sábado, janeiro 28, 2012

 

Bem precisamos!

Arménio Carlos, novo líder da CGTP é um homem inteligente, com um raciocínio e uma linguagem clara e manifesta inegável empenho nas causas que defende. Mas será que isso chega? Será que a Carta Reivindicativa que vai levar ao Governo, chega?

O sindicalismo de hoje não pode ser interpretado como o vivido durante a revolução industrial. O capitalismo é, sobretudo, financeiro e a desindustrialização promoveu o trabalho disperso, ilegal e precário. Cresce assustadoramente o número de desempregados, os que nunca conseguiram emprego e, neste caso, as vítimas são essencialmente jovens filhos da classe média, com formação académica. Não se sentem representados nos partidos, as palavras de ordem tradicionais dos sindicatos não os motiva e a linguagem da luta de classes pouco lhes diz. Desapontados, vão-se afastando progressivamente dos sindicatos, dos partidos e até da democracia. Encontrámo-los nos movimentos inorgânicos, como os ocupas, os precários e os indignados.

Embora Arménio Carlos represente a única forma de sindicalismo credível, não tenho a certeza que chegue a sua persuasão, o seu entusiasmo emocional, a sua capacidade de luta, num mundo desideologizado que está com um terrível paradoxo: o capitalismo está em crise e quem paga as favas é a esquerda e quem vive do seu trabalho ou procura trabalho para viver.

A democracia precisa de sindicatos fortes, com capacidade de lutar contra este rolo compressor que se apoia num pensamento único para promover a destruição de valores civilizacionais e cavar uma miséria imerecida.

Desejo que a minha preocupante dúvida não faça sentido e que Arménio Carlos consiga que a CGTP responda aos desafios que lhe são colocados. Bem precisamos!

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