segunda-feira, abril 30, 2018

 

Viva o Primeiro de Maio!


Viva o Primeiro de Maio!

Vivam os trabalhadores que em Chicago no primeiro dia de Maio, em 1886, levantaram bem alto a luta pelos seus diretos, nomeadamente de 8 horas de trabalho diário. Honremos os que morreram nessa luta e todos os que ainda hoje são mortos por defenderem que não há trabalho sem direitos.

Hoje o capitalismo não é idêntico ao de 1886. Perdeu o rosto e tornou-se financeiro e global. Mas o trabalho sem direitos ou com poucos direitos regressou com os recibos verdes, o trabalho temporário, etc.

Precisamos de refletir sobre a miséria imerecida do nosso tempo! Os ideais do Primeiro de Maio precisam de se ajustar aos novos tempos do imperialismo financeiro global, que, num darwinismo social, torna os ricos cada vez mais ricos e em menor número e os pobres cada vez mais pobres e em maior número.

Comemorar o Primeiro de Maio sem uma reflexão sobre os novos problemas que se colocam ao mundo do trabalho é esvaziar o sentido deste dia. Oxalá que os discursos de amanhã não sejam tão longos como repetitivos. Oxalá que amanhã se honre a luta dos que deram dignidade a todos os que vivem do valor do seu esforço físico.

Viva o primeiro de Maio!

segunda-feira, abril 23, 2018

 

25 De Abril


A Associação dos Amigos do Concelho do Marco de Canaveses comemorou o 25 de Abril. Este ano, tivemos de fazer a festa no dia 21 de Abril. O Capitão de Abril Rodrigo Sousa Castro só podia estar entre nós neste dia. Depois de um almoço de convívio e do nosso capitão de Abril assinar o livro de honra da nossa Associação, decorreu a palestra no Auditório Municipal, com a presença do vice-Presidente da Câmara. É muito difícil falar desta comemoração, quando um Capitão de Abril nos faz sentir por dentro o seu testemunho, numa linguagem simples, sem floreados. Lembrou-nos alguns episódios completamente ignorados pela história da Revolução dos Cravos, nomeadamente da dificuldade em comunicar com o coronel Corvalho por avaria no intercomunicador de sua casa e dois jovens a quem dera boleia para Lisboa, solicitando-lhes que a essa hora da noite, duas da manhã, não o deixassem dormir. Serviu-se do powerpoint para nos dar conta dos febris passos que acompanharam o decorrer da noite de véspera, em que tudo deveria ficar pronto para que ao som da Grândola Vila Morena se abrisse o caminho da luz da madrugada de Abril, a que nos trouxera a afirmação da nossa dignidade colectiva, a democracia e nos permitisse perder o medo de usar da liberdade.

É difícil falar sobre esta comunicação do Capitão de Abril Sousa Castro, tão viva, confessando o desfilar de um sofrido sonho sem sono, que nos fez sentir a verdade imensa que há neste poema de Sophia.

25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, abril 13, 2018

 

Comemoração do 25 de Abril


  1. A Associação dos Amigos do Marco, vai, como é habitual, comemorar o 25 de Abril.
    Este ano as comemorações vão efectuar-se no dia 21 de Abril (sábado) através de uma sessão solene a realizar no Auditório Municipal e que contará com a presença do Coronel Sousa e Castro, Capitão de Abril e Membro do Conselho da Revolução.
    É uma oportunidade para conhecer e conviver com um dos homens fortes do Movimento das Forças Armadas que em 1974 derrubou a ditadura de Salazar e Caetano e
    devolveu a liberdade ao nosso País.
    Antes da sessão solene, pelas 13h00 vai realizar-se um almoço comemorativo no Restaurante Magalhães, nesta cidade.
    A AAM CONVIDA TODOS OS MARCOENSES A ASSOCIAREM-SE A ESTE ACTO, QUE TERÁ ENTRADA LIVRE NO AUDITÓRIO MUNICIPAL A PARTIR DAS 16H00.

segunda-feira, abril 09, 2018

 


Convém não esquecer isto!


Comemora-se, hoje, o aniversário da Batalha de La Lys

Portugal foi para a Guerra para não perder as colónias cobiçadas, na altura, pelos ingleses e alemães. Escrevi com o saudoso amigo Coronel Virgílio Barreto Magalhães um livro sobre um nosso conterrâneo, combatente e médico nessa Grande Guerra: “Fernando de Miranda Monterroso, O Homem, O Herói e o Benemérito”.


Quisemos fazer a memória deste Homem bom pela seguinte razão: Este homem bom, herói de guerra e benemérito da nossa terra estava praticamente esquecido e até a sua foto tinha desaparecido do Asilo que a expensas suas tinha criado no Marco. Este Militar deixou grande parte da sua fortuna à Misericórdia do Marco e criou três bolsas de estudo, que serviram de exemplo a que outras fossem criadas pela autarquia.


Sobre a Batalha de La Lys, deixamos escrito o seguinte:” Esta incursão (dos alemães), desenhada numa situação de desespero, teve como seu arquitecto, o General (alemão) Erich Ludendorff. Concebeu-a para ser em grande escala, aterradora, feita de rompante, em massa e numa altura que pudesse surpreender o lado mais frágil das tropas luso-inglesas que ocupavam a Flandres. Deu-lhe o nome de “operação Georgette”, e entregou o seu comando ao General Ferdinand von Quast.


Esse lado era o que estava a cargo das tropas portuguesas, praticamente abandonadas por Portugal, depois do golpe de estado, com que Sidónio Pais tomou conta do poder, prendendo Afonso Costa, chefe do Governo, e exilando o Presidente da República.

(…)

Por volta das 4h15m da madrugada desse dia, arrancou, de surpresa o ataque. Mais de um milhar de bocas de fogo dispararam sobre a frente ocupada pelas tropas portuguesas e o seu impacto foi sentido como um terramoto horrendo e inimaginável, abrindo crateras com mais de 20 metros de diâmetro que engoliam soldados e armamento.


Este ataque intenso, massivo e em profundidade foi feito com oito Divisões (cerca de 55mil homens) numa primeira linha, cinco na segunda e três na terceira. Teve como alvo o 11º Corpo Britânico e o CEP que, como sabemos, ocupavam uma área de 55 km de frente, entre as localidades de Gravelle e de Armentiére. Mas o grosso do ataque fez-se contra o sector considerado mais débil, o ocupado pela 2º Divisão das tropas portuguesas.



A resistência em linha, como era a das trincheiras, sem capacidade de mobilidade, cedeu e as forças alemãs romperam o flanco esquerdo da defesa portuguesa, onde se fazia a ligação entre as forças das tropas comandadas pelo general Gomes da Costa e as forças britânicas da 40ª Divisão.

(…)

Por volta das 8h30m já não havia praticamente combatentes portugueses na primeira linha e a “avalanche” avançou como um rolo compressor sobre a linha B, atingindo rapidamente a zona das aldeias. Tudo foi feito com violentíssimos bombardeamentos de artilharia e ataques de gás que destruíram a 1ª e a 2ª linha de infantaria e cortaram as comunicações telefónicas e telegráficas.

As explosões de granadas e obuses passaram a atingir os comandos das brigadas, as posições da artilharia da Segunda Divisão do CEP, inclusivamente o seu Quartel-general.

A “chuva de metralhada”, como lhe chamou Augusto Casimiro (um poeta com o posto de capitão, natural de Amarante) no seu livro “Calvário da Flandres”, arrasou tudo e todos. O intenso fogo, o bombardeamento dos aviões e as granadas de gases foram pondo fora de combate milhares de militares.

Apesar da resistência heroica, foi impossível aos soldados portugueses, sem reforços, suster aquela “avalanche” de “boches”, com melhor armamento e em quantidade abissalmente superior.

Quem não morreu nem se entregou, entrou em pânico numa fuga desesperada e sem norte. Em apenas quatro horas de batalha, o general Costa Gomes perdeu 7.500 soldados, entre os quais 327 oficiais e cerca de 100 peças de artilharia.

A própria coordenação dos serviços de saúde tornou-se impossível. Não se conseguia formar uma coluna automóvel de transporte de feridos: o fogo inimigo tinha destruído a maioria dos veículos e os que restaram estavam avariados.

Neste contexto, o Cirurgião-Médico, Dr. Fernando Monterroso, mais uma vez, demonstrou ser um oficial corajoso, proficiente e determinado. Podia-se dizer dele o que disse Ferreira do Amaral (um oficial de carreira que também tinha estado em África e comandou na Flandres os soldados de infantaria de Tomar, Faro e Penafiel) numa indirecta aos oficiais pretensamente patriotas: “Não resolvi ir de repente, no entusiasmo dos vivas e excitado pelo som dos clarins e trombas da guerra, mas por dever de militar".

Nessa altura, Fernando Monterroso, chefiava os Serviços de Saúde da 2ª Divisão sediado em Lestrem e recebeu ordem do comando do XI Corpo do Exército Britânico para se deslocar para Saint-Venant.

Como não conseguiu transporte para essa deslocação e é informado que não há garantias para que em tempo oportuno o consiga, fê-lo a pé e envidou todos os seus esforços para reunir todos os que foi possível encontrar feridos, desorientados ou em debandada.

(…)

Como reza a justificação para ser galardoado com a medalha da “Batalha de La Lys”, a sua decisão salvou muitas vidas, foi considerada heróica e contribuiu para levantar o nível moral das tropas”.

A catástrofe de La Lys, com as suas consequências, as inúmeras perdas de combatentes e humilhações sofridas, transformou-se num pesadelo que fez esquecer no CEP todas as glórias do passado recente na Flandres. E elas não foram poucas!...

(…)

Este sentimento de frustração gerava mágoas profundas, de difícil cura, que eram sempre acompanhadas de queixumes: nas cantinas, nos gabinetes, em todos os locais onde conviviam combatentes, não faltava o dedo acusatório virado para Sidónio Pais, para os “cachapins (os beneficiados da guerra), os ingleses e os oficiais que aproveitavam vir de gozo de licença a Portugal e depois obtinham a desmobilização, com base no decreto nª 3959 de 30/03/1918, conhecido pela lei do “roullement”.



A substituição, ao fim de um ano, das tropas mobilizadas para a Flandres nunca aconteceu. O governo português de Sidónio Pais foi o único que, nas palavras do subchefe do estado-maior do CEP, coronel Ferreira Martins, “infligiu aos seus soldados o suplício intraduzível de lhes dizer que estão ali para sempre até que um tiro, um estilhaço ou uma tuberculose os tire dessa guerra, cuja duração ninguém podia prever”.



Compreendia-se, por isso, que nos duros rostos dos soldados portugueses desaparecessem os apegos que lhes faziam enaltecer a sua pátria e sentir orgulho em cumprir um dever patriótico. Vivia-se, agora, um profundo sentimento de ingratidão, tratamento arbitrário, humilhação, sofrimento e tristeza.

Chegavam-lhes, ao arrepio da censura, notícias da epidemia do tifo e da gripe, também conhecida por gripe espanhola ou pneumónica, que semeavam a morte em Portugal, mas nem isso superava a dor do abandono a que tinham sido votados, a consciência de que já não eram um corpo expedicionário, mas restos esfrangalhados de baterias, companhias e batalhões que, por ordem dos ingleses, eram dispersos por diversas unidades britânicas.

Humilhados pelos britânicos e traídos pela Pátria, em nome da qual eram soldados portugueses que morriam, ficavam mutilados física e psicologicamente, encarcerados ou desaparecidos, sentiam a sua alma de combatentes dizer o que escreveu o Coronel Ferreira do Amaral: “Sidónio Pais tratou-nos como gado de pastagem em montado”.

Foi neste contexto que Fernando Monterroso desabafou numa carta a Francisco Moreira de Magalhães, foi o de ter de reviver os locais e as situações que obrigaram a enterrar à pressa soldados tombados na batalha e assistir à morte inútil dos que foram incapazes de resistir aos ventos frios e húmidos da Flandres, que, com tosses intermináveis, lhes roubava a vida, sem ter ninguém, de perto, a valer-lhes”.

A Batalha de La Lys tem um lado que as comemorações esquecem: a traição dos políticos portugueses daquele tempo aos homens que, ao darem a vida pela sua pátria, deixaram as suas famílias cobertas de preto e muitas vezes na miséria.

É bom não esquecer isto!

domingo, abril 08, 2018

 

Apareçam!

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Bons amigos, apareçam!
Dia 14, próximo sábado, pelas 10h30, no auditória da Biblioteca Municipal de Amarante, o prof. Doutor Eugénio dos Santos vai proferir uma palestra-debate sobre esse grande tribuno, a “Aguia do Marão”. O tema é “António Cândido, entre a política e a eloquência”. Tudo isto tem muito a ver com o nosso tempo: os encantos e os desencantos da política, o espírito de serviço e os interesses de ocasião, o sentido de Estado e o sentido das conveniências.
A iniciativa é dos “Cidadãos por Amarante.” Apareçam, porque vale a pena!
A seguir há um almoço, para o qual estão desde já convidados. É no Restaurante Amaranto e haverá fados de Coimbra, quase do tempo de António Cândido. Apareçam que vão gostar e encontrar gente boa, como são sempre os meus amigos. Estão todos convidados! É só marcar presença pele telefone 910 573 366 ou 255 422 006


domingo, abril 01, 2018

 

Aniversário do Concelho do Marco de Canavses

Finalmente a Câmara Municipal do Marco de Canaveses reconheceu o valor fundamental do exercício da cidadania. A Associação dos Amigos do Concelho do Marco (que existe há 19 anos) foi pela primeira vez convidada para participar na sessão solene do aniversário do Concelho. Nestas efemérides foi sempre marginalizada e diga-se de passagem por quem tinha a obrigação de lhe reconhecer o mérito. Só diz bem da nova Autarca fazer a diferença com o passado. Não há democracia sem cidadania e este reconhecimento institucional do valor da AAMC é o melhor estímulo para a continuação da sua ação. Sentem-se gratificados e honrados todos os que fazem parte dos Amigos do Marco por este convite e podemos dizer que a democracia no Marco de Canaveses torna-se mais rica pelo reconhecimento de que vale a pena exercer a cidadania.


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