segunda-feira, outubro 19, 2009

 

As "bocas"de Saramago

Sou agnóstico, mas a consideração de José Saramago --“a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana” -- é reveladora de que até os nobeis descambam para o disparate.

Saramago engana-se, por vezes. Atribuiu a Nietzsche a frase de Dostoiévisky que aparece em "Os Irmãos Karamazov": "Se Deus não existe, tudo é permitido!”

Um Nobel não pode saber tudo e Saramago não é pródigo no saber reconhecer limitações. Tratando-se, então, de marketing para vender os seus livros não olha a meios. Nesta circunstância, revela-se o que lhe é genuíno e o fez ser o director do Século mais detestado de todos os tempos.

Saramago é um romancista, um efabulador, e não um especialista em exegética, nem em hermenêutica, nem em tratados de religião, nem em história da Bíblia.
A Bíblia foi escrita durante mil anos. Já foi objecto de estudo por teólogos de diferentes religiões, antropólogos de diferentes crenças, inclusivamente ateus e nenhum deles tirou as conclusões que apoiassem as "bocas" de Saramago. Recebeu durante os tempos da sua elaboração, diferentes estilos, desde o poético ao narrativo, mas sempre usando a metáfora.
A linguagem concreta ou de preocupações científicas não é a desses tempos. Muitos filósofos, inclusivamente marxistas, como Marc Bloch , morto pelos nazis, consideraram a Bíblia o maior livro de esperança da humanidade, que fez a transição da barbárie para a civilização. Aliás, as últimas palavras de Jesus Cristo na Bíblia são: "amai os vossos inimigos".

A violência de Saramago nessas suas considerações é francamente de mau gosto, roçando a senilidade: nem distingue na Bíblia os dois testamentos!!!...

"Não te irrites por causa dos malfeitores
Nem invejas os que praticam a injustiça
Eles vão secar depressa como o feno
E murchar como a erva verde

Confia no Senhor e faz o bem"

In: De David (Salmos)



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