terça-feira, junho 20, 2017
Pedrógão do sofrimento!
Que se pode dizer a quem perdeu os filhos, toda a família? O que foi de errado já nada conserta! Que lhe interessa uma ministra que fala sem olhar para quem a interroga, que lhe interessa que António Costa diga o que lhe convém dizer sem deixar que a pergunta incómoda possa aparecer? Que importa as edições especiais dos telejornais, chamando os mórbidos dos papalvos para o espectáculo da morte e do sofrimento, se o pesadelo se colou à vida de quem sobreviveu?
Amanhã será para muitos um outro dia, mas o silêncio dos mortos ficará para sempre nos soluços da grande noite, a que sucedeu para sempre à tragédia daquele dia.
Muitas promessas serão feitas, muitas coisas garantem serem corrigidas, muitos se cobrirão de glória sem que a mereçam, haverá quem enriqueça sentado na tragédia, mas tudo isto e muito mais que irá acontecer vai resvalar na indiferença de quem já não consegue desprender-se da noite, pesada noite, que nunca mais se transfigurará em esperança: uma imensa incredibilidade será a mortalha da vida dos que sobreviveram à estrada da morte.
Para quê dizer-lhes que estou solidário, que sofro com eles, se nada disto pode secar as lágrimas dum sofrimento horrível?