sábado, julho 25, 2015

 

As Três Espécies de Portugueses

As Três Espécies de Portugueses

Há três espécies de Portugal, dentro do mesmo Portugal; ou, se se preferir, há três espécies de português. Um começou com a nacionalidade: é o português típico, que forma o fundo da nação e o da sua expansão numérica, trabalhando obscura e modestamente em Portugal e por toda a parte de todas as partes do Mundo. Este português encontra-se, desde 1578, divorciado de todos os governos e abandonado por todos. Existe porque existe, e é por isso que a nação existe também.

Outro é o português que o não é. Começou com a invasão mental estrangeira, que data, com verdade possível, do tempo do Marquês de Pombal. Esta invasão agravou-se com o Constitucionalismo, e tornou-se completa com a República. Este português (que é o que forma grande parte das classes médias superiores, certa parte do povo, e quase toda a gente das classes dirigentes) é o que governa o país. Está completamente divorciado do país que governa. É, por sua vontade, parisiense e moderno. Contra sua vontade, é estúpido.

Há um terceiro português, que começou a existir quando Portugal, por alturas de El-Rei D. Dinis, começou, de Nação, a esboçar-se Império. Esse português fez as Descobertas, criou a civilização transoceânica moderna, e depois foi-se embora. Foi-se embora em Alcácer Quibir, mas deixou alguns parentes, que têm estado sempre, e continuam estando, à espera dele. Como o último verdadeiro Rei de Portugal foi aquele D. Sebastião que caiu em Alcácer Quibir, e presumivelmente ali morreu, é no símbolo do regresso de El-Rei D. Sebastião que os portugueses da saudade imperial projectam a sua fé de que a famí1ia se não extinguisse.


 
Celebra-se hoje, dia 25 de Julho, 906 anos do nascimento de D. Afonso Henriques. Mas será D. Afonso Henriques filho genuíno de D. Henrique e D. Teresa? Há quem defenda que seria filho de um pastor. Essa narrativa, que apenas tem servido o espírito chauvinista dos que defendem haver em Portugal uma raça lusitana, apoia-se na seguinte fábula: Afonso, o genuíno, nasceu raquítico, sofria de lábio leporino, era estrábico e sem órgãos reprodutores. O Conde D. Henrique, confiando nas propriedades das águas termais de Chaves, mandou Egas Moniz e D. Paio Meneses levá-lo a essas termas para tratamento. Pelo caminho, já nas terras de Vila Pouca de Aguiar, Afonso deu ar de não conseguir terminar a viagem e Egas Moniz, ao notar que se tinha aproximado uma criança, forte e saudável, muito parecida com Afonso, negociou com os seus pais pastores a compra desse menino. Resolvido o negócio, apertou o pescoço ao Afonso genuíno e deixou-o para repasto dos lobos, trazendo consigo o menino lusitano que passou a ser educado pelo Conde D. Henrique como fosse o seu filho.

quinta-feira, julho 16, 2015

 

A crise mais profunda da Europa é moral, de falta de líderes, de ausência de solidariedade e de respeito pelos povos. Todos falam da crise na Grécia, dos erros do Syriza e  das consequências terríveis da  austeridade, mas ninguém refere a monstruosidade do procedimento que foi tendo a  Comunidade Europeia, do egoísmo que foi promovendo e de como esse egoísmo favorece os nacionalismos da extrema direita, denunciando as contradições duma Comunidade já desagregada e sem sentido para a sua própria existência. Fazem lembrar o poema de Brecht: “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem”.

terça-feira, julho 14, 2015

 

Tomada da Bastilha

Celebram-se hoje 225 da Tomada da Bastilha, um símbolo da Revolução Francesa. De certa forma, comemora-se também a vocação do intelectual.
O intelectual que inaugurou a época moderna sofria pelo mundo que vivia e sonhava com  outro melhor, onde se realizasse a liberdade, a fraternidade e a igualdade.
A Revolução Francesa impôs que se tornasse realidade esse sonho. E a consciência revolucionária do intelectual julgava que, a partir dessa revolução, a guerra seria substituída pelo triunfo da razão sobre o ódio, a mesquinhez, o espírito de vingança, de humilhação e de apropriação de bens pela força.
Não seria mais possível colocar pelas armas fora de combate o inimigo ou pelo cerco levá-lo à ruína, ao seu esmagamento moral, intelectual e patrimonial.
Vieram duas grandes guerras que  deram razão ao intelectual: mostraram o horror da irracionalidade de um poder que sente prazer em impor a sua força pelo esmagamento dos que não se lhe subordinam.
O intelectual sofreu, exilou-se, foi estrangeiro no seu próprio país e perguntou por que  é que a democracia, o regime que propunha só a felicidade dos homens contar, permitir que fosse possível tornar meritório explorar,  roubar em quadrilha, destruir bens e semear o ódio e a morte?
O intelectual humanista que foi preso, torturado e tanto sofreu,  inspirou-se na filosofia grega  para moralizar a vida e denunciar os inimigos das sociedades abertas à critica. Sonhou com um mundo que elevasse o direito à felicidade dos povos a obrigação última do Estado.
Hoje, 225 anos após a Revolução Francesa, desapareceu o intelectual, apagou-se na memória da nova gente. Chama-se, hoje,  intelectual ao número dos que funcionam como os carros  de venda de ocasião. Entregam-se a quem pagar mais, levam nos seus argumentos todo o tipo de patifarias  e fazem-se acompanhar de todos os escroques, colocando-se sempre às ordens dos mercenários dos novos fidalgotes da nova Idade Média.
Talvez, por isso, 225 anos após a Revolução Francesa, vemos o Monstro do espírito de Hitler  levantar a cabeça e já vai desapossando o direito á felicidade dos povos para afirmar um poder que não foi delegado para instaurar a barbárie.
E a pergunta, 225 anos depois da revolução Francesa,  volta a ter sentido: por que é que deixamos que a democracia seja traída?!...

terça-feira, julho 07, 2015

 

Uma mulher com história!


A política para este governo e para uma grande parte dos que fazem da política uma profissão  é a arte de ostentação da pulhice, da hipocrisia e da aldrabice. Os elogios a Maria Barroso demonstram isso á evidência. Mas há uma questão de fundo, que avançara para além da espuma  da hipocrisia de circunstância: Maria Barroso foi a única primeira dama na história da República que tem passado de defesa de causas antes de ser esposa de um presidente da República. É uma mulher com uma história, a sua janela não  se abriu só para ver os penachos do marido. Abriu-a em muito jovem para rasgar futuro aos ideais da liberdade e da democracia. A sua memória nunca mais se apagará na história de Portugal. As outras primeiras damas, não terão sido más senhoras, mas ninguém daria conta delas, se o marido não fosse presidente da república e ninguém mais se lembrará delas logo que o marido perca o cargo.

sexta-feira, julho 03, 2015

 

Asco execrável!

É um asco execrável ouvir Paulo Portas e Durão Barroso: à ideologia (modo de ver o ser humano, a vida e o mundo) do Syriza (defender os gregos contra uma renda do imperialismo financeiro que  iria continuar a impor a miséria aos seus filhos, netos e não se sabe quando terminaria!) opõem a ideologia que se baseia na ideia de que para não se sofrer o que sofrem os gregos (aproveitando o choque das imagens) temos de obedecer à vontade dos agiotas exploradores. Não pensam num mundo mais justo, não querem saber da forma que poderíamos encontrar para atenuar o sofrimento de seres humanos como nós, mas proclamam a ´"glória" do egoísmo, da desumanização para propaganda eleitoral. Procedem  como se dissessem: "com a miséria dos gregos é que nos safamos".
Se todos os eleitores portugueses tivessem um pingo de humanismo, nem um voto iria para estes f.d.p.”!......

quinta-feira, julho 02, 2015

 

Um "europeismo" contra a Europa

Sou “europeísta” é o que dizem muitos defensores do “sim” ao referendo do Syriza, isto é, apoiam as medidas da Troika na Grécia. 

O que diz esse “europeísmo” é a negação do espirito europeu, defensor da soberania do povo, da dignidade dos cidadãos, do espírito da solidariedade, da afirmação do primado da pessoa humana, do seu direito ao exercício responsável na construção livre do seu futuro.

Essa gente é contra a proposta de afirmação da soberania do povo grego pelo “não” às imposições da Troika, porque não sabe o que é ser europeísta, o que, depois da catástrofe de duas guerras mundiais, gerou a ideia de reconstruir a Europa dos cidadãos, na base da fraternidade e da solidariedade, contra todas as ditaduras, nomeadamente a exercida pelo terrorismo financeiro.

 O que essa gente não sabe é que a Europa está em guerra, a que lhe foi movida pelos parasitas do imperialismo financeiro, os que ganham balúrdios incomensuráveis sem nada produzir, sem pagar os impostos que aos que produzem são exigidos.

O que essa gente não sabe, é que o seu “europeísmo”  ataca os pensionistas, os que vivem do seu trabalho, os que precisam de trabalho para viver, alimento, habitação, saúde e escolas para os seus filhos.

O que essa gente não sabe é que o seu “europeísmo” serve a traição do espírito europeu, o que definiu o bom governo como o que sabe  cuidar dos que mais precisam.

O que essa gente não sabe é que o seu “europeísmo” é o mesma que teve o Regime de Vichy nos anos 1940-44, quando apoiou o Nazismo contra os interesses do povo francês, da soberania dos povos europeus, da liberdade dos cidadãos e do respeito pela dignidade humana.

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