sábado, fevereiro 28, 2009

 

Congresso do PS ou um guarda-chuva para Sócrates

Não se deveria chamar congresso a um espectáculo que Sócrates aproveita para se defender das suspeitas que sobre ele impedem.

Nenhuma ideia saiu do Secretário-geral do PS para rasgar esperança no nosso futuro colectivo.

O que se tem ouvido no dito congresso são queixumes: queixume da comunicação social, da oposição, da justiça, de Manuel Alegre; em suma, Sócrates sente-se uma vítima de todos os que não compreendem os caminhos ínvios por onde se tem metido. E, em vez de criar condições para que a justiça faça justiça, coloca-se ao nível de conhecidos presidentes que estiveram ou estão á frente de autarquias como a de Felgueiras, do Marco, de Gondomar, Oeiras, etc..

Esta reunião do partido socialista ficará para a história como um "congresso freeport". E Vital Moreira, o novo intelectual orgânico do regime socrático, teve o prémio que merece pela defesa que tem feito do "Chefe": foi “nomeado” cabeça de lista ao Parlamento Europeu.

Sócrates repete (e percebe-se porquê!) que, em democracia, governa quem o povo escolhe. É verdade, mas em democracia o essencial é a consciência da responsabilidade. Ser responsável significa responder a uma acusação, dar resposta às críticas e afastar-se quando essas respostas não convencerem.

Esperamos que o povo escolha com responsabilidade, avaliando bem o que foi o comportamento de Sócrates e a sua governação. Só o sentido de responsabilidade dá significado à democracia.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

 

MP pede pena de prisão para Avelino Ferreira Torres

O procurador Remízio Melhorado considera que ficaram provados os crimes de corrupção, peculato de uso, abuso de poder e extorsão, atribuidos a Avelino Ferreira Torres.

Não é de espantar que Avelino seja acusado dos referidos crimes, dado que não é a primeira vez que por crimes semelhantes é julgado. O que espanta é que possa ainda candidatar-se à Autarquia do Marco de Canaveses e a sua campanha se desenvolva com muitos apoiantes.

Que conceito de democracia está a desenvolver-se neste País?!... O que fará esta gente colocar-se ao serviço de Avelino?!... Que noção de política ou de interesse público terão tais apoiantes?!...

 

Mais um debate par(a)lamentar

Torna-se penoso ouvir o Primeiro-ministro nos debates parlamentares. Nenhum Pilatos justificaria melhor a situação do Governo perante o empréstimo da Caixa Geral de Depósitos ao empresário Fino. Depois, Sócrates repete-se, repete-se e repete-se, seguindo aquela estratégia de quem nos quer convencer que tem mãe virgem. E acha que se não acreditarmos lesamos a pátria!...

Até quando teremos de suportar esta enfadonha retórica socrtática?!...

terça-feira, fevereiro 24, 2009

 

Escreve António Pina


O Carnaval da sintaxe


Agora que o ME divulgou novos programas de Português preconizando que, no final do Ensino Básico, os alunos devem ser capazes de produzir "textos coesos e coerentes" e "correctos em português padrão", o caso da DREN continua a ser exemplar do "português padrão" em uso no ME e do nível de exigência do Ministério em relação à avaliação das "competências" dos seus altos (ou baixos, sei lá) funcionários.

Depois do histórico ofício sobre os "Magalhães", a directora de Educação do Norte (que é suposto ter concluído o Básico) escreve agora, em novo ofício, coisas "coesas e coerentes" como: "Sendo certo que muitos docentes não se aceitam o uso dos alunos nesta atitude inaceitável"; ou: "a sua [da escola] missão de processos de socialização"; ou: "razão central porque", e por aí fora.

Pelos vistos, as palavras e a gramática insistem em não respeitar a autoridade da senhora directora e, folionas (o ofício é, apropriadamente, sobre o Carnaval), fazem dela gato-sapato e escrevem-se como muito bem lhes apetece. Eu já lhes teria posto, como ao outro da piada sobre a licenciatura, um processo disciplinar.


António Pina: JN

domingo, fevereiro 22, 2009

 

Carnaval

Só vejo uma vantagem no Carnaval: a possibilidade que têm certas pessoas de tirar a sua máscara e revelarem a verdadeira imagem.

Se quer outra onda, a que ajuda a perceber a felicidade e a tristeza, ouça:

http://www.youtube.com/watch?v=MCPjp4qTmsM

 

A questão da legitimidade política

Naturalmente, nas sociedades democráticas, a legitimidade política de quem governa depende do voto. Mas o voto pressupõe a crença na verificação de pressupostos de confiabilidade de quem se apresenta a votos.

Percebemos, por estratégia política, que o líder parlamentar do PSD insista que não se deve olhar para a política com os olhos da justiça, mas em nome dos “jogos de oportunismo político” poder-se-á continuar a insistir na demarcação entre questões políticas e questões do foro da justiça, dando confiança política a quem gera tanta desconfiança no foro da justiça?!...
O lema “dar a César o que é de César” deve ser conjugado com um outro: “à mulher de César não basta ser séria, mas é preciso parecê-lo”.
Para credibilizar a política muitas reformas são necessárias.

 

Convém ser ignorante!

Reparem nesta missiva. Imaginem que seria exigido a uma directora regional da educação o bom uso do português. Alguma vez os professores receberiam uma carta tão expressiva do estado da educação?!...

Ora vejam as determinações da senhora directora da educação:

Exm.ª Senhora Presidente do Conselho Executivo
do AE Territorio Educativo de Paredes de Coura:

A confirmarem-se as notícias vindas a publico sobre a suspensão de actividades previstas no Projecto Educativo e no Plano de Actividades dessa Escola, e na salvaguarda primeira das obrigações da esola - cumprir a sua missão de processos de socialização e de aprendizagem para os alunos, razão central porque definiu as actividades de Carnaval nos documentos de acção educativa anteriormente referidos.Tomando por base estes pressupostos, determino:~

1. o cumprimentos das actividades com os alunos previstas para esta época;

2. o envio a esta DRE de um memorando clarificador dos problemas que têm vindo a ser denunciados pelas estruturas representativas;

3. Sendo certo que muitos docentes não se aceitam o uso dos alunos nesta atitude inaceitável, acompanharemos de muito perto a defesa do bom nome da escola dos professores, dos alunos e de toda a população que muito tem orgulhado o nosso país pela valorização que à escola tem dado.

Margarida Elisa Santos Teixeira Moreira

sábado, fevereiro 21, 2009

 

Deveria ser proibido ser sério!

Dias loureiro garante que não vai renunciar ao Conselho de Estado. E está certo!

Quem poderá estar mais indicado para promover uma melhor equidade entre os cidadãos, senão Dias Loureiro?!... Ele, como grande parte dos políticos de sucesso, compreende melhor que muitos de nós, que ser sério só faz aumentar a pobreza, a procura de trabalho, o desespero em relação ao futuro, a crise em que vivemos e é um factor indesmentível de divórcio entre os cidadãos e governantes.

Alguém já viu nos eventos sociais ou políticos, na televisão ou nas revistas cor-de-rosa um homem tornar-se numa celebridade por ser um homem sério, trabalhador e honesto?!...
Não! E porquê?!...
Ser sério, honesto e trabalhador não leva a nada, não serve de referência para o sucesso individual. É certo que todos os que procedem como Dias Loureiro, Ferreira Torres, etc, etc., se dizem honestos, de consciência tranquila e acima de toda a suspeita. Mas isto só acontece por preconceito!
Este preconceito não deixa que muita gente que faz fama e sucesso nos BPNs, nos Freeports, nas autarquias, etc., etc., se orgulhe do seu sucesso e isso inibe muita gente de olhar pela sua vidinha.

Pois, acabe-se com este preconceito, torne-se o País mais equitativo e decrete-se que é proibido ser honesto!
Vão ver que os pobres deixarão de ser pobres, os Tribunais deixarão de se atafulhar com os problemas dos pequenos delitos, as cadeias soltarão os maltrapilhas que as abarrotam e os ricos jamais conseguirão ser mais ricos. O País tornar-se-á mais justo!
Não vejo outra forma.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

 

Quatro anos de Sócrates absoluto

Sócrates completa, hoje, quatro anos à frente de um governo socialista. O balanço deste governo terá de ser feito a partir da seguinte questão: terá Sócrates orientado a sua governação pelo princípio que esteve no seu programa eleitoral e caracterizou sempre o ideal socialista – diminuir o sofrimento dos que mais sofrem?!...

A conclusão é óbvia: não só não cumpriu esse desígnio, como acentuou a distância entre ricos e pobres, promovendo um darwinismo social (onde os mais ricos se tornaram mais poderosos e em menor número e os mais pobres ficaram mais frágeis e em maior número); governou de forma arrogante e autista; não soube empenhar os visados nas reformas que prometeu; tornou o país mais injusto; empobreceu a qualidade da cidadania, semeando medos e intimidações; vê a sua pessoa envolvida em suspeitas e fez da sua acção governativa um palco de vaidades e propaganda.

Quem abraçou o ideal socialista, sente que este ideal ficou mais pobre e com menos credibilidade com a governação socrática.

Não sabemos se será punido nas próximas eleições pelos seus desvarios, mas lá que merecia, merecia!

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

 

Elisa Ferreira sem emblema PS


O anúncio da apresentação, hoje, da candidatura de Elisa Ferreira à Câmara do Porto apareceu em todos os jornais. Não se estranha que nessa apresentação esteja o secretário-geral do PS e primeiro-ministro José Sócrates. Só há uma questão que nos cria perplexidade: por que será que nesse anúncio não aparece o emblema do PS.?!... É que a candidatura é do PS!

Será que já se envergonharam do símbolo do partido ou este símbolo já não dá votos?!...

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

 

Freeport mexe-se para não estar parado.

O chamado caso Freeport está a mexer-se, depois de quatro anos em banho-maria. Todos percebemos por que acontecem casos como o do Freeport. Não só nas campanhas internas como nas outras, os partidos fazem depender o sucesso eleitoral da imagem de força, pujança e grandiosidade que criam. Gastam-se, por isso, balúrdios em todas as campanhas e a fiscalização sobre esse financiamento nunca funciona. E ninguém duvidará que esse financiamento só é possível com promessas de favores entre os partidos e “investidores”.

Naturalmente, os partidos não falam por si e quem fala por eles é quem os dirige e pode vir a governar o país. É, por isso, sempre possível que quem trafique favores cobre a sua própria percentagem e até se habitue à mesma. Quando se fala em corrupção, o que vem á mente é isto mesmo.

Não sei se foi isso que aconteceu ou não com o caso Freeport e também duvido muito que o seu desfecho tenha qualquer consequência. O que sei é que a fumaça do caso, não deveria levar a procedimentos como o da avestruz, metendo a cabeça na areia, ou, então, desenvolvendo ridículas estratégias de vitimização. O que se esperava, em nome da transparência no funcionamento das instituições, é que se fizessem reformas que permitissem que a justiça funcionasse, os partidos não fossem a única forma de representação dos eleitores e se desenvolvesse uma cultura de responsabilidade política e cívica que substituisse a do "chico-espertismo".

Os partidos, sobretudo do bloco central, são guiados por um pragmatismo sem qualquer sentido ético, quer no que diz respeito ao sentido de Estado, quer no que diz respeito ao bem-comum. E é dos partidos que “surgem” os que nos governam.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

 

Laranjinhas ao ataque!

A vitimização vai radicalizar-se ou ridicularizar-se?!... Santos Silva responderá!...

ver:http://videos.sapo.pt/HgJKfeV7C6M2VwlQZNBj

 

Subscrevi mais esta petição

É preciso dar credibilidade às instituições. A crise que vivemos tem na origem uma profunda crise moral, de desvalorização do sentido de Estado, bem-comum, verdade, honra e honestidade. Neste mundo parece que não há lugar para a decência de carácter e dignidade das instituições.

O Conselho de Estado não pode dar a imagem de ser um Órgão que serve de guarda-chuva à imunidade. É preciso que Manuel Dias Loureiro se demita deste Órgão e que o Presidente da República dê um sinal claro de que, para além das suas amizades, está a dignidade das instituições.

Para manifestar o repúdio por esta situação, também subscrevi esta petição. Convido os meus amigos a fazerem o mesmo, aqui:

http://www.petitiononline.com/DLCE2009/petition.html

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

 

Uma óptima ideia!

A corrupção é o cancro que corrói a economia, empobrece as sociedades e destrói a credibilidade dos sistemas democráticos. Combatê-la é um imperativo cívico e moral.

Um grupo de euro-deputados lançou, agora, através da Internet, uma petição contra a corrupção.

Pretendem que a Comissão Europeia e os Estados-membros da U.E. crie legislação e mecanismos de combate à corrupção.

Estima-se, por exemplo, que, em África, se percam anualmente cerca de 25 por cento do PIB devido à corrupção.
Esta petição pretende recolher um milhão de assinaturas de cidadãos dos 27 países da U.E. e pode ser subscrita aqui:
http://www.stopcorruption.eu/index.html

 

Corajoso e excelente-- um artigo de Mário Crespo (no:JN)

Está bem... façamos de conta

Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva".
Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República.
Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.

Mário Crespo

domingo, fevereiro 15, 2009

 

Foi bem feito!...

Já não há dúvidas! Pode o esforçado Secretário-Geral do PS encher-se de orgulho: todos os militantes que foram votar, votaram Sócrates.

Quem veste Prada não pode sujeitar-se a que o seu partido tenha dúvidas: até o boletim de voto só tinha espaço para o "SIM". Não havia lugar para o “Não”.
Ou votas Sócrates ou não votas, mais nada!
Gente fina é outra loiça!....

 
Ler devia ser proibido. A leitura torna o homem inconformado, perigosamente mais humano, e há por aí muita gente que não gosta de quem não se conforma com a situação em que vive muita gente, nos limites do humano.

http://www.youtube.com/watch?v=57hum9zwjZc

sábado, fevereiro 14, 2009

 

Dia de São Valentim

Na casa dos sessenta anos começo a compreender por que é que a homenagem a São Valentim era feita em jejum.

Mas é tão bom recordar:
http://www.youtube.com/watch?v=wgacX35zBck&feature=related.


quinta-feira, fevereiro 12, 2009

 

A propósito de Charles Darwin

Passam-se, hoje, 200 anos sobre o nascimento de Charles Robert Darwin. Como acontece com outras efemérides, exagera-se muito no que se diz sobre a sua obra. Há já quem defenda que é de “ciência certa” que o evolucionismo de Darwin retirou Deus da origem do Mundo.

Naturalmente, a sua obra, “Origem das Espécies”, configurou um novo paradigma ou modo de ver a vida e o mundo, tal como aconteceu com a teoria heliocêntrica de Galileu ou a da relatividade de Einstein.

Todos estes cientistas fizeram avançar a ciência pela descoberta de erros nos modos de ver dominantes. Esta é a grande lição das rupturas científicas: não há paradigmas definitivos, porque a ciência não dá explicações definitivas.

Não sou crente, mas penso que é um abuso pseudo-científico afirmar-se, em nome de Darwin, que o evolucionismo retirou Deus do Mundo.

Li a “Origem das Espécies” e também li a perspectiva do evolucionismo que o padre jesuíta e filósofo, Teilhard de Chardin, desenvolveu nas suas obras “O Fenómeno Humano” e o “Meio Divino”

É pena que a obra de Darwin não seja comparada com a de Teilhard de Chardin para se perceber que a visão biblica da criação do Mundo é metafórica e, por isso, a ideia de Deus na origem do Mundo está muito longe de ser liquidada pela ciência.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

 

Eça cada vez mais actual

Ouvi o Primeiro-ministro, Sócrates, hoje, na Assembleia da República e lembrei-me do que escreveu Eça de Queirós, em 1867.

“Ordinariamente todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia (?) e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política do acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”(…)

“Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”.

Eça de Queiros 1867

 

A ALEGRIA DA MATERNIDADE

À noite faço trabalhos perigosos.
Ato cordéis compridos
de janela para janela
e penduro jornais clandestinos.
Que queres, a poesia já não dá.
Já outros disseram tudo, dizem.
E depois, há já muitas que cantam
a alegria da maternidade.
A minha filha nasceu
como todos os bebés.
Ao que parece
vai deitar fortes pernas
para correr rápida nas manifestações.

JENNY MASTORÁKI (n. 1949).
Obs: enviado por Amélia Pais

terça-feira, fevereiro 10, 2009

 

Terra de Carmen Miranda

Hoje estive na aldeia onde nasceu Carmen Miranda, na Légua. Fui acompanhar o funeral de um bom amigo e colega, o José António Ribeiro. Nasceu na minha freguesia, Várzea de Ovelha, convivemos na doutrina e, depois de adultos, encontramo-nos a dar aulas no Liceu Alexandre Herculano. Ele era sacerdote e licenciado em românicas. Aposentamo-nos na mesma altura e víamo-nos quase todos os dias. Deixei de o ver há uns meses. Numa pequena cirurgia encontrou a morte. Não foi um vírus, como me tinham afirmado, mas uma infecção que lhe trouxe uma septicemia. Tinha nascido na Légua, onde nasceu Carmen Miranda.

Nesta aldeia entrei num pequeno café. Impressionou-me ver muita gente nova, debruçada sobre um pequeno muro, com um olhar distante e triste, mas com uma cerveja na mão. Disseram-me que eram desempregados, estavam com o rendimento mínimo e todos os dias se embebedavam.

Fiquei a pensar na sorte que teve Cármen Miranda em ter ido para o Brasil.

Não sei o que vai ser da gente pobre que por aqui fica à espera que o destino (e não o propagandista Sócrates) leve a crise e lhe acenda uma luz no fundo do túnel.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

 

Mais um amigo que partiu.

Mais um amigo partiu! José António Ribeiro nasceu na minha Terra, no Marco de Canaveses. Nasceu na Légua, em Várzea de Ovelha, na mesma povoação em que nasceu Carmen Miranda.
Conhecemo-nos há muitos anos. Era sacerdote e licenciado em românicas. Esteve durante muitos anos ligado ao ensino de Português numa universidade, em Bordeus. Foi assistente na Sorbone e, quando regressou a Portugal, foi meu colega no Liceu Alexandre Herculano. Era também juiz no Tribunal Eclesiástico. Há cerca de um mês foi internado para uma pequena cirurgia. Um vírus alojou-se nos rins e a saúde de António Ribeiro foi-se degradando. Hoje partiu: partiu um colega, um amigo e, sobretudo, uma referência de verticalidade e honradez.


Onde estiveres, recebe o meu abraço de saudade e amizade. Obrigado pela oferta da Biblia que me fizeste há anos. Vou continuar a seguir o teu conselho nas leituras que me sugeriste.

 

Frentex

Sócrates considera que “saber se o PS é de esquerda ou de direita nada interessa”. Também, no seu entender, não há no PS medalhados ou patrimónios. E saber se se deve ou não regressar a Marx para pensar a crise que atravessamos, não é mais do que teias de aranha na cabeça.

A isto chama-se ser todo frentex. Caminha como deus o trouxe ao mundo, sem a roupagem dos antepassados. Para trás não deixa medalhas nem ideologias: só um vazio! Nisso estamos de acordo.

sábado, fevereiro 07, 2009

 

Causas das crises.

"O homem nasce livre, porém em todos lados está acorrentado"
(...)

"A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza"
(...)
"O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 'Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém'".

Jean-Jacques Rousseau

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

 

Para animar o PS de Sócrates.

O socialista Henrique Neto também protesta contra o apelo à “malhação” do ministro Santos Silva. E acrescenta que "este ministro da propaganda socrática ainda não compreendeu que um partido politico moderno é mais de que a arregimentação de militantes passivos”.

Ora, isto cria no próximo congresso do PS um paradoxo: por um lado, há necessidade de mostrar que o congresso não é um montão de militantes passivos e, por outro, os militantes receiam que se forem activos Santos Silva lhes malhe em cima.

Para resolver esta contradição, só vejo uma solução: Santos Silva deixar aquele ar de Goebbels e passar a ter um ar mais pos-moderno e activo. Isto é, abandona o pelouro da propaganda e fica com o da animação. Passa a chamar-se Ministro do Malhão. E pode já começar a treinar-se assim (ver site):

http://www.youtube.com/watch?v=_au4eW2yllU

Com Sócrates e Santos Silva não há outra hipótese para animar o PS!


quinta-feira, fevereiro 05, 2009

 

As voltas que o mundo dá ou o grau zero da política!

Augusto Santos Silva, ex-trotsquista e ex-militante do MES, repudiou os outdoors que a JSD afixou com o título “Pinócrates”, sublinhando num tom solene e grandiloquente: "em política deve-se combater argumentos com argumentos e não com insultos".

Ontem, na apresentação da proposta da moção de José Sócrates ao congresso do PS, exclamou:

"Eu cá gosto é de malhar na direita, e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam, de facto, à direita do PS. São das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheci na minha vida, e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique. Refiro-me, obviamente, ao PCP e ao Bloco de Esquerda", afirmou Santos Silva, quarta-feira à noite, na apresentação da moção de José Sócrates ao Congresso do PS.

Como se vê, a coerência argumentativa e de conteúdo ideológico e político não falta neste Santos Silva, ideólogo deste PS!
Por que será que cansa tanto ouvir esta criatura, por quem, em outros tempos, tínhamos consideração?!....

 

Até sempre, Tia!

Fui despedir-me da minha Tia. Custa muito, quando se gosta muito! ... Foi para longe, onde já não há regresso.
Nos seus noventa e sete anos ainda existia um extenso azul de generosas perguntas, um acumular de palavras que faziam caminhos de amizade, uns olhos vivos que abrigavam afabilidades.
Custou-me vê-la partir. Era o primo de Amarante por causa da minha Tia.
Perdi a âncora que me segurava à Terra onde minha Tia nasceu, cresceu, viveu e fez do seu sobrinho um amigo.
Uma silenciosa noite escura desabou na sua despedida e fiquei, com os meus primos, a diluir na tristeza do silêncio a sua memória.


quarta-feira, fevereiro 04, 2009

 

A crise da cortiça?!...

Dizem que a crise chegou à cortiça, mas a crise andou sempre com a cortiça, na tona da vida. Chamam-lhe pós-modernidade e outros chico-espertismo e outros, ainda, cultura do vigarismo.

É um modo de ver a vida, de entender a economia, a política, a vida social e de fazer sucesso. Nunca procura o fundo das questões, não se fixa por vínculos, vive do espectáculo, é hedonista, consumista, o seu pensamento é light e o que busca é o sucesso egoísta imediato, sem olhar a meios.

Resolver a crise é mudar de paradigma, mas este modo de ser entranhou-se na economia, na política, na vida privada e pública!

terça-feira, fevereiro 03, 2009

 

Prós e Contras

Conheço e sou amigo de Carlos Abreu Amorim e naturalmente fiquei contente com o seu desempenho no “Prós e Contras”. Foi claro, com sentido cívico de defesa das instituições e do bem-comum. Defendeu o fundamental em democracia: o direito a que nos expliquem por que não funcionam regularmente as instituições, não tratando todos de igual forma.

Achei interessante e significativo que José Miguel Júdice, conhecido por no seu tempo de estudante, em Coimbra, nunca ter tomado posição contra a ditadura de Salazar, argumentasse com a teoria do “fim da estrada” (já havia a do “Fim da História”), aterrorizando-nos, perante tantas suspeitas que caiem sobre os políticos, com o fantasma do fim da estrada e, por isso, “antes corrupção que totalitarismo”.
Ficou-me a frase de Saldanha Sanches: “só há uma forma de não deixar espalhar a falsa ideia de que todos os políticos são corruptos: não ser complacente com nenhuma suspeita”.

A democracia não pode ser o pântano dos chicos-espertos. Penso também que a democracia defende-se com exigências de transparência e não com silêncios coniventes e de conveniência.

O “Prós e Contras” não nos deixou tranquilo sobre as “boas intenções” no licenciamento do Freeport. Espero que o Primeiro-Ministro explique os factos que criam dúvidas e perplexidades.

Precisamos de acreditar que temos como primeiro-ministro um cidadão com sentido de Estado e não um “chico-esperto”.

domingo, fevereiro 01, 2009

 

Bocage revisitado


Baixa, de olhos ruins, amarelenta
Usando só de raiva e de impostura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Um mar de fel, malvada e quezilenta ;

Arzinho confrangido que atormenta,
Sempre infeliz e de má catadura,
Mui perto de perder a compostura,
É cruel, mentirosa e rabugenta.

Rosto fechado, o gesto de fuinha,
Voz de lamento e ar de coitadinha,
Com pinta de raposa assustadinha,
É só veneno, a ditadorazinha.

Se não sabes quem é, dou-te uma pista:
Prepotente, mui gélida e sinistra,
Amarga, matreira e intriguista,
Abusa do poder... e é MINISTRA.

Bocage

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