terça-feira, março 26, 2013

 
Óscar Lopes escrevia poemas como se procurasse a fraternidade que via no segundo nome. Da sua poética só parece ter sido publicado este poema. Foi na antologia “ilha dos Amores”, Ed. da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras. Deixo-o aqui, como homenagem à
sua memória.

Segunda Pessoa

Alguém diz tu. Alguém sem nome.
É a terra e o corpo e é o rasto de um sentido.
Alguém diz tua à imagem que se esgarça,
À certeza de uma longínqua razão.
Longe. O passado. Nomes, errados nomes de desejo.
Cego de insónia, nem lembrar te posso.
Nem mesmo em sonho saberia ver-te.
És só pronome, tu, a ondular-me na boca,
Norte magnético num desespero em surdina.
És a sílaba que dói a dor solar de um sentido.
A história avança na cabra-cega sem rostos,
E eu vivo em ti o tu mais só da minha vida

Óscar Lopes


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