quarta-feira, março 21, 2007

 

Tempo de Poesia


Todo o tempo é de poesia

Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.

Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia

Todo o tempo é de poesia

Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.

Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.

António Gedeão

Comments:
O Gedeão é um dos meus poetas de eleição.
Ouvi dizer que em público não era muito alegre nem expansivo.
Mas nos poemas o humor está sempre sempre.
O mesmo se diga dos títulos,... então não é que editou « poemas póstumos », ainda em vida?! E salvo erro « segundos poemas póstumos!
 
E que bom que é o tempo, todo, de poesia.
 
E fazer da vida uma poesia! Não é dificil. é só não termedo de ser genuinamente anarquico.
 
Pois, concordo, é só não ter medo. Mas eu tenho-o muitas vezes.
:-)
 
Pior que o medo, é o sentimento de "não vale a pena"!
 
Ora nem mais. Numa das caixinhas de outubro ou Novembro/2006 deixei expressa essa ideia, embora não me recorde a propósito do quê. Talvez, a propósito dalgum texto seu menos esperançoso.

Ai de nós quando deixarmos abater-nos de forma duradoura (sim, porque de forma pontual acontece-me muito) pelo sentimento de que já não vale a pena.
 
Estou de acordo. Mas, são tantas as desilusões e a força que contrarie os nossos sonhos, a nossa vontade, é tão poderosa que nos faz cair os braços.
 
Conhece a expressão "Sustine et abstine"? Ponha-a em prática se faz o favor.
 
Não sou estoico!
 
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