sexta-feira, agosto 29, 2008

 

De uma relevância relativa

O governo está feliz por lhe parecer ter descoberto a fórmula de acabar com os crimes violentos: prender quem tiver armas ilegais ou as utilizar na prática de crimes.

Não haverá ninguém que discorde da medida, embora todas os que se sentem assustados com o crime violento continuem a desejar ter uma arma para se defenderem.

A medida tem um alcance relativo: não vai ser a alteração à lei das armas que nos tornará mais seguros. O problema da insegurança é um problema de esperança no futuro. Só a justiça social desencoraja o crime. Naturalmente, o desespero dos deserdados não justifica o crime, mas cria as condições que o favorece.

quinta-feira, agosto 28, 2008

 

Luther King

Faz, hoje,anos que foi morto (1968) Martin Luther King. As suas palavras “I have a dream” continuam a vibrar no nosso espírito, como um grito de esperança. Será que o seu sonho vai finalmente ser realizado com o «Yes, we can» de Barack Obama?

quarta-feira, agosto 27, 2008

 

A mãe negra embala o filho.

Canta a remota canção

Que seus avós já cantavam

Em noites sem madrugada.

Canta, canta para o céu

Tão estrelado e festivo.

É para o céu que ela canta,

Que o céu Às vezes também é negro.

No céu Tão estrelado e festivo

Não há branco, não há preto,

Não há vermelho e amarelo.


- Todos são anjos e santos

Guardados por mãos divinas.

A mãe negra não tem casa

Nem carinhos de ninguém...

A mãe negra é triste, triste,

E tem um filho nos braços...

Mas olha o céu estrelado

E de repente sorri.

Parece-lhe que cada estrela

É uma mão acenando

Com simpatia e saudade...


Aguinaldo Fonseca
in: Primeiro Livro de Poesia

terça-feira, agosto 26, 2008

 
Em tempos de humanidade desumanizada, de desordem sangrenta, nada deve parecer natural, porque nada deve parecer impossível de ser mudado.

Bertolt Brecht

domingo, agosto 24, 2008

 

Curiosidade!...

Curioso o estudo sobre a confiança atribuída a 20 profissões.
Os bombeiros estão no topo da carreira. Espero que não sejam os voluntários!..
Depois aparecem os carteiros (estou a crer que essa confiança é depositada nos que são profissionais e não nos tarefeiros que já começam a ser muitos) E em terceiro lugar aparecem os professores (naturalmente a ministra da educação não votou nesta sondagem!)
Em último lugar aparecem os publicitários e os políticos. Poderiam ser enquadrados na mesma categoria. Dificilmente se percebe o que os distingue!!!

 

De onde lhe vem a felicidade que o seu rosto espelha?!

Que conclusão quererá o Ministro Manuel Pinho que se retire desta foto, onde aparece desmesuradamente feliz ao lado de um campeão olímpico?!...
Que não resolveu a sua adolescência?
Que nada sobre os problemas do seu Ministério?
Que não tem mais nada com que se preocupar?
Ou imita os pacóvios que pensam ficar para a história ficando numa foto ao lado do ministro?

Ou que é simplesmente um provinciano?

quinta-feira, agosto 21, 2008

 

Um bom exemplo chega-nos do Brasil

O Supremo Tribunal Constitucional Brasileiro, proibiu, hoje, por unanimidade, a contratação de parentes de políticos em todas os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e níveis de Governo (Federal, estados e municípios).

Diz a decisão: «A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha recta, colateral ou por afinidade, até 3º grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direcção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou ainda de função gratificada da administração pública directa, indirecta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal (Brasília) e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal».

Se tal jurisprudência fosse aplicada em Portugal, estou certo que o Estado emagrecia de tal forma que dispensaria a desastrosa mobilidade e flexibilização na Função Pública.

 

Parabéns, Nélson Évora!

Já temos uma medalha de Ouro!

Nélson Évora venceu o triplo salto com a melhor marca desta época, 17.67m, obtida no quarto ensaio.

O espírito olímpico não é só vencer, mas também participar.

Num País que tem um comité olímpico fanfarrão e que apenas conhece o desporto da bola, Nelson Évora soube ser humilde, não embandeirou em gabarolices e, por isso, mereceu a medalha de Ouro.

Parabéns!

 

Saber viver é vender a alma ao diabo

Gosto dos que não sabem viver,
dos que se esquecem de comer a sopa
((Allez-vous bientôt manger votre soupe,
s... b... de marchand de nuages?»)
e embarcam na primeira nuvem
para um reino sem pressa e sem dever.

Gosto dos que sonham enquanto o leite sobe,
transborda e escorre, já rio no chão,
e gosto de quem lhes segue o sonho
e lhes margina o rio com árvores de papel.

Gosto de Ofélia ao sabor da corrente.
Contigo é que me entendo,
piquena que te matas por amor
a cada novo e infeliz amor
e um dia morres mesmo
em «grande parva, que ele há tanto homem!»

(Dá Veloso-o-Frecheiro um grande grito?..)

Gosto do Napoleão-dos-Manicómios,
da Julieta-das-Trapeiras,
do Tenório-dos-Bairros
que passa fomeca mas não perde proa e parlapié...

Passarinheiros, também gosto de vocês!
Será isso viver, vender canários
que mais parecem sabonetes de limão,
vender fuliginosos passarocos implumes?

Não é viver.
É arte, lazeira, briol, poesia pura!

Não faço (quem é parvo?) a apologia do mendigo;
não me bandeio (que eu já vi esse filme...)
com gerações perdidas.

Mas senta aqui, mendigo:
vamos fazer um esparguete dos teus atacadores
e comê-lo como as pessoas educadas,
que não levantam o esparguete acima da cabeça
nem o chupam como você, seu irrecuperável!

E tu, derradeira geração perdida,
confia-me os teus sonhos de pureza
e cai de borco, que eu chamo-te ao meio-dia...

Por que não põem cifrões em vez de cruzes
nos túmulos desses rapazes desembarcados p'ra
[morrer?

Gosto deles assim, tão sem futuro,
enquanto se anunciam boas perspectivas
para o franco frrrrançais
e os politichiens si habiles, si rusés,
evitam mesmo a tempo a cornada fatal!

Les portugueux...
não pensam noutra coisa
senão no arame, nos carcanhóis, na estilha,
nos pintores, nas aflitas,
no tojé, na grana, no tempero,
nos marcolinos, nas fanfas, no balúrdio e
... sont toujours gueux,
mas gosto deles só porque não querem
apanhar as nozes...

Dize tu: - Já começou, porém, a racionalização do
[trabalho.

Direi eu: - Todavia o manguito será por muito tempo
o mais económico dos gestos!

*
Saber viver é vender a alma ao diabo,
a um diabo humanal, sem qualquer transcendência,
a um diabo que não espreita a alma, mas o furo,
a um satanazim que se dá por contente
de te levar a ti, de escarnecer de mim...

Alexandre O´Neill (falecido neste dia em 1986)‏
in: Poesias Completas
1951/1981
Biblioteca de Autores Portugueses
Imprensa Nacional Casa da Moeda


http://www.youtube.com/watch?v=nyqTgRhQMIY

quarta-feira, agosto 20, 2008

 

Soneto de Amor

O coração não pulsa a clave dura
Cantando a rosa de si mesma urdida,
Seu tempo esculpe a aurora sem medida
Sobre as orlas da carne que amadura.

Nenhuma fonte aqui nos inaugura
Com a floração de água surpreendida,
Revolvemos os campos onde a vida
Pendoa-se e aos seus dias transfigura.


Confluência de vento e flauta rústica,
Em nosso lábio colhem outra acústica
Os pássaros moldados pela tarde.

Entanto, despojando-se de tudo
O amor ainda se apura e, embora mudo,
Faz do silêncio a fórmula de alarde.

affonso celso d'ávilla

terça-feira, agosto 19, 2008

 

Marques Mendes - Novo Pensionista !

Aos 50 anos de idade e com 20 anos de descontos como Deputado, Marques Mendes acaba de requerer a Pensão a que a lei lhe dá direito, no valor mensal vitalício de 2.905 euros mensais.

Contudo, um trabalhador normal tem de trabalhar até aos 65 anos e ter uma carreira contributiva completa durante 40 anos para obter uma reforma de 80% da remuneração média da sua carreira contributiva.

Como é possível?!...
Guerra Junqueiro, em 1886 (mas parece viver em 2008) dava as seguintes razões :
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..."

Obs: texto recebido por e-mail, ao qual foi dada algumas adaptações.

 

A Garcia Lorca, fuzilado neste dia, em 1936 pelos fascistas.

Se le vio, caminando entre fusiles
por una calle larga,
salir al campo frio,
aun con estrellas, de la madrugada.
Mataron a Federico
cuando la luz asomaba.
El peloton de verdugos
no oso mirarle a la cara.
Todos cerraron los ojos;
rezaron: ni Dios te salva!


Muerto cayo Federico
sangre en la frente y plomo en las entrañas
que fue en Granada el crimen
sabed - pobre Granada! - en su Granada!
Se les vio caminar...

Labrad, amigos,
de piedra y sueno, en el Alhambra,
un tumulo al poeta,
sobre una fuente donde llora el agua,
y eternamente diga:
el crimen fué en Granada! en su Granada!

Antonio Machado

segunda-feira, agosto 18, 2008

 

Abrigo de Montanha

Está de parabéns a Associação dos Amigos do Rio Ovelha e o actual presidente da Câmara do Marco.

O aproveitamento da antiga escola primária da Venda da Giesta, na Serra da Aboboreira, para aí instalar um “Abrigo de Montanha”, com camaratas, salas e cozinha, para apoio dos caminheiros (desejosos de percorrer os trilhos já assinalados na Serra) ou de escolas, grupos de jovens, escuteiros ou ecologistas, que pretendam aprofundar uma cultura ambiental, é um sinal claro de mudança de paradigma na gestão do Concelho do Marco.

E era bem preciso esse evento. Vivemos um tempo em que o divórcio entre o homem e a natureza criou desequilíbrios ambientais que se tornaram numa ameaça crescente à qualidade de vida. Não há esperança no Futuro sem o reencontro do homem com a terra. E esse reencontro faz-se pela educação ambiental que promove o gosto pela natureza, a defesa do planeamento do território, o respeito pela diversidade e a identificação de fraquezas ambientais (geradoras de riscos de saúde).

Desenvolve, ainda, a necessidade de contrariar a ganância do imobiliário que destruiu ecossistemas, desorganizou o território, enxameou as autarquias de estradões (sem aproveitamento) que romperam lençóis freáticos e permitiram uma construção desordenada que o contribuinte (muitas vezes sem o saber) vai pagando com acréscimos de custos em infra-estruturas para condução de energia, abastecimento de água e esgotos. Já não falamos nos custos que resultam na degradação da qualidade de vida e criam obstáculos às potencialidades turísticas.

A criação do Abrigo de Montanha é sinal de novos tempos, tempos que privilegiam a educação ambiental. Só com esta se pode ganhar consciência da diferença entre crescimento e desenvolvimento de um concelho; se pode demarcar o que agrada aos basbaques, é rasca e feito a granel, do que é apanágio do bom-gosto e dos bons costumes, integrando na dimensão social e ambiental a qualidade de vida.

Precisamos de colocar a vida e não o dinheiro fácil no centro das preocupações políticas. E isso só acontece com uma educação ambiental que promova a harmonia entre os bons costumes e o bom-gosto.

O Abrigo da Montanha representa o renascimento duma velha escola, já não para ensinar a ler e a contar, mas para fazer respeitar as leis da ecologia:

1ª-Lei da interdependência: estabelece que todas as formas de vida são interdependentes.
2ª-Lei da estabilidade: a harmonia ecológica depende da diversidade.
3ª-Lei da limitação: todas as matérias-primas são limitadas e existem limites no desenvolvimento de todos os sistemas vivos.

Os meus votos são para que esta Escola renascida na Venda da Giesta se torne na universidade da pesquisa da sustentabilidade ambiental para a qualidade de vida.

Parabéns à Associação dos Amigos do Rio de Ovelha pelas suas preocupações ecológicas e parabéns ao Presidente da Câmara do Marco pelo apoio que lhes dá e por ter rompido com a pacóvia vulgaridade populista de fazer do futebol o único “princípio e fim de todas as coisas”.

sábado, agosto 16, 2008

 

Oportunidade perdida!...

O ministro Rui Pereira classificou os disparos das polícias “segredo de Estado”.

Mas só os disparos?!...

Por que não os disparates do Governo?!...

Isso defendia muito mais o Estado e dava ao Ministro e ao Governo muito mais vantagem!!!

 

Fim

Somos como rosas que nunca se deram ao trabalho de
desabrochar quando deviam ter desabrochado e
é como se
o sol estivesse farto de
esperar.

Charles Bukovski

sexta-feira, agosto 15, 2008

 

Quem os pode levar a sério?!...

O presidente do PS/Madeira, João Carlos Gouveia, acusou, hoje, João Jardim de transformar a Madeira num regime totalitário, semelhante ao soviético, e acusa o Governo Regional de operar a "morte cívica" dos madeirenses.

Concordamos com o que diz o presidente do PS/ Madeira, mas o seu camarada Jaime Gama já disse coisa pior e depois precisamente o seu contrário.
Vejam: http://www.youtube.com/watch?v=_89Wa8f1myo
No PS tudo funciona em função de um cata-vento de ideias, convicções e crenças e, ainda por cima, proclamam que "não recebem lições de ninguém"! Sendo assim, nem o "Homem das bananas" os poderá levar a sério?!...

 

Mais uma luz de esperança se acende na América latina!

O ex-bispo católico Fernando Lugo, partidário da Teologia da Libertação, colaborador de Leonidas Proaño (conhecido pelos equatorianos como "o bispo dos pobres"), admirador de Leonardo Boff e de Dom Helder da Câmara, simpatizante dos governos de Hugo Chávez, Evo Morales e de Rafael Correa assumiu, hoje, a presidência do Paraguai, numa cerimónia presenciada por nove chefes de Estado da região. Entre uma multidão de camponeses, operários e muitas organizações sociais de base indígena, també se viam na cerimónia personalidades como o prémio nobel da economia, Joseph Stiglitz, o sacerdote e poeta nicaraguense Ernesto Cardenal e o escritor uruguaio Eduardo Galeano.

Fernando Lugo não renegou a sua condição de sacerdote católico e pediu ao Papa Bento XVI a suspensão "a divinis" do episcopado para desenvolver a campanha eleitoral para a presidência da República do Paraguai. Ganhou as eleições e recebeu a dispensa do seu munus religioso, tornando-se mais um presidente de esquerda da América Latina.

O Paraguai é rico, entre outras reservas, em manganês, cobre, feldspato, mica, talco e ferro.

É muito possível que o nosso primeiro, José Sócrates, muito vocacionado para o papel de "caixeiro-viajante de empresários",se apresse a visitá-lo, a tratá-lo por tu e a fazer uma caminhada matinal com o “velho amigo”. Tem, entretanto, um pequeno problema a resolver: o seu estilo socialista é muito diferente do de Fernando Lugo.

E isso é bem patente, inclusivamente, na forma como cada um se veste. O actual presidente do Paraguai apresenta-se nas cerimónias oficiais com uma discreta camisa branca, calças cinza e sandálias, tal como habitualmente se veste. O nosso Primeiro, preocupando-se em continuar a ser uma das 250 personalidades que melhor veste no mundo, terá muita dificuldade em aparecer nas cerimónias oficiais de sapatilhas, calções e camisola da nike ou, então, de sandálias, calças de ganga e camisa branca, sem gravata nem casaco.

Talvez, por isso, a incomensurável distância entre a credibilidade do socialismo de Sócrates e a de Fernando Lugo para os respectivos povos!

 

O QUE VOCÊS NÃO SABEM NEM IMAGINAM

Ao Abdul Magide, ao Pilinhas, ao Ungulani, ao Rui, ao Zé Camadjoma e outros

Vocês não sabem
mas todas as manhãs me preparo
para ser, de novo, aquele homem.
Arrumo as aflições, as carências,
as poucas alegrias do que ainda sou capaz de rir,
o vinagre para as mágoas
e o cansaço que usarei
mais para o fim da tarde.


À hora do costume,
estou no meu respeitoso emprego:
o de Secretário de Informação e de Relações Públicas.
Aturo pacientemente os colegas,
felizes em seus ostentosos cargos,
em suas mesas repletas de ofícios,
os ares importantes dos chefes
meticulosamente empacotados em seus fatos,
a lenta e indiferente preguiça do tempo.

Todas as manhãs tudo se repete.
O poeta Eduardo White se despede de mim
à porta de casa,
agradece-me o esforço que é mantê-lo
alimentado, vestido e bebido
(ele sem mover palha)
me lembra o pão que devo trazer,
os rebuçados para prender o Sandro,
o sorriso luzidio e feliz para a Olga,
e alguma disposição da que me reste
para os amigos que, mais logo,
possam eventualmente aparecer.

Depois, ao fim da tarde,
já com as obrigações cumpridas,
rumo a casa.
À porta me esperam
a mulher, o filho e o poeta.
A todos cumprimento de igual modo.
Um largo sorriso no rosto,
um expresso cansaço nos olhos,
para que de mim se apiedem
e se esmerem no respeito,
e aquele costumeiro morro de fome.

Então à mesa, religiosamente comemos os quatro
o jantar de três
(que o poeta inconsta
na ficha do agregado).

Fingidamente satisfeito ensaio
um largo bocejo
e do homem me dispo.
Chamo pela Olga para que o pendure,
junto ao resto da roupa,
com aquele jeito que só ela tem
de o encabidar sem o amarrotar.

O poeta, visto-o depois
e é com ele que amo
escrevo versos/e faço filhos.

Eduardo White
Obs: Enviado por Amélia Pais

quinta-feira, agosto 14, 2008

 

País da contrafacção

No País da contrafacção a abertura dos Jogos Olímpicos não podia fugir à regra. A criança de voz perfeita afinal não cantava e o fogo de artifício foi manipulado. O que se ouviu foi a voz em playback de uma criança que não podia aparecer por ter um rosto arredondado e uma dentição irregular e o fogo que vimos era apenas virtual, porque o cinzento da poluição perturbava a visão do fogo real.

Tudo isto, segundo Chen Qigang foi feito em nome do interesse superior do Estado chinês, com a ordem expressa do partido chinês. Mas, como o Estado não fala por si, nem o partido é a voz dos que não têm voz, o interesse superior foi ditado pela nomenklatura que domina a China.

A contrafacção é a imagem da nomenklatura chinesa e não da China. Pretende-se perfeita e é um embuste: não respeita os direitos humanos, como não respeitou o direito à imagem da criança que tinha uma voz excelente, mas foi “varrida para debaixo do tapete” por ter rosto arredondado e dentição irregular.

A nomenklatura que domina a China faz a contrafacção da perfeição, como Hitler fez da raça. Mas os responsáveis pela decisão em fazer na China os jogos olímpicos pouco se importam que o sucedido seja um insulto para a verdadeira cantora e para todos os que vêem nos jogos olímpicos a celebração dos ideais do respeito pela dignidade da pessoa humana e da construção de um mundo mais justo e fraterno.

Os jogos olímpicos já nada têm a ver com Pierre de Coubertin, mas com o mercado da Coca-cola, kodak, Mcdonald´s, Johson & Johnson, Panasonic e outras multinacionais que não se importam que os chineses (que não fazem parte da nomenklatura) trabalhem para si de sol a sol, sem direitos nem regalias.



Obs: imagens retiradas da Internet

quarta-feira, agosto 13, 2008

 

Por que não se investe na prevenção do crime?!...

Portugal é o País com mais criminologistas por m2 de ecrãs de TV. Todos dizem o mesmo. São especialistas da vulgaridade! Entretanto, não se faz investigação criminal e as polícias trabalham a granel, desligadas umas das outras. As escutas dos telemóveis são o meio barato e expedito de que se servem para detectar criminosos.

Investir na prevenção do crime, fazer trabalho no terreno e desenvolver uma base de dados disponível em rede entre as polícias fica caro e o governo precisa de poupar para o espectáculo de mostrar obra que se veja na campanha eleitoral.

Como aparecem muitas armas de caça em mãos de criminosos, os armeiros foram logo escutados. Com essas escutas foram apanhados muitos caçadores com conversas esquisitas. Pedir a cabeça de javali pode levar a suspeitar de algo muito bélico e não dum troféu de caça embalsamado; saber se tem uma arma automática pode ser associado à procura de uma metralhadora e não de uma arma de caça (semiautomática) de três tiros.

Perante suspeitas tão graves, foi ordenado pelo Ministério Público (onde a arte cinegética não é, geralmente, cultivada) as buscas necessárias. Nada de especial foi encontrado, mas os caçadores (os únicos civis que para manejar uma arma têm de entregar atestado médico, registo criminal, prestar provas teóricas e práticas e obter as licenças adequadas) foram tornados no inimigo público número um pelos media.

Se houvesse trabalho de investigação no terreno sabia-se o que é evidente: quando um caçador falha a peça, só há uma de duas razões: precisa de mudar de cartuchos ou mudar para uma arma de três tiros que na gíria é chamada arma automática.

Entretanto, o homem que em Loures levava consigo o filho que terá sido vitima de uma bala disparada pela polícia, depois de ouvido sobre o assalto que fez a uma vacaria, foi mandado em paz. Soube-se, depois, que era um perigoso foragido, acusado de assaltar e maltratar idosos.

Por que é que tudo isso aconteceu?!...

Nem os criminologistas de serviço nem o Ministro das polícias nunca previram esta situação. Não foram capazes de descobrir que sem uma investigação no terreno e uma base de dados que possa disponibilizar uma informação em rede às polícias não há combate à criminalidade consequente. Também não dão conta de uma outra consequência do trabalho desligado e a granel das polícias: está-se a criar a ideia de que todos são potenciais criminosos até prova em contrário. É o regresso à ideia hobbesiana de “homo lupus homini”.

Mas uma sociedade da suspeita, que não desenvolve um capital de confiança não será uma sociedade decadente e sem esperança?!... E isso não potencializa a acção que levou à morte do filho desse foragido?!...Talvez fosse bom que os criminologistas e o Ministro das polícias pensassem nisto!

Será que isso vai acontecer?!...

terça-feira, agosto 12, 2008

 

Regressei!

Regressei! Já tinha à espera a foto com que o meu velho amigo Ventura me quer "imortalizar" no seu blog “Olhares” e aqui reproduzo. E já, agora, não deixem de fruir as suas excelentes fotos. É só clicar aqui ao lado, em “olhares”.

O regresso foi forçado. Fomos avisados de que um intruso dormia na varanda do andar da minha filha. Era um toxicodependente que subiu um muro para alcançar a varanda, no primeiro andar, e aí pernoitar. Não deveria ter mais que 20 anos e parecia um rapaz educado e culto. A polícia registou o caso e o assunto ficou por aí. Mas ficam sempre sequelas. Não tão graves como as de uma colega da minha filha. Trabalhava num Banco e, há tempos, um assaltante apontou-lhe uma arma à cabeça. De depressão em depressão acabou por falecer e foi hoje sepultada. Ninguém se preocupou com o seu drama. Viveu-o como se fosse culpa sua! Logo que regressou ao Banco foi colocado ao balcão, precisamente no local que lhe criou pavor!

Para a administração desse Banco o que conta é o dinheiro: os seus funcionários são descartáveis. E o nosso primeiro poderia legislar em sentido contrário, mas tem outras coisas com que se preocupar. Como poderia ser de outra forma, se é, como foi noticiado, uma das 250 personalidades que melhor vestem no mundo?!... Só alguns banqueiros vestem como ele! E isso é uma opção de classe. Como preocupar-se, então, com obrigar os Bancos a assumir as responsabilidades dos traumas que são causados às pessoas que os servem?!...

Não é para ficarmos perplexos, mas estarrecidos!...

sexta-feira, agosto 01, 2008

 

Estou cansado!

Fechei a loja. Vou para férias. Não são umas férias merecidas, porque na auto-avaliação que faço fico com ideia de que já estou em férias há três anos. A reforma tornou-me num passarinho de asas partidas.

Ando a trabalhar num livro, mas falta-me o mais importante: o sentido da finalidade. A minha profissão deu-me, durante muitos anos, essa razão de sentido. No final do exercício da mesma já sentia tanta frustração que a reforma surgiu-me como a grande oportunidade da evasão. Mas, o homem é um ser complexo: precisa de um horizonte de ocupação que lhe diga “vale a pena a existência”.

Mas o pior é que ex-istir é sair para forma de nós mesmos e sentir que se constrói um mundo mais justo e humano. Isso significa lutar contra a corrente. E eu estou cansado e nem sei se vale a pena!

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