quinta-feira, junho 28, 2012

 

Tudo como no tempo do Arantes!

A aldeia traz-nos sempre muitas vantagens. Depois de regar plantas, cortar lenha e conduzir águas, fica-nos tempo para a leitura.

No meio da papelada que herdei, encontrei um pequeno opúsculo do discurso de Tito Arantes, numa sessão designada de propaganda do Estado Novo (hoje seria de “esclarecimento”), em Viseu, no dia 1 de Fevereiro de 1949.

O título é significativo: “Como se respeitou a Constituição de 1911”. Não desdiz de quem hoje também assegura que os cortes nos salários e nos direitos sociais também respeitam a “Constituição”.

O sr. Arantes começa por dizer (o que hoje também cai bem!) que “não é homem político”, que somente tem uma ambição: “ser bem governado”, e, sobre a questão dos sistemas políticos, só lhe “interessam os resultados práticos”.

A sua argumentação utiliza as mesmas estratégias que hoje são utilizadas: a oposição quer o retorno a todos os “terríveis flagelos do passado”; há gente bem-intencionada na oposição, como o sr. Azeredo Perdigão, mas não se deve olhar para o “rótulo sem saber o que está lá dentro e lá dentro está o comunismo”; as reformas de Salazar são “obras de reconstrução nacional” indispensáveis para o favo e o mel que os portugueses merecem; “quando não está no poder, a oposição é sempre contra o poder”, mas o que interessa ao Povo português é “que o deixem viver em paz, ir ao cinema e ao futebol”, etc.

Nunca vi coisa tão parecida!


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