quarta-feira, novembro 23, 2011

 

A resposta possível

Criou-se uma nova mitologia, a de que há opiniões privilegiadas, geradas por crânios muito competentes, a quem uma multidão de gente sem emprego, espoliada dos seus vencimentos, do direito à saúde, à escola e a uma vida decente têm de perguntar se deve fazer greve, sair à rua, existir, manifestar-se, dizer basta!


Argumentam esses crânios que em vez de fazer greves devíamos trabalhar, em vez de sermos solidários devíamos olhar pela vidinha, em vez de dizer “não queremos ir por aí” devíamos entregar uma bisnaga de vaselina, em vez de afirmarmos que o Sol quando nasce é para todos deveríamos pedir uma candeia só para nós.

Para eles, a vida difícil, o desemprego, a miséria são maleitas como a gripe, a tísica ou o sarampo: acontecem porque têm de acontecer. Para todos eles, tais maleitas até são boas: permitem-lhes ficar impunes nos desmandos que fizeram, explorar melhor o próximo e até comprar empresas públicas ao preço da uva mijona.

Para eles, só há uma resposta possível: a que universalizou Rafael Bordalo Pinheiro.

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