terça-feira, abril 26, 2016

 

Camões e o 25 de Abril


Lembro-me tanto de ti, amigo Luís de Camões!... Não sei onde te poderia encontrar, mas gostava desabafar contigo o seguinte: admiro o teu patriotismo, gosto de espevitar a minha velhinha alma com as delicias vividas entre ninfas no canto nono, o tal que Cavaco desconhecia! Tu lutaste por Portugal até perderes um olho, andaste perdido no mar infinito, sentiste as tormenta da natureza e da vida entre os homens  e mesmo assim foste tu quem melhor soube interpretar a epopeia dos descobrimentos, melhor soube exprimir o dom de amar mulheres bonitas; tu que muito aprendestes com os gregos e os latinos, deixaste uma obra de valor incomensurável, mas aconteceu-te o  mesmo que hoje acontece ao 25 de Abril: a falar de ti muitos e muitos vão enchendo os bolsos, enquanto tu morreste na miséria; a falar de Abril muitos e muitos papers de governantes, políticos de renome, advogados e outros mixordeiros foram para o Panamã, muito aldrabão ficou rico e  Portugal de Abril pagou com uma austeridade imerecida a miséria, o suicídio, a emigrações, a falta de proteção na doença, no emprego e na escola para os seus filhos o que foi desviado, ou melhor, roubado nos bancos. Tudo aconteceu como se declarasse guerra aos mais pobres, aos que apenas têm o trabalho para sobreviver.
Luís de Camões sinto o mesmo que tu sentes lá no Olimpo entre as ninfas. Por cá, onde não há ninfas, proliferam os filhos da puta que enchem o bolso a falar de ti ou de Abril, mas atiraram-nos para o sofrimento e a miséria.
Será que o povo, que arde na mesma volúpia dos filhos da puta, vai perceber que é preciso retomar o caminho de Abril?

sábado, abril 09, 2016

 

Um bom amigo!

Fui visitar ontem a Canelas o Coronel Tomás Ferreira com dois seus camaradas do 25 de Abril, O coronel Martins Rodrigues e o Coronel Boaventura. Não sou capaz de descrever o que senti (sentimos, por certo!) naquele rosto triste cabisbaixo numa cadeira de rodas que ao erguer a cabeça para ver quem ali estava soltou um sorriso que era uma madrugada de Abril, a evocação da história de uma amizade amassada na luta e na generosidade. Custa ver assim um amigo, um capitão de Abril, um homem que ficará na memória da nossa história pelas esperanças que abriu ao povo a que pertencemos.
O Coronel Tomás Ferreira é a imagem do que se tornou Abril! Que tristeza, que ingratidão do destino!...
Pôs-se uma noite pesada no interior de cada um de nós.


sexta-feira, abril 01, 2016

 

Não há convicções sem referências!



É hoje lugar-comum falar-se em crise de valores e de convicções. Mas como se pode resolver esta crise, se, por exemplo, na Assembleia da República, vale mais o poder do dinheiro nas relações entre estados do que o valor da dignidade humana?
O que dizem os deputados que votaram contra a moção de repúdio pela condenação dos activistas angolanos é que o dinheiro e as relações de influência entre estados, valem mais que um ser humano. Como poderemos acreditar que esta gente está na Assembleia para nos representar? Farão connosco o que fazem aos angolanos, porque as suas referências não são os direitos humanos. Se não há boas referências em democracia para que serve este sistema? Uma democracia que só tem como referência o deficit é uma democracia frívola, um embuste!

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