domingo, novembro 20, 2011
Um postal para um amigo
Estive, ontem, como era minha obrigação, na inauguração da Sede do Clube de Caçadores de Soalhães.
O local é paradisíaco, como a foto testemunha, e o almoço de anho, com uma canja de galinha e doces regionais, foi divinal.
Esqueci a crise, esqueci a inconsequência das palavras de Cavaco Silva, não ouvi as iniquidades de Miguel Relvas, não me fixei naquele apinocanço nariz de Passos Coelho nem ouvi o Álvaro no tarot a dizer o que vai acontecer e muito menos me preocupei com as questões do IVA das fraldas de Seguro. Também não assisti à hecatombe do F.C.P. Foi um dia perfeito!
Fiquei com os meus amigos caçadores no alto da Serra. Lembrei-me só do meu amigo Ventura, de como gostaria de o ouvir cantar a Samarita ou, no seu estilo pavorettiano ,“O sole mio” na naquele deslumbrante local. Fica para a próxima, (a)Ventura.
Sei que detestas a caça, mas devo dizer-te que a caça não é matar perdizes ou coelhos. A caça é sobretudo o que aconteceu, ontem, em Soalhães.
Sabes, a caça e a ruralidade estiveram sempre associadas. Nasci no meio rural, numa freguesia vizinha de Soalhães, Várzea de Ovelha, onde nasceu Carmen Miranda que quase cantava como tu. Por lá fiz amigos e comecei a caçar muito cedo.
Caçar é mais do que um desporto, é, sobretudo, uma forma de conviver, fazer amigos, defender a natureza e cultivar o gosto pelo património natural e pantagruélico.
Acredita que ninguém mais do que os caçadores vive a necessidade de proteger o património cinegético, sofrer com o abandono dos campos, a tragédia dos incêndios e a desertificação do interior.
Nos momentos de convívio, os caçadores não falam só da caça: divulgam a paisagem da sua Terra, a cozinha tradicional, os monumentos históricos, as festas e as tradições.
Por tudo isto, gostava tanto que partilhasses da inauguração da nossa Sede, em Soalhães, mesmo nas faldas da serra da Aboboreira.
Fica para a próxima, Camarada e Amigo!