
Com o terminar das festas religiosas, os emigrantes vão partindo para os
países onde encontraram o trabalho que precisavam para recuperar os
sonhos dissipados pela desgovernação. O interior, como diria Raul
Brandão, vai-se tornando aldeia encardida. E só as figueiras bravas
conseguem meter-se nos interstícios das pedras e delas extrair suco e
vida. Como nos tempos do homem das botas, só se vê velhas vestidas de
negro, com o peito raso, onde se descobre que a tristeza remói saudades.
E como a existência não tem cor, dela só dão conta ao cair da noite.
Na minha aldeia o dia a dia já se faz de rotina e as promessas
eleitorais, quando ouvidas, recebem o “pois sim!.... pois sim!...” duma
sabedoria feita a pulso da desilusão. A ambição deixou de avançar: ficou
amarrada ao medo do amanhã!
# posted by Primo de Amarante @ 1:20 da tarde
