terça-feira, agosto 18, 2015
Os vicios do PS
Dois vícios dominam o PS: a soberba do poder e o tacticismo.
Maria de Belém quer ser candidata a deputado, presidente da república e dizer
que Seguro, que a colocou na presidência do partido (e foi contestada pelos não
seguristas) ainda existe. Podia preferir envolver-se com o Secretário geral do
PS, António Costa, nas denuncias da desgovernação do PS, mas prefere um outro
lugar, onde seja espectáculo, dando com esse "número"aos
comentadeiros da TV a matéria para ocuparem as suas lucubrações semanais,
enquanto um em cada cinco trabalhadores recebe, em Portugal, menos que o
ordenado mínimo. A este espectáculo, Costa poderia dizer "o candidato da
minha liderança já existe, é Sampaio da Nóvoa". Mas preferiu o tacticismo:
não se pronuncia, deixa o mercado das presidenciais funcionar e diz que o PS é
plural(cada um escolhe o que lhe agrada, sem se preocupar em convergir nas
soluções para todos). E assim abriu
ruído em torno de tudo aquilo que muito interessa à desgovernação da coligação:
falar-se da candidatura de Maria de Belém, dizer-se que é mais à direita que
Sampaio da Nóvoa, que os seguristas estão a marcar a agenda política do PS,
etc. Tudo o que a gente sabe, mas não tem relevância comparado com a fome, a miséria,
o problema dos velhos, do futuro para os mais novos, etc. Só é importante para
deixar em roda livre um governo que se alimenta da mentira, da falsificação, da
demagogia, etc.
A soberba e o tacticismo tornaram o PS num partido
autofágico. Ninguém gosta de quem não tenha frontalidade, não seja capaz de dar
um murro na mesa e dizer acabou-se a balbúrdia.
O PS parece não querer ganhar as eleições. Basta olhar para
os promotores da candidatura de Maria de Belém para se pensar que só lá falta Passos
Coelho e Portas. É, de facto, uma candidatura muito mais á direita que a de
Sampaio da Nóvoa. Deixa, no entanto, uma interrogação: em que é que o PS, como
organização que deveria tomar parte por uma ideologia, uma concepção do homem,
da vida e do mundo, quer ser diferente da coligação? Se é só na conversa, é
muito pouco!...