domingo, outubro 29, 2017
Um estilo de estar na política que deveria ser imitado.
Uma boa
entrevista!... António Costa está muitos graus acima do seu partido. Teve uma
postura de Estado, disse o que deveria ser dito e, ao ser incapaz de acicatar
ânimos, contribuiu para dignificar a ação política e as relações institucionais.
É pena que este estilo não possa constituir um manual de boas práticas políticas.
Muita gente, ligada ao seu partido, precisa dessa instrução.
Na minha
terra, há uma revolta (para já em surdina!) contra intervenções feitas durante a
campanha eleitoral, marcadas pelo despudorado ataque pessoal e calunioso contra
o ex-presidente da câmara. Pelo que me foi contado, nem no tempo do fascismo se
fazia isso e não sei se Avelino Ferreira Torres chegava a tanto! O debate
político é um confronto sobre a melhor maneira de governar e não uma luta cobarde
(o atingido nunca está presente), onde vale tudo, até o enxovalho.
Sempre me
senti solidário com quem é ofendido publicamente e cobardemente na sua honra,
sem se poder defender. E os meus conterrâneos conhecem o combate que travei
contra este estilo de fazer política. Não sei o que vai fazer o atingido pelas insinuações
caluniosas em dois comícios, mas preocupa-me que os lideres locais do partido, a
que pertence o autor dessas insinuações caluniosas, não se distanciem do mesmo,
retirando-lhe confiança política. Estas atitudes deixam profundas nódoas, não
são facilmente esquecidas, vão moendo em surdina e acabam por descredibilizar os
partidos e a ação política.
O exemplo de
António Costa resume-se a um princípio muito antigo, encontrámo-lo já nos
gregos, nomeadamente na “República” de Platão: antes da política está o civismo
e se este falta não se percebe para que serve a política. Por isso, Platão
defendia que a política é uma arte nobre. E acrescentava: “Só a justiça diz
respeito à política (…) o bom político sofre a injustiça, mas é incapaz de a
aplicar contra o adversário.” E dizemos nós: muito menos caluniá-lo!