quarta-feira, agosto 13, 2008

 

Por que não se investe na prevenção do crime?!...

Portugal é o País com mais criminologistas por m2 de ecrãs de TV. Todos dizem o mesmo. São especialistas da vulgaridade! Entretanto, não se faz investigação criminal e as polícias trabalham a granel, desligadas umas das outras. As escutas dos telemóveis são o meio barato e expedito de que se servem para detectar criminosos.

Investir na prevenção do crime, fazer trabalho no terreno e desenvolver uma base de dados disponível em rede entre as polícias fica caro e o governo precisa de poupar para o espectáculo de mostrar obra que se veja na campanha eleitoral.

Como aparecem muitas armas de caça em mãos de criminosos, os armeiros foram logo escutados. Com essas escutas foram apanhados muitos caçadores com conversas esquisitas. Pedir a cabeça de javali pode levar a suspeitar de algo muito bélico e não dum troféu de caça embalsamado; saber se tem uma arma automática pode ser associado à procura de uma metralhadora e não de uma arma de caça (semiautomática) de três tiros.

Perante suspeitas tão graves, foi ordenado pelo Ministério Público (onde a arte cinegética não é, geralmente, cultivada) as buscas necessárias. Nada de especial foi encontrado, mas os caçadores (os únicos civis que para manejar uma arma têm de entregar atestado médico, registo criminal, prestar provas teóricas e práticas e obter as licenças adequadas) foram tornados no inimigo público número um pelos media.

Se houvesse trabalho de investigação no terreno sabia-se o que é evidente: quando um caçador falha a peça, só há uma de duas razões: precisa de mudar de cartuchos ou mudar para uma arma de três tiros que na gíria é chamada arma automática.

Entretanto, o homem que em Loures levava consigo o filho que terá sido vitima de uma bala disparada pela polícia, depois de ouvido sobre o assalto que fez a uma vacaria, foi mandado em paz. Soube-se, depois, que era um perigoso foragido, acusado de assaltar e maltratar idosos.

Por que é que tudo isso aconteceu?!...

Nem os criminologistas de serviço nem o Ministro das polícias nunca previram esta situação. Não foram capazes de descobrir que sem uma investigação no terreno e uma base de dados que possa disponibilizar uma informação em rede às polícias não há combate à criminalidade consequente. Também não dão conta de uma outra consequência do trabalho desligado e a granel das polícias: está-se a criar a ideia de que todos são potenciais criminosos até prova em contrário. É o regresso à ideia hobbesiana de “homo lupus homini”.

Mas uma sociedade da suspeita, que não desenvolve um capital de confiança não será uma sociedade decadente e sem esperança?!... E isso não potencializa a acção que levou à morte do filho desse foragido?!...Talvez fosse bom que os criminologistas e o Ministro das polícias pensassem nisto!

Será que isso vai acontecer?!...

Comments:
prevencaodocrime.blogs.sapo.pt
 
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