quarta-feira, outubro 05, 2011

 

Até amanhã

Dir-te-ei como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
Como nasce a água ou o amor
Quando a juventude não é lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É finalmente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei-te de coisas que amo,
de coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade

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