segunda-feira, outubro 17, 2011

 

A "revolta" dos indignados é a nossa revolta!

Os problemas do homem, os que se relacionam com a sua vida-- dar pão aos filhos, criar expectativas sobre o futuro -- atravessam todos os tempos. Vejam as razões que levaram à revolta de Spartacus, aos levantamentos na Idade Média contra os impostos, à Revolução Francesa, às patuleias, etc. Os tempos foram diferentes mas a revolta resultou de um mesmo paradigma: a indignação contra a injustiça.


A “revolta” dos indignados só nos vem confirmar que “as mesmas causas produzem geralmente os mesmos efeitos” – não é isso que se diz na Física?

Não se percebe o discurso de Passos Coelho, nem se perceberá o de hoje do Ministro das Finanças, enquanto não nos for explicado como chegámos a esta situação e forem pedidas responsabilidades criminais aos seus autores.

Mas não se atire com a ideia de se exigir responsabilidades, sem exigir condições legais para que as mesmas tenham consequências, como faz a Juventude Social-democrata!

Falar em responsabilidades, sabendo-se que não haverá consequências, é um truque de chico-espertismo. Dar a entender que a crise é só culpa de Sócrates é um embuste e um murro na inteligência das pessoas.

É preciso responsabilizar quem andou pelos corredores do poder a traficar negociatas e há muita gente do PSD metida nessas andanças. E estes não devem ficar a rir, quando Passos Coelho diz:” Sou responsável pelas medidas, mas não sou pelo deficit”

Não responsabilizar os madoffs, os candongueiros da política que se roçam pelo PSD e pelo PS e diabolizar funcionários públicos (não falo dos boys com cartões de crédito, motoristas, etc) e todos os que precisam do fim do mês para sustentar a família, é chocante e de uma falta de sensibilidade humana inacreditável.

Dizem que o discurso de Passos Coelho foi um bom e corajoso discurso (como referiu Marcelo Rebelo de Sousa), mas já toda a gente sabe que os discursos do Passos Coelho são como os de Sócrates: são de plástico, feitos pelos assessores para a comunicação social que induzem o que as pessoas gostam de ouvir e desenvolvem uma retórica arquitectada naquilo que Aristóteles chamava “topoi” ou “lugares do preferível”, para obter a adesão emocional (e racional - os validadores das razões são emocionais) do grande auditório -- os portugueses.

Sócrates ou Passos Coelho não dizem o que sentem e nunca se saberá o que verdadeiramente sentem. Por isso, tanto um como outro se enganam a ler e têm “lapsus mentis”. Falta-lhes alma e mesmo quando acham que “não têm de pedir desculpa”, até isso não é genuíno: apenas se servem de uma técnica para dar a entender que têm convicções. Mas, se tivessem convicções, não entravam neste aventureirismo primário (congeminado pelos mercenários do poder, designados por ministros independentes) que já nos empurrou para a situação da Grécia.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?