segunda-feira, agosto 10, 2015
Que tristeza!...
Não consigo
descortinar o interesse do PS em repetir a experiência que levou Mário Soares e
Manuel Alegre perderem a candidatura à
Presidência da República em favor do senhor Silva. Maria de Belém saiu de ministra da
saúde e foi administrar um hospital privado, ligado ao BES, o que é fazer o
mesmo que a direita faz. Pode ser muita boa pessoa, mas o seu socialismo é,
pelo menos esquisito. Depois, até no PS foi pedida a sua demissão de presidente
do partido, o que é significativo. Tudo isto não se esquece.
Entretanto, a lógica do directório do PS continua com o defeito de
parecer mais um grupo de oligarquias que um partido: cria a expectativa de um
bom candidato abrangente a toda a esquerda, faz dele uma bandeira num
congresso. Depois, um dos lóbbys oligárquicos, dos chamados notáveis, diz: é
melhor experimentarmos outro, está mais ligado a nós e serve melhor os nossos objectivos.
E este caminho, de chauvinismo oligárquico
num mesmo partido, vai dando os seus frutos: foi assim que a divisão Mário Soares e Manuel Alegre
entregou a presidência da República ao Sr.
Silva. E, agora, prepara-se para entregar a Presidência ao camaleonismo do professor
Marcelo ou a outro notável do mesmo género.
Este PS tem horror à abrangência de
esquerda e não repara que vai ficando cada vez mais reduzido. É que a direita,
mesmo aqueles que não gostam deste desgoverno, vota sempre nos seus candidatos.
E não ganha por ser maioritária, mas porque a esquerda não consegue encontrar
denominadores comuns nas suas diferenças, por velhos ódios, antigos
preconceitos e muito pouco sentido de estado, embora disponha de uma grande
maioria eleitoral.
Tenho amigos que me dizem: o PS não é
para levar a sério e às vezes sou obrigado a dar-lhes razão.