segunda-feira, abril 30, 2007
Foi para vós que ontem colhi, senhora,
este ramo de flores que ora envio.
Não no houvesse colhido e o vento e o frio
tê-las-iam crestado antes da aurora.
Meditai nesse exemplo, que se agora
não sei mais do que o vosso ouro macio
rosto nem boca de melhor feitio,
a tudo a idade afeia sem demora.
Senhora, o tempo foge... o tempo foge....
Com pouco morreremos e amanhã
já não seremos o que somos hoje....
Por que é que o vosso coração hesita?
O tempo foge....A vida é breve e é vã....
Por isso, amai-me.. enquanto sois bonita.
Solveig von Schoultz (1907-1996)
(Tradução de Manuel Bandeira)
este ramo de flores que ora envio.
Não no houvesse colhido e o vento e o frio
tê-las-iam crestado antes da aurora.
Meditai nesse exemplo, que se agora
não sei mais do que o vosso ouro macio
rosto nem boca de melhor feitio,
a tudo a idade afeia sem demora.
Senhora, o tempo foge... o tempo foge....
Com pouco morreremos e amanhã
já não seremos o que somos hoje....
Por que é que o vosso coração hesita?
O tempo foge....A vida é breve e é vã....
Por isso, amai-me.. enquanto sois bonita.
Solveig von Schoultz (1907-1996)
(Tradução de Manuel Bandeira)
domingo, abril 29, 2007
Guia para "prevenir a corrupção".

Ficamos perplexos!...
Por que será que um partido, dito socialista, vai usar a fórmula de combater a corrupção que o regime salazarista descobriu para combater os que conspiravam contra si?!...
Tornar os funcionários públicos uns “bufos” diz bem da qualidade de empenho do PS no combate à corrupção.
O combate à corrupção ficou colocado no lado contrário a esse mesmo combate. E, por isso, só vai, paradoxalmente, favorecer o seu encobrimento.
A sociedade sempre censurou e desprezou os “bufos” ou denunciadores e os verdadeiros socialistas muito contribuiram para isso. O governo, dito socialista, deveria ter isto bem presente!
Fica a questão:
Por que não foi este governo capaz de integrar a corrupção num pacto da Justiça e desenvolver uma campanha cívica que demonstrasse ser a corrupção uma doença social criminosa que corrói a solidariedade e a justiça social, em vez de procurar fazer de cada funcionário público um “bufo”?!...
A conclusão é óbvia:
Este governo da "contrafacção socrática" enveredou pelo individualismo radical do pos-modernismo e perdeu a memória do significado da solidariedade e da justiça social. Ou seja, do que dá sentido à ideia de socialismo e à luta contra a corrupção!...
sábado, abril 28, 2007
Um labéu para resolver o problema dos boys

Sócrates, num estilo que nos vais habituando, diz que só nomeou 53 pessoas, pois as outras já lá estavam nos ministérios. Esqueceu-se, como em todas as falácias, de esclarecer por que nomeou essa gente, se já chegava a que lá estava.
Os milhões e milhões de euros que saem dos cofres do Estado para colocar boys nos gabinetes dos ministros, ao mesmo tempo que são atirados para o desemprego (como supra-numerários) milhares de trabalhadores da função pública, não é, para Sócrates, despesismo, mas um “labéu”.
Depois, com este conceito de verdade e de justiça social, admirem-se da extrema-direita ganhar terreno!....
sexta-feira, abril 27, 2007
O auto-elogio nunca foi uma virtude política

Naturalmente, ninguém esperaria que Pina Moura deixasse à porta da TVI a sua ideologia. Quem o conheceu desde o tempo em que militava na Juventude do PC, lembra-se do seu controleirismo compulsivo (e até sectário). Este vício não se perde com a idade e muito menos com a mudança de um partido de luta (PCP) para um partido de poder, como é o PS.
Não fica bem a Pina Moura o elogio que faz de si mesmo. Até, porque não o merece! Não se conhece nenhum cargo que Pina Moura tenha exercido que não tivesse sido indicado pelo PS. E o facto de ter sido ministro não pode, por si só, dizer muito da sua propagada competência. Pelo contrário: os bons gestores raramente aceitam ser ministros.
Também afirmar que «a sua luta clandestina contra a ditadura foi em nome dos mesmos valores com que esteve no Governo de Portugal e no seu Parlamento» é retórica que já não convence. Uma árvore avalia-se pelos seus frutos e se olharmos para a vida dos portugueses teremos de concluir que bem melhor seria, então, Pina Moura ficar quieto. É que todos os indicadores vão no sentido de se dizer que a vida dos portugueses está cada vez pior em relação à dos outros povos europeus.
E cá dentro, em Portugal, o que se ouve é o seguinte: Pina Moura ( e outros que tais) com a sua retórica sobre «a construção de um Portugal mais justo» vai vendo a sua vidinha a melhorar todos os dias, enquanto os que precisavam de mais justiça social, vão-se sentindo, cada vez mais injustiçados: o desemprego aumenta, a precariedade do trabalho tornou-se escandalosa, só conta o lucro, perdeu-se a dimensão social da empresa, ficou sem dignidade o trabalho na função pública e até apareceram as universidades da contrafacção de diplomas.
Seria bem melhor que os políticos pensassem nas expectativas que frustraram, do que pavonearem virtudes.
Seria bem melhor que Pina Moura e outros como ele, em vez de publicitarem o que fizeram por Portugal, avaliassem os danos que causaram na vida democrática, no sistema educativo, na saúde, na justiça e, sobretudo, na vida dos que mais sofrem.
O auto-elogio nunca foi uma virtude política, nem augura um bom desempenho de um cargo.

O Livro dos Amantes
IX
Pusemos tanto azul nessa distância
ancorada em incerta claridade
e ficamos nas paredes do vento
a escorrer para tudo o que ele invade.
Pusemos tantas flores nas horas breves
que secam folhas nas árvores dos dedos.
E ficámos cingidos nas estátuas
a morder-nos na carne dum segredo.
Natália Correia
quinta-feira, abril 26, 2007
quarta-feira, abril 25, 2007
Manifestação do 25 de Abril no Porto
25 de Abril, bem longe do 25 de Abril!!!...

Pelo menos, tudo isto nos fazia sentir que houve um dia seguinte, o 25 de Abril, em que a poesia encheu as ruas, as palavras se acumularam acima das nuvens e um futuro se encheu de azul.
Hoje, estão longe, muito longe, as madrugadas de esperança. Um povo triste e incrédulo comemora o 25 de Abril com a liturgia de um feriado e toma o amanhã como um dia seguinte, onde é preciso tomar o pulso em cada minuto á fria espessura da vida.
O 25 de Abril ficou coado por uma oligarquia. Perguntamos: que seria de Pina Moura, se não fosse o 25 de Abril?!. .. Talvez já tivesse acabado o curso de engenharia mecânica e nunca se lembraria de tirar o curso de economia! Que seria de Sócrates, se não fosse o 25 de Abril?!... Talvez estivesse a dar aulas no ensino básico e não passasse por aquele embuste duma licenciatura em A4!... Que seria de Dias Loureiro, de Alberto Jardim, de Paulo Portas, José Lello e de tantos e tantos que nada mais sabem fazer do que jogos de poder e de ilusão?!...
O 25 de Abril está bem longe, tão longe que pouco dele resta: surgiram as universidades da contrafacção, a justiça não funciona, o ensino é um logro, a saúde um desespero, o trabalho um privilégio e os novos-ricos já provêm da nomenklatura dum centrão partidário que mal apanhou o poder entrou na roda do jet-set.
Os pobres, esses estão cada vez mais pobres e em maior número e os ricos cada vez mais ricos e em menor número.
Falta inventar a democracia, como diria Olivier Mongin. Falta-nos gente com sentido de Estado e espírito de Abril
O 25 de Abril fica longe, bem longe do 25 de Abril!!!...
terça-feira, abril 24, 2007
Contra o encerramento da Independente!

Vejamos:
- está aberta nas férias do Verão;
- passa diplomas aos Domingos;
- aceita candidatos sem documentação comprovativa das habilitações, confiando na boa fé dos candidatos (princípio humanista);
- maximiza a potencialidade científica dos seus docentes, ao colocá-los a reger 4 cadeiras (ao mesmo tempo que o regente é assessor no mesmo Governo onde um dos alunos é Secretário de Estado);
- permite que uma mesma pessoa, num só ano, faça duas licenciaturas;
- convida os seus antigos alunos, que nunca conheceram, a ir dar aulas para lá;
- estabelece planos de curso pessoais "ad-hoc", sem os documentar, para poupar nos custos do papel e impressão;
- possibilita a apresentação de teses finais sem que as mesmas fiquem guardadas no arquivo a ocupar espaço e recursos;
- poupa recursos humanos e materiais ao prescindir de termos de exames e evita a propagação de ácaros, alergias, etc.;
- forma alunos que, no futuro, ascendem a primeiros-ministros.
Como justificar o encerramento de uma Universidade assim, cujo mal é, pelos vistos, confiar nas pessoas, poupar nos custos e maximizar os recursos?
Juntemo-nos e lutemos contra o encerramento da UnI.
Obs: recebido, com pedido de divulgação.
segunda-feira, abril 23, 2007
A mão de Avelino levou mais alto Paulo Portas

Não utilizou o helicóptero, mas a fé na sua máquina de campanha funcionou e levou mais alto Paulo Portas.
O Paulinho terá, agora, de ter isso em conta e não poderá deixar de retribuir ao seu Senador um apoio idêntico no seu ambicionado regresso ao Marco. Pelo menos, em feiras e mercados desta autarquia terá de garantir que Avelino leva o Marco à primeira divisão do futebol e do progresso.
O DR. Avelino (não esquecer que Avelino pertence àquela linhagem de políticos licenciados em A4)já confessou que os amarantinos não compreendem o seu “amar Amarante". Mas abre-se-lhe o regaço do Marco, onde se sente proveitoso e é por alguns esperado como um outro D. Sebastião.
Como se vê, são só celebridades a fazer o melhor por Portugal!
Como se vê, são só celebridades a fazer o melhor por Portugal!
"castigo divino"

Perante esta iluminada evidência, o ex-prof de José Sócrates, Prof. Dr. Eng. António José Morais, pode retirar a sua tese do “Golpe de Estado”, revelada, ontem, em primeira mão, ao Diário de Notícias.
A conspiração divina é mais verosímil.
Como sabemos, pelo próprio Prof. Eng.Dr. Morais, as aulas de engenharia administradas a Sócrates obedeciam a um rigor científico e genial. Assim considera o próprio professor a sua docência não só na UnI, mas também na Universidade da Beira Interior, onde também leccionou genialmente, apesar do curso de engenharia desta universidade não ser reconhecido pela Ordem dos Engenheiros, tal como o que administrou na Independente.
Por outro lado, se pensarmos que José Sócrates numa prova de Inglês Técnico, feita numa folha A4, consegue 19 erros, temos de aceitar que os 15 valores atribuídos só podem resultar de um milagre.
Ora, Sócrates esquecendo as celestiais incumbências que trazem os milagres, teria de pagar com um castigo divino esse relapso, como muito bem vislumbrou o iluminado Prof Dr. Alberto João.
A máquina do PS pode desarmadilhar a vitimização conspirativa contra o Sócrates desertificador do interior e a UnI pode ficar aliviada!...
Por outro lado, se pensarmos que José Sócrates numa prova de Inglês Técnico, feita numa folha A4, consegue 19 erros, temos de aceitar que os 15 valores atribuídos só podem resultar de um milagre.
Ora, Sócrates esquecendo as celestiais incumbências que trazem os milagres, teria de pagar com um castigo divino esse relapso, como muito bem vislumbrou o iluminado Prof Dr. Alberto João.
A máquina do PS pode desarmadilhar a vitimização conspirativa contra o Sócrates desertificador do interior e a UnI pode ficar aliviada!...
A normalidade regressou! Está tudo explicadinho.
Dia do Livro

Estas tertúlias são levadas a escolas, a bibliotecas e até a prisões. São a melhor maneira de homenagear o Livro, fazendo dele um Amigo indispensável.
sexta-feira, abril 20, 2007
Um fim-de-semana com o meu compadre

Entretanto, ouvi o telejornal e fiquei perplexo. Mário Soares, no jantar de aniversário do PS, afirmou que Sócrates está a ser vítima de um ataque sórdido. Só gostaria de saber o que pensaria Mário Soares se o problema das habilitações fosse colocado, p.ex., a Marques Mendes.
Continuo a pensar que ser de esquerda não é ter duas medidas: uma combate os eventuais chicos-espertos de direita; outra defende os eventuais "chicos-espertos" de esquerda, bloqueando o direito à crítica com a vitmização ou com códigos de honra.
No meu entender, a verdade só tem um critério: o do fio do prumo. E impõe-se pelo derrube das dúvidas, esclarecendo tudo o que houver para ser esclarecido.
Valores separados de posturas produzem retórica sem conteúdo. E a política não pode continuar a alimentar-se disso!
O conceito “verdade inconveniente” nunca serviu a democracia e assemelha-se a um exame numa folha A4 com um cartãozinho timbrado do ministério que se tutela.
Em democracia, ninguém pode estar acima da crítica! E é muito bom para a democracia que nenhum político seja impune.
quinta-feira, abril 19, 2007

As equivalências e os termos assinados,
Que na ocidental raia Lusitana,
Por cursos nunca antes frequentados,
Passaram ainda além dos seis dias da semana,
Em betão armado e pré-esforçado,
Mais do que prometia a desfaçatez humana,
E entre gente bem mais douta edificaram
Novo currículo, que tanto sublimaram;
E também as notícias gloriosas
Daqueles feitos, que foram omitindo
A Lisura, a Hombridade, as Virtudes valorosas
Das corporações que foram destroçando;
E aquele, que por obras viciosas
Se vai da lei da respeitabilidade libertando;
Sobranceiro, entre pares, no plenário,
Cantarei, se a tanto me ajudar o engenho sanitário.

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi
Amália Rodrigues
Despedida

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Cecília Meireles
Visitem!
Bombástico!...

E o bombástico está nisto: porque as pautas da UnI são órfãs do justificativo que lhes daria substância, cada nome alfabeticamente alinhado com a orfandade duma nota só pode dizer: sou um produto (acabado, no caso de Sócrates) da universidade dos filhos da pauta.
Isto é bombástico!!!
segunda-feira, abril 16, 2007
Sócrates à altura de um Estado relapso no ensino

Além disso, a nova equipa reitoral «não assegura a necessária credibilidade académica: o reitor, Jorge Roberto, não tem o doutoramento registado, não lhe sendo, assim, legalmente reconhecidos os direitos inerentes à titularidade deste grau académico».
Em iguais circunstâncias se encontra o vice-reitor Raul Cunha. O outro vice-reitor Carvalho Rodrigues, exercendo funções no estrangeiro, não pode assegurar o efectivo exercício do cargo na UnI.
Acresce, ainda, que o Conselho Científico «não é composto exclusivamente por Doutores», o que viola as exigências da Lei 1/2003. Por fim, os inspectores assinalam que tem havido falta de rigor na aceitação de alunos.
Para aqueles que dizem que o assunto do diploma de Sócrates pertence á sua vida privada, convém recordar-lhes que é ao Estado que incumbe garantir as competências dadas por um diploma académico e que os contribuintes têm o direito e o dever de saber se o Estado exerce ou não com rigor as funções que lhe estão atribuídas.
Tudo indica que o Estado foi relapso no exercício do seu papel e Sócrates não teve problemas em aproveitar-se desse laxismo.
Se isto não diz respeito à esfera pública, então o que lhe dirá respeito?!...
(Fragmento de Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos)

Paro um pouco a enrolar o meu cigarro (chove)
E vejo um gato branco à janela de um prédio bastante alto
Penso que a questão é esta: a gente—certa gente—sai para a
rua,
cansa-se, morre todas as manhãs sem proveito nem glória
e há gatos brancos à janela de prédios bastante altos!
Contudo e já agora penso
que os gatos são os únicos burgueses
com quem ainda é possível pactuar—
vêem com tal desprezo esta sociedade capitalista!
Servem-se dela, mas do alto, desdenhando-a ...
Não, a probabilidade do dinheiro ainda não estragou
inteiramente o gato
mas de gato para cima - nem pensar nisso é bom!
Propalam não sei que náusea, revira-se-me o estômago só de
olhar para eles!
São criaturas, é verdade, calcule-se,
gente sensível e às vezes boa
mas tão recomplicada, tão bielo-cosida, tão ininteligível
que já conseguem chorar, com certa sinceridade,
lágrimas cem por cento hipócritas.
Mário Cesariny,
In. NOBILÍSSIMA VISÃO (1945-1946)
______________
Enviado por Amélia Pais
domingo, abril 15, 2007
Um preço que o tempo demorará a pagar!

Não esquecer que muitos dos actuais ministros, desde o ministro das finanças, eram, em tempos estudantis, conhecidos simpatizantes do estalinismo. Não admira que espantem o "fantasma" com uma viragem radical.
Mas, de repente, a conferência «Compromisso Cívico para a Inclusão» vem dizer o que toda a gente que anda pelas ruas já deu conta: as populações mais pobres foram as que mais empobreceram nos últimos anos. Portugal continua a ser o país da União Europeia com maiores níveis de desigualdade (41% contra os 31% da média comunitária a 25) e maiores níveis de pobreza.
A função de um bom governo é desenvolver políticas que façam com que os que mais sofrem, sofram menos e não, que os mais ricos sejam cada vez mais ricos.
Pode Sócrates ser hábil na retórica, vestir como ninguém, ter um ego do tamanho do mundo e apresentar três certificados de engenheiro emitidos pela UnI, mas o que ficará do seu governo é o completo esvaziamento da credibilidade do partido socialista.
E isso é que é grave: destruiu um património de esperança dos mais pobres, dos mais injustiçados e dos mais perseguidos que foi construído com muita luta e também com um sofrimento horrível.
E esse preço Sócrates vai pagá-lo, não tenhamos dúvidas!
sábado, abril 14, 2007
recordando Samuel Beckett

A coisa que mais me interessava no meu reino sem súbditos, em relação à qual a disposição da minha carcaça era o mais distante e fútil dos acidentes, era a supinação cerebral, o embotamento do ser e daquele resíduo de bugigangas irritantes a que se chama o não-ser, ou até, por preguiça, o mundo. Mas mesmo hoje em dia, aos vinte e cinco anos, o homem está à mercê de uma erecção, fisicamente também, uma vez por outra, é o que cabe a cada um, nem eu estava imune, se é que se pode chamar àquilo uma erecção. Ela naturalmente apercebeu-se, as mulheres cheiram um falo no ar a mais de dez quilómetros e perguntam-se: Como é que ele me conseguiu ver dali? Um tipo deixa de ser ele próprio, nessas alturas, e é doloroso não ser ele próprio, ainda mais doloroso do que quando o é, digam o que disserem. Porque, quando se é, sabe-se o que é preciso fazer para ser menos, mas, quando já não se é, é-se um tipo qualquer, irremediavelmente. Aquilo a que se costuma chamar amor é um exílio, com um postal de casa de vez em quando, eis o meu pensamento para esta noite.
Samuel Beckett in::Primeiro Amor
Enviado por Amélia Pais
sexta-feira, abril 13, 2007
Todos diferentes, todos iguais
Agradeço ao marcoense Dr. Coutinho Ribeiro ter publicitado um texto significativo da falta de pudor que existe entre responsáveis partidários. Já nada nos pode espantar. A única sensação que, depois de ler o texto, me fica, como marcoense e português, é de ter entrado numa fossa, onde a indignidade se mistura com a obscenidade. E o pior é que não se vê solução para isto!!...
«Esta é, de acordo com o Correio da Manhã de hoje, a transcrição de uma escuta a Valentim Loureiro no âmbito do processo 'Apito Dourado'. Uma conversa com o então secretário de Estado da Administração Local, Miguel Relvas, no governo de Durão Barroso. Leiam com atenção. (...)
"PARABÉNS, MAJOR DISPONHA SEMPRE"
No dia 3 de Novembro de 2003, às 16.22 horas, Miguel Relvas, secretário de Estado da Administração Local, ligou a Valentim Loureiro.
Em causa um problema financeiro na Câmara de Marco de Canaveses, na altura presidida por Avelino Ferreira Torres. Relvas surpreende o major informando-o de que Avelino pretendia concorrer à autarquia de Amarante.
Com a devida vénia transcrevo do http://www.oanonimoanonimo.blogspot.com/o seguinte post.
Ora leiam:


No dia 3 de Novembro de 2003, às 16.22 horas, Miguel Relvas, secretário de Estado da Administração Local, ligou a Valentim Loureiro.

Valentim Loureiro (VL) - Tou.
Miguel Relvas (MR) - Senhor Major, Miguel Relvas.
Miguel Relvas (MR) - Senhor Major, Miguel Relvas.
VL - Tá bom senhor secretário de Estado, tudo bem?
MR - Tá bom? Olhe, ligue ao senhor presidente da Câmara de Marco de Canaveses, resolvemos aquilo que ele me pediu, e vou propor ao senhor ministro que proponha à ministra o acordo do reequilíbrio financeiro.
VL- Hã?
MR - Vou propor ao meu ministro, já fiz aqui o Despacho.
VL - Tá bem.
MR - A propor o acordo de reequilíbrio financeiro, para depois se mandar para as Finanças.
VL - E que tal, e que tal aquilo?
MR - Correu bem, tá resolvido o assunto.
VL - Óptimo, mas e ele, e ele não se situa mal?
MR - Hã?
VL - Você tinha-me dito que ele que fazia mal em fazer aquilo, pá.
MR - Ele faz mal, mas ele não tem solução.
VL ? Não tem solução?
MR - Não tem solução, ele quer resolver aquilo que é pra depois não dizer que tem dívidas, por causa da candidatura a Amarante, não é?
VL - Ah, mas ele quererá?
MR - Hã?
VL - Ele quer ir pra lá?
MR - Foi o que ele me disse.
VL - Foi o que ele disse, não é?
MR - Disse-me a mim, e tal, que ninguém sabia ainda, que ainda não tinha coisa, e tal, mas que estava a pensar, e que portanto...
VL - Sim, mas não sei se vai ser fácil isso.
MR - Ele veio cá com o vice-presidente.
VL- Hã?
MR - Ele veio cá com o vice-presidente da Câmara.
VL– Ai sim?
MR - Aquilo que ele lhe pediu a si, que me pediu a mim, está resolvido, agora...
VL - Óptimo, obrigado, no que a mim respeita, eu não tenho interesse directo, mas pronto, o homem andava coiso, olhe, óptimo. Parabéns então, e obrigado!
MR - Nada senhor major, um abraço, disponha sempre._
Etiquetas: Apito Dourado, Ferreira Torres, Marco de Canaveses, Miguel Relvas, PSD, Valentim Loureiro
PS.: Como se vê, estamos entregues a bandos.
quinta-feira, abril 12, 2007
Memória viva

Os versos
de que se lembrou
José Sócrates,
durante a entrevista à RTP,
terão sido estes:
=======///***///======
Uma mosca sem valor
Poisa c'o a mesma alegria
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.
Veste bem, já reparaste?
mas ele próprio ignora
que, por dentro, é um contraste
com o que mostra por fora.
Tu, que tanto prometeste
enquanto nada podias,
hoje que podes – esqueceste
tudo o que prometias...
P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade
António Aleixo
Primeiro ministro ou “chico esperto”?!...

Ninguém compreende que um primeiro-ministro não esboce um ar de preocupação com o funcionamento atabalhoado duma universidade que diz ter frequentado; numa universidade onde é possível elaborar planos de equivalência sem previamente o aluno apresentar todos os documentos comprovativos de exames feitos; numa universidade onde um único professor ensina quatro disciplinas, supondo-se exercer esse ensino como quem dá quatro recados diferentes e não como quem promove a investigação e o saber próprio da vocação dum ensino superior, etc., etc.
Esperava-se que Sócrates, estivesse à altura do cargo que exerce, preocupando-se com a dignificação das instituições e mostrando repúdio pela trapalhada que reflecte o funcionamento das universidades privadas.
Esperava-se que um primeiro ministro que enche a boca com o “sentido da responsabilidade” e a “necessidade de rigor e transparência”, não usasse duas medidas: uma, para desvalorizar documentos que ele próprio apresentou à Assembleia da República com declarações falsas; outra, para se servir de um montão de diplomas, certificados e cartas a fim de demonstrar aos entrevistadores que são verdadeiras as suas afirmações.
O que ficou da entrevista do primeiro-ministro foi a imagem de um Sócrates igual aos muitos “chicos-espertos” que abundam por todo o lado neste cantinho à beira mar plantado.
Entretanto, duas posturas surgiram depois da entrevista: a direita escandaliza-se com o percurso de Sócrates e não dá conta do desprestígio das instituições que lhe deram cobertura; a esquerda absolve as aldrabices e pensa que as mesmas não têm significado para o normal funcionamento das instituições.
Este é o nosso País, e assim são os partidos que temos.
Cada vez estamos mais sós. Naturalmente, a questão não está em saber-se se Sócrates é ou não engenheiro. Com o acordo de Bolonha possivelmente já o seu curso de bacharel está equiparado a uma licenciatura.
O problema é que a sua incontida ambição e vaidade destapou o que ele genuinamente é. Trata-se de alguém que, ocupando o cargo de primeiro-ministro, nada tem a ver com as nossas expectativas.
Como ganhar esperança num futuro desenvolvido por primeiros-ministros deste calibre?!..
quarta-feira, abril 11, 2007
Bilhete de Identidade!?...

E passará á frente, como nada de anormal tenha acontecido e que, de certa forma, tenha revelado a verdadeira face deste Primeiro Ministro, o seu carácter.
Depois, referirá o brilhante sucesso da sua governação. Sempre boa, a MELHOR das possíveis! Mesmo que tenha usado títulos que não podia usar, ter conseguido o que nenhum outro estudante trabalhador conseguiu: planear as cadeiras a fazer, sem demonstrar ter feito o que diz ter feito. E revelará que o seu projecto de governação é continuar a fazer aquilo que o PSD não conseguiu fazer!
Como se vê, o Primeiro Ministro será igual a si mesmo: será, como de costume, o homem que, paradoxalmente, o PSD precisava.
Os nossos pinóquios

Temos um que, por sinal, é dirigente duma importante federação do partido do nosso primeiro, que já se disse arquitecto, outras vezes engenheiro e, ainda, gestor de empresas. Mas o que dele se sabe é o que actualmente consta na biografia da Assembleia Nacional. Possui o quinto ano do liceu e trabalhou como desenhador no gabinete do seu padrinho, um outro artista da política, que já ocupou cargos autárquicos e de liderança política, que se diz engenheiro, mas só é agente técnico.
Se até com os seus currículos nos pretendem enganar, o que poderemos esperar desta gente?!...
Nesta triste história há por aí muita gente que se diz de esquerda, mas pensa que se deve defender os aldrabões que se encobrem na sua bandeira. Basta ver como esta questão está a ser tratado por muitos blogs considerados de esquerda.A aldrabice de esquerda será melhor do que a de direita?!.. Ou na esquerda nunca há aldrabões?!...
terça-feira, abril 10, 2007
A entrevista de Sócrates à RTP ou a produção de uma “mise en-cène”!?...

Ora, nada disto interessa para saber se o diploma de licenciatura foi obtido por prestações de provas ou por outras razões.
Como se sabe, os alunos com estatuto de trabalhadores e de dirigentes associativos têm um regime especial: de três em três meses podem fazer exame: basta que combinem com o professor da cadeira a hora e o local da prestação de provas.

Seria interessante que, em vez do diploma, a UnI dispensasse as provas prestadas e estas nos fossem mostradas e nos dissesse quem lhe fez os exames.
É que pode acontecer que, num determinado Domingo e, até por mero acaso, Sócrates tenha encontrado, num discreto café, um professor amigo. Conversaram sobre a cadeira a fazer e no final lembrou-lhe a importância de ter uma boa nota. E, como o dito professor passou pela universidade, aproveitou a circunstância para satisfazer a recomendação, sem se lembrar que o aluno Sócrates ainda não tinha prestado a prova ou defendido o trabalho que, eventualmente, a poderia substituir.
Tudo isto pode parecer normal, se nos lembrarmos que se trata de um trabalhador-estudante especial, pois faz requerimentos à Universidade em papel timbrado do ministério que tutela. E a "especial" normalidade pode ainda estender-se a uma eventual tentação duma (qualquer) universidade privada aproveitar alunos daquele calibre para saber, por exemplo, se este ou aquele processo de aprovação de mais um curso apresentado ao governo poderá ou não ser aprovado em breve.
Seria interessante que a entrevista a Sócrates aprofundasse todas estas questões, bem como nos levasse a compreender o facto do primeiro-ministro falar tanto em rigor e demonstrar ser tão despistado que nem reparou ter anexado ao seu nome, durante três anos, um título falso.
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=29169
Há,ainda, uma outra questão que poderia ser reflectida com o primeiro-ministro:a de se conhecer as razões que levam deputados a terem tempo para frequentar universidades privadas ou nestas darem aulas.

“chicos espertos” que “trepam” nos partidos, inscrevendo toda a família e amigos, formando os sindicatos de voto e depois ganham eleições, controlando-as através do telemóvel.
Precisávamos de saber se o Primeiro Ministro terá sido traído por um “chico-espertismo” muito semelhante ao dos atestados falsos em Guimarães (para que os meninos não prestassem provas globais), à compra de árbitros para forçar vitórias futebolísticas, à fuga aos impostos e até mesmo às estratégias daqueles empreiteiros que pagam a campanha eleitoral de um candidato a uma autarquia (ou, inclusivamente, as eleições internas dum candidato a líder de uma federação partidária) para conseguirem a alteração do plano director municipal que lhe proporciona ganhos de milhões.
Precisávamos de saber por que é que o primeiro-ministro não vai à Assembleia da República explicar todas estas questões e se o silêncio dos deputados sobre esta matéria é ou não devido (como consta) ao facto de muitos deles estarem em idêntica situação de apresentarem currículos que são, pelo menos, confusos.

É que isto é mais importante do que saber se o primeiro-ministro é engenheiro ou filatelista!
Duas notícias marcam este dia

Aguarda-se, agora, a libertação do Pai afectivo, Sarg.Luís Gomes..

Este professor universitário, catóico praticante, amigo pessoal de D. António Ferreira Gomes, sempre se bateu por esta lei. O seu trabalho no âmbito da saúde colocou Portugal entre os cinco países do mundo com mais baixa taxa de mortalidade materno-infantil, à frente de países como a Inglaterra, França e Estados Unidos da América".
segunda-feira, abril 09, 2007
O despacho do Ministro

O Ministro recordou as enumeras auditorias realizadas a este estabelecimento de ensino nos vários anos lectivos da sua existência.
Teremos de concluir que tais auditorias são meras formalidades, sem qualquer interesse e a prova disso está na confusa situação académica do chamado "caso Sócrates". Caso que, inacreditavelmente, o Ministro considera «nada ter de estranho e ser mesmo exemplar».
Fala-se em muitos outros casos semelhantes ao que se passou com Sócrates. Os conluios dos diferentes governos com estes estabelecimentos de ensino estão patentes no facto de não se encontrar razões pedagógicas e científicas que justifiquem que muitos deputados e ex-governantes leccionem nas ditas universidades.
O ensino superior privado é a imagem deste País.
A arte da vermelhinha

Avelino gosta de estar em bicos de pé, sabe da arte de «pôr o ramo de loureiro num lado para vender o vinho no outro», tem muita gente a amparar-lhe o jogo e isso ajuda-o a ver os processos que decorrem contra si a prescreverem e a crescer a impunidade de que vai gozando.
Até quando?!...
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