sexta-feira, abril 24, 2015

 

25 de Abril


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'O Nome das Coisas'

 

Ontem ouvi a “Quadratura do Circo”. Percebi perfeitamente Pacheco Pereira. De facto, não se constrói uma alternativa partindo do mesmo enfoque, do mesmo paradigma. É preciso mudar de óculos e, como diria António Gedeão ver “moinhos, onde D. Quixote vê gigantes”. Mas para mim o problema crucial é correr com este governo e se o PS for o único partido que o pode fazer nas circunstâncias actuais, já bato palmas (embora também considere que não será numa perspectiva socialista). Não aguento esta cambada a tratar-nos todos os dias por burros. Na “Quadratura do circulo” o exemplo perfeito da forma como este governo nos trata é Lobo Xavier. Para este avençado da política, a dignidade aplicada aos que mais sofrem é uma “palavra doce”; isto é, não presta porque os outros são uma coisa rasca. Só ele é que tem o direito á dignidade, como lhe respondeu Pacheco Pereira.
É triste ver a suspender a dignidade dos outros uma proeminente figura de um partido dito democrata-cristão!

quinta-feira, abril 23, 2015

 

É uma questão de dignidade colectiva correr nas eleições com este governo. Se eu pudesse sugerir a António Costa uma declaração, dizia-lhe para declarar como lema da sua campanha, o que Victor Sepúlveda, 1º Tenente da Armada, disse à formação que comandou na “2ª Incursão do Norte”: “ Se formos vencidos, de nenhuma garantia ou ajuda disponho para lhes prometer; se vencermos, nenhuma influência vejo em mim, para lhes pagar o sacrifício e a obra”.

segunda-feira, abril 13, 2015

 

Que coisa horrível!!!...


Últimas sondagens da CM/Aximage

PS: 36,9%

PSD: de 28,9% passa para 30,5%

CDS: 6%

PSD+CDS: 36,5%

CDU: 10,7 %

PDR de Marinho e Pinto, de 4,4%passou para 3,8%.

O BE caiu 0,5 pontos percentuais.

O Livre, de Rui Tavares, continua em último com um valor residual: 1,7%.

António Costa perdeu 13,5 pontos percentuais e  Passos Coelho ganhou 4,6 pontos percentuais.

Que coisa horrível!!!... Temos um governo de incompetentes e mesmo assim o PSD e o CDS nas sondagens dão um empate técnico com o PS. É certo que nada é melhor para fazer propaganda do que as sondagens e o PSD precisa de se mostrar em alta para diminuir na coligação o peso do CDS.

De qualquer forma, há uma lição da história que a esquerda resiste a aprender: sempre que o regime democrático deixa de desenvolver as virtudes cívicas que devem fazer parte da democracia, o descrédito cresce e gera-se um enjoo que desmotiva os cidadãos da intervenção política. E a oposição da esquerda continua com uma retórica igual à que desenvolvia há trinta anos. Precisávamos de quem fizesse da intervenção política uma mobilização para as virtude cívicas, as que todos nós sentimos que claudicaram perante o oportunismo, a dissolução moral, a corrupção e os jogos de interesses. Mas há quem pense que esta preocupação é de direita, mas não é! Dentro de cada um de nós, a mais genuína aspiração é a da justiça social e uma sociedade só se torna coesa no respeito por princípios

António Costa  tem o tom comicieiro que já não mobiliza ninguém e os resultados estão à vista. Não haverá ninguém que lhe diga para diminuir os decibéis da fala e aumentar a reflexão sobre a vida real dos portugueses, aquela que se faz no dia-a-dia com o desespero de não se ter o que por dignidade humana se tem direito. O homem, como parte de uma sociedade, espera que a gestão da “coisa pública” se ordene para o bem-comum, um bem segundo os princípios da justiça, da honra e da dignidade.

António Costa precisa de perceber que há uma diferença entre uma política centrada no dignidade do homem e uma política centrada no indivíduo, tal como faz o neoliberalismo. Precisamos de saber que projectos tem para uma sociedade mais justa, mais coesa, mais honrada e mais humana

domingo, abril 12, 2015

 

Anestesiados e lixados!


A grande maioria dos gregos apoia Syriza, conforme as recentes sondagens (ver último Expresso).

O Syriza continua a pressionar a Alemanha para que lhes pague as acordadas indemnizações de guerra, devidas aos saques do tesouro grego durante a ocupação nazi (os cidadãos honrados deveriam estar, pelo menos nisto, solidários). Por outro lado, criou uma comissão para fazer luz sobre a forma como se amontoou a dívida grega, para levar as suas conclusões ao debate entre os cidadãos gregos, promover uma consciência nacional de apoio ás boas práticas governativas e responsabilizar os que decidem mal na gestão da “coisa pública”

Um bom exemplo que não pega em Portugal, muito embora vivamos circunstâncias semelhantes que criaram problemas parecidos. A Alemanha nunca nos pagou os mil milhões de marcos-ouro (cerca de 2,3 mil milhões de euros) que ficou acordado no Tratado de Versalhes, não foram responsabilizados os políticos que “armadilharam” com os administradores da Banca o amontoar duma dívida que o “zé” (que nada contribui para isso) está a pagar como se vivesse uma guerra: a miséria, o desemprego, a morte nos corredores dos hospitais, o desespero que leva ao suicídio, etc. O balanço da rapina está por fazer e as rendas vão sendo pagas por quem nada tem a ver com as vigarices feitas em nome do Estado!

Para piorar tudo isto, o governo promove a anestesia cívica dos portugueses que restam (os outros emigraram e já dizem que não voltam mais a Portugal) com a demagogia e a manipulação, fazendo-lhes crer que os sacrifícios não poderiam ser outros, tinham de ser como a incompetência dos “bons alunos” quiseram.

segunda-feira, abril 06, 2015

 

A propósito da virgindade de alguns patriotas.


Pensar a Pátria , a propósito de um texto de Pedro Santos Guerreiro, “Os imortais, os imorais” (Expresso) ou sobre a virgindade de quem não gosta de Sampaio da Nóvoa.

Vejamos casos referidos por Pedro Santos Guerreiro:

Para além das prisões conhecidas a propósito dos vistos gold, Miguel Macedo  está indiciado de crime de prevaricação; isto é, de agir de modo contrário ao interesse público, como privilegiar amigos nas questões de estado e receber prendas.
Inutilizados quase duas centenas de documentos com que a Lusófona doutorava deputados, autarcas e outros políticos.
O Ministro Luís Montenegro é um “sortudo”: o seu escritório, por ajusto directo á Câmara onde era presidente da Assembleia Municipal, cobrou  70 mil euros.
O escritório de Aguiar Branco promove negócios nos países que o ministro visita.
Os vistos gold encheram mais os bolsos de intermediários, como o do escritório de Marques Mendes ( “fazedor de chuva” de negócios) do que os cofres do estado. Um ex-ministro está preso e as suspeitas ligadas a muitos políticos do seu partido crescem como cogumelos em terra bravia todos os dias.

No meio de tudo isto, a noção de Pátria, razão primeira da acção política, vai deixando de ser a Terra onde nos tornamos cidadãos, o local onde a vida, os afectos e a família cria laços. A Pátria que espera ser servida com o amor e a dedicação que uma mãe espera de um filho, está prostituída: meteram-na debaixo dos lençóis dos políticos poderosos.

Se não somos cínicos da virgindade, talvez tivéssemos de corrigir um grande socialista, Miguel Torga, e dizer: Pátria já não é “o espaço telúrico, moral, cultural, político e afectivo, onde cada natural se cumpre humano e cidadão”. Já não é nEla que “a respiração é plena, o instinto sossega, a inteligência fulgura, o passado tem sentido e o presente tem futuro”.

A Pátria tornou-se na rua escura, por onde evita passar gente honrada e é olhada como um covil de ladrões. E o pior é que esta metamorfose parece normal, numa normalidade tão obscena que até do “Podemos” (o espelho das expectativas que o socialismo criou nos povos) querem-nos meter medo para não apoiar um homem honrado, com mãos limpas, como Sampaio da Nóvoa. E alguns virgens do PS apenas o querem como jarra de cravos nos seus comícios.

sexta-feira, abril 03, 2015

 

Vou para a Folhada. Tenho muito que fazer: procurar uns documentos que certificam que é minha uma faixa de terreno já “apropriada” por outro. Depois, tenho de comprar batatas e cebolas para plantar. E, finalmente, arranjar a casa para receber a Visita Pascal.  Gosto desta tradição que retomei no ano passado. Vou tentar esmerar-me para que a Visita Pascal corra bem.
A vida é difícil, mas tem de ser levado da forma que mais gostamos. Boa Páscoa amigos!

quinta-feira, abril 02, 2015

 

Partiu o Mestre!

Partiu o Mestre! Conheci-o há muitos anos, no Cineclube do Porto. Andei lá num curso sobre cinema, mas como me faltou a "guita" desisti. Até aí, Manuel de Oliveira era para mim um símbolo das corridas de automóveis na Boavista e um bon-vivant, sempre rodeado de mulheres muito boninas. Invejava-o e a inveja é má conselheira. Só muito tarde, com o filme que rodou na Ribeira é que comecei a associa-lo a realizador de cinema. Foi mais ou menos no tempo em que a PIDE o "chateou". Detestei o "Amor de Perdição". Aonde estiver que me perdoe pelo azedume que me criou com o sonolento "Amor de Perdição". Que tenha o descanso que merece pela longa vida de Homem culto, que andava muito á frente do tempo da minha geração, geração muito mais nova do que a dele.

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