quarta-feira, janeiro 18, 2012

 

Álvaro acredita ser um génio e já é uma interpretação autorizada pelo Governo

O Álvaro, mais propriamente o Ministro da Economia, não é um génio qualquer. Eu sabia isso, mas faltava-me a prova de ciência feita. Encontrei-a, hoje, ao ler um texto do meu amigo António Cândido de Oliveira, no “Público”.

Tudo tem a ver com a sua paixão: a preocupação com a produtividade, competitiva e criatividade. E nesta paixão o Álvaro, como gosta de ser chamado, é um pastor que leva a boa nova para a resolução de todas as crises.

Com esse intuito, escreveu um daqueles livros que revela a sua estatura intelectual, de economista e estrangeirado que ficará para a história.

A obra tem o título: “O medo do insucesso nacional”. Foi publicada em 2009 e terá contribuído, de forma decisiva, para que o sagaz Passos Coelho, naturalmente com a anuência do seu intelectual orgânco Miguel Relvas,  tenha escolhido o autor para gerir os destinos da nossa economia e fazer subir o PIB.

Como se verificará pelo argumentário da obra, uma trilogia (competitividade, criatividade e produtividade) brilha nos neurónios do Álvaro.

O mecenato do tempo, antecipadamente, já lhe deu razão: muito embora o volume do verbo da escrita seja sumptuoso, trezentas páginas, atribuiu-lhe o preço competitivo de três euros nas livrarias e 50 cêntimos em alfarrabistas. Já hoje o procurei, mas não encontrei este best-seller. Também não percorri todos os alfarrabistas, mas receio que se tenha esgotado ou, então, por alguma orientação invejosa, colocado fora das prateleiras das livrarias.

Vale a pena ler!

Depois de elogiar vivamente uma empresa nacional que introduziu, de forma inovadora, o artefacto, do papel higiénico preto (p.132), não esqueça preto,esclarece, logo de seguida, uma questão fundamental para a competitividade nacional, muito mais importante que a dos pastéis de nata.

Merece muita atenção o que vou transcrever. É da sua lábia:

“Durante séculos, a majestosa cidade de Braga especializou-se na produção de um produto: padres. Basta percorrer as monumentais ruas da cidade para perceber a importância que a religião e a Igreja Católica têm para a região. São edifícios e mais edifícios (muitos deles de grande dimensão) dedicados à produção e formação de sacerdotes. Hoje em dia, a indústria de produção de sacerdotes bracarense está em declínio (…) Por quê?!...”

E a penetrante resposta, de quem consegue fazer luz sobre os mais ignotos e escuros problemas que nem o eureka de Arquimedes se poderá assemelhar, responde:

“A grande causa do declínio da Igreja Católica em Portugal é simplesmente a falta de competitividade. A indústria de produção de padres perdeu competitividade, pois os custos de produção de novos sacerdotes são demasiado altos e o preço do sacerdócio é extremamente elevado.”

Senhor Cardial Patriarca, Senhor Arcebispo de Braga, Senhores Cónegos, Senhores Abades e restantes membros da Igreja: toca a produzir, competir e inovar, como o pastor Álvaro dix.

Foi preciso aparecer Passos Coelho, para que aparecesse um ministro da economia à altura deste governo PSD/CDS.

Talvez, por isso, Álvaro acredite ser um génio e já é uma interpretação autorizada pelo Governo.

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