terça-feira, março 01, 2016

 
Acabei de ler “As amantes de D. João V”. Sabia que naquele tempo mandar a filha para freira era o recurso dos fidalgos que não encontravam para ela um par ideal. Percebo que Soror Paula na angústia libidinosa que a falta de pontualidade do Rei na alcova lhe criara, tenha estilhaçado no chão o relógio que apostrofou com a colérica sentença: “Relógio que tanto mente, parte-se assim!” Compreendo que pagasse ao senhor, seu deus, o esbagaxado galanteio às suas freiras e às damas dos nobres da sua corte, passando das mães para as filhas, os sacos de reis das bulas que o Papa Clemente XI lhe mandava para aliviar a consciência. Compreendo que fizesse do casamento com a marquesa Maria Ana de Áustria um aperitivo da voluptuosidade que o atirava para os conventos de freiredo. Compreendo que o Rei tenha sido o touro de cobrição de Odivelas, só não entendo que castigasse o seu confessor por  censurar a sua volúpia endiabrada, mandando que lhe servisse a todas as refeições apenas galinha, esperando o seu enjoo para lhe dizer: ”nem sempre galinha, nem sempre rainha”.
Este Rei encheu Palhavã de meninos que vieram a ser bispos, padres, toureiros e inquisidores na linha dos que tornaram os autos de fé a festa da corte de D. João V, onde “enquanto as carnes dos cristãos-novos rechinam, as damas refrescam-se bebendo água-de-neve.
Este Rei era tirano, um debochado, levou o reino à bancarrota, punha perucas vindas de França por 10 reis e até na semana de Pentecoste,de calções de seda e rendas de linho, mandou prender o seu médico por não lhe ter na hora as cantaridas que lhe eram o melhor afrodisíaco.

D. João V não era um rei, era um magnânimo garanhão!

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