segunda-feira, abril 12, 2010

 

A entrevista de Pedro Passos Coelho


Procuro percebê-lo. Gostei da entrevista de Pedro Passos Coelho com Sousa Tavares. Isso não significa que me passei para o PSD. Ouvi-lo é poder avaliar a oposição que terá Sócrates e isso é bom para Portugal; ou seja, para todos nós.


O governo socratoide entrou numa desorientação total, sem ideias para os problemas graves do País. Como referiu Pedro Passos Coelho, governa com a paranóia de tudo governamentalizar, de confundir os interesses do Estado com os do PS e de nada fazer para promover um desenvolvimento económico sustentado do País, sem estar à espera de 2013.

Pedro Passos Coelho promete libertar os negócios e as instituições da sofreguidão do PS, criar reguladores autónomos e separar o PGR do Governo. Naturalmente, todos os seus objectivos trazem perigos: armadilhar um bloco central que, através do Parlamento, venha a dominar o País.

Há ainda outros problemas que ficaram sem resposta: os empreendimentos megalómanos, a ausência de estratégias para a educação, a saúde, a Justiça, etc., e a necessidade de apoiar os empresários. Temos um empresariado que, na maioria dos casos tem uma estrutura muito particular e diferente de todos os outros países da Europa: os patrões, na sua grande maioria, são, geralmente, menos cultos e com menos habilitações que os seus trabalhadores e isso tem reflexos no modo como encaram as suas empresas: nas situações de crise estão mais preocupados em manter os seus luxuosos carros do que converter as suas empresas para as tornar rentáveis, servir o País e superar as crises.

Sucedâneo desta questão aparece o culto do Dr. Um boy sente como condição do seu sucesso na mesa do orçamento adquirir esse estatuto em regime de “aviário”. Acresce, ainda, outra questão: temos os gestores mais bem pagos do mundo (com 7,8,9 meses de prémio por atingirem os “ditos” objectivos de gestão). Esta situação é obscena e injusta. Porque é fácil, em Portugal, atingir tais objectivos: só é preciso apresentar lucros. Para isso, despede-se trabalhadores, precariza-se os que ficam, aumenta-se o horário de trabalho e sobe-se o produto fabricado-- o que dá milhões. O interesse no desenvolvimento social não faz parte duma gestão por objectivos. Agora, os direitos adquiridos aplicam-se aos contratos com os gestores, continuando fora de moda no que diz respeito aos trabalhadores

Estas opções demonstram a crise de sentido de Estado que graça no País. É o vale-tudo, para estes governantes. Dizem-se socialistas, como poderiam dizer-se albertinista ou outra coisa qualquer.

Gostaríamos de ver Pedro Passos Coelho reflectir sobre estas questões, mas não o fez.

Ouvi, ainda, a “modesta e humilde” posição de Santos Silva (como ele gosta de afirmar). Continua a ser a voz do “chefe”cinicamente a responder e sempre à defesa. E não escondeu os receios! Mas não despertou interesse.

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