quinta-feira, fevereiro 16, 2012
Roubalheira institucionalizada
Diz quem sabe (e todos os dias lida com estes problemas) que, em Portugal, tal como na Europa, o sistema de impostos está construído de forma piramidal.
Na base, quem trabalha por conta doutrem sustenta toda uma máquina virada para o capital financeiro. No topo da pirâmide, em Portugal e na Europa, as leis estão feitas para permitirem que os grandes grupos económicos e financeiros não paguem impostos. Favorecem legalmente a localização das suas sedes em países que os defendam desses encargos.
A escravidão de impostos, o esvaziamento dos direitos sociais, a flexibilização, mobilidade e precariedade do emprego representam a transformação do Estado num instrumento do capital. Rompeu-se, assim, com o Estado social, conquistado com muita luta, depois da terrível situação de miséria causada por duas guerras mundiais.
A exploração actualmente é diferente da que acontecia na revolução industrial: é radical e fundamentalista. Atingiu a estrutura do poder que passou da mão dos políticos para a mão dos poderosos grupos económicos e financeiros nacionais e multinacionais.
A crise emerge deste sistema e é a consequência de uma exploração que ultrapassa o sistema produtivo e dá-se ao nível das bolsas,dos offshores,dos empréstimos financeiros e dos lucros astronómicos, numa exploração esquizoide.
As agências de rating foi uma invenção maquiavélica dos Fundos Financeiros.
Sem uma reviravolta neste esquema, sem o despertar dos povos para obrigar quem elege a recuperar o poder político, nenhuma crise poderá ser ultrapassada.
Resolver esta crise que infernaliza a nossa vida, não está só no combate à corrupção, no rigor dos gastos, mas depende essencialmente da necessidade da política recuperar o poder que perdeu, colocando a economia e o capital financeiro ao serviço dos povos e não o contrário.
Precisamos de políticos com sentido de Estado e só temos papagaios que repetem o linguajar do capital e pesporrentamente consideram que só há um pensamento único: o que eles papagueiam.