sábado, novembro 28, 2015

 

República monárquica?

Estou com este governo e quero que tenha sucesso, correspondendo às esperanças criadas. E que seja mesmo um bom governo no sentido dos clássicos: diminuir o sofrimento dos que mais sofrem. Não haja dúvidas!
Também não tenho mau feitio. Escrevo para gravar o que penso e não para descarregar a bílis. Nem sou anarquista e, por isso, não puxo de uma arma sempre que ouço falar num governo. Mas não posso deixar de pensar que não percebo a institucionalização de uma república monárquica. Já me chateia que nas universidades a cátedra passe de pais para filhos, o mesmo aconteça na justiça, nas instituições chamadas de misericórdia e, agora, vejo acontecer o mesmo entre os gestores da coisa publica. São demais os filhos vocacionados para os cargos dos pais!
Parece-me chato que a república esqueça outras mães ou pelo menos não tenha em conta outros filhos ou primos de pais que, eventualmente, não tenham histórias de vida relevantes. É que numa república os génios só contam pelo esforço pessoal e não pela carga genética.

 

quarta-feira, novembro 25, 2015

 

Jogo chato e conversa oportuna.

O Porto perdeu e jogou mal. Não me pareceu que tivesse havido penalti e o Casillas fez um frango de todo o tamanho, mais alto que ele.
A equipa Jogou bem nos primeiros 20 minutos, mas depois foi um desastre. Foi chato!... É que raramente vou ao futebol e merecia ver outra forma de jogar.
Saibam que já fui há muitos, mesmo muitos anos, um fanático da bola?  Fiz mesmo parte do grupo que, com o saudoso amigo Dr. Sardoeira Pinto, colocou Pinto da Costa pela primeira vez na direcção do Clube. Cheguei mesmo a levá-lo ao Marco para fazer campanha pela sua candidatura no salão do cinema dos bombeiros. Nessa altura, era o presidente dos Voluntários. Já pouca gente, mesmo no Marco, se lembrará disso. Sou muito velhinho, faço parte da geração grisalha, a tal que um puto da jota laranja queria deitar no caixote do lixo da história.
A propósito desse puto, nesta ida ao futebol houve um pormenor que me agradou: foi a descompressão que, em muitos amigos e conhecidos, senti durante o intervalo do jogo. Todos festejavam o novo governo, depositando uma enorme esperança em António Costa como primeiro-ministro. Espero que não frustre as esperanças – e muitas! – que estão criadas. Todos com quem falei, sentiam o desgoverno que, agora se foi embora, irresponsável. Lembravam o experimentalismo, no limite da obsessão paranóica, do rumo neoliberal de conveniências privadas que seguiu. Sentiam o mesmo que eu sinto: Passos Coelho – Portas e Companhia de irresponsabilidade ilimitada não avaliou os riscos para o bem-estar colectivo das privatizações que fez, empurrou a nação inteira para uma pobreza desnecessária, destruiu instituições, como a escola e o serviço nacional de saúde, que funcionavam bem, fez fugir do País os nossos melhores filhos e, agora, andava a falar de um suposto caminho paradisíaco que ninguém vislumbra!
Gostei muito desta conversa no intervalo do jogo. Foi curta, descomprometida e confirmou que há muita gente a pensar, inclusivamente do PSD, como eu há muito penso.
Só espero que o António não deite pela janela fora este património de esperança que criou, como fez neste jogo o FCP.
E já, agora, viva o Porto!

segunda-feira, novembro 23, 2015

 

Que presidente esquisito!

De facto, quando em 1859 o inglês William Gladstone abalou a concepção política do tempo, dando o direito de voto às “classes baixas” para diminuir a influência das elites, estava longe de imaginar que em 2015, o Presidente da República de Portugal, ainda pensasse como os reaccionários do séc. XIX, privilegiando os 31 oráculos duma presuntiva elite portuguesa. E pedisse a António Costa, apoucando o papel do PC e do BE, satisfações sobre uma aliança que não lhe diz respeito nem tem moral para a fazer, pois não a pediu a Passos Coelho aquando da irrevogabilidade do Portas.
Até quando temos de ficar sem um presidente para todos os portugueses?!...Num erro qualquer um pode cair, mas eleger Marcelo Rebelo de Sousa pode significar cair duas vezes no mesmo erro.

sexta-feira, novembro 20, 2015

 

Chico-espertismo

A direita sempre cultivou o “chico-espertismo”.Basta ouvir Paulo Portas ou Passos Coelho. 
A direita nunca se deu bem com o império da lei e para não se colocar “fora da lei”, faz do “chico-espertismo” uma técnica de interpretação da Constituição.
Invoca a tradição, quer que o PR tenha poderes que a Constituição não lhe dá, pede-lhe que ouça corporações, quando o sistema democrático é partidário e não corporativo. E este Presidente da República faz-lhe o jeito: fala em “superiores interesses da Nação”, mas segue a lógica do “chico-espertismo” para esconder a sua condição de prisioneiro da direita e a sua incapacidade de cumprir e fazer cumprir as regras da Constituição. Reparemos:
Artigo 10.º
Sufrágio universal e partidos políticos
1. O povo exerce o poder político através do sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico, do referendo e das demais formas previstas na Constituição.
2. Os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular, no respeito pelos princípios da independência nacional, da unidade do Estado e da democracia política.
Artigo 127.º
Posse e juramento
 1. O Presidente eleito toma posse perante a Assembleia da República.
3. No acto de posse o Presidente da República eleito prestará a seguinte declaração de compromisso:
Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.
Artigo 163.º
Competência quanto a outros órgãos

Compete à Assembleia da República, relativamente a outros órgãos:
a) Testemunhar a tomada de posse do Presidente da República;

CAPÍTULO II
Competência

Artigo 133.º
Competência quanto a outros órgãos
 Compete ao Presidente da República, relativamente a outros órgãos:
f) Nomear o Primeiro-Ministro, nos termos do n.º 1 do artigo 187.º;
CAPÍTULO II
Formação e responsabilidade

Artigo 187.º
Formação


1. O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais. 

 

Dia Mundial da Filosofia

Dizem que hoje, dia 19, é o “Dia Mundial da Filosofia”. Mas a filosofia só é filosofia se pertencer a todos os dias e a todos os homens. Foi no interrogarmo-nos, no perguntar por quê, que o saber ligado à vida se tornou filosofia. Sócrates comparava a filosofia a uma parteira, por produzir luz na razão.
A filosofia sempre se opôs a um saber feito, ao pensamento único. A lógica do rebanho não é a da filosofia: só o saber crítico, pessoal, é filosófico.
A filosofia é um instrumento da dignidade humana: só na filosofia o Homem é ele próprio e não o outro ou os outros a pensarem por si.
A filosofia, como um pensamento sistemático, que constrói um saber sobre o homem com os outros homens, a vida e o mundo, terá terminado com Heidegger. O pragmatismo, com o seu critério da utilidade, pretendeu pôr fim à filosofia. Mas o Homem não pode viver sem horizontes e estes só aparecem com o pensar critico, a que chamamos filosófico.
Em todas as épocas existiram grandes filósofos. Alguns são pouco conhecidos, mas tiveram grande influência em todos os tempos. Estou-me a lembrar de La Boétie, do seu “Discurso sobre a Servidão Voluntária”. Contrariou Maquiavel e inspirou Montaigne. E, ainda hoje vale a pena reflectir sobre o que escreveu. Reparemos, por exemplo, na interrogação que coloca na pág. 19:”Que vício, que triste vício será este: um número infinito de pessoas não só a obedecer mas a servir, não governadas mas tiranizadas, sem bens, sem pais, sem filhos, sem vida a que possam chamar sua? Suportar a pilhagem, as luxúrias, as crueldades, não de um exército, não de uma horda de bárbaros, contra os quais dariam sangue e a vida, mas de um só?”
E, agora, reparem nesta ideia: “Os eleitos procedem como quem doma touros, como quem se senhoreia de uma presa a que têm direito.”
Dizem que foi Maquiavel que criou a filosofia política moderna, mas a modernidade nasceu do desafio kantiano: “ousar pensar!”. E é isso o apelo de La Boétie.
A confusão reside no facto da pós-modernidade recuperar Maquiavel, o político que defende o “vale-tudo” e despreza o direito ao pensamento próprio!
No pensamento pós-moderno é inconveniente que o Homem procure saber ver mais claro para conhecer diferenças e assim melhor se orientar no mundo, na vida, na sua relação com os outros homens.
Hoje quer-se a lógica do rebanho, a que faz com que um só homem possa dominar os outros homens como se doma touros, como se o outro homem, os outros homens, não fossem seus semelhantes, mas uma presa ou presas a quem têm direito à posse.

Precisamos da Filosofia para sermos livres. É que a liberdade não é não ter entraves à sujeição do domínio pelos outros. A liberdade é saber escolher e, para isso, é necessária a filosofia.

sexta-feira, novembro 13, 2015

 

O que estará na cabeça desta gente?

Não se pode dar razão à violência terrorista, mas é preciso compreendê-la, encontrar as suas razões ou motivos. A história demonstra-nos que a pobreza dos povos é sempre explosiva, porque facilmente canalizada para revoltas de seitas, lutas de classes e apoio a caudilhos. O globalismo pretende convencer-nos que só há uma maneira de ver o mundo e pensar a nível global. Fala-nos de liberdade, mas não reconhece as condições sociais, económicas e políticas para a exercer; fala-nos de fraternidade, mas permite que o egoísmo faça de um homem lobo de outro homem; fala de igualdade e promove o darwinismo social, que torna os ricos cada vez mais ricos e em menor número e os pobres cada vez mais pobres e em maior número. A declaração de guerra ao País que representa os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade é porque estes ideais já pouco dizem a uma parte da humanidade.
Não é que esta circunstância justifique o bárbaro terrorismo, mas ajuda-nos a perceber o ponto de vista mais irracional que empurra  para a violência terrorista e a procurar as medidas locais, nacionais e globais que ajudem a corrigir esta doença terrível.
Fizeram deste mundo a casa de alguns, mas ele é a casa de todos, mesmo da gente que é levada a interiorizar a barbárie como forma de afirmar um fundamentalismo radical. É preciso castigar os criminosos, mas sem pôr de lado uma profilaxia da barbárie, apoiada numa cultura humanista.
Não se pode prender todos os potenciais terroristas, mas é possível desenvolver uma cultura da tolerância que desmobilize o fundamentalismo bárbaro. E os políticos pouco se preocupam com isto!

 

A metralha


Pacheco Pereira, como sempre, vai, na “Quadratura do Circulo” ao cerne da questão: há um complô de interesses (PSD/CDS, organizações patronais e muitos jornalistas, todos os que lucraram com milhares de empresas que fecharam, milhares de portugueses que ficaram desempregados, tiveram de sair do País, passam fome ou vivem na miséria) a influenciar o Presidente dessa seita a não dar posse a António Costa. Este complô tornou-se numa autêntica metralha dos mesmos argumentos, das mesmas suspeitas e só querem que Cavaco Silva de exigência de esclarecimentos em exigência de mais esclarecimento, não tire conclusão nenhuma até serem marcadas novas eleições.

Entretanto, como diz Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia, a austeridade vai comprometendo a longo prazo, todas as políticas de crescimento"

Esta gente, desumana e anti-patriota, só pensa em si, só quer o darwinismo social que a austeridade promove. E é preciso dar-lhes uma resposta à altura!

Gostei de Pacheco Pereira ter chamado mentiroso a Lobo Xavier e ele só respondeu com o seu sorriso cínico de cumplicidade. Foi uma acusaçãao certeira ao principal chefe da metralha e um dos oráculos de Cavaco e da rapaziada que nos tem desgovernado.

quinta-feira, novembro 12, 2015

 
Esse cartaz da JSD que PARECEU é um vómito! Quem o fez tem a intenção de provar associações de ideias como fizeram os fascistas no tempo em que de noite prendiam os comunistas para os  enviar para o Tarrafal, os torturar e até matar, enquanto deixavam as suas famílias à fome; esta gente sabe que essa associação nada tem a ver com a realidade, é uma associação para despertar ódios e vinganças, o oposto do que significa a liberdade e a democracia.
Esta gente do PSD/CDS não respeita a memória da alegria dos seus pais que levantaram um cravo em solidariedade com todos, comunistas, socialistas, que na manhã do 25 de Abril encontraram o rumo da liberdade, da democracia e da fraternidade.
Esta gente que deixa as suas jotas fazer este cartaz é criminosa: está a incutir na sua juventude o pior que ela pode ter: o ódio e a vingança, o espírito nazi e fascista!
Esta gente aproveita-se da democracia para se sentar à mesa do orçamento dos contribuintes, mas nada tem a ver com a democracia.

quarta-feira, novembro 11, 2015

 

O outro paulinho!


O eurodeputado Paulo Rangel foi fazer queixa ao Parlamento Europeu de se ter formado em Portugal um governo apoiado na esquerda, que para ele é perigosa, é radical, feita de feios e maus. E ainda por cima esbanjadora para com os que mais têm sofrido a política de austeridade, imposta pela comunidade de direita europeia.

A Rangel não lhe basta ser, como os putos, um queixinha, mas também precisava de pôr em causa os interesses dos portugueses e ser, no seu revanchismo, antipatriota. Além de ridículo, Rangel ficará para a história como um Miguel de Vasconcelos, mas mais bajulento e patarata.

segunda-feira, novembro 09, 2015

 

Uma estratégia prevista.

Convenhamos que a vender "banha de jiboia" ninguém vence o CDS/PSD. Contra a evidência de uma maioria que exclui o governo do PSD/CDS, jogam com o sofisma, a restrição mental, a confusão e esta vai ser a estratégia do CDS/PSD na oposição. Ainda não perceberam que só poderiam governar de forma estável e consistente esfrangalhando o PS e levando para o apartheid o PC e o BE. Queriam continuar a governar com arrogância e só para alguns (os da tradicional área do poder), mas não pode ser, porque a ideia do socialismo ainda não foi abandalhada como a de democracia cristã ou social-democracia.


 

Queliberdade de imprensa?


Marcuse, quando escreveu "O Homem unidimensional"  já lembrava o risco dos mass-media reproduzirem o pensamento conveniente ao poder económico e financeiro. Esse risco tornou-se numa realidade à medida em que os meios de comunicação social foram sendo tomados pelo poder referido.

Quando se fala em liberdade de imprensa convém olhar, com olhos críticos, no seu significado, quando os jornalistas se tornaram no cinturão protetor dos mais favorecidos. E é isso que está a acontecer. Muita gente, de tanto ouvir e ler o que diz o pensamento de conveniência do PáF, já aceita e interioriza os seus slogans como verdades únicas. O próximo governo não poderá ganhar o entusiasmo que merece dos mais desfavorecidos pelo governo PSD/CDS se não corrigir esta situação. E é urgente que o faça, porque não há pluralismo onde o domínio é o pensamento único!

sexta-feira, novembro 06, 2015

 

Ouvi ontem a “Quadratura do Circulo”. É sempre estimulante acompanhar o raciocínio de Pacheco Pereira. Com ele percebe-se a importância da História na compreensão da crise política que atravessamos. De facto, o PS e os partidos à sua esquerda foram empurrados para um acordo e se não o fizerem correm o risco de se estilhaçarem. Jorge Coelhoso foi desmascarado e o que é surpreendente é que se tenha escandalizado com o facto incontroverso de todos já termos percebido que está mais próximo de Assis do que de António Costa. Só queria e só quer uma maioria absoluta do PS, que o PS seja um partido grande onde ele continue um grande barão, a viver à custa da política. Mas o PS só será um grande partido, quando corresponder às expectativas dos eleitores e não às ambições dos seus barões.

Jorge Coelho ainda não percebeu que a crise descredibilizou os partidos do chamado “arco do poder” e desejar um PS com maioria absoluta, sem nada fazer pela sua credibilidade, é como aquela senhora que queria a sorte grande sem comprar a lotaria.   

Já lá vai o tempo em que bastava encher as ruas de bandeiras para ganhar eleições. Sobre Lobo Xavier nem vale a pena falar: só ouvi-lo é chato e penalizante!

quarta-feira, novembro 04, 2015

 

Só olham para o prato


O que mais me revolta nessa gente, como Alaro Beleza e Assis, é terem um discernimento político à distância do prato do Poder. Não percebem que o fundamental é correr com esta gente incompetente, que trespassou a nossa dignidade, vendeu ao desbarato tudo o que era bem-público e se comportou perante Merkel e a Troika como sabujos alunos. Estes arrivistas do PS não percebem que, com a queda deste governo, daqui a dois anos tudo é diferente: a coligação estará desfeita, o PSD terá outros líderes e, neste contexto, as suas ambições terão outras possibilidades, com mais dignidade do que esta de andar a corroer a liderança de António Costa, fazendo o frete á direita, sem se importarem com a situação catastrófica de Portugal e dos portugueses.

 
Os lugares onde se cruzaram as rotas das expedições militares com as dos mercadores e peregrinos sempre foram locais de repouso. Aí se descansava e para recuperar forças havia o repasto que permitia a gentes diferentes e de diferentes costumes partilharem formas de temperar, cozinhar, experimentar especiarias e ervas para apurar sabores e aromas.

Esta sabedoria milenar enriqueceu a gastronomia da nossa Terra. Por alguma razão, muito antes de se chamar Folhada, esta Freguesia era denominada Pousada. Só muito depois da criação da nacionalidade, é que apareceu a referência ao topónimo Folhada. É em 1542 que, no Sensual da Mitra (documentos da história da diocese do Porto), surge a designação Sam Joham da Folhada. Talvez este topónimo tenha a ver com a quantidade de folhas que apareciam junto a uma árvore frondosa que terá existido no adro da igreja (que terá desaparecido com a ocupação do local pelos mouros), onde aconteciam as assembleias de anciãos prestigiados.
Esta Terra integrava-se num couto de Dona Teresa e de seu filho, Afonso Henriques. Doaram-no, em “carta de couto” aos Cónegos do Santo Sepulcro, do Convento de Águas Santas para recompensar os cruzados dessa Ordem que, a partir do Burgo, assim designado por ser um lugarejo de cruzados da Borgonha, ajudaram o Conde D. Henrique a libertar dos mouros o castelo romano que existiu junto à Ponte do Arco.

O Castelo, hoje denominado Castelo dos Mouros,  está reduzido ao monte sobranceiro à Ponte, que pelo seu monumental arco ogival, deu nome ao local.

A Ponte, considerada uma obra santa, ajudava a superar o obstáculo do rio Ovelha, em tempos chamado Mendo, em dias invernais e facilitava os trajetos terrestres.
Foi reconstruída na Alta Idade Média e voltou a servir de “miragem” para gentes que ambicionavam atingir outros locais.

E é, por isso, que não se pode estar na Ponte sem nos sentirmos numa sacada que nos abre horizontes para todos os tempos e nos põe a pensar nas gentes que por ali terão passado, nas freimas de todos os géneros e de todo o tamanho que levavam na cabeça e nas múltiplas direções que tomaram.

Por ali passaram peregrinos que iam em direção ao Santuário Rupestre de Panoias, legiões de soldados, viandantes e mercadores que se dirigiam a Tongóbriga para pagar impostos, receber ordens ou vender produtos e, ainda, romeiros que se dirigiam a Santiago de Compostela. É também possível, que pela Ponte do Arco, passasse S. Gonçalo Dias, nascido no lugar do Barral (onde, segundo as Inquirições do Marquês do Pombal, um cruzeiro ficou a assinalar a casa onde nasceu) para ir ter com os frades do Convento de S. Gonçalo de Amarante. Com estes aprendeu gramática e latim, antes de partir, como ajudante de marinheiro, nos Galeões Reais de Espanha, para a cidade de Callao, no Perú, onde foi missionário e ganhou fama de santo milagroso.

E foi pela ponte do Arco que, a partir de 13 de Maio de 1757, multidões de amedrontados pelo despotismo do Marquês do Pombal acorriam ao Outeiro do Pedreiro (local onde mais tarde se construiu a Capela de Nossa Senhora da Aparecida) para pedirem, com as três pastorinhas a quem a Virgem apareceu, a protecção divina para os infortúnios da vida.
É ainda possível que por aí tenha passado num dia invernal José Policarpo de Azevedo, condenado à morte pela fogueira, depois de ser acusado de tentar matar o Rei, D. José I quando este regressava de casa da sua amante, Teresa de Távora, que acerca de si própria terá dito: “fui amante de Sua Majestade D. José I de Portugal e dos Algarves. E sou mulher que cultivou perigosamente a beleza e fui de uma volúpia cegante”.

O foragido já levaria a cara queimada com vitríolo para não ser reconhecido e tinha como destino Padrões da Teixeira, onde construiu uma pequena estalagem que recebia os recoveiros que se dirigiam para Vila Real ou para a Régua.
No séc. XVIII, deu-se um impulso agrarista nesta Terra com o desenvolvimento de várias culturas, como a vinha, o trigo, o centeio,  o linho, os pomares e, sobretudo, o milho grosso. Nos locais soalheiros apareceram os conhecidos canastros ou espigueiros. A abundância de alimentos fez crescer a natalidade e alterou a paisagem.

A designação de “Quinta do Beiral” tem muito a ver com o perfil da nossa Terra. O beiral serve de pousada: resguarda da chuva, mas também da fadiga e serve de pouso para saborear alimentos, apreciar os bons vinhos e trocar ideias.
Quem passa pelo Restaurante da Quinta do Beiral pode contar com uma cozinha tradicional, feita com uma experiência milenar,  mas também referências dum património cultural que poderá visitar para melhor compreender a nossa história colectiva, as raízes que fazem a nossa identidade.

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