quinta-feira, setembro 18, 2008

 

Sobre caça

“Em todas as revoluções, a primeira coisa que fez sempre o «povo» foi saltar as cercas das coutadas ou demoli-las, e em nome da justiça social perseguir a lebre e a perdiz. E isto depois de os jornais revolucionários, durante anos e anos, terem injuriado nos seus editoriais os aristocratas por serem frívolos que… se ocupavam da caça.

(…) Convém lembrar que uma das mais ilustres amizades que existiram no planeta Terra – a amizade entre o grego Políbio e Escipião Emiliano – fosse ocasionada e urdida no seu comum entusiasmo pelas caçadas.”

José Ortega y Gasset in: Sobre a caça e os touros

Quem quiser ler o artigo que escrevi, repudiando o tornarem os caçadores no inimigo nº 1 deste País, clique aqui:
http://www.santohuberto.com/sh_conteudo.asp?id=1305

Comments:
Meu Caro, não conheço a lei, mas parece haver algum exagero extravagante (este termo está na moda). Sobre “caça” aprecio a canção do Chico Buarque que diz “hoje é o dia da caça e do caçador”. Também me lembro de um filme, que gostaria de rever, creio que de Carlos Saura, “A Caça”.

Na caça propriamente dita apenas invejo a caminhadas pelos montes e as comezainas. Ainda que para realizar estas acções não seja preciso dar cabo da bicharada.
Um abraço, com a letra da

“Caçada”

Não conheço seu nome ou paradeiro
Adivinho seu rastro e cheiro
Vou armado de dentes e coragem
Vou morder sua carne selvagem
Varo a noite sem cochilar, aflito
Amanheço imitando o seu grito
Me aproximo rondando a sua toca
E ao me ver você me provoca
Você canta a sua agonia louca
Água me borbulha na boca
Minha presa rugindo sua raça
Pernas se debatendo e o seu terror
Hoje é o dia da graça, hoje é o dia da caça e do caçador
Eu me espicho no espaço feito um gato
Pra pegar você, bicho do mato
Saciar a sua avidez mestiça
Que ao me ver se encolhe e me atiça
E num mesmo impulso me expulsa e abraça
Nossas peles grudando de suor
Hoje é o dia da graça, hoje é o dia da caça e do caçador
De tocaia fico a espreitar a fera
Logo dou-lhe o bote certeiro
Já conheço seu dorso de gazela
Cavalo brabo montado em pelo
Dominante, não se desembaraça
Ofegante, é dona do seu senhor
Hoje é o dia da graça, hoje é o dia da caça e do caçador
 
Obrigado, amigo.

Julguei que não conhecia o poema, mas conhecia-o. É muito lindo. O mais tocante da caça é o almoço na serra após uma caminhada de quilómetros: grelhar umas febras e ouvir as estórias que se repetem, tal como as rizadas, e depois ficar com a alma cheia de entusiasmo. O melhor é a serra e os amigos. Perdizes, já não há!Mas o Sócrates, com o seu exaltante entusiasmo, ainda nos vai dizer que há mais de 20 anos que não havia tanta caça, graças a ele e às suas políticas "fracturantes".
 
Concordo com o seu artigo, apesar de nada perceber de caça... mas tenho pena... deve ser bom andar por serras e vales, em contacto com a natureza no seu estado mais puro..
 
A perseguição que hoje é feita aos caçadores, em nome da lei da caça, faz lembrar a lei seca nos E.U.
 
A lei das armas está a servir para a GNR e a PSP mostrarem serviço, perseguindo os caçadores, na procura da falta de loquetes, de um documento a que falte um carimbo, etc., etc. A sua concepção faz lembrar a LEI SECA adoptada nos E.U., em 1919. As suas consequências vão ser as mesmas: favorece o contrabando de armas, as máfias e a clandestinidade.
A lei Seca foi abolida 13 anos depois. Esperamos que outro governo acabe com esta imbecilidade.
 
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