quarta-feira, maio 02, 2012

 

O "vale-tudo" e a questão da democracia

Diz-se: Pingo Doce arrisca coima de 15 mil € por supermercado. Não acredito que seja aplicada. António Borges, o guru deste Governo não o permitiria. E se o permitisse seria porque a operação vergonhosa de propaganda foi um "bom" investimento. Naturalmente, segundo o critério "vale tudo" ara ganhar dinheiro.

A propósito desta operação, lembrei-me do conceito liberdade: entre a defesa da liberdade política, muitos optaram pela defesa da liberdade económica.

Hoje, estive a selecionar muita papelada que herdei da minha família. Encontrei muita propaganda política. Reparei que na campanha de Humberto Delgado, o regime dizia defender a liberdade e encontrei um papelinho, que deve ter sido deitado de avioneta, que dizia o seguinte: liberdade, liberdade/ cada um tem a sua/ se votas em Delgado/ perco a minha e perdes a tua”. Do lado de Humberto Delgado, a luta também era, é certo, pela defesa da liberdade, mas colocava a tónica no medo. E falava sobretudo da miséria no País, nos problemas económicos causado pela guerra colonial.

Achei interessante que a oposição não separasse a democracia política da democracia económica.

O caso Pingo Doce penso ser a evidência de que quando as duas não se embrincam, temos aquela imagem de terceiro mundo, com um marketing que se aproveita da liberdade para explorar a situação de miséria e provocar um choque com a corrida aos seus produtos e pôr toda a gente a falar do Pingo Doce.

Pessoalmente, isto faz-me pensar de como uma sacralização da liberdade, como faz o neoliberalismo, esquecendo as condições sociais que propiciam o uso da liberdade, serve sobretudo os pingos doces.


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