sexta-feira, outubro 30, 2009

 

Corrupção de face “desoculta”

Nunca houve um título tão expressivo como “Operação de Face Oculta” para designar a corrupção, tornada púbica, que envolve Armando Vara, José Penedos (Pai e Filho), etc.

Já ninguém liga ao “empecilho” do segredo de justiça e até o organograma dos procedimentos corruptos já vem na imprensa. Chama-se a isto divulgação pedagógica do sucesso rápido. Não era possivel prever esta acção uns tempos atrás?!...

A corrupção de “Face Oculta” tem uma semântica "carnavalesca", o que lhe dá um certo nível e a esvazia dum sentido criminoso Torna-a num modo de vida, próprio de gente de "bom gosto", própria de quem frequenta festivais carnavalescos.
Não são, por isso, "gangs" a ocupar-se dessa tarefa, mas gente de outra qualidade, que nada tem a ver com "pilha-galinhas" ou salteadores de bancos. Só se aplia a expressão (Face Oculta) a gente que vai ao teatro de Veneza, percorre as luxuosas festividades onde o colorido das fantasias esconde "qualquer suspeita". É gente que administra Bancos, empresas públicas, foram ex-ministros, etc.. São a referência do sucesso em Portugal!...

Mas já que se perdeu o sentido do interesse público, o sentido do Estado e até a vergonha, faça-se da corrupção uma fantasia acessível não só aos chicos-espertos, mas também aos pilhas galinhas.
É só preciso mais uma lei, a acrescentar ao emaranhado inutil das mesmas que só dão dinheiro a advogados, e não se obrigue os pequenos corruptos a manter a face escondida. Fique tudo aberto: quem mais puder, políticos, cidadãos de noeada, gente anónima ou de um qualquer título(licenciado pela UI ou outra) que roube! Roube à tripa forra! Pode ser que assim as coisas mudem.

sábado, outubro 24, 2009

 

Os paradoxos de Saramago

José Saramago e Carreira das Neves debateram a interpretação da Bíblia. Saramago, contestando a interpretação hermenêutica (o que é que se queria dizer, quando se disse o que ficou dito ou, então, por que é que foi dito o que está escrito?), responde que ninguém está autorizado a fazer uma interpretação que não seja literal. Se assim fosse, como entender a linguagem poética, como, por exemplo, “morrer de amor”?!.... Naturalmente, ninguém irá dizer que significa estar mesmo a morrer fisicamente!

São muitas as expressões que no dia-a-dia dizemos e não queremos que sejam interpretadas literalmente. Por que não haveria de acontecer isso com a Bíblia?!....

Estou a ler o livro”Caim”. Penso que, paradoxalmente, Saramago faz uma interpretação de Caim que também não é literal. Aproveita-se desta personagem bíblica para tocar em muitos pontos da sociedade actual. E já, hoje, também o ouvi dizer que não é para interpretar á letra a sua frase: “A Bíblia é um manual de maus costumes”. Pois, até encontra na Bíblia passagens de grande elevação e humanismo.

Vivemos um tempo parecido com as contradições vividas no séc. XIX. Tudo o que não é científico é mistificação. E é interessante lembrarmo-nos que foi nesse tempo que se criaram igrejas racionais: uma forma de resolver o conflito do ateísmo, elevando a divindade a crença na razão. Este tema é desenvolvido pela associação ateísta de índole carbonária.

Mas a própria ciência, como diria Damásio, já precisa de validadores afectivos e nenhum cientista aceita que a razão seja unívoca, de tipo lógico-matemático. Há razões e não A RAZÃO. A razão funciona no interior de um paradigma e não é soberanamente autosuficiente.

Daí as nossas contradições, tal como os paradoxos em que rapidamente caiu Saramago.

Como não se pode provar racionalmente ou cientificamente a existência de deus, da mesma forma não se pode demonstrar a sua inexistência.

Este é o drama da nossa condição humana, sempre recorrente na história das ideias e na história da humanidade.

sexta-feira, outubro 23, 2009

 
Dei uma entrevista sobre a educação na Grandeportotv.net. Se quiserem ouvir o que digo, é só digitarem em baixo: Noticias-semana da educação
http://www.grandeportotv.net/catalog/product.do?productId=d1dc54991f919e46012480cfd576187e

segunda-feira, outubro 19, 2009

 

As "bocas"de Saramago

Sou agnóstico, mas a consideração de José Saramago --“a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana” -- é reveladora de que até os nobeis descambam para o disparate.

Saramago engana-se, por vezes. Atribuiu a Nietzsche a frase de Dostoiévisky que aparece em "Os Irmãos Karamazov": "Se Deus não existe, tudo é permitido!”

Um Nobel não pode saber tudo e Saramago não é pródigo no saber reconhecer limitações. Tratando-se, então, de marketing para vender os seus livros não olha a meios. Nesta circunstância, revela-se o que lhe é genuíno e o fez ser o director do Século mais detestado de todos os tempos.

Saramago é um romancista, um efabulador, e não um especialista em exegética, nem em hermenêutica, nem em tratados de religião, nem em história da Bíblia.
A Bíblia foi escrita durante mil anos. Já foi objecto de estudo por teólogos de diferentes religiões, antropólogos de diferentes crenças, inclusivamente ateus e nenhum deles tirou as conclusões que apoiassem as "bocas" de Saramago. Recebeu durante os tempos da sua elaboração, diferentes estilos, desde o poético ao narrativo, mas sempre usando a metáfora.
A linguagem concreta ou de preocupações científicas não é a desses tempos. Muitos filósofos, inclusivamente marxistas, como Marc Bloch , morto pelos nazis, consideraram a Bíblia o maior livro de esperança da humanidade, que fez a transição da barbárie para a civilização. Aliás, as últimas palavras de Jesus Cristo na Bíblia são: "amai os vossos inimigos".

A violência de Saramago nessas suas considerações é francamente de mau gosto, roçando a senilidade: nem distingue na Bíblia os dois testamentos!!!...

"Não te irrites por causa dos malfeitores
Nem invejas os que praticam a injustiça
Eles vão secar depressa como o feno
E murchar como a erva verde

Confia no Senhor e faz o bem"

In: De David (Salmos)



domingo, outubro 11, 2009

 

Viva o Marco de Canaveses

Avelino Ferreira Torres perdeu no seu regresso ao Marco. A minha Terra não é árvore de patacas que ele pensava ser. Mereceu a derrota e, lá de cima, os deuses já lhe terão dito que não basta ser um tartufo para vencer eleições. Os Tribunais não fizeram Justiça, mas os eleitores da minha Terra fizeram-na e isso orgulha-me

 

Indiferente às ideologias

Nas fraldas do Marão, na freguesia de Ermelo, as muitas eólicas e antenas de telemóveis que crescem nos baldios para distribuir dinheiro e gula a granel pelas freguesias estavam no alto da sua soberania a prever: ainda vai dar mal tanto dinheiro distribuído pelo caciquismo local, sem o controlo do Direito pelo poder central.

E assim aconteceu: a Junta de Ermelo só poderia ser ganho por um e António Cunha podia ganhá-la. Depois de muitas ameaças, o previsto aconteceu: quem disparou primeiro safou a vida. Entretanto, as eólicas agigantam-se com as antenas dos telemóveis, indiferentes às ideologias e às promessas de uma vida melhor para o povo que as vê girar. E vão esperando que outra rivalidade, pelo muito que tais tecnologias distribuem, faça outra desgraça, sem que o poder e a lei tome medidas de precaução.a

sexta-feira, outubro 09, 2009

 

Chega de discursos inoperantes.

O Presidente, no Cinco de Outubro, repetiu a retórica habitual das comemorações da República. Apelou ao exercício da cidadania, incitando-nos a “uma atitude cívica mais empenhada e mais activa”.

Não muito distante, Paula Teixeira da Cruz, perto do local onde foi proclamada a República, repetiu o que a História nos tem ensinado: “O declínio das Repúblicas sempre esteve associado à degradação de padrões éticos.”

Esta retórica vai-se tornando música de fundo das efemérides patrióticas, sem consequências práticas. Saturamo-nos de ouvir os mesmos apelos, os mesmos incitamentos pelos mesmos responsáveis.

Governantes, políticos, cidadãos de todas obediências maçónicas (com muita influência junto do Governo) e “cívicos” proeminentes de diferentes quadrantes aproveitam as efemérides patrióticas para impingirem a oratória de circunstância.

Todos eles, nestas alturas, levantam a bandeira dos valores da cidadania, lembram-nos que ser cidadão é ter o dever e o direito de criar expectativas sobre um bom governo, um governo que diminua o sofrimento dos que mais sofrem, e lutar por elas.

Todos eles, nestas ocasiões, nos incitam aos valores que resultam do vínculo que nos liga ao país a que pertencemos e apelam às exigências de justiça, de respeito pelas instituições, de obediência a regras universais e à necessária harmonia entre cidadãos, que gerem o desenvolvimento do bem-estar social e a confiança no Futuro.

São as “boas intenções” nas circunstâncias tradicionais,

E o que falta, entretanto, durante o tempo que medeia as circunstâncias?!... Falta que os factos não contradigam as intenções dos governantes, dos “cívicos” proeminentes e dos obedientes maçónicos. Que eles promovam o que só eles podem promover.

E o que nos dizem os factos?!... Os factos dizem que quem levar a sério os ideais democráticos e republicanos que nos apregoam, quem lutar contra o arbítrio, o nepotismo e a corrupção correrá o risco de ficar sem emprego, ser ostracizado na sua autarquia e, ainda, ter problemas nos tribunais, mesmo que depois se confirme que tinha toda a razão e a sua denúncia era justa.

Assim aconteceu com os que criaram a Associação dos Amigos do Marco e lutaram contra a prepotência e o arbítrio de Avelino Ferreira Torres. De nada lhes serviu serem recebidos pelo Provedor de Justiça, terem o seu apoio e os tribunais acabarem por lhes dar razão.

Assim aconteceu com os que se insurgiram contra os abusos e desmandos do bem-comum de Fátima Felgueiras, Isaltino Morais, Valentim Loureiro e outros.

Por denunciarem o que devia ser denunciado, todos sofreram perseguições, perderam tempo nos tribunais, gastaram dinheiro de que precisavam e só os” media” se interessaram pelas causas que defendiam.

E o que é que aconteceu a todos os que foram objecto de denúncias e que os Tribunais condenaram ou acusaram, aguardando julgamento?!...

Mesmo com várias condenações por peculato, peculato de uso e abuso de poder e, ainda, perda de mandato, Avelino Ferreira Torres (com o “jurisprudente beneplácito” do Tribunal Constitucional) pode voltar a ganhar a Câmara do Marco e tudo indica que Isaltino, Fátima Felgueiras e Valentim receberão o mesmo prémio.

De que vale a oratória dos apelos aos bons costumes, se o sucesso corre atrás de quem não respeita regras e faz do interesse comum o seu próprio interesse?!... São estes que servem de referência aos eleitores numa democracia de zapping, onde tudo é permitido ao chico-esperto que se vai tornando poderoso.

Por que será que isto acontece?!... Esta é a questão que só o Presidente da República e o Governo podem corrigir. Não é com leis complexas, mal feitas e contraditórias, com tribunais sem meios, com professores desautorizados, polícias e funcionários públicos mal tratados que se promove o respeito pela lei, se dignificam as instituições, se credibiliza o Estado e se evitam candidaturas indesejáveis.

Naturalmente, haverá sempre louváveis excepções, mas o clima que está criado é de um vazio de valores democráticos, de uma falta de sentido de Estado e de um imenso sentimento pantanoso, onde todos os bons discursos não passam de retórica vã, inoperante.

segunda-feira, outubro 05, 2009

 

Viva a República

A República tornou-se na esperança
o sonho realizado em sangue, amor e luta -- e, agora, a desilusão!...

Uns foram-se tornando mais iguais do que outros
e isso era o princípio da monarquia.
- Tudo o que a República sonhava e combatia se vai esvaziando!


Mas o sonho
ainda há-de comandar a vida

 

Em dia de aniversário

O que me faz pensar é o poema de Alvaro de Campos:

«No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,

Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,

O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui - ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

(...)
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.»

Alvaro de campos

quinta-feira, outubro 01, 2009

 

Elisa Ferreira e o "Porto" só para ela!

Ouvi ontem o debate com todos os candidatos à Câmara do Porto. Elisa Ferreira foi uma frustração. Intervinha sem aguardar a sua vez, estava mal preparada e jogava dados incorrectos e, para quem tem o seu curriculum, foi uma decepção. Não gostaria de ter à frente da Câmara do Porto uma pessoa autista, que não deixa falar ninguém e revela a mania da superioridade. Que vá para o Parlamento Europeu: sempre ficaremos longe da sua arrogância!

Com elisa Ferreira não haverá, com certeza, "Um Porto para todos".
Não percebo qual é o conceito de esquerda que tem esta gente, como Elisa Ferreira.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?