segunda-feira, setembro 29, 2008

 

no centenário da morte do romancista e poeta


Para as rosas, escreveu alguém,
o jardineiro é eterno.'
E que melhor maneira de ferir o eterno
que mofar das suas iras?
Eu passo, tu ficas;

mas eu não fiz mais que florir e aromar,
servi a donas e a donzelas, fui letra de amor,
ornei a botoeira dos homens, ou expiro no próprio
arbusto, e todas as mãos, e todos os olhos me trataram
e me viram com admiração e afecto.
Tu não, ó eterno;
tu zangas-te, tu padeces, tu choras, tu afliges-te!
A tua eternidade não vale um só dos meus minutos.

Machado de Assis
(1839-1908)
Enviado por Amélia Pais

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