sábado, março 03, 2012

 

Admirem-se que se repitam cenas como as de ontem!...

Vou mantendo, no mesmo café, há muitos anos, velhas tertúlias com velhos amigos. E a troca de ideias faz-nos pensar. Dizia-me um velho amigo:

“o Governo veio agora com a exaltação do novo e esta parolice, própria dos novos-ricos, que associa o que é novo ao que é bom, é fruto da desvalorização da história, da filosofia e de muita propaganda para justificar uma orientação política vazia de sentido e completamente errada. A desvalorização do Estado Social é um exemplo! Esquece-se que foi do interesse dos próprios empresários a criação de caixas de previdência, de cuidados de saúde, etc.

Com a Revolução Industrial, Londres, de um dia para outro, ficou com mais um milhão de pessoas que entraram nessa cidade à procura de emprego. Sem os cuidados gratuitos de saúde, o direito à previdência, etc., as doenças, sobretudo as epidemias, punham em causa o crescimento económico. Não se podia todos os dias formar um operário especializado, um encarregado de oficina, etc.

Para os empresários ficava mais barato proceder a descontos para uma caixa de previdência ou para a protecção da saúde que suportar as quebras de produção provocadas por ausência dos trabalhadores que contraíam doenças. Por outro lado, esta preocupação social desenvolvia coesão e fazia a ligação do trabalhador à empresa, o que dava ao trabalho um sentido de realização pessoal e isso reflectia-se na qualidade da produção.

Naturalmente, as lutas dos trabalhadores, as greves e manifestações ajudaram a acelerar a conquista dos direitos sociais".


Quando, hoje, muita gente se espanta, como Durão Barroso, com o facto do governo conservador de Inglaterra reivindicar, como a esquerda, medidas de promoção do crescimento económico, esquecem que os conservadores conhecem as lições da história e, por isso, percebem que, sem crescimento, não é possível pagar dívidas, criar sustentabilidade, aproveitar os recursos humanos de jovens licenciados e gerar segurança social.

Não basta, de facto, falar em defesa das questões sociais, sem promover o crescimento económico. Estes neoliberais, na exaltação do individual e do novo, fazem tábua rasa dos ensinamentos da história e meteram-nos num túnel, onde não há saída, nem esperança.

Depois desta reflexão, li o que diz, hoje, Pacheco Pereira no “Público”. Depois de referir que a actuação do Governo se giza por uma vulgata económica (diria eu, do neoliberalismo), sem ligação com a realidade, faz a seguinte afirmação: “O boom para os políticos da situação é uma regeneração feita pela pobreza.”

De facto, pior do que o conservadorismo é o novo-riquismo destes neoliberais de meia-tigela. Depois admirem-se que se repitam cenas como as de ontem: na passagem do primeiro-ministro (que só sabe responder às interpelações com cinismo) ouvem-se insultos e o dito:”cuidado com as carteiras!”

http://sicnoticias.sapo.pt/pais/article1374441.ece

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