sexta-feira, abril 16, 2010

 

Em nome da papoila: manifesto de apoio ao Dr. Fernando Nobre

Vale a pena ler:
"A clareza e a frontalidade na assunção de princípios, de valores e de conceitos ideológicos bem definidos levam-me a apoiar a candidatura do Dr. Fernando Nobre a Presidente da República.

Assumo, desde já, uma declaração de interesses: sou militante e dirigente Socialista, autarca em regime de voluntariado na Câmara de Gaia, dirigente associativo voluntário numa IPSS. Fui Presidente da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro, sempre sem ordenado.

Sou Sociólogo e Professor na Faculdade de Letras do Porto de profissão. Trabalho desde sempre nas áreas da pobreza, da exclusão social, das políticas sociais, do desenvolvimento (local), do Estado e da Sociologia Política.

Sabe-se que as eleições Presidenciais têm uma especificidade grande: são supra-partidárias, são candidaturas de cidadãos, a que os partidos podem aderir, mas sem a lógica de vinculação partidária tradicional. É por isso que, no passado, houve candidaturas diferentes oriundas do PS, sem leituras abusivas.

Claro que me surpreende ver alguma gente muito preocupada com a ausência de definição do apoio do PS nas Presidenciais. Estranho é que sejam muitos dos mesmos que, há 5 anos, criticavam o PS (que apoiou Mário Soares, e bem) por dar apoio institucional e, dessa forma, “intrometer-se” num acto eleitoral específico, por serem eleições apartidárias e da cidadania.

Assumo uma convicção séria em alguns princípios fundamentais: a verdade, a fraternidade, a igualdade, o serviço público, a democracia e a participação cidadã.

Assumo uma necessidade clara de reforçar a democracia com formas renovadas de participação e de cidadania. O reforço da democracia é a única forma de impedir os totalitarismos e os radicalismos sectários e intolerantes.

Assumo a necessidade de reforçar a acção política e de introduzir novos actores, com provas dadas e vinculados ao Humanismo e à Solidariedade (global).

Desprezo o economicismo puro e o capitalismo selvagem e predatório, que tem atirado vastas camadas da população para os limiares da sobrevivência. Desprezo esse modelo vocacionado para reproduzir as desigualdades, seja num contexto local, seja num contexto supra-nacional.

Questiono uma divisão internacional do trabalho que compatibiliza crescimento económico com aumento da pobreza e das desigualdades.

Acredito em processos de mudança. Mas em processos de mudança sem aventureirismos e com conceitos claros e noções explícitas.

Acredito na tolerância e na responsabilidade, na afirmação do Humanismo, de um novo Humanismo capaz de travar os ímpetos fordistas de uma economia avassaladora dos direitos humanos, dos direitos sociais e da cidadania.

Acredito que a acção humana – mesmo em pequena escala – pode mudar pequenas partes do mundo; acredito mesmo que mudando pequenas partes do mundo já estamos a mudar o mundo.

O Dr. Fernando Nobre é uma das minhas grandes referências de Humanismo, de Solidariedade global e de Cidadania. Não o é de agora. Começou por sê-lo há muitos anos, quando me inspirou a experimentar caminhos e preocupações sociológicas concretas, mas também quando me inspirou a uma acção de base local, acreditando poder melhorar o mundo de cada vez que se muda a vida das pessoas.

E foi-o também quando me levou a viajar com a AMI, rumo a Réfane, no Senegal, onde experimentei das mais fortes emoções da minha vida e onde senti que, a propósito da construção de um Centro de Saúde, estava a ajudar a mudar a vida de muita gente. Onde senti o que vale o ser humano.

É possível que ele não seja um homem dos grandes discursos redondos. Mas é claramente um homem dos grandes exemplos. E o mundo, o país e a vida precisam cada vez mais de gente de exemplos. Conte comigo, Dr. Fernando Nobre. Concordo consigo quando refere, no seu livro Humanidade, que “a Democracia, que em todas as minhas conferências comparo a uma papoila, não é perene. Ela terá de resistir, de se adaptar às mudanças ou de morrer, transitoriamente, até que o sopro da liberdade lhe volte a dar vida.

A democracia é uma papoila frágil: logo que colhida, morre, mas é uma flor que renasce sempre, mesmo no terreno mais inóspito, entre as pedras dos escombros e do lixo”.

Eduardo Vítor Rodrigues

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