terça-feira, julho 25, 2017

 

Voltando ao assunto

Franz Kafka escreveu um dia: “A verdade é aquilo que todo o homem precisa para viver e que ele não pode obter nem adquirir de ninguém. Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio íntimo, caso contrário ele arruína-se. Viver sem verdade é provável, mas não é viver. A verdade é talvez a própria vida”.
Para mim, esta concepção de verdade é um lema de vida. Há uma diferença entre verdade, opinião e critica. A verdade é o que faz luz na nossa maneira de ver a vida, os outros e o mundo. Não há uma verdade que seja uma cópia da realidade. Vemos o mundo pelos “óculos” que constituem o nosso paradigma ou sistema de crenças. Os factos, os acontecimentos, a realidade não fala por si, precisa que a interpretemos. E, in-ter-pre-tar, é ver por dentro (com a nossa maneira de ver), fornecer o significado de algo; explicar, elucidar, segundo o nosso modo de ver. Por isso, existem conflitos de interpretações: vemos as mesmas coisas, mas damos significados diferentes, porque os nossos “óculos”, a nossa maneira de ver é diferente.
A opinião é a nossa perspetiva, o nosso ponto de vista. A crítica é o nosso desacordo, com a nossa verdade. Ela é o resultado do nosso compromisso com a verdade. É mesmo indispensável e, talvez, por isso, Descartes dizia que ela corrói o erro. Sem ela não há o exercício da cidadania. A crítica deveria começar por ser autocritica, é inerente à responsabilidade pessoal e política. E ser responsável é responder a uma acusação a uma crítica. Por isso, a crítica exige confronto, direito ao contraditório, põe-nos em diálogo e ajuda a corrigir erros que podem derivar de quem faz a crítica ou a ela se sujeita.
Tudo isto é muito diferente de atirar com pedras e esconder a mão, com a cobardia e a falta de carácter das cartas ou comunicados anónimos.


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