quarta-feira, novembro 04, 2015
Os lugares onde se cruzaram as rotas das expedições
militares com as dos mercadores e peregrinos sempre foram locais de repouso. Aí
se descansava e para recuperar forças havia o repasto que permitia a gentes
diferentes e de diferentes costumes partilharem formas de temperar, cozinhar, experimentar
especiarias e ervas para apurar sabores e aromas.
O Castelo, hoje denominado Castelo dos Mouros, está reduzido ao monte sobranceiro à Ponte, que pelo seu monumental arco ogival, deu nome ao local.
E é, por isso, que não se pode estar na Ponte sem nos sentirmos numa sacada que nos abre horizontes para todos os tempos e nos põe a pensar nas gentes que por ali terão passado, nas freimas de todos os géneros e de todo o tamanho que levavam na cabeça e nas múltiplas direções que tomaram.
Por ali passaram peregrinos que iam em direção ao Santuário Rupestre de Panoias, legiões de soldados, viandantes e mercadores que se dirigiam a Tongóbriga para pagar impostos, receber ordens ou vender produtos e, ainda, romeiros que se dirigiam a Santiago de Compostela. É também possível, que pela Ponte do Arco, passasse S. Gonçalo Dias, nascido no lugar do Barral (onde, segundo as Inquirições do Marquês do Pombal, um cruzeiro ficou a assinalar a casa onde nasceu) para ir ter com os frades do Convento de S. Gonçalo de Amarante. Com estes aprendeu gramática e latim, antes de partir, como ajudante de marinheiro, nos Galeões Reais de Espanha, para a cidade de Callao, no Perú, onde foi missionário e ganhou fama de santo milagroso.
Esta sabedoria milenar enriqueceu a gastronomia da nossa
Terra. Por alguma razão, muito antes de se chamar Folhada, esta Freguesia era denominada
Pousada. Só muito depois da criação da nacionalidade, é que apareceu a
referência ao topónimo Folhada. É em 1542 que, no Sensual da Mitra (documentos
da história da diocese do Porto), surge a designação Sam Joham da Folhada.
Talvez este topónimo tenha a ver com a quantidade de folhas que apareciam junto
a uma árvore frondosa que terá existido no adro da igreja (que terá
desaparecido com a ocupação do local pelos mouros), onde aconteciam as
assembleias de anciãos prestigiados.
Esta Terra integrava-se num couto de Dona Teresa e de
seu filho, Afonso Henriques. Doaram-no, em “carta de couto” aos Cónegos do
Santo Sepulcro, do Convento de Águas Santas para recompensar os cruzados dessa
Ordem que, a partir do Burgo, assim designado por ser um lugarejo de cruzados
da Borgonha, ajudaram o Conde D. Henrique a libertar dos mouros o castelo
romano que existiu junto à Ponte do Arco.O Castelo, hoje denominado Castelo dos Mouros, está reduzido ao monte sobranceiro à Ponte, que pelo seu monumental arco ogival, deu nome ao local.
A Ponte, considerada uma obra santa, ajudava a superar
o obstáculo do rio Ovelha, em tempos chamado Mendo, em dias invernais e
facilitava os trajetos terrestres.
Foi reconstruída na Alta Idade Média e voltou a servir
de “miragem” para gentes que ambicionavam atingir outros locais. E é, por isso, que não se pode estar na Ponte sem nos sentirmos numa sacada que nos abre horizontes para todos os tempos e nos põe a pensar nas gentes que por ali terão passado, nas freimas de todos os géneros e de todo o tamanho que levavam na cabeça e nas múltiplas direções que tomaram.
Por ali passaram peregrinos que iam em direção ao Santuário Rupestre de Panoias, legiões de soldados, viandantes e mercadores que se dirigiam a Tongóbriga para pagar impostos, receber ordens ou vender produtos e, ainda, romeiros que se dirigiam a Santiago de Compostela. É também possível, que pela Ponte do Arco, passasse S. Gonçalo Dias, nascido no lugar do Barral (onde, segundo as Inquirições do Marquês do Pombal, um cruzeiro ficou a assinalar a casa onde nasceu) para ir ter com os frades do Convento de S. Gonçalo de Amarante. Com estes aprendeu gramática e latim, antes de partir, como ajudante de marinheiro, nos Galeões Reais de Espanha, para a cidade de Callao, no Perú, onde foi missionário e ganhou fama de santo milagroso.
E foi pela ponte do Arco que, a partir de 13 de Maio
de 1757, multidões de amedrontados pelo despotismo do Marquês do Pombal
acorriam ao Outeiro do Pedreiro (local onde mais tarde se construiu a Capela de
Nossa Senhora da Aparecida) para pedirem, com as três pastorinhas a quem a
Virgem apareceu, a protecção divina para os infortúnios da vida.
É ainda possível que por aí tenha passado num dia
invernal José Policarpo de Azevedo, condenado à morte pela fogueira, depois de
ser acusado de tentar matar o Rei, D. José I quando este regressava de casa da
sua amante, Teresa de Távora, que acerca de si própria terá dito: “fui amante
de Sua Majestade D. José I de Portugal e dos Algarves. E
sou mulher que cultivou perigosamente a beleza e fui de uma volúpia cegante”.
O foragido já levaria a cara queimada com vitríolo
para não ser reconhecido e tinha como destino Padrões da Teixeira, onde
construiu uma pequena estalagem que recebia os recoveiros que se dirigiam para Vila
Real ou para a Régua.
No séc. XVIII, deu-se um impulso agrarista nesta Terra
com o desenvolvimento de várias culturas, como a vinha, o trigo, o
centeio, o linho, os pomares e,
sobretudo, o milho grosso. Nos locais soalheiros apareceram os conhecidos canastros
ou espigueiros. A abundância de alimentos fez crescer a natalidade e alterou a
paisagem.
A designação de “Quinta do Beiral” tem muito a ver com
o perfil da nossa Terra. O beiral serve de pousada: resguarda da chuva, mas
também da fadiga e serve de pouso para saborear alimentos, apreciar os bons
vinhos e trocar ideias.
Quem passa pelo Restaurante da Quinta do Beiral pode
contar com uma cozinha tradicional, feita com uma experiência milenar, mas também referências dum património cultural
que poderá visitar para melhor compreender a nossa história colectiva, as
raízes que fazem a nossa identidade.