segunda-feira, setembro 29, 2008
no centenário da morte do romancista e poeta

Para as rosas, escreveu alguém,
o jardineiro é eterno.'
E que melhor maneira de ferir o eterno
que mofar das suas iras?
Eu passo, tu ficas;
mas eu não fiz mais que florir e aromar,
servi a donas e a donzelas, fui letra de amor,
ornei a botoeira dos homens, ou expiro no próprio
arbusto, e todas as mãos, e todos os olhos me trataram
e me viram com admiração e afecto.
Tu não, ó eterno;
tu zangas-te, tu padeces, tu choras, tu afliges-te!
A tua eternidade não vale um só dos meus minutos.
Machado de Assis
(1839-1908)
Enviado por Amélia Pais
domingo, setembro 28, 2008
Um País em retrocesso!

O resultado está à vista: faltam médicos e o Ministério da Saúde promove acordos para contratação destes profissionais de países de leste e da América latina.

Entretanto, Sócrates exalta com o “orgasmo” das novas tecnologias. Mas para que servirão?!... Sem o desenvolvimento do conhecimento, que só uma escola exigente (e não “rasca” como a que temos) pode dar, não vão fazer a diferença (como gosta de dizer o nosso Primeiro): apenas aumentarão a inflação de diplomas para a inutilidade e o desemprego.
terça-feira, setembro 23, 2008
Governar para o espectáculo!

Este Governo criou uma Lei das armas que tem um efeito semelhante à Lei Seca criada no século passado nos E.U. Favorece o contrabando, as máfias e a clandestinidade e deu um sinal aos criminosos de que só a polícia os podia enfrentar.
Por outro lado, a catadupa de operações de fiscalização está a saturar as polícias e pelos resultados conhecidos só sobra espectáculo que apenas cria receios a caçadores que transportam as suas armas sem aloquete ou a quem possa ter um canivete.
Tudo isto é o resultado da incapacidade deste Governo avaliar as consequências das políticas que vai gizando.
Governa para espectáculo e como quem navega à vista!
Contra o abuso e a arbitrariedade das petrolíferas.

Não temos uma entidade que regule responsavelmente e a sério os preços dos combustíveis nem o Governo de Sócrates parece estar interessado em intervir. Temos de dar um sinal de indignação: participemos na Jornada de Protesto da DECO.
No próximo dia 27, sábado, ninguém abasteça os seus veículos durante o dia.
segunda-feira, setembro 22, 2008
Reformismo simplex

É um objectivo generoso, mas nada tem de original. Isso já é prática das escolas. Espero, tenho a certeza, que o espírito simplex desta Ministra vá mais longe: entregue na altura do baptismo ou do registo das crianças o diploma do 9º ano, a seguir o do 10º, logo depois o do 12º anos e, na altura da primeira comunhão, um diploma de licenciatura em engenharia ou outra coisa qualquer.

Já há uma porta para esta “revolução no ensino simplex”, aberta pelo próprio Primeiro Ministro: num domingo e em casa, contra toda a tradição complex, fez exame de inglês técnico!
Por que se há-de, então, estranhar que a sua Ministra não continue a revolução simplex?!...
Deixam de ser necessários os “chatos” dos professores, Sócrates acha porreiro, o Dr Albino da Confederação dos Pais até agradece e as estatisticas vão confirmar o sucesso das políticas deste Governo!
Ah!... E aquele jovem professor, que há 1 ano no "Prós e Contras" teve a frontalidade de dizer que foi aconselhado por inspectores a passar todos os alunos, pode regressar ao ensino. Já não para ensinar, mas para despejar diplomas.
OUTONO

reaprender o outono -
todos nós regressamos ao teu
inesgotável rosto
Emergem do asfalto aquelas
inacreditáveis crianças
e tudo incorrigivelmente principia
Já na rua se não cruzam
olhos como armas
recebe-nos de novo o coração
E sabe deus a minha humana mão
Ruy Belo
In: http://silvialaf.multiply.com
Ruy Belo
In: http://silvialaf.multiply.com
sexta-feira, setembro 19, 2008
Mais palavras para quê?!...

Mais palavras para quê?!...
Só?!...

Há quem diga que as leis são ambíguas e o Ministério Público não está organizado nem tem meios para combater esses crimes. Pode-se, então, presumir que estes números são uma gota no oceano.
Será por isso que aparecem os temas ditos fraturantes, como o casamento entre homossexuais?!...
quinta-feira, setembro 18, 2008
Sobre caça

(…) Convém lembrar que uma das mais ilustres amizades que existiram no planeta Terra – a amizade entre o grego Políbio e Escipião Emiliano – fosse ocasionada e urdida no seu comum entusiasmo pelas caçadas.”
José Ortega y Gasset in: “Sobre a caça e os touros”
Quem quiser ler o artigo que escrevi, repudiando o tornarem os caçadores no inimigo nº 1 deste País, clique aqui:
http://www.santohuberto.com/sh_conteudo.asp?id=1305

E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.
álvaro de campos.fernando pessoa
terça-feira, setembro 16, 2008
Um retrato do bloco central

Afirma o seguinte:
“Quando se observa ao espelho, o Partido Social Democrata verá uma organização plural, com bases e elites, urbanos, rurais, liberais e sociais-democratas. Mas a realidade é bem distinta. Esse partido já não existe e a sua herança está a ser espartilhada pelos que se acham herdeiros das elites, numa manifesta arrogância intelectual; mas também pelos que se julgam condutores das bases. Os actuais dirigentes não representam nem uns nem outros, mas tão-só a si mesmos: de um lado, os gestores de grandes negócios e, do outro, os caciques, detentores de pequenos poderes. (…)Os actuais dirigentes, "elitistas" estão ligados à finança, a famosos escritórios de advogados e constituem, com os seus parceiros do Partido Socialista, o bloco central de interesses. Controlam os grandes negócios do Estado, desde a construção do comboio de alta velocidade aos investimentos protegidos, designados de interesse nacional, passando pelos projectos do ambiente ou auto-estradas. Comem à mesa do orçamento e o partido é apenas mais uma das muitas plataformas em que desenvolvem a sua actividade empresarial. Sobreviveram à condenação no escândalo de financiamento partidário "Somague" e nada parece limitar a sua gula”
Pode-se trocar PSD por PS e vice-versa. O resultado é o mesmo! Este é um retrato fiel do bloco central.
Pode-se trocar PSD por PS e vice-versa. O resultado é o mesmo! Este é um retrato fiel do bloco central.
Alguém tem dúvidas?!...
Onde está a crise?!...

Desde 1997 o universo de indivíduos com reformas superiores a quatro mil euros por mês já aumentou 640%, uma média de 358 novos reformados milionários por ano.
Os outros reformados viram a sua reforma diminuir cerca de 17%.
segunda-feira, setembro 15, 2008
“O milagre educativo”

É justo. Ainda há dias a ministra da Educação se congratulava, sem sorrir, com as aguardadas estatísticas de 2008, o prodigioso ano em que, em vésperas de eleições, quase ninguém chumbou (na escola, pois chumbos na vida não são problema do ME).
Com notável desprendimento, o Governo atribuiu então os louros ao "esforço de professores e alunos", embora seja de justiça reconhecer que sem aquela grande ideia dos exames fáceis o país não teria decerto "milagre educativo" para festejar. Por isso, em vez de premiar os bons alunos, talvez o Governo devesse antes premiar alunos como o Luís, de 15 anos, um dos milhares de milagrados do ME, que foi notícia no "Expresso" por ter passado do 6º para o 7º ano com oito negativas e uma só positiva (a Educação Física).
De facto, é a alunos como o Luís que fica a dever-se o bombástico milagre educativo português. Os bons alunos? Esses já contribuiriam para as estatísticas, com milagre ou sem ele. E apesar dele".
Manuel António Pina. In: JN
Obs: O Manuel Pina esqueceu-se do papel que tem desempenhado o programa “novas oportunidades” no desenvolvimento intelectual e económico do País. Deixo, aqui, um vídeo que pode ajudar a compreender, de forma eloquente, a revolução cultural da Drª Maria de Lourdes Rodrigues e do Eng. Sócrates.
domingo, setembro 14, 2008
“O campeão do bota-abaixo”

«o bota-abaixo no emprego, nas reformas que diminuíram e vão ser mais pequenas no futuro, nos salários que são mais pequenos agora, no poder de compra das pessoas que é atacado pelo aumento dos juros mais elevados da Europa».
«Bota-abaixo é esta perseguição ao salário, às reformas, aos empregos. Bota-abaixo é atacar um elemento fundamental de uma solidariedade e de respeito de políticas públicas, bota-abaixo é destruir o Serviço Nacional de Saúde, é atacar a educação, isso é bota-abaixo; José Sócrates é o campeão do bota-abaixo».
Sócrates usa e abusa das palavras como armadilhas. Louçã, soube virar a "armadilha" contra o armadilhador e fez o que é de esperar duma pessoa inteligente.
Valerá a pena!!!...

Mas quem quererá ser alternativa, se o país está falido?!...
sábado, setembro 13, 2008
Sócrates, hoje, no fórum “Novas Fronteiras”

Não se percebe esta obsessão! Se o problema de Sócrates “nobre e sério”é este (fazer oposição à oposição), bem precisamos de arranjar quem deixe a obsessão do paleio de circunstância e esteja com vontade de servir o país, preocupando-se com a questão do desemprego, da justiça, da educação, da segurança, etc.; isto é, do bom governo.
CANÇÃO À INGLESA

Levei a mochila das coisas que sei para o lado e prò fundo
Fiz a viagem, comprei o inútil, achei o incerto,
E o meu coração é o mesmo que foi, um céu e um deserto
Falhei no que fui, falhei no que quis, falhei no que soube.
Não tenho já alma que a luz me desperte ou a treva me roube,
Não sou senão náusea, não sou senão cisma, não sou senão ânsia,
Sou uma coisa que fica a uma grande distância
E vou, só porque o meu ser é cómodo e profundo,
Colado como um escarro a uma das rodas do mundo.
Álvaro de Campos
sexta-feira, setembro 12, 2008
"No Dia Nacional do Prémio!"

Podia-se pensar que o Major não se importava de ficar desprendido da cabeça pela máquina decepadora que Joseph-Ignace Guillotin, com grande sentido de humanismo, inventou, para se juntar à galeria de notáveis, onde já marca presença Luís XVI, Maria-Antonieta e Nicolas Jacques Pelletierque, homem de uma tão boa consciência que a certificou com a certificação do sistema. Mas não!
Pelo currículo do Major o que se advinha é que pretenda levar ao limite o impulso generoso de só fazer o bem, como já demonstrou com a doação de
electrodomésticos ao seu povo de Gondomar. Agora, entrega-lhes a própria cabeça. E não se pense que o troféu é pouco valioso. O prendado ficará com competências que valem milhões na escola do "olhar pela vidinha" de forma rápida e com “flexissegurança".

No "Dia Nacional do Prémio" pelas competências escolares, fica bem a Valentim este eloquente e generoso gesto: "cortem-me a cabeça"!
È pena que muitos outros da mesma escola não levem, de forma efectiva, à prática o seu gesto!
quinta-feira, setembro 11, 2008
11 de Setembro

Faz, hoje, 34 anos, que, no Chile, um golpe militar comandado pelo general Pinochet derrubou o presidente Salvador Allende e iniciou uma das mais sangrentas ditaduras da Améric

http://www.youtube.com/watch?v=lwThCst0vD0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=lGtCeyu9hxQ&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=c5DrcIZj95Y&feature=related
segunda-feira, setembro 08, 2008
Acertem agulhas!

Não seria melhor levarem Sócrates para o PSD e Filipe Meneses para o PS?!... É que só assim acertam as agulhas!
domingo, setembro 07, 2008
Um bom discurso!

Para um Governo que diz ter preocupações sociais, não podia ter mostrado maior insensibilidade social. Mais uma vez se viu que o Governo não sabe actuar fora do espaço do espectáculo e do mediatismo, o cenário em que verdadeiramente se move bem".
Manuela Ferreira Leite
Obs:Não podíamos estar mais de acordo!!!
Manuela Ferreira leite tem raízes aristocratas e isso tem consequências na sua postura humana, quer queiramos ou não. O seu avô foi ministro na monarquia. Sócrates é um chico-esperto. Aprendeu umas coisas de marketing político, ensaiou um estilo, quis ser engenheiro a todo o preço, veste bem, mas falta-lhe o fundamental: não ultrapassar as barreiras da dignidade humana. Comporta-se como um “novo-rico” que gosta de fazer espectáculo sem se importar de anatematizar e humilhar os mais pobres, os que vivem em condições sociais degradantes. O seu socialismo não convence ninguém: só pode convencer os que confundem socialismo com "espectáculo social". E o PS está a abarrotar com esse tipo de gente!
Red Bull Air Race


Gostei! Não tirei muitas fotos, porque não consegui que a objectiva da minha mini máquina conseguisse espreitar as acrobacias por entre um formigueiro de cabeças. Mas deixo três fotos para testemunhar a minha preocupação.

Já, agora, fiquem os fãs deste desporto a saber que foi o austríaco Hannes Arch quem venceu a Red Bull Air Race, do Porto, com a marca de 01.07.00 segundos. Para mim, isto pouco significa: o que foi mesmo lindo e valeu a pena foi o espectáculo dado pelos aviões e pelo público.
sábado, setembro 06, 2008
Vindimas

Setembro. Calma. O sol é um grito rubro
na alegria do céu azul cobalto,
e em tua musical voz de contralto
cantam manhãs de abril, tardes de outubro.
Vindimas. Sob os pâmpanos descubro
cachos de ouro que ao teu desejo exalto...
Chamo por ti, erguendo as mãos ao alto...
Corres... E és, como o sol, um grito rubro!
Vens alegre e vermelha como as brasas,
depois, num vôo, as tuas mãos são asas...
Ergues um cacho de ouro à boca em sangue.
Solta-se o teu cabelo. . . Mar de seda!...
A bárbara volúpia me embebeda,
e unes a boca à minha boca exangue!
na alegria do céu azul cobalto,
e em tua musical voz de contralto
cantam manhãs de abril, tardes de outubro.
Vindimas. Sob os pâmpanos descubro
cachos de ouro que ao teu desejo exalto...
Chamo por ti, erguendo as mãos ao alto...
Corres... E és, como o sol, um grito rubro!
Vens alegre e vermelha como as brasas,
depois, num vôo, as tuas mãos são asas...
Ergues um cacho de ouro à boca em sangue.
Solta-se o teu cabelo. . . Mar de seda!...
A bárbara volúpia me embebeda,
e unes a boca à minha boca exangue!
Américo Durão
(Portugal,1893 a 1969)
sexta-feira, setembro 05, 2008
Para leres numa manhã de chuva

Quando a chuva cai,
impiedosa e rija,
encharcando de lágrimas
encharcando de lágrimas
os telhados das casas todas...
Quando a chuva cai,
dolorosa e triste,
de um céu pesado
de amargura e acusação,...
agonias esquecidas
nos sobem outra vez no peito...
(ah! essa sensação de nada se ter feito!...)
...a lembrança das horas inúteis,
dos anseios desprezados,
dos gestos impiedosamente deturpados...
Quando a chuva cai,
toda a agonia de uma vida mesquinha,
nos invade outra vez...
para que a natureza
não chore sozinha...
Alda Lara
(Angola,1930-1962)
Obs: este poema bem vivido foi-me enviado por Amélia Pais que lembra Angola e os seus amigos angolanos, em especial a Maria Gomes e o António Cardoso Pinto. Solidarizo-me com a sua intenção.
Os deuses já têm por onde escolher

Chegou atrasada: os aiatolas, bem como todos os talibás, já há muito defendem isso. E, pelas leis do mercado (os deuses são feitos à imagem e semelhança dos homens e, por isso, não são, como diria Eça,de pau!) levam vantagem: têm muitas e muitas virgens a oferecer.
Ora, como se sabe, nesta matéria, Sarah Palin, mesmo entre os seus mais próximos, está falida ou coisa semelhante.
http://videos.sapo.pt/8sFIoqG6HgfAZGWjMMJW
quarta-feira, setembro 03, 2008
Roubado por esticão!

Se pudesse,emigrava!
terça-feira, setembro 02, 2008
A escola, a democracia e a iliteracia
Os mais recentes estudos sobre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) revelam que a iliteracia funcional tem aumentado com a incapacidade da escola desenvolver hábitos de trabalho, capacidade de interpretação, gosto pela leitura e pela escrita; e com isso ter aumentado nos alunos a dependência da televisão. Entre as consequências desta situação está a perda de uma cidadania responsável, capaz de criar expectativas sobre um mundo mais justo e lutar por elas -- o que se reflecte na qualidade da democracia.
Como sabemos, um iletrado funcional é aquele que não dispõe de conhecimentos e competências adequadas a um correcto desempenho das suas funções. Recebe a informação, mas é incapaz de a problematizar, interpretar, perceber o sentido que a acompanha e dar-lhe um valor. Não constrói conhecimento, porque lhe falta o treino de reflexão que a escrita e a leitura proporcionam. Apenas recebe acriticamente o que lhe transmitem.
Quem lê e escreve desenvolve estruturas mentais diferentes daquele que só vê. Ler e escrever são actividades regidas por regras, obrigam a voltar atrás para melhor compreender e só se pode entender o significado das palavras compreendendo os efeitos que elas produzem. As imagens televisivas colocam-nos passivamente em contacto com a realidade e condicionam sentimentos e emoções, em vez de provocarem a reflexão.
Os políticos sabem-no muito bem e, por isso, preocupam-se mais com o “como dizer” do que com “o que dizer”. Se, por exemplo, repararmos bem no tom de voz, na expressão do rosto, nos gestos e nas frases curtas e assertivas que utilizam os políticos profissionais em frente a uma câmara de televisão, percebemos que tudo isso foi treinado para ter uma força cénica com que procuram obter a adesão do espectador. A isto se chama “política espectáculo”. Prefere-se o parecer ao ser, o marketing à resolução dos problemas, o espectáculo à realidade, o Maquiavel a Platão, o fazer dos cidadãos espectadores em vez de protagonistas de um mundo mais justo. E a iliteracia funcional harmoniza-se com essas preferências.
A Escola podia contrariar esta situação, mas a Escola de hoje serve mais as estatísticas do pseudo-sucesso do que prepara os alunos para serem protagonistas, exigentes no rigor, abertos à dúvida, capazes de filtrar a informação, conceptualizar, interpretar e analisar. Desvalorizou o trabalho na aprendizagem, baixou o nível de exigências e diabolizou o papel social do professor.
O resultado está à vista! Tornou-se actual o que no “Príncipe” escreveu Maquiavel: «São poucos os cidadãos que vêem claro e a maioria é fácil de enganar (...). São tão estúpidos e seguem tão de perto a necessidade de momento que nunca faltam vitimas ao impostor».
Mas esta situação tem consequências políticas previsíveis! O tempo de Maquiavel demonstrou-o.
Obs: texto que também publico em http://www.grandeportotv.com/catalog/welcome.do?hasFlash=yes
Como sabemos, um iletrado funcional é aquele que não dispõe de conhecimentos e competências adequadas a um correcto desempenho das suas funções. Recebe a informação, mas é incapaz de a problematizar, interpretar, perceber o sentido que a acompanha e dar-lhe um valor. Não constrói conhecimento, porque lhe falta o treino de reflexão que a escrita e a leitura proporcionam. Apenas recebe acriticamente o que lhe transmitem.
Quem lê e escreve desenvolve estruturas mentais diferentes daquele que só vê. Ler e escrever são actividades regidas por regras, obrigam a voltar atrás para melhor compreender e só se pode entender o significado das palavras compreendendo os efeitos que elas produzem. As imagens televisivas colocam-nos passivamente em contacto com a realidade e condicionam sentimentos e emoções, em vez de provocarem a reflexão.
Os políticos sabem-no muito bem e, por isso, preocupam-se mais com o “como dizer” do que com “o que dizer”. Se, por exemplo, repararmos bem no tom de voz, na expressão do rosto, nos gestos e nas frases curtas e assertivas que utilizam os políticos profissionais em frente a uma câmara de televisão, percebemos que tudo isso foi treinado para ter uma força cénica com que procuram obter a adesão do espectador. A isto se chama “política espectáculo”. Prefere-se o parecer ao ser, o marketing à resolução dos problemas, o espectáculo à realidade, o Maquiavel a Platão, o fazer dos cidadãos espectadores em vez de protagonistas de um mundo mais justo. E a iliteracia funcional harmoniza-se com essas preferências.
A Escola podia contrariar esta situação, mas a Escola de hoje serve mais as estatísticas do pseudo-sucesso do que prepara os alunos para serem protagonistas, exigentes no rigor, abertos à dúvida, capazes de filtrar a informação, conceptualizar, interpretar e analisar. Desvalorizou o trabalho na aprendizagem, baixou o nível de exigências e diabolizou o papel social do professor.
O resultado está à vista! Tornou-se actual o que no “Príncipe” escreveu Maquiavel: «São poucos os cidadãos que vêem claro e a maioria é fácil de enganar (...). São tão estúpidos e seguem tão de perto a necessidade de momento que nunca faltam vitimas ao impostor».
Mas esta situação tem consequências políticas previsíveis! O tempo de Maquiavel demonstrou-o.
Obs: texto que também publico em http://www.grandeportotv.com/catalog/welcome.do?hasFlash=yes
segunda-feira, setembro 01, 2008
moravagine

dos trágicos que se perdem em facécias. Não esqueças
que não existe alguma vez progresso
quando o coração petrifica. É
preciso que toda a ciência se
ordene à semelhança dum fruto que
se dependure na ponta de uma árvore
de carne e que amadureça
ao sol da paixão,
histologia, fotografia, campainha
eléctrica, telescópios, pássaros,
amperes, ferro de passar,
etc. – Tudo isto é para deslumbrar a porra da hu-
manidade.
O teu rosto é tão diferente
tão comovente molhado de
lágrimas e pronto a rebentar
de riso.
blaise cendrars,moravagine
trad. e pref. ruy belo
livros cotovia