segunda-feira, outubro 08, 2012

 

Regresso á terra.

Retomo, em breve, o caminho que me leva a S. João da Folhada. Faço-o como fizeram os povos do Paleolítico que, no séc. IV a. C., seguindo as vias naturais do Douro, do Tâmega e do Ovelha, ali encontraram o local privilegiado para se protegerem dos perigos troikianos do seu tempo e onde 26 dólmens, no cimo da Serra da Aboboreira, evidenciam as suas pegadas.

Sinto-me lá bem! Raramente vejo televisão e só leio os jornais quando vou à Terra de Teixeira de Pascoais.

Coloco nos ombros inábeis a divisa de agricultor e grito ordens enrouquecidas aos meus três perdigueiros. Ali, ter cães ou é para guardar ovelhas ou para caçar.

Não se pode pensar, como julgam muitos urbanos, que o propósito único da caça é matar. O caçador não mata, caça e já por ali cacei três perdizes. O entusiasmo pelas caçadas é o mesmo que desperta a vontade de um bom convívio e sempre ocasionou e urdiu, entre os que a praticam, fortes laços de amizade.

A propósito, um dos grande filósofos espanhóis, Ortega e Gasset, no seu ensaio “Sobre a caça e os touros”, refere que “uma das mais ilustres amizades que existiram no planeta Terra, a que se estabeleceu entre o grego Políbio e o Cipião Emiliano, foi ocasionada e aprofundada nas caçadas”.

Não deixa de ser sintomático que o repúdio pela caça tenha surgido com o argumento da defesa dos direitos dos animais num dos períodos da modernidade de maior degradação moral, onde o egoísmo e o individualismo foram levados ao extremo na sua indiferença pelo valor da dignidade humana. Durante o nazismo, enquanto se cometiam os hediondos crimes contra a humanidade, as elites que sustentavam esse regime desumano, exibiam os seus cãezinhos de luxo, em nome dos direitos dos animais.

Os meus cãezinhos não são de luxo, são perdigueiros que tenho como bons amigos, me fazem feliz e aventureiro nas encostas da Serra.

Até para a semana, bons amigos. E se quiserem por lá aparecer, já sabem que podem contar com um naco de presunto, um verde branco excecional e um abraço deste amigo.


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