quinta-feira, abril 24, 2014

 

Tão longe e tão perto!

Faz hoje 40 anos! Tinha acompanhado a questão que dividiu os oficiais do quadro permanente e quadro complementar. Vivi o clima de conspiração que se vivia no exército e um aerograma do meu amigo Canotilho (o Constitucionalista) dava-me conta de clima idêntico na Guiné. As constantes entradas em prevenção dos quartéis deixavam prever o que ia acontecer. O meu padrinho de casamento, o Quintela, que estava na marinha, dizia-me: isto está por um fio. Liberto do serviço militar vivia sozinho na Rua Justino Teixeira, em Vila Nova de Gaia, mesmo nas traseiras que davam para o Quartel da Serra do Pilar. Estava a ler, com o rádio ligado, e ouvi as duas canções que serviram de senha. Estranhei, porque o disco da Grândola parecia ter sido colocado nervosamente, deixando-o arranhar, e porque era uma canção que raramente se ouvia. Por volta das duas horas da manhã ouvi claramente as ordem de formação de companhias no Quartel. Era impossível ser um golpe de direita, como uma das hipóteses de que se falava. Saí para a Rua e encontrei alguns amigos. Só me deitei três dias depois e foi como se nascesse outra vez para viver os tempos mais felizes duma vida!

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