sábado, setembro 06, 2008

 

Vindimas


Setembro. Calma. O sol é um grito rubro
na alegria do céu azul cobalto,
e em tua musical voz de contralto
cantam manhãs de abril, tardes de outubro.

Vindimas. Sob os pâmpanos descubro
cachos de ouro que ao teu desejo exalto...
Chamo por ti, erguendo as mãos ao alto...
Corres... E és, como o sol, um grito rubro!

Vens alegre e vermelha como as brasas,
depois, num vôo, as tuas mãos são asas...
Ergues um cacho de ouro à boca em sangue.

Solta-se o teu cabelo. . . Mar de seda!...
A bárbara volúpia me embebeda,
e unes a boca à minha boca exangue!

Américo Durão
(Portugal,1893 a 1969)‏

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