quinta-feira, dezembro 31, 2009

 

197... - 2010

Entre o abrigo de um cálice

Embalado em recordações

Sinto-me a entornar saudades

E a reviver o hálito ardente

Que em noites de aventura
 
Fizeram os amigos ausentes

quarta-feira, dezembro 30, 2009

 

RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanhe ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, dezembro 24, 2009

 

Para todos os meus amigos, um Natal feliz

http://www.youtube.com/watch?v=wFTBv4KZmxc

sexta-feira, dezembro 18, 2009

 

Regionalizar para quem?

Hoje escrevi no semanário "Grande Porto" o seguinte texto

Todos sentimos que é necessário dar expressão às identidades regionais, simplificar e racionalizar a administração pública, corrigir assimetrias.


Mas, como se conseguirão estes objectivos, se os directórios partidários têm uma vocação para o domínio, a centralização e o aumento da homogeneidade?!...


O facto da representação política se fazer pelos partidos, criou uma classe política que se profissionalizou na lábia em vez do estudo dos problemas, nos “jogos de simulação” em vez da inserção nos problemas reais das comunidades.


Sem uma reforma dos partidos que abra espaço à liberdade dos eleitores na escolha dos seus representantes, que dê ao eleitor a capacidade de escolher não só o seu partido, mas também os candidatos que prefere na lista que lhe apresentam, a regionalização reproduzirá os vícios do centralismo.


Pensemos em dois exemplos: como compreender que o líder do PS na Assembleia da República seja deputado pelo Circulo da Guarda e não do Porto, pois que, como ex-autarca de Amarante e ex- dirigente da Federação Distrital do Porto, deveria estar mais habilitado para melhor compreender os problemas desta região e melhor os defender no Parlamento do que os do distrito da Guarda, onde não se lhe conhece desempenho de qualquer actividade? Como entender que muitos dos candidatos que perderam as eleições, abandonassem os cargos de vereadores, onde deviam honrar o que prometeram na campanha eleitoral, e fossem ocupar lugares mais “honrosos” ou melhor compensados no aparelho de Estado?


Estes exemplos mostram à evidência que a regionalização que os partidos querem, só serve como mais um horizonte de carreira profissional para políticos em “saldo”: autarcas que não podem recandidatar-se ou perderam as eleições ou, ainda, candidatos a deputados que não foram eleitos.


A Regionalização política, com presidente, assembleias regionais e muitos assessores, todos habituados à retórica fácil e a serem servidos por uma corte de servidores fiéis será uma fonte de “ajardinização” do País.


Em vez da regionalização, por que não se exige uma descentralização, desconcentrando competências e descongestionando atribuições?



Argumenta-se que a regionalização é determinada pela Constituição, mas a Constituição não previu a vocação dos partidos para entenderem o poder como uma coutada.

Além disso, não há em Portugal, como em Espanha ou noutros países, uma questão de “direito de sangue” ou de “direito de solo”. O que nos falta é uma cultura de mérito, uma concepção de poder menos oligárquica (vemos sempre o poder nos mesmos políticos), uma cultura de sentido de Estado, um exercício de poder aberto ao diálogo e à corresponsabilidade e a capacidade de criar condições institucionais necessárias à descentralização que faça o equilíbrio entre o interesse do interior e do litoral, do centro e das periferias.


Este problema pode ser resolvido sem engrossar o volume do aparelho de Estado e aumentar artificialmente mais “jobs” para “boys” que falam bem, vestem melhor, mas não acrescentam vantagens para a resolução dos nossos problemas.


Falar em regionalização política sem retirar aos partidos o monopólio das decisões é incentivar o País a “ajardinizar-se” e a caminharmos para um pântano muito pior do que aquele em que já vivemos.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

 

Sofro pelo meu Spaniel Breton

Envenenaram-me o meu Spaniel Breton, no Domingo, no lugar da Venda da Gistesta, em Soalhães, no Marco de Canaveses.

Mal entrei no monte, uma sardinha envenenada por um selvagem covarde, criminosos, invejosos e sem sentimentos, atraiu-o para a morte cruel. O cão era muito meigo, as minhas filhas adoravam-no e iria ser o divertimento da minha netinha. Não tenho conseguido dormir, pois ouço os seus gemidos angustiantes.


Espero que esse Selvagem e Filho da Puta, que quer a caça só para si, um dia engula o que deitou naquela sardinha para aprender que não devemos fazer aos outros o que não queremos que façam a nós, que o sofrimento desnecessário é crueldade e que a pior barbaridade é banalizar o mal.

sábado, dezembro 12, 2009

 

Homenagem


A Casa da Beira Alta homenageou, hoje, o meu amigo Manuel António Pina. Trago nos sentimentos e na memória um verso seu que citou: «a vida é um rio que corre para a nascente».

Ouvi o Professor Arnaldo Saraiva enaltecer a sua obra de poeta e escritor. Mas, para quem conhece o Pina, quem dele é amigo há muitos, muitos, muitos anos e com ele viveu horas de grande felicidade, como foram as do 25 de Abril, e de grande tristeza, como a partida sem dizer adeus do nosso amigo comum Xico Cordeiro, a homenagem obriga-o a entrar numa canoa e a deixar-se ir nesse rio que corre para a nascente. Dei-lhe um abraço e ofereci-lhe o que sabia que ele mais gostava: uma caixa de charutos que a minha filha trouxe de Cuba. Foi o melhor que tinha.

Obrigado Pina, por seres meu amigo.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

 

Em defesa do meio-ambiente

Dia 12 de Dezembro pessoas do mundo interio irão se manifestar por uma mensagem única:

O Mundo Quer um Acordo Climático pra Valer!
Já tem mais de 1700 eventos no mundo todo.

Clique aqui para encontrar um evento perto de você

http://www.avaaz.org/po/real_deal_map/?cl=390518031&v=4753

domingo, dezembro 06, 2009

 

"O Estado sou eu!"


O líder parlamentar do PS, Francisco Assis, utilizando a velha falácia de tomar a instituição por quem a dirige, acusou hoje o PSD de "optar por uma via radical, extremista e irresponsável", ao propor a abertura de uma comissão de inquérito ao programa do computador "Magalhães".
Quem não se lembra da frase de luís XIV “O estado sou eu”.
Quando se fala em nome das instituiçoes não é em nome da democracia que se fala e nunca deu bons resultados.

sábado, dezembro 05, 2009

 

Em vez de retórica, exige-se “mãos limpas


Uma grande manifestação percorre, hoje, as ruas de Roma. Exige-se que "A política se faça com mãos limpas" e pede-se a Berlusconi que se demita e aceite ser julgado".
Exigência difícil, já que deixaram Berlusconi juntar ao muito dinheiro que tem um poder quase absoluto.

Por aqui os sinais de apodrecimento do regime são tão preocupantes como em Itália. Também aqui é mais inconstitucional saber donde provém o dinheiro ilícito que a própria corrupção (que destrói os alicerces de um estado de Direito). O governo governa, segundo os interesses dos Banqueiros e fala em Estado de direito como se o Estado não fosse de todos nós.

O Estado de direito tem leis iguais para todos, não privilegia ninguém, respeita a separação de poderes e pauta-se pela transparência. Não pode ser, por isso, a "palavra-armadilha", a cortina que esconde, fazenco jeito a muitos banqueiros que querem encobrir quem lá deposita muito dinheiro, ganho ilegalmente, sem explicar a sua proveniência.

Mais cedo ou mais tarde teremos de vir para a Rua pedir “mãos limpas para a política” em Portugal, antes que a democracia seja um conceito sem sentido.

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