sábado, maio 26, 2012

 

Um reencontro de colegas do Colégio D.João III

Se há um princípio da amizade, creio que ele se baseia na máxima do poeta: “O sonho comanda a vida”.

Hoje estive no Marco de Canaveses, na minha Terra. Foi para conviver com antigos colegas do Colégio D. João III, há muito extinto. Eramos já poucos os que há mais de meio século se sentavam nas mesmas cadeiras, mas no olhar de cada um de nós habitava ainda o mesmo mundo, um mundo feito de memórias sulcadas pela partilha de peripécias e até de afetos escondidos. Falamos de amores nunca revelados, do desconhecimento do paradeiro de ausentes, dos que nos deixaram sem sermos avisados e, ainda, do que nos fez deslembrarmo-nos.

Este reencontro da memória fez-se “poética da saudade”. Talvez Aristóteles, lá no seu túmulo, ao ver-nos recuperar a dádiva da vida tenha sublinhado o que escreveu na Ética a Nicómaco: ”Sem amigos ninguém escolheria viver, ainda que houvesse outros bens”.

sexta-feira, maio 18, 2012

 
Numa homenagem a um Amigo, Coronel Mário Brandão, que partiu, a intervenção de um Capitão de Abril
http://www.youtube.com/watch?v=9aV8CxdjHLA&feature=youtu.be

sábado, maio 12, 2012

 

A memória da família é a casa da nossa vida

O reencontro com a família é um reencontro com a memória da vida. Muitas coisas são lembradas: vieram à memória o tempo em que todos recolhíamos, durante férias, a casa do nosso Avô. As idas ao Rio Ovelha, as estórias que o nosso Avô contava, o primo  José Carlos que por ali aparecia e que só muito mais tarde soubemos ser irmão da Cármen Miranda, etc., etc. Obrigado, João por teres aparecido, obrigado pelo teu vinho do Porto, esse néctar a quem se deve uma parte da alegria do encontro. E para aqueles que não sabem, o meu primo João tem o melhor vinho e a melhor aguardente do Douro. Ele sabe tudo sobre vinho e aguardentes, ele e o seu cunhado Barros de Alijó. Ainda hoje me lembro da festa que fizemos na sua enoteca, em Alijó. Lembras-te Ventura?

quarta-feira, maio 09, 2012

 

Agradeçamos a Hollande, mas sobre tudo a Syriza!

Como se vê, as coisas estão a mudar. É hoje notícia”Governo admite baixar impostos a médio prazo": http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=48923 

O pensamento correto, o da conveniência daqueles que grassam em torno do poder e todos os dias entram pela nossa casa dentro, sem pedir licença, repetindo-se uns aos outros na TV, com aquele ar professoral de pitonisas do universo, é, agora este: “Um governo entregue a Syriza seria um desastre. O capital financeiro ficaria para si com todo o dinheiro (e não explicam para que lhes serviam tantos camiões de notas parados!) e a Grécia não tinha com que pagar aos funcionários públicos já no próximo mês. As eleições na Grécia (para tais doutos!) demonstram que não se pode pagar a divida soberana com doses de cavalo!”

Ainda os ouviremos dizer: É uma tontice os disparatados juros das dívidas soberanas! Só se deve pagar juros justos e só são justos os juros que não ponham em causa direitos adquiridos, os que fazem parte de uma civilização que, com lutas de sangue, soube valorizar a dignidade do trabalho e da pessoa humana. Não podemos regressar á barbárie!

Nessa altura, passarão a valorizar o 25 de Abril.

Foram sempre assim os camaleões!


terça-feira, maio 08, 2012

 
O espirito já mudou! Agradeçamos a Syriza

Já ninguém acredita que habituar o burro do moleiro a passar forme, o moleiro enriquece. Todos passaram, hoje, a defender que é necessário não deixar o animal morrer, acabar com a escravatura dos impostos, sem a qual, por mais empreendedorismo que seja proclamado, não é possível o crescimento.

A sofreguidão dos moleiros da Escola de Chicago sofreu a primeira contrariedade. E o ministro das finanças já não vai ter o prémio Nobel: pode ficar com o burro e ir para o Chile!

A própria Alemanha também já terá percebido que corre o risco de ficar sozinha no mundo!

Passos Coelho, tal como faria Sócrates, vai fazer um golpe de rins.É certo que está habituado a dar o dito por não dito. Nisso muito se assemelhou ao seu rival.

Todos ouviram a pedrada no charco de Hollande. Mas o que está a acontecer na Grécia, onde o centrão troikiano foi humilhado, é muito, muito mais importante. E essa do Syriza, um Louçã que não apoiou a Troika, exigir que os deputados deixem a imunidade parlamentar, é muito interessante para o “regular funcionamento das instituições”.

Olha se não !... Diz-se que não há interesse da parte de quem faz as leis que se combata a corrupção e é ela a nossa desgraça!


domingo, maio 06, 2012

 

Sobre o nosso tempo!

Talvez Nietzsche tenha razão! Vivemos um tempo que é um retorno à Idade Média: nesse tempo os ideais religiosos obrigavam o homem a sacrificar a sua própria vida. Quem não se lembra das cruzadas? Hoje também os homens são obrigados (pela perda de emprego, dos direitos que adquiriram) a sacrificar a sua vida ao dinheiro. Quem não sente as medidas da Troika?

A modernidade ficou submersa entre o nosso tempo e o tempo medieval. Ignora-se o papel dos ideais que configuraram a esquerda e que representaram os sonhos mais generosos que fizeram o mundo pular e avançar: virar a página medieval para a democracia forte, uma democracia que representasse o único sistema capaz de garantir os direitos humanos, o progresso e a paz, que recusasse dar valor ao sacrifício da felicidade humana.

O erro da pós-modernidade foi o retorno a uma certa medievalização: desconsiderar a modernidade por considerar que o moderno é o mais eficaz, o mais competitivo, o que corre para a frente sem atender às desigualdades que cria.

Mas o jogo ainda não terminou. Não vale a pena pensar que a história tem um fim, que os valores humanísticos morreram e que a democracia só pode ser light, sem vitaminas, sem expectativas e sem o desafio de um mundo melhor.

Olhamos para França, de onde vieram todos os ideais que nos fizeram sonhar, e, angustiados, esperamos a partida do retorno às esperanças que a modernidade criou.


 

Uma friesta de esperança

É uma friesta de esperança, mas é sempre uma esperança. Sarkozy, Berlusconi e Sócrates ficarão na história pelas piores razões: as razões do charlatanismo. Passos Coelho será conhecido como um pretensioso funcionário da Troika, que para lhe gradar é capaz de tudo. E o seu governo será a nódoa de uma governação: uma mancha feita pela pretensão de obrigar um povo a vestir o fato, que nunca serviu a nenhuma nação, o dos alfaiates de Chicago.

No futuro, olharemos para este tempo e veremos quão cabotinos era a gente (comentaristas de serviço, intelectuais de pacotilha e outra gente menor)que encheu a boca com as maldizentes tiradas sobre a esquerda e perceberemos quanto foi trágico um tempo de iniquidades.

Esperamos, neste Dia da Mãe, outro tempo, um tempo que volte a fazer do homem a razão da política, do desenvolvimento e do sentido da vida, um tempo que ponha a economia ao serviço do homem e não o homem ao serviço do lucro.


sábado, maio 05, 2012

 
Na terra onde estão as nossas raízes, se faz a memória da nossa vida e se demora a perceber o valor de plantar flores e árvores, sentir o brilhar duma gota de água que escorrega numa folha de laranjeira e gozar de felicidade com as madrugadas por onde espreita o chilrear dos passarinhos.

Estamos na idade de compreender tudo isso e dar valor ao que, um dia, escreveu o nosso vizinho Teixeira de Pascoais:


“Que saudades eu sinto desta flor,
Que vai murchar!
E desta gota de água e de esplendor,
Um pequenino mundo que é só mar.
E desta imagem que por mim passou
Misteriosamente.
E desta folha pálida e tremente
Que tombou...
Da voz do vento que me deixa mudo,
E deste meu espanto de criança.
Que saudades de tudo eu sinto, porque tudo
É feito de lembrança...”

Teixeira de Pascoais


quarta-feira, maio 02, 2012

 

O "vale-tudo" e a questão da democracia

Diz-se: Pingo Doce arrisca coima de 15 mil € por supermercado. Não acredito que seja aplicada. António Borges, o guru deste Governo não o permitiria. E se o permitisse seria porque a operação vergonhosa de propaganda foi um "bom" investimento. Naturalmente, segundo o critério "vale tudo" ara ganhar dinheiro.

A propósito desta operação, lembrei-me do conceito liberdade: entre a defesa da liberdade política, muitos optaram pela defesa da liberdade económica.

Hoje, estive a selecionar muita papelada que herdei da minha família. Encontrei muita propaganda política. Reparei que na campanha de Humberto Delgado, o regime dizia defender a liberdade e encontrei um papelinho, que deve ter sido deitado de avioneta, que dizia o seguinte: liberdade, liberdade/ cada um tem a sua/ se votas em Delgado/ perco a minha e perdes a tua”. Do lado de Humberto Delgado, a luta também era, é certo, pela defesa da liberdade, mas colocava a tónica no medo. E falava sobretudo da miséria no País, nos problemas económicos causado pela guerra colonial.

Achei interessante que a oposição não separasse a democracia política da democracia económica.

O caso Pingo Doce penso ser a evidência de que quando as duas não se embrincam, temos aquela imagem de terceiro mundo, com um marketing que se aproveita da liberdade para explorar a situação de miséria e provocar um choque com a corrida aos seus produtos e pôr toda a gente a falar do Pingo Doce.

Pessoalmente, isto faz-me pensar de como uma sacralização da liberdade, como faz o neoliberalismo, esquecendo as condições sociais que propiciam o uso da liberdade, serve sobretudo os pingos doces.


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