quarta-feira, janeiro 29, 2014

 

É preciso pôr travão ao "jogo do gamão"

Perante o facto incontroverso e incontrovertível, como diria um velho professor de Coimbra, de que o poder se tornou num “jogo do gamão”, vivemos o despertar de plataformas de entendimento, uma espécie de “entente” contra o golpe de estado do neoliberalismo. Nessas plataformas, umas mais á direita e outras mais á esquerda, estão todos os que querem uma reforma dos partidos (a mãe de todas as reformas) do sistema político e um novo paradigma da governação, que retome a ideia de serviço e de que só há boa-governação quando se diminui o sofrimento dos que mais sofrem. Estou com estas preocupações! Também penso que os partidos não se reformam por dentro e que é insuportável uma democracia orientada por grupos de interesses que se apropriam dos dinheiros públicos, se vão descartando dos velhos, dos funcionários públicos, dos jovens e espoliam o contribuinte do direito a um estado que honre compromissos e seja socialmente providencial, promovendo o ensino, a segurança e a justiça e defendendo os cidadãos da pobreza, da doença, do desemprego e da velhice. Estou com estas plataformas, mas como “gato escaldado de água fria tem medo”, espero que não venham a ser instrumentos de figurões que pensam liderar frustrações para as utilizarem na conquista de um lugar na mesa do orçamento. Tenho, por isso, pena, muita pena que movimentos de esquerda não percebam que nas fraturas que vão acontecendo no seu seio não se explicam só por meras questões de ambições pessoais, mas sobretudo refletem um desconforto imenso por se perceber que os partidos só pensam no poder para terem acesso ao “jogo do gamão”. E era preciso que a prática dessas organizações partidárias se harmonizasse com a retórica, afirmassem claramente que tomavam parte (donde vem a ideia de partido) por uma visão do mundo, do homem e da vida mais justa, porque mais criadora de felicidade, e se abrissem a estas preocupações, promovendo frentes comuns na luta contra este “golpe de estado” que nos desgoverna. Receio que a alguns movimentos aconteça o mesmo que aconteceu ao PRD e de frustração em frustração acabemos por deixar que o sentimento da nação se disponibilize para aceitar o messias que vai endireitar o mundo, um desses sebastiões que fazem o caudilhismo.


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