domingo, fevereiro 19, 2017
As instituições estão em crise
A grande ameaça à
democracia está no seu interior, não vem de fora. Precisamos de compreender a
estratégia de Trump, por que não é só o imbecil do ricaço que está em causa. Há
gente atrás de Trump que tem objectivos para os E.U. e o mundo. Percebe-se que
a estratégia se apoia na criação do medo e da incredibilidade, uma forma hábil
para não se distinguir a verdade da falsidade, o certo do errado. Reparemos só
em duas questões: por que é que os cidadãos acreditam que os emigrantes são uma
ameaça para os E.U. , um nação feita por emigrantes?!... Por que é que as
mentiras de Trump são apresentadas como
factos alternativos?!...
Só os Tribunais e a imprensa têm feito frente ao embusteiro.
Nos partidos, tanto republicano como democrático há vozes tímidas e não um
combate contra a destruição dos ditos valores americanos tantas vezes apregoados.
Mas o estilo Trump não apareceu subitamente: foram sendo
cridas as condições para que um Trump aparecesse. Tamb´+em por cá essas
condições já existem. Andam por aí, sobretudo pelas autarquias, muitos candidatos
a Trumps e parece que lhe vão dar ainda mais poderes. O que se passa em muitas
assembleias municipais já nada tem a ver com a democracia e muito menos com o
que chamam poder local. Onde há maioria o presidente da assembleia não deixa
falar a oposição. E até chega a dizer “isto aqui não é a assembleia da
república!” Fazem-se coisas que bradam aos céus e com mais poderes os trumps
crescerão como cogulmelos!
Precisamos de entender o desinteresse, o descrédito e a
ausência de valores na política. Estou a
ler Zygmunt Bauman. Chama a atenção para o aparecimento nas sociedades
contemporâneas de um estado líquido, sem vínculos, sem valores, onde tudo é
verdade e mentira.É um critico da “sociedade em rede”, que, segundo ele,
alimenta esse estado.
Zygmunt Baunn faleceu há pouco tempo. O seu pensamento é
luminoso: é talvez a maior autoridade
para se perceber o que se passa neste mundo pós-moderno.
Estou a ler um diálogo
que ele e Leonidas Donskis: “Cegueira Moral”. Mas amanhã vou ver se
compro o seu último livro “Estado de Crise”.