sexta-feira, fevereiro 10, 2017

 

Até sempre Ernesto!

Mais um amigo que partiu, sem dizer adeus. O Ernesto da Costa Fernandes foi sempre um bom amigo, um irmão. Desencontramo-nos durante quase meio século até que um dia, num almoço de curso, festivamente apertamos um abraço. Foi nos Olivais, onde eu estive depois de frequentar um colégio e ele depois de se licenciar em economia. Parece que sinto a sua voz de madeirense no meu peito: “ó Primo como foi bom encontrar-te!” Tratava-me por “primo” e era assim que gostava de ser tratado.
Em tempos de escuridão, quis, como eu, fazer uma experiência de vida junto dos que mais sofriam: eu trabalhei como operário na SPEL e ele conseguiu autorização para estar junto de presos numa cadeia durante um mês. Deixamos o Seminário no mesmo ano: ele foi para a Madeira e eu para o serviço militar.
No verão passado, alguns ex-colegas visitaram-me, mas ele já não pode aparecer. A terrível doença que o levaria a partir, hoje, na unidade de oncologia do Centro Clínico Champalimaud, não o deixou encontrar-se comigo, mas telefonou-me: “logo que melhorar vou ao Porto para estar contigo”.
A notícia chegou agora e por ela escorregou uma noite tão profunda e tão pesada!.. Já não vou encontrar os seus olhos a brilhar na alegria do abraço que trocávamos.
Não merecia que tivesses partido!

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