sexta-feira, outubro 30, 2009
Corrupção de face “desoculta”

Já ninguém liga ao “empecilho” do segredo de justiça e até o organograma dos procedimentos corruptos já vem na imprensa. Chama-se a isto divulgação pedagógica do sucesso rápido. Não era possivel prever esta acção uns tempos atrás?!...
A corrupção de “Face Oculta” tem uma semântica "carnavalesca", o que lhe dá um certo nível e a esvazia dum sentido criminoso Torna-a num modo de vida, próprio de gente de "bom gosto", própria de quem frequenta festivais carnavalescos.
Não são, por isso, "gangs" a ocupar-se dessa tarefa, mas gente de outra qualidade, que nada tem a ver com "pilha-galinhas" ou salteadores de bancos. Só se aplia a expressão (Face Oculta) a gente que vai ao teatro de Veneza, percorre as luxuosas festividades onde o colorido das fantasias esconde "qualquer suspeita". É gente que administra Bancos, empresas públicas, foram ex-ministros, etc.. São a referência do sucesso em Portugal!...
Mas já que se perdeu o sentido do interesse público, o sentido do Estado e até a vergonha, faça-se da corrupção uma fantasia acessível não só aos chicos-espertos, mas também aos pilhas galinhas.
É só preciso mais uma lei, a acrescentar ao emaranhado inutil das mesmas que só dão dinheiro a advogados, e não se obrigue os pequenos corruptos a manter a face escondida. Fique tudo aberto: quem mais puder, políticos, cidadãos de noeada, gente anónima ou de um qualquer título(licenciado pela UI ou outra) que roube! Roube à tripa forra! Pode ser que assim as coisas mudem.
sábado, outubro 24, 2009
Os paradoxos de Saramago

São muitas as expressões que no dia-a-dia dizemos e não queremos que sejam interpretadas literalmente. Por que não haveria de acontecer isso com a Bíblia?!....
Estou a ler o livro”Caim”. Penso que, paradoxalmente, Saramago faz uma interpretação de Caim que também não é literal. Aproveita-se desta personagem bíblica para tocar em muitos pontos da sociedade actual. E já, hoje, também o ouvi dizer que não é para interpretar á letra a sua frase: “A Bíblia é um manual de maus costumes”. Pois, até encontra na Bíblia passagens de grande elevação e humanismo.
Vivemos um tempo parecido com as contradições vividas no séc. XIX. Tudo o que não é científico é mistificação. E é interessante lembrarmo-nos que foi nesse tempo que se criaram igrejas racionais: uma forma de resolver o conflito do ateísmo, elevando a divindade a crença na razão. Este tema é desenvolvido pela associação ateísta de índole carbonária.
Mas a própria ciência, como diria Damásio, já precisa de validadores afectivos e nenhum cientista aceita que a razão seja unívoca, de tipo lógico-matemático. Há razões e não A RAZÃO. A razão funciona no interior de um paradigma e não é soberanamente autosuficiente.
Daí as nossas contradições, tal como os paradoxos em que rapidamente caiu Saramago.
Como não se pode provar racionalmente ou cientificamente a existência de deus, da mesma forma não se pode demonstrar a sua inexistência.
Este é o drama da nossa condição humana, sempre recorrente na história das ideias e na história da humanidade.
sexta-feira, outubro 23, 2009
Dei uma entrevista sobre a educação na Grandeportotv.net. Se quiserem ouvir o que digo, é só digitarem em baixo: Noticias-semana da educação
http://www.grandeportotv.net/catalog/product.do?productId=d1dc54991f919e46012480cfd576187e
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segunda-feira, outubro 19, 2009
As "bocas"de Saramago

Saramago engana-se, por vezes. Atribuiu a Nietzsche a frase de Dostoiévisky que aparece em "Os Irmãos Karamazov": "Se Deus não existe, tudo é permitido!”
Um Nobel não pode saber tudo e Saramago não é pródigo no saber reconhecer limitações. Tratando-se, então, de marketing para vender os seus livros não olha a meios. Nesta circunstância, revela-se o que lhe é genuíno e o fez ser o director do Século mais detestado de todos os tempos.
Saramago é um romancista, um efabulador, e não um especialista em exegética, nem em hermenêutica, nem em tratados de religião, nem em história da Bíblia.
A Bíblia foi escrita durante mil anos. Já foi objecto de estudo por teólogos de diferentes religiões, antropólogos de diferentes crenças, inclusivamente ateus e nenhum deles tirou as conclusões que apoiassem as "bocas" de Saramago. Recebeu durante os tempos da sua elaboração, diferentes estilos, desde o poético ao narrativo, mas sempre usando a metáfora.
A linguagem concreta ou de preocupações científicas não é a desses tempos. Muitos filósofos, inclusivamente marxistas, como Marc Bloch , morto pelos nazis, consideraram a Bíblia o maior livro de esperança da humanidade, que fez a transição da barbárie para a civilização. Aliás, as últimas palavras de Jesus Cristo na Bíblia são: "amai os vossos inimigos".
A violência de Saramago nessas suas considerações é francamente de mau gosto, roçando a senilidade: nem distingue na Bíblia os dois testamentos!!!...
"Não te irrites por causa dos malfeitores
Nem invejas os que praticam a injustiça
Eles vão secar depressa como o feno
E murchar como a erva verde
Confia no Senhor e faz o bem"
In: De David (Salmos)
domingo, outubro 11, 2009
Viva o Marco de Canaveses

Indiferente às ideologias

E assim aconteceu: a Junta de Ermelo só poderia ser ganho por um e António Cunha podia ganhá-la. Depois de muitas ameaças, o previsto aconteceu: quem disparou primeiro safou a vida. Entretanto, as eólicas agigantam-se com as antenas dos telemóveis, indiferentes às ideologias e às promessas de uma vida melhor para o povo que as vê girar. E vão esperando que outra rivalidade, pelo muito que tais tecnologias distribuem, faça outra desgraça, sem que o poder e a lei tome medidas de precaução.a
sexta-feira, outubro 09, 2009
Chega de discursos inoperantes.

Não muito distante, Paula Teixeira da Cruz, perto do local onde foi proclamada a República, repetiu o que a História nos tem ensinado: “O declínio das Repúblicas sempre esteve associado à degradação de padrões éticos.”
Esta retórica vai-se tornando música de fundo das efemérides patrióticas, sem consequências práticas. Saturamo-nos de ouvir os mesmos apelos, os mesmos incitamentos pelos mesmos

Governantes, políticos, cidadãos de todas obediências maçónicas (com muita influência junto do Governo) e “cívicos” proeminentes de diferentes quadrantes aproveitam as efemérides patrióticas para impingirem a oratória de circunstância.
Todos eles, nestas alturas, levantam a bandeira dos valores da cidadania, lembram-nos que ser cidadão é ter o dever e o direito de criar expectativas sobre um bom governo, um governo que diminua o sofrimento dos que mais sofrem, e lutar por elas.
Todos eles, nestas ocasiões, nos incitam aos valores que resultam do vínculo que nos liga ao país a que pertencemos e apelam às exigências de justiça, de respeito pelas instituições, de obediência a regras universais e à necessária harmonia entre cidadãos, que gerem o desenvolvimento do bem-estar social e a confiança no Futuro.
São as “boas intenções” nas circunstâncias tradicionais,
E o que falta, entretanto, durante o tempo que medeia as circunstâncias?!... Falta que os factos não contradigam as intenções dos governantes, dos “cívicos” proeminentes e dos obedientes maçónicos. Que eles promovam o que só eles podem promover.

E o que nos dizem os factos?!... Os factos dizem que quem levar a sério os ideais democráticos e republicanos que nos apregoam, quem lutar contra o arbítrio, o nepotismo e a corrupção correrá o risco de ficar sem emprego, ser ostracizado na sua autarquia e, ainda, ter problemas nos tribunais, mesmo que depois se confirme que tinha toda a razão e a sua denúncia era justa.
Assim aconteceu com os que criaram a Associação dos Amigos do Marco e lutaram contra a prepotência e o arbítrio de Avelino Ferreira Torres. De nada lhes serviu serem recebidos pelo Provedor de Justiça, terem o seu apoio e os tribunais acabarem por lhes dar razão.
Assim aconteceu com os que se insurgiram contra os abusos e desmandos do bem-comum de Fátima Felgueiras, Isaltino Morais, Valentim Loureiro e outros.
Por denunciarem o que devia ser denunciado, todos sofreram perseguições, perderam tempo nos tribunais, gastaram dinheiro de que precisavam e só os” media” se interessaram pelas causas que defendiam.
E o que é que aconteceu a todos os que foram objecto de denúncias e que os Tribunais condenaram ou acusaram, aguardando julgamento?!...

Mesmo com várias condenações por peculato, peculato de uso e abuso de poder e, ainda, perda de mandato, Avelino Ferreira Torres (com o “jurisprudente beneplácito” do Tribunal Constitucional) pode voltar a ganhar a Câmara do Marco e tudo indica que Isaltino, Fátima Felgueiras e Valentim receberão o mesmo prémio.
De que vale a oratória dos apelos aos bons costumes, se o sucesso corre atrás de quem não respeita regras e faz do interesse comum o seu próprio interesse?!... São estes que servem de referência aos eleitores numa democracia de zapping, onde tudo é permitido ao chico-esperto que se vai tornando poderoso.
Por que será que isto acontece?!... Esta é a questão que só o Presidente da República e o Governo podem corrigir. Não é com leis complexas, mal feitas e contraditórias, com tribunais sem meios, com professores desautorizados, polícias e funcionários públicos mal tratados que se promove o respeito pela lei, se dignificam as instituições, se credibiliza o Estado e se evitam candidaturas indesejáveis.
Naturalmente, haverá sempre louváveis excepções, mas o clima que está criado é de um vazio de valores democráticos, de uma falta de sentido de Estado e de um imenso sentimento pantanoso, onde todos os bons discursos não passam de retórica vã, inoperante.
segunda-feira, outubro 05, 2009
Viva a República

o sonho realizado em sangue, amor e luta -- e, agora, a desilusão!...
Uns foram-se tornando mais iguais do que outros
e isso era o princípio da monarquia.
- Tudo o que a República sonhava e combatia se vai esvaziando!
Mas o sonho
ainda há-de comandar a vida
Em dia de aniversário
O que me faz pensar é o poema de Alvaro de Campos:
«No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui - ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
(...)
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.»
Alvaro de campos
«No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui - ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
(...)
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.»
Alvaro de campos
quinta-feira, outubro 01, 2009
Elisa Ferreira e o "Porto" só para ela!

Com elisa Ferreira não haverá, com certeza, "Um Porto para todos".
Não percebo qual é o conceito de esquerda que tem esta gente, como Elisa Ferreira.