sexta-feira, agosto 19, 2016

 

Bem haja, videirinhas!


Estou hoje muito feliz!... Cheguei à Folhada e mal entrei na minha terrinha, logo me deparei com as uvas de mesa que as minhas  videirinhas (quer dizer videiras pequeninas!)  me ofereciam. Agradeci-lhes e expliquei-lhes o meu contentamento: as minhas netas na próxima semana vêm á Terra, que também já é delas. As minhas filhas habituaram-nas a ir ao  Pingo-Doce comprar uvas e, francamente, chateava-me que elas pensassem que as uvas nasciam do Soares dos Santos.  Sei que é um homem habituado a fazer milagres, mas, porra!!!... Gerar as uvas que a minha terra produz era de mais! Agora, vão perceber que não é no Pingo-Doce que nascem as uvas, mas na Terra do avô que também é delas… e dos amigos do avô e dos amigos delas!



 

Bem haja, videirinhas!


Estou hoje muito feliz!... Cheguei à Folhada e mal entrei na minha terrinha, logo me deparei com as uvas de mesa que as minhas  videirinhas (quer dizer videiras pequeninas!)  me ofereciam. Agradeci-lhes e expliquei-lhes o meu contentamento: as minhas netas na próxima semana vêm á Terra, que também já é delas. As minhas filhas habituaram-nas a ir ao  Pingo-Doce comprar uvas e, francamente, chateava-me que elas pensassem que as uvas nasciam do Soares dos Santos.  Sei que é um homem habituado a fazer milagres, mas, porra!!!... Gerar as uvas que a minha terra produz era de mais! Agora, vão perceber que não é no Pingo-Doce que nascem as uvas, mas na Terra do avô que também é delas… e dos amigos do avô e dos amigos delas!



 

Estamos entregues aos bichos

Estamos a atravessar um lento e corrosivo descrédito do sistema partidário e não se vê quem, de forma livre e responsável, critique esta situação para obrigar a dar à democracia a credibilidade que ela precisa. As autarquias que conheço melhor são as do Marco, Amarante, Porto e Baião.
Para se perceber como funcionam os partidos nestas autarquias, soube há pouco que, num destes concelhos, o presidente chama uma funcionária, diretora de um serviço, e diz-lhe: meta atestado médico, peça a demissão, porque eu tenho de colocar no seu lugar uma pessoa. Noutro concelho há um lugar que vai a concurso, mas já lá está um estagiário que preenche as condições do concurso (feito com esse sentido) e há uma comissão aparelhada para o escolher. Já não falo de entrega direta a elaboração de projetos a gabinetes que foram de vereadores ou a troca entre concelhos desses trabalhos. Os poderes autárquicos suprimem o direito, não estabelecem critérios universais, democráticos, e, na maioria dos casos, o poder exerce-se como no tempo do feudalismo: a oligarquia local partidária substituiu os títulos nobiliárquicos.
Estão-se a preparar listas de candidaturas às autárquicas por cunhas. Procura-se o apoio de figuras chamados notáveis do PS ou do PSD e nos endinheirados da terra para fazer parte das listas e ter um lugar elegível nas mesmas. Faz-se isso, como quem procura um emprego, o emprego do blá...blá... E quase toda essa gente não tem credibilidade nenhuma e nunca esteve ligada a nenhum estrutura ou rede de intervenção social, razão de ser da política. Nalguns casos, são empresários no risco da falência. Mas todos acreditam que os cidadãos-eleitores são marionetas e o que é preciso é puxar os cordelinhos. Mas os eleitores já começam a dar sinais de não suportarem esse papel.
Estou convencido que a esquerda, PC, BE e Verdes, que ganharam muito prestígio neste governo, se fossem mais abertos, se se libertassem de radicalismos extemporários e procurassem entre eles denominadores comuns, tinham, agora, uma boa oportunidade para apresentarem listas únicas de prestígio às autárquicas e varrerem com toda a mediocridade, caciquismo e prepotência que tomaram conta dos destinos do poder local.
Mas serão capaz de fazer isso, para bem da democracia e do prestígio da ação política?!...


quarta-feira, agosto 17, 2016

 
Fui convidado para escrever um texto nesta revista de grande prestígio. Foi para mim uma honra. Só uma pequeníssima correcção de um equívoco: dei aulas no ensino superior, mas foi como convidado e pago à tarefa. Não fui e muito menos sou professor universitário, porque não fiz carreira dentro da universidade. Sou apenas um professor reformado há 11 anos. Sinto-me muito lisonjeado com a publicação deste texto na 14ª edição da “Justiça com A”. Obrigado Lininha! E, já que não se importa, deixo a referência da sua Revista, com os meus parabéns pela qualidade gráfica e dos seus conteúdos, ressalvando naturalmente o que escrevi, muito favorecido pelo contexto gráfico.
http://www.justicacoma.com/

segunda-feira, agosto 15, 2016

 

Não pude ir á festa, pá!

Hoje estaria na festa da Senhora da Lapa, em S. João da Folhada. Gosto de lá ir e ficar sentado junto à Capelinha para sentir a espiritualidade que ali se respira. Bem perto da capela só há uma cabana, onde passa férias um amigo de velhos tempos. É um intelectual que dedicou toda a sua vida a questões do ambiente e é, por certo, uma das pessoas que mais sabe e mais publicações tem sobre ecologia.
Não pude aparecer à Festa. Os fumos dos incêndios, as suas pequeníssimas partículas, entraram-me nos pulmões, quando junto a minha casa, de repente, os montes ficaram a arder. Fiquei com uma irritação de tipo asmático, arrepios de frio e alguma febre. Já estou melhor, mas não me encontro em condições para subir à Serra da Aboboreira.
Espero que a Senhora da Lapa e as três pastorinhas, as duas Marias e a Teresa, compreendam a minha ausência.
Em troca, prometo-lhes acabar com um romance que estou a escrever sobre os episódios que se ligaram no tempo do Marquês de Pombal a estas aparições. E há tantas histórias bonitas, de profunda solidariedade, como, por exemplo, a de dar guarida ao foragido acusado de tentar matar D. José, um tal José Policarpo de Azevedo, ali bem perto, no senhorio da Teixeira. Foi o Padre António Castelo Branco, da Quinta do Burgo, que, já nesse tempo, tinha bons vinhos, que o terá ajudado a encontrar esse refúgio. Fê-lo, por obrigação cristã, embora soubesse bem do enorme risco que corria, pois o Marquês dava 10 mil cruzados (uma fortuna) a quem indicasse onde estava o foragido ou quem o tinha ajudado a escapar à morte pela fogueira. É que Sebastião José precisava de obrigar o José Policarpo a dizer que cometeu o crime de tentar matar o rei (que não cometeu) para justificar a armadilha que preparou para, barbaramente, liquidar a família dos Távoras.
E já ouvi de Nossa Senhora um outro pedido: escrever sobre a Associação dos Amigos do Marco no pós Ferreira Torres. Esta já será uma história de desilusão e muita ingratidão e desprezo pelo exercício da cidadania, razão de ser da própria democracia, de que vale também a pena deixar um testemunho. E sei que o bom amigo, Dr. Horácio Salgado, um dos fundadores desta Associação, lá no mundo das Videntes e de Nossa Senhora, ficará satisfeito, porque sente, como eu, que não há democracia sem cidadania.
As prepotências, as injustiças e as ingratidões não acabaram com a morte do Marquês de Pombal nem com a perda de mandato de Ferreira Torres, disse-me a Senhora da Lapa, quando junto à sua Capela meditava sobre tudo isso. E, de facto, assim é, mas só denunciando se pode corrigir os terríveis pecados do delírio do poder.
Nunca mais se aprende que o poder é um instrumento ao serviço dos cidadãos e não um báculo de glória e vaidade dos que se julgam acima da condição humana.

domingo, agosto 14, 2016

 

Nossa Senhora da Lapa



Amanhã é a festa da Senhora da Lapa, hoje conhecida por Senhora da Aparecida. Foi ali, junto a uma lapa (grande rochedo) das faldas da serra da Aboboreira que Nossa Senhora apareceu a três pastorinhas de S. João da Folhada no dia 13 de maio de 1757. Esquecida durante muitos anos, a festa é, agora, celebrada a 15 de agosto para satisfazer a devoção dos emigrantes.A aparição não é uma mera lenda. Nas Inquirições do Marquês de Pombal o, então, Abade de S. João da Folhada, José Franco Bravo, escreve:
Nos limites desta Freguesia, quase nos seus confins, do lado poente e sul a confinar com a Freguesia de Várzea de Ovelha, nas fraldas dos grossos e ásperos matos da serra da Aboboreira, na parte do Sul, num cabeço do dito monte, no dia 13 de Maio de 1757, quase uma hora antes do pôr do Sol, andando três criaturas de idade menor, de menos de 12 anos, apascentando umas ovelhas no tal sítio chamado o Outeiro do Preiro, sem que nada vissem, ouviram uma voz que as chamava, cada qual pelo seu nome. Duas chamavam-se Maria e uma Tereza. Ao virarem o rosto, viram sobre umas ásperas pedras uma mulher encostada às altas fragas, de mediana estatura, mas de tão brilhante e resplandecente rosto que ficaram admiradas e logo lhes pareceu não ser mulher desta terra. Aproximando-se dela, ainda que um tanto surpreendidas de verem tal mulher e em tal sítio, foram por ela acolhidas com afagos, convidando-as a aproximarem-se. Entretanto, advertiu-as que deveriam saudá-la. Pegou na mão de uma, a que tinha ar de mais inocente, e á outra, retirou-lhe um rosário que trazia ao pescoço e lançou-o ao céu, enquanto com elas falava. À terceira, que era mais adulta, repreendeu-a do vício de falar do demónio. A todas disse que, chegando aos locais onde residiam a todos pedissem que jejuassem a pão e água nas primeiras Sextas-Feiras e Sábados. E que o mesmo pedido fosse feito a toda a gente que encontrassem ou com elas falasse. Uma das crianças, a mais faladora, perguntou-lhe quem era. Respondeu-lhe que depois de cumprirem o que lhes pedira e de fazerem uma romaria durante nove dias contínuos ao redor daqueles penedos em louvor de Nossa Senhora lhes diria quem era. E as três meninas cumpriram o que lhes foi pedido. E mal deram a notícia, apareceu logo muitas pessoas, umas de perto, outras de longe, e todas consideraram que o acontecimento era um milagre.
E o Abade da Folhada, continuou: “ O que eu vi e observei, dei conhecimento ao mui Reverendíssimo Doutor Provisor deste bispado e pedi-lhe que mandasse averiguar o caso judicialmente. O referido senhor ordenou que fosse eu a observá-lo com prudência e que nada fosse desprezado. E empenhando-me a averiguar o melhor que pude e a colher o que os outros diziam, não encontrei, até ao presente, ninguém que contrariasse o que foi dito. Pelo contrário, encontrei pessoas muito fidedignas que me disseram ser um milagre, quando de noite, algum tempo atrás, se viu uma luz, no tal sítio, na véspera da Ascensão de Nossa Senhora de Agosto. Essa luz, que apareceu quase à meia-noite, era tão resplandecente que asseguram se podia ler uma carta à sua claridade à distância de quase meia légua. Nunca se tinha observado tanta luz. Além deste e outros testemunhos que recolhi, verifico que desde o ano passado ocorrem alguns milagres e o maior é a multidão de gente que continuamente ocorre para aquele sítio. Por consideração com o culto e devoção dessa gente, mandei colocar naquele sítio uma estampa de Nossa Senhora da Lapa e uma cruz de pau.”

O caso terá posto em sobressalto toda a gente da Folhada e das paróquias vizinhas. Só isso justifica a multidão de pessoas que para ali acorriam. E essa Aparição, a três inocentes pastorinhas, não poderia ter, para essa multidão de devotos, maior significado: eles sentiam que, no mundo em que viviam, depois do terramoto de lisboa, do cheiro a corpos queimados em autos-de-fé, das bárbaras execuções dos  Távoras e dos taberneiros do Portos, da decapitação do velho, honrado e bondoso jesuíta, padre Malagrida, da perseguição aos jesuítas, só Nossa Senhora os poderia salvar do abandono, aliviar do pavor e proteger da fúria das políticas do Marquês do Pombal.
É que o impulso das crenças harmoniza-se sempre com o mundo da vida, e Nossa Senhora da Lapa era, nessa altura, a única mão que encontravam para fugir do infortúnio!
Mas esta peregrinação de multidões só durou até à publicação do edital do Regimento do Santo Ofício da Inquisição, aprovado, em alvará, no dia 14 de agosto de 1774, assinado por Adriano José de Carvalho e Mello e de “próprio motu, certa Sciência, Poder Real, e Absoluto”, por D. José I, determinando:

 Todo aquelle que venerar a imagem de algum defunto não beatificado ou canonizado por autoridade da Igreja, posto que morresse em opinião de santidade será asperamente repreendido… e degradado para Castro Marim ou Cidade de Miranda por três anos…

Nas mesmas penas incorrerá aquelle que sem as precisas licenças pozer ou mandar pôr na sepultura do defunto alguma táboa, panno ou rotulo de milagres seus, ou imagens de qualquer cousa pintada ou pendurada, e lhe pozer alampada ou outro lume, ou lhe der outro algum culto ou veneração”.
Logo que esse edital foi colocado na Porta da Igreja e lido pelo Abade deixaram de se ver as multidões de devotos. A partir dessa altura, mal os primeiros raios de Sol secavam as últimas gotas de orvalho que humedeciam as flores colocadas nas campas das videntes, a coberto da escuridão da  noite pelos seus devotos, o coveiro tinha ordens para as retirar e levá-los para  o mais longínquo possível. O Abade da Folhada, José Franco Bravo, receava que o meirinho, os  muitos milhares de informadores do Secretário do Reino ou algum visitador da freguesia ou mesmo o Abade de Jazente, Paulino Cabral, amigo do Marquês e com um irmão juiz no Santo Ofício, desconfiasse que a ordem de Sebastião José não estava a ser cumprida.

O Abade levava muito a sério o que na altura se dizia: “Onde Sebastião de Carvalho e Mello pousar a mão para dar uma ordem ficam nódoas de sague.”
Foi, assim, que se perdeu no tempo esta devoção, só recuperada recentemente.

In: “As minhas Raízes”

 
 

quarta-feira, agosto 10, 2016

 

Avaliar consequências ...


Depois do terrível flagelo dos incêndios, depois da catástrofe da Madeira, o que irá acontecer? Os bombeiros serão dotados de melhores meios, os autarcas preocupar-se-ão  com a prevenção, os políticos promoverão a educação da cidadania na defesa do meio-ambiente, o eucaliptal passará a ter regras para a sua implantação não destruir os lençóis freáticos,  as casas das montanhas dos guardas das florestas e as escolas abandonadas serão entregues a quem  queira fixar-se no interior com a obrigação de defender o meio-ambiente? Os centros de saúde, as escolas, as finanças, os tribunais serão reabertos no interior para que as pessoas possam lá viver? Que planos de administração do território, sobretudo de zonas florestais,  serão criados? Serão estimuladas as freguesias, as associações e clubes locais a defender o meio-ambiente e distribuídos  meios para detecção e primeiros combates a incêndios ou deixa-se tudo para as agências que contratam aviões e helicópteros?

No meu entender, depois deste flagelo vai haver muitos elogios aos bombeiros,  medalhas dependuradas a granel em muitos incompetentes e, a seguir, quando tudo estiver mais calmo, a catástrofe é esquecida olimpicamente para regressar no próximo ano com a terrível e implacável destruição do que ainda resta da nossa riqueza fundamental: a vida das plantas e dos animais, o que resta de floresta.

O que mais me preocupa, me cria este pessimismo,  é o que é anterior às catástrofes ambientais: a falta de sentido de Estado dos políticos!

sexta-feira, agosto 05, 2016

 

O Governo tem atrás de si uma matilha que ao mínimo percalço lhe salta em cima. Quando governou a matilha fez o intolerável, mas está convencida que o povo não tem memória. E, se calhar, tem razão! Não creio que encerrem o assunto das viagens até aparecer outro que lhes convenha mais à necessidade de ruído contra o Governo. Naturalmente, ao País pouco interessam as investidas da matilha, mas, de qualquer forma, é bom, porque obriga a mais rigor na governação, ao PS a não dar tiros nos pés, nem a dar explicações que não explicam nada.

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