a partir daí seu amigo. O seu marido e a sua filha já tinham partido.

 

Uma homenagem a ANTÓNIO GANCHO

CLEÓPATRA QUE SAUDADES!


Um dia possuí Cleópatra na cama
a mulher que neste momento se ri de mim
julga que é mentira.
Um dia possuí Cleópatra na cama
coisas com que Cleópatra delira
Dois corpos afinal num só
Negámos nessa noite (tempestade ...)
a lei física da impenetrabilidade dos corpos.
O meu corpo no dela arde que arde
até ficarmos como mortos
Mas Cleópatra era bela.
Ela era mais que uma mulher
ela era de certeza a noite ela era de
certeza a estrela
ela era de certeza um segredo qualquer
Nunca mais me esquece
Agora canto “Um dia possuí Cleópatra
na cama”
a mulher que neste momento se ri de mim
julga que é mentira
Ai que coisa tão boa, coisa tão boazona
ai que coisa com que Cleópatra ai tanto
delira
Agora canto “Na cama” Agora canto”Na cama”
Cleópatra que Saudades!

António Ganchoo. In: Poemas Digitais.

Foi Herberto Hélder que trouxe a público a poesia de António Gancho com a antologiou "Edoi Lelia Doura". Helder, um dos maiores poetas da contemporaneidade, vive com um reduzido subsídio do ministério da cultura num lar para artistas idosos. Também Luís Pacheco, a quem devemos a revelação atempada dos nossos poetas surrealistas, está pobre, quase cego e por caridade vive há anos num lar de terceira idade. No entanto, todos os livros que publicou são livros raros e valem fortunas.

O Gancho faleceu na noite da passagem de ano, na Casa de Saúde do Telhal, onde vivia desde 1967 . Não sei quem disse: «louco é aquele que perdeu tudo menos a razão». De facto, Gancho tinha poucas razões para continuar neste mundo de lojas de trezentos e de retóricas de plástico.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

 

Assim vai a campanha

Cavaco Silva em vez de dançar com as ceifeiras, como faria Mário Soares, preferiu cantar, em Grândola, a canção de Zeca Afonso “Grândola, Vila Morena”.

Espera-se que continue a distanciar-se de Mário Soares e, em vez dos bailaricos populares, prefira cantar a Internacional, logo que chegue ao Barreiro.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

 

Mais vale tarde do que nunca

Manuel Alegre afirmou, hoje: «Há um empobrecimento e um afunilamento da democracia. Quando se fala em défice democrático não se fala só na Região Autónoma da Madeira, pois também há défice democrático noutros lados, défice de igualdade, défice de emprego, défice de cidadania, de cultura e de educação».

E exemplificou: «Eu tenho constatado ao longo destes dias que muita gente me vem dizer - vou votar em si, mas não dou a cara! Isso quer dizer que as pessoas têm medo».

Por isso, concluiu: «Nós temos de encarar o problema democrático e da democracia como um todo nacional» e sublinhou que a sua candidatura pretende a «revitalização da democracia».

A nossa conclusão: que pena não haver mais militantes de partidos a se candidatarem, como independentes, à presidência da República!!!… Também eles podiam, assim, descobrir o que nos partidos, nas autarquias e nas questões de domínio político já há muito tempo está á frente dos olhos da maioria dos cidadãos.

terça-feira, janeiro 03, 2006

 

Texto com pedido de subscrição

Para: Ministra da Educação
Lamentou Stravinsky que as pessoas não fossem «ensinadas a amar a Música, mas apenas a respeitá-la». Podemos acolher a ideia e transpô-la para o ensino da língua portuguesa, relevando como é natural a Literatura, e concluir que a «Pátria» de todos nós não é amada, nem minimamente respeitada, mas antes parodiada. Não sabemos se devemos rir ou chorar perante situações como a de apresentar «Frei Luís de Sousa» de Almeida Garrett sob o título «Até ao meu regresso...»; transformar um soneto de Luís de Camões numa notícia de jornal, um texto de Fernando Pessoa num requerimento, um auto de Gil Vicente numa carta de reclamação, ou ainda envolver a poesia de Cesário Verde, o poeta de Lisboa e Mestre de Fernando Pessoa e heterónimos, com editoriais, textos publicitários e outros. Temos assistido à sedimentação do culto do facilitismo, da permissividade e da ignorância.Entretanto, valores como a delicadeza, a curiosidade, o espírito de rigor, a exigência, o esforço ou o brio continuam a ser riscados do quotidiano escolar, com o aval de muitos que integram o Ministério da Educação. Testemunhámos esse comportamento nas últimas provas de avaliação do 9º ano, em que se substituiu «Os Lusíadas» de Luís de Camões por pontos de um Tratado da União Europeia, se interpretou Alves Redol e Luísa Costa Gomes com respostas de escolha múltipla e de verdadeiro/falso, se aprisionou a escrita dos alunos, com a imposição obsessiva de um número estipulado de palavras, sujeito o seu incumprimento a uma penalização. Lamentavelmente, situação idêntica se prevê para os próximos exames do 12º ano do Ensino Secundário, de acordo com informações recentemente chegadas às Escolas. Sabemos que, em boa parte, este é o resultado da aplicação dos novos programas, no caso específico de Língua Portuguesa, aos Ensinos Básico e Secundário. Porque ao Ministério da Educação se exige responsabilidade no seu directo envolvimento com o Ensino, vêm os signatários pedir à Senhora Ministra da Educação que intervenha no sentido de pôr cobro a esta situação, a qual não dignifica a Escola, enquanto lugar de continuidade de um património herdado, de aquisição permanente de novos saberes e de criatividade inovadora.

Respeitosamente,
The Undersigned

 

Estamos curiosos.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) instaurou um processo por crimes eleitorais contra o presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, por alegada violação dos deveres de neutralidade e imparcialidade, nas eleições regionais de 2004, segundo a edição desta terça-feira do Público, Noticia o DD.

Ficamos cheios de curiosidade à espera das conclusões. Daqui por alguns anos, lembraremos o assunto.

segunda-feira, janeiro 02, 2006

 

Um estudo sobre a corrupção.

Hoje, o Correio da Manhã revela um estudo sobre a corrupção. Para além de referir que a grande corrupção não tem ficado nas malhas da Justiça, o estudo traça o perfil do (pequeno)corrupto, (casado, do sexo masculino, tem entre 36 e 45 anos e não tem antecedentes criminais) e indica que foram analisados 224 processos, constituídos por 400 pessoas e dez empresas que receberem dinheiro e 143 pessoas e 78 empresas que pagaram favores.

Ainda é referido que 61,2% dos casos de corrupção encontra-se em investigação; 25,4% está arquivado; 6,3% está em fase de julgamento; 5,4% tem acusação; 0,9% está em fase de instrução; 0,4% aguarda recurso do Supremo; 0,4% tem recurso nas Relações.- Em termos médios, foram denunciados 6,2 crimes de corrupção por mês, entre 1999-2001.

AUTARCAS SUSPEITOS
Muitos têm sido os autarcas suspeitos, mas poucos se sentam no banco dos réus. Entre os julgados é também reduzido o número de condenações em penas de prisão.

- Abílio Curto (Guarda) está preso por corrupção. A pena é de dois anos e meio.
- António Cerqueira (Vila Verde) cumpre cinco anos por peculato e abuso de poder.
- Patacão Rodrigues (Vila Viçosa) esteve preso 16 meses por fraude com fundos da UE.
- Edite Estrela (Sintra) foi condenada por violação dos deveres de imparcialidade.
- Fátima Felgueiras (Felgueiras) está acusada de 28 crimes, onze são de corrupção.
- Joaquim Raposo (Amadora) é investigado por ligações a construtores civis.
- Isaltino Morais (Oeiras) está a ser investigado por causa de uma conta na Suíça.
- Avelino Ferreira Torres (Marco de Canaveses) é suspeito de burla e falsificação.

MONTANTES DAS CONTRAPARTIDAS
Menor ou igual a 100 euros - 26 processos (14,4%)
De 101 a 350 euros - 18 (10,0%)
De 351 a 1.125 euros - 17 (9,4%)
De 1.125 a 5.000 euros - 18 (10,0%)
De 5.001 a 50.000 euros - 11 (6,1%)
Mais de 50.000 euros - 5 (2,8%)

Contrapartidas em género:
– até 250 euros - 3 (1,7%)
- de 250 a 1.500 euros - 4 (2,2%)
...............................................................

Conclusão à margem do estudo:

É preciso ter cuidado com os favores do desenrascanço. Só vale a pena ser corrupto, roubando milhões. Com esses valores terá, como disse Avelino Ferreira Torres, bons advogados para o defender e protelar uma eventual condenação até à sua prescrição. Os corruptos confiam na justiça que temos.
Não é isso o que eles dizem?!...

 

Cidade a elevar-se

A cidade eleva-se ao pôr-do-sol,
sobe e mergulha a cabeça na noite.
O Atlântico por baixo,
o sol dentro dele apagando-se,
e a cidade a subir para os rolos de céu negro.
Observo a cidade decolando na noite;
distante de mim meu rosto voa
tomado pela chama de tudo que é vivo.
Meus olhos miram o horizonte,
a transformação das coisas,
a bebê-las lentamente,
esquecidos das pessoas que se arrastam
pelo pó.

O poema se escreve.
Existe no silêncio,
independe das minhas palavras.

Silvia Chueire

domingo, janeiro 01, 2006

 

Limitação de mandatos dos autarcas

A lei de limitação de mandatos dos autarcas, aprovada em Julho pelo Parlamento, entra este domingo em vigor, mas só terá efeito prático nas eleições autárquicas de 2009 e será aplicada em pleno em 2013.

A lei impede que presidentes de câmara e de juntas de freguesia exerçam mais do que três mandatos consecutivos, o equivalente a 12 anos.

No entanto, e segundo a lei, os autarcas que cumpram o terceiro mandato até 2009 podem excepcionalmente candidatar-se uma última vez.

Assim, esta lei de limitação de mandatos dos autarcas só irá aplicar-se plenamente nas eleições autárquicas de 2013.

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) opôs-se à nova lei, mas PS, PSD, CDS-PP e Bloco de Esquerda aprovaram-na a 27 de Julho na Assembleia da República (in:Diário Digital).

 

O problema da desertificação

As Nações Unidas dedicaram 2006 aos desertos e desertificação.

À escala global, a desertificação é um dos mais graves problemas ambientais. Afecta mais de mil milhões de pessoas, em mais de cem países, e pode conduzir a êxodos de populações em busca da sobrevivência.

A desertificação está-se a agravar em Portugal, ameaçando mais de um terço do país, sobretudo o Algarve, o Alentejo e o nordeste transmontano.

Os incêndios estão a agravar as assimetrias. Só no ano de 2005, arderam quase 300 mil hectares em Portugal. E, sem a camada protectora da vegetação, os solos tornam-se esqueléticos.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?